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domingo, 15 de junho de 2025

 

SEDE SANTOS                   


 

         Diácono Paulo Gabriel Batista de Melo
      Capelania Nossa Senhora do Loreto
            Ordinariado Militar do Brasil – Parnamirim (RN)

O Livro Sagrado nos mostra que fomos criados a imagem e semelhança de Deus, para sermos santos como Ele é. Porém em dado momento, nossos primeiros pais pecaram, e herdamos a mácula do pecado original.

            A expressão bíblica "sede santos, porque eu sou santo" é um chamado à santidade que está presente na Bíblia, em Levítico 11, 44-45 encontramos “Pois eu sou o Senhor, vosso Deus. Vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo”, e 1 Pedro 1, 15-16 também encontramos “A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo”.

            Que a Mãe Santíssima, modelo de santidade nos ajude e nos conduza pelo mesmo caminho que foram conduzidos os santos de nossa igreja, para talvez podermos ser considerados dignos do Santo Evangelho, moldados por seu infinito amor de mãe, ela que em sua profunda humildade, a cheia da graça, de tantas virtudes tudo tinha por graça de Deus.

            Arminjon (2021), obra que despertou a santidade e vocação para freira da jovem Santa Terezinha do Menino Jesus, citado por ela mesma em “História de uma alma”, nos diz: “Nós os consagrados a Deus, não somos deste mundo, mas que do mundo fomos escolhidos para ser mensageiros do Evangelho”. É premente a necessidade de pensarmos com o coração e a alma em duas palavras – JUSTIÇA e SANTIDADE -  toda nossa vida será santificada se colocarmos em práticas de corpo e alma estas duas palavras, que estão em meu lema de ordenação guardado por mim com carinho, e tantas vezes dito pelo nosso reitor da Escola Diaconal no Rio de Janeiro Padre Lindemberg.

            Essa santidade, perpassa por uma obediência cega, outra virtude forte de Nossa Senhora, como diz Carvalho (2012, p. 34) “envolvido pela obediência cega, virtude que a Virgem Maria honrou quando cumpriu o mandamento “amarás o Senhor Deus de todo o teu coração”, a perfeição encontraremos ao nos moldarmos a Jesus em Maria sua amada Mãe.

            O discípulo amado nos lembra em seu Evangelho que “se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia”, Cf Jo 15, 19, estamos na contra mão do mundo, devemos buscar a santidade, mas o mundo não nos tolerará. E como disse Santa Tereza de Calcutá, “quer ser perfeito? Vá para casa, ame sua família e seja paciente com ela”, pois, a nossa maior catequese será em nossas casas, uma catequese da porta da sala à porta da cozinha, o amor nos julgará, pois, Deus é amor e amou o mundo de tal forma que nos deu seu Filho único. Amai-vos uns aos outros, no disse Jesus no Evangelho de João 13, 34 “Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”.

            Lembre-se amado irmão e irmã das palavras de São Francisco, “pregai! Se necessário use palavras”, pois, estamos pregando com a vida, talvez você seja o único evangelho que alguém esteja lendo.

Ainda nos fala ao coração o Apóstolo Missionário São Paulo Cf. 2Cor 4, 6 “Porque Deus que disse: ‘Das trevas brilhe a luz’, é também aquele que fez brilhar a sua luz em nossos corações, para que irradiássemos o conhecimento do esplendor de Deus, que se reflete na face de Cristo”. Logo, mesmo no mundo sejamos sal e luz, não deixemos que a escurão nos cubra, não pode uma lamparina ser escondida em baixo da mesa, ela deve alumiar o mundo, quanto menor a luz mais brilhará na escuridão.

Estejamos de prontidão repetindo em cada Santa Missa “Vinde Senhor Jesus!”

 

REFERÊNCIA

ARMINJON, Charles. Do fim do mundo, dos sinais que o precederão. Osasco – SP: Domine, 2021.

CARVALHO, César e Carvalho, Mara, Consagra-te: devocionário. Natal: Mater Dei, 2012.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

 

É PRECISO CONHECER PARA AMAR: O PRECURSOR DO REDENTOR



Diácono Paulo Gabriel Batista de Melo
Capelania Nossa Senhora do Loreto
            Ordinariado Militar do Brasil – Parnamirim (RN)

No dia seguinte, João viu Jesus que vinha a ele e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É este de quem eu disse: Depois de mim virá um homem, que me é superior, porque existe antes de mim.

Jo 1, 29s

 

          Para amar nós precisamos conhecer, por isso o namoro é um passo em que os casais se conhecem e é muito importante esta fase, também a Dei Verbum nos diz que “o desconhecimento das escrituras é o desconhecimento do próprio Deus”. Isso no nosso país passa a ser um problema a ser corrigido. Enquanto o francês lê em média 20 livros por ano, o americano também com índices próximos a eles, nós brasileiros temos uma terrível média de dois livros por ano, então fazer o povo ler será o nosso maior desafio.

Muitos já se debruçaram sobre a biografia de Jesus Cristo, dentre eles, Bentencourt, Ratzinger, Lewis e Pagola  e porque isso? Porque a nossa religião é cristológica, cristocêntrica, e muitas são as fontes para buscarmos o conhecimento de Jesus (o homem) e por sua união hipostática o Cristo (Deus encarnado no seio da Virgem Maria), por vontade e obra de Deus.

O Papa Francisco, no seu Angelus do dia 23 de março de 2025[1], nos apresenta como temática do Evangelho do dia a ‘paciência’, de um Deus que não quer cortar a figueira, ainda que a mesma não esteja dando fruto. Encolerizados, os apóstolos queriam descer fogo sobre uma cidade e Jesus lhes disse: “Eu vim para salvar, e não para condenar”, logo Deus usa de todos os instrumentos para salvar seus filhos.

 

A parábola que encontramos no Evangelho de hoje fala-nos da paciência de Deus, que nos impele a fazer da nossa vida um tempo de conversão. Jesus usa a imagem de uma figueira estéril, que não deu os frutos esperados e que, no entanto, o agricultor não quer cortar: quer adubá-la de novo para ver «se dará frutos na próxima estação» (Lc 13, 9). Este agricultor paciente é o Senhor, que trabalha com cuidado o solo da nossa vida e espera com confiança o nosso regresso a Ele.

 

          É necessário conhecer Deus. São Gerônimo, afirma que se não conhecemos a Palavra de Deus não podemos dizer que conhecemos a Deus. A Constituição Dogmática Dei Verbum, também endossa essa mesma afirmação, ao dizer que “O sagrado Concílio professa que Deus, princípio e fim de todas as coisas, se pode conhecer com certeza, pela luz natural da razão a partir das criaturas» (cfr. Rom. 1,20)”.

          Os padres conciliares assim acharam por bem dividir a Constituição Dogmática[2]:

1.     CAPÍTULO I - A REVELAÇÃO EM SI MESMA

2.     CAPÍTULO II - A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA

3.     CAPÍTULO III - A INSPIRAÇÃO DIVINA DA SAGRADA ESCRITURA
E A SUA INTERPRETAÇÃO

4.     CAPÍTULO IV - O ANTIGO TESTAMENTO

5.     CAPÍTULO V - O NOVO TESTAMENTO

6.     CAPÍTULO VI - A SAGRADA ESCRITURA NA VIDA DA IGREJA

 

          Afirma também, no parágrafo 4, que vivemos os últimos tempos, esperando a Sua vinda gloriosa, “Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos profetas, falou-nos Deus nestes nossos dias, que são os últimos, através de Seu Filho” Cf. Heb. 1, 1-2.

          Segundo o Santo Concílio, “Com efeito, enviou o Seu Filho, isto é, o Verbo eterno, que ilumina todos os homens, para habitar entre os homens e manifestar-lhes a vida íntima de Deus” Cf. Jo. 1, 1-18, vimos assim que está a nossa fé, e a fé que recebemos de nossos pais e da igreja, centrada em Cristo.

          Nos lembra ainda os padres conciliares que “[…] a sagrada Tradição, a sagrada Escritura e o magistério da Igreja, [...] sob a ação do mesmo Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas”, que é a missão da Igreja.

          Ainda citando Timóteo, bispo, no tempo dos Padres apostólicos, o Concílio afirma que “os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas sagradas Letras”, elas não contém erro, é a verdade suprema porque foram inspirados por Deus.

 

Toda a Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para corrigir, para instruir na justiça: para que o homem de Deus seja perfeito, experimentado em todas as obras boas. Cf Tm. 3, 7-17.

         

          Somos convidados a entender que “Com efeito, tudo quanto diz respeito à interpretação da Escritura, está sujeito ao juízo último da Igreja”, é a Igreja que a autorização de interpretar as Sagradas Escrituras, a ela foi confiado por Jesus, conforme descreveu o Santo Concílio que ela “tem o divino mandato e o ministério de guardar e interpretar a palavra de Deus”.

 

Referências

BENTENCOURT, Estevão. Cristologia. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2009.

RATZINGER, Joseph. PP Bento XVI. Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a ressurreição. São Paulo: Planeta, 2011.

https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/sao-mateus/1/ acesso em 09 fevereiro de 2025.

LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. Rio de Janeiro: Editora Thomas Nelson Brasil, 2017.

PAGOLA, José Antonio. Jesus uma aproximação histórica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

João Batista. Disponível em https://www.ebiografia.com/joao_batista/acesso em 12/03/2025.

Angelus do dia 23 de março.https://www.vatican.va/content/francesco/pt/angelus/2025/documents/20250323-angelus.html disponível em 24 de março de 2025.

 

 

 



[1] Angelus do dia 23 de março.https://www.vatican.va/content/francesco/pt/angelus/2025/documents/20250323-angelus.html disponível em 24 de março de 2025.

 

[2] Fonte:https://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.html disponível em 24 de março de 2025