MORAL FUNDAMENTAL
1- Fundamento da
Moral e da Ètica;
SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO
(do livro: Santo Afonso de Ligório.
Curitiba: Ed peregrina Missionários Redentoristas,
2013)
Foi
um dos grandes estudiosos da moral católica, mas uma moral que não escravizava
as pessoas, visto que os livros e pregadores da época ensinavam uma moral no
rigor Jansenista, enquanto Afonso ensinava que "Deus é tão amoroso com a
humanidade, como podem os pregadores ensinar que Deus vem para castigar".
Santo
Afonso foi declarado doutor da igreja pelo papa Pio IX, em 1871, e patrono dos
moralistas e confessores pelo papa pio XII, em 1950.
Viveu
próximo aos pobres nas missões, escreveu um novo tratado de moral, ajudando os
confessores a serem misericordiosos com as pessoas.
ATOS
BONS E ATOS MAUS
1755 O ato moralmente bom supõe a bondade do objeto, da
finalidade e das circunstâncias. Uma finalidade má corrompe a ação, mesmo que
seu objeto seja bom em si (como, por exemplo, rezar e jejuar "para ser
visto pelos homens").
O objeto da
escolha por si só pode viciar o conjunto de determinado agir. Existem comportamentos
concretos - como a fornicação - cuja escolha é sempre errônea, pois escolhê-los
significa uma desordem da vontade, isto é, um mal moral.
1756 É errado, pois, julgar a moralidade dos atos humanos
considerando só a intenção que os inspira ou as circunstâncias (meio ambiente,
pressão social, constrangimento ou necessidade de agir etc.) que compõem o
quadro. Existem atos que por si mesmos e em si mesmos, independentemente das
circunstâncias e intenções, são sempre gravemente ilícitos, em virtude de seu
objeto: a blasfêmia e o perjúrio, o homicídio e o adultério. Não é permitido
praticar um mal para que dele resulte um bem.
DEVERES
DOS CIDADÃOS
2238 Aqueles que estão sujeitos à autoridade considerarão
seus superiores como representantes de Deus, que os instituiu ministros de seus
dons: "Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor...
Comportai-vos como homens livres não usando a liberdade como cobertura para o
mal, mas c servos de Deus" (1 Pd 2,13.16). A leal colaboração dos cidadãos
inclui o direito, e às vezes o dever, de apresentar suas justas reclamações
contra o que lhes parece prejudicial à dignidade das pessoas e ao bem da
comunidade.
2240 A submissão à autoridade e a co-responsabilidade pelo
bem comum exigem moralmente o pagamento de impostos, o exercício do direito de
voto, a defesa do país: Dai a cada um o que lhe é devido: o imposto a quem é
devido; a taxa a quem é devida; a reverência a quem é devida; a honra a quem é
devida (Rm 13,7).
CIC 2240...O Apóstolo nos exorta a fazer orações e ações de
graça pelos reis e por todos os que exercem autoridade, "a fim de que
levemos uma vida calma e serena, com toda piedade e dignidade" (1 Tm 2,2).
2241 As nações mais favorecidas devem acolher, na medida do
possível, o estrangeiro em busca da segurança e dos recursos vitais que não
pode encontrar em seu país de origem. Os poderes públicos zelarão pelo respeito
do direito natural que põe o hóspede sob a proteção daqueles que o recebem.
estrangeiros presos EUA x Estrangeiros mortos ao passar a
fronteira do EUA
o
livro do Êxodo 22,20-26 nos fala uma conduta moral a seguir com nossos irmãos
estrangeiros:
"Assim diz o Senhor: Não
oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros na terra do
Egito".
2242 O cidadão é obrigado em consciência a não seguir as
prescrições das autoridades civis quando estes preceitos são contrários às
exigências da ordem moral, aos direitos fundamentais das pessoas ou aos
ensinamentos do Evangelho. A recusa de obediência às autoridades civis, quando
suas exigências são contrárias às da reta consciência, funda--se na distinção
entre o serviço a Deus e o serviço à comunidade política, "Dai a César o
que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mt 22,21). 'E preciso obedecer
antes a Deus que aos homens"
(At 5,29):
Se a autoridade pública, exorbitando de sua competência,
oprimir os cidadãos, estes não recusem o que é objetivamente exigido pelo bem
comum; contudo, é lícito defenderem os seus direitos e os de seus concidadãos
contra os abusos do poder, guardados os limites traçados pela lei natural e
pela lei evangélica.
A
MORAL E OS SACRAMENTOS
A
definição exata de Sacramento é: "Um sinal visível e eficaz da graça,
instituído por Jesus Cristo, para nossa santificação".
Podemos dividir em partes:
- Um sinal sensível e Instituído por Jesus
Cristo.
- Graça.
Um sinal sensível:
Constitui
a parte material do Sacramento. Nos sinais que constituem a parte material de
um sacramento, temos dois elementos: O primeiro é o objeto material que se utiliza, que denominamos matéria do
Sacramento; por exemplo: água no Batismo, óleo na Crisma.
Essa ação em si, não teria
significado se não manifestasse algum propósito. Tem que acompanhá-la algumas
palavras ou gestos que lhe dêem significado.
Esse segundo elemento do Sacramento chamamos de forma. No Sacramento do Batismo
a água é a matéria, as palavras . . . eu te batizo . . . é a forma.
Graça
Voltando a nossa atenção para
o os elementos da definição de Sacramento, vemos que seu fim essencial é dar a Graça santificante.
Graça é um dom sobrenatural e
interior de Deus, concedido para nossa própria salvação. É a estreita união; é
a sintonia com Deus.
O Senhor
ressuscitado instituiu esse sacramento quando, na noite de Páscoa, apareceu a
seus Apóstolos e lhes disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os
pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, serão retidos” (Jo 20,22-23).
A
ética platônica e aristotélica - O bem em si frente à ética política
ARTIGO DE: Daniel
Leite da Silva Justino
A ética platônica tem como
finalidade conduzir o homem à prática do bem. Esta é a base para se conhecer a
ética e a política na concepção platônica.
Diante deste bem, a vida do homem
não pode ser uma vida fundada no prazer, mas uma existência que se volte para o
bem. A ética embora, não tenha surgido de maneira sistemática com Platão, porém
é com este apoiado no pensamento socrático que se da inicio as especulações
acerca da práxis humana em vista de um fim.
A ética, segundo Platão, deve ter por base a idéia da ordem ou da justa
proporção que consiste em equilibrar elementos diversos que desemboquem no
mesmo fim. Por exemplo, a justa medida entre o prazer e a inteligência, é por
meio deste equilíbrio que as ações humanas atingem o bem.
O bem na concepção platônica, não são as coisas materiais, mas tudo aquilo que
permita o engrandecimento da alma, por isso, ele ensina que o homem deve
desprezar os prazeres, as riquezas e as honras em vista da pratica das
virtudes.
As ações humanas na polis devem ter por fim o bem, por isso Platão defendia que
a filosofia deveria ser o instrumento de acesso do povo - enquanto nação – aos
valores de justiça e do bem. Partindo deste pressuposto, defende que a polis
deveria ser governada pelo filosofo, já que este despreza os prazeres, a fim de
atingir o bem de si e do todo.
Portanto, a práxis humana na concepção platônica consiste em atingir o bem
supremo.
Analogia
entre a ética platônica e a aristotélica
A ética como um todo analisa o comportamento humano frente a um fim
determinado. Platão e Aristóteles determinam o fim da práxis humana, na
concepção do primeiro é o bem, já para o segundo é a felicidade.
A ética platônica, como já foi apresentada, tem por finalidade levar o sujeito
ao sumo bem, para que isto aconteça é necessário que o indivíduo despreze os
prazeres corporais e abrace as virtudes próprias da alma humana. Os bens
materiais devem ser trocados pelo bem por excelência, para isto é necessário
que o indivíduo tenha dentro de si a justa proporção entre os elementos
diversos que atuam em si mesmo.
A ética aristotélica, embora tenha sua fonte na concepção do mestre, contudo
seu fim consiste em atingir a felicidade. Para isto é necessário que o sujeito
estabeleça um meio termo entre os excessos que lhe afligem. Por exemplo, a contemplação, o
prazer e a política são vias de acesso do homem à felicidade desde que sejam em
moderação. O cultivo das virtudes, assim como para Platão, também é fundamental
na concepção aristotélica para que o homem atinja a felicidade que consiste em
ter uma vida “perfeita”.
Por
quanto, Platão e Aristóteles embora tenham concepções distintas da finalidade
da práxis humana, porem os meios para atingi-la são semelhantes.
2- Traços de uma
moral cristã - A consciência;
33 O
homem: Com sua abertura à verdade e à beleza, com seu senso do bem moral, com
sua
liberdade e a voz de sua consciência, com sua aspiração ao infinito e à
felicidade, o homem se interroga sobre a existência de Deus. Mediante tudo isso
percebe sinais de sua alma espiritual. Como "semente de eternidade que
leva dentro de si, irredutível à só matéria" sua alma não pode ter origem
senão em Deus.
46
Quando escuta a mensagem das criaturas e a voz de sua consciência, o homem pode
atingir
a certeza da existência de Deus, causa e fim de tudo.
A
CONSCIÊNCIA MORAL
1776 “Na intimidade da consciência, o homem
descobre uma lei. Ele não a dá a si mesmo. Mas a ela deve obedecer. Chamando-o
sempre a amar e fazer o bem e a evitar o mal, no momento oportuno a voz desta
lei ressoa no íntimo de seu coração... É uma lei inscrita por Deus no coração
do homem.. A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem,
onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz. "
I. O
JUÍZO DA CONSCIÊNCIA
1777 Presente no coração da pessoa, a
consciência moral lhe impõe, no momento oportuno, fazer o bem e evitar o mal.
Julga, portanto, as escolhas concretas, aprovando as boas e denunciando as más.
Atesta a autoridade da verdade referente ao Bem supremo, de quem a pessoa
humana recebe a atração e acolhe os mandamentos. Quando escuta a consciência
moral, o homem prudente pode ouvir a Deus, que fala.
A
CONSCIÊNCIA PARA SANTO AFONSO
Teologia moral é uma área da
teologia que orienta as ações humanas dentro de um desejo de conduzir as
pessoas a Deus, de forma livre e consciente, ela fala das coisas diárias e das
consequências das ações para a pessoa em si e para sociedade onde ela vive.
A consciência é onde mora os
princípios e valores cultivados pelo homem, que precisam de orientação e
atenção para que não se percam nos desvios e desencantos da existência (direção
espiritual - grifo nosso).
“O homem tem no
coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe,
e por ela é que será julgado. A consciência é o centro mais secreto e o
santuário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir
na intimidade do seu ser.” Santo Afonso Maria de Ligório.
Grande era a
rigidez dos confessores nas questões morais, pois viviam numa época em que os
manuais (os mandamentos e a obediência) eram o modelo vigente.
Havia outras
correntes que procuravam olhar as pessoas com mais humanidade, utilizando-se de
aspectos ligados a espiritualidade:
-
São João da Cruz
-
São Francisco de Salles
-
Santo Afonso Maria de Ligório
Santo Afonso afirmava que todo
esforço teológico deve ser sempre no sentido da misericórdia divina, sua
corrente sempre ia contra o jansenismo. Ele dá uma atenção especial à liberdade
humana, ou seja, a pessoa age de acordo com a sua consciência, mas ela precisa
sentir-se amada para saber que suas atitudes precisam ser diferentes "Deus
me ama como sou, para que eu seja como Ele deseja".
Na idade média a moral católica
colocava os manuais de moral acima da consciência, o filósofo Decartes
apresenta uma abordagem "cogito ergo
sum" : penso logo existo. Ele apresenta algo novo invertendo a
concepção em vigor, o sujeito é quem determina a consciência, essa é a nova
moral para o homem moderno. Santo afonso vai além do penso logo existo ressaltando a consciência como uma dimensão
sagrada da pessoa, a consciência como espaço para a percepção e a vivência do
amor e da misericórdia tomando posse da verdade maior, o amor de Deus por ela.
Quase 300 anos depois o concílio
Vaticano II vem afirmar na constituição “Gaudium Et spes” :
“A consciência é
o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem onde ele está sozinho com Deus e
onde ressoa a sua voz”.
Na consciência é onde acontece o
diálogo da criatura com o criador, do filho com o Pai, do ser humano com o
divino que é Deus. Ela permite a qualquer pessoa avaliar a qualidade moral de
seus atos. Para evitar que a consciência emita juízos errôneos, é preciso
torná-la perfeita "sede perfeitos
como vosso pai é perfeito" Mt 5, 48.
A
consciência deve ser educada, e a educação da consciência é uma tarefa para
vida toda, desde os primeiros anos da criança, é essa educação da consciência
que garante a liberdade e a paz.
Nenhuma religião ou cultura é tão
completa que não possa ser enriquecida com a contribuição de outra, um exemplo
claro dessa afirmação é o surgimento da renovação carismática católica que
nasceu da efusão do Espírito Santo em uma jovem evangélica.
A liberdade defendida pela igreja e
por Afonso é cristológica, pois Cristo veio para que todos sejam livres e não
escravos, por isso a igreja é contrária a tudo que gera escravidão, manipulação
da fé, reducionismo, morte, descrença e infidelidade que são destruidores da
vontade de Deus.
O discernimento moral Afonsiniano já
começa com a vantagem de dizer que o ser humano tende a fazer o bem e a evitar
o erro. Para que o discernimento nos conduza a Deus são necessários alguns
passos:
- Abertura a Deus
- Clareza de opção fundamental
- Disposição de abertura à prudência
e à vigilância
- Reciprocidade das consciências
- A abertura ao outro
"Não vos conformeis com esse mundo, mas
transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir qual é a
vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito".
A grande contribuição de Santo
Afonso para a teologia Moral foi trazer a luz e aos corações humanos, a verdade
essencial: Deus nos fala aos ouvidos, e nos ala de amor.
Se por algum motivo alheio a nossa
vontade, somos levados ao desvios, aos erros e ao pecado, esse Deus
misericordioso está pronto para nos acolher novamente em seus braços, num gesto
de misericórdia para nos fazer voltar a vida.
Santo Afonso entende o pecador não
como alguém que deve ser punido com castigo ou penitência, mas sim como alguém
que deve ser curado, entende o pecado como doença a ser tratada. Ele trouxe
assim uma nova teologia moral a igreja que o reconheceu como Doutor.
3- A moral e a lei
A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA SEGUNDO O CIC
2419 "A revelação cristã leva a uma
compreensão mais profunda das leis da vida social." A Igreja recebe do
Evangelho a revelação plena da verdade do homem. Quando ela cumpre sua missão
de anunciar o Evangelho, testemunha ao homem, em nome de Cristo, sua dignidade própria
e sua vocação à comunhão de pessoas, ensina-lhe as exigências da justiça e da
paz, de acordo com a sabedoria divina.
2420 A Igreja emite um juízo moral, em matéria
econômica e social, "quando o exigem os direitos fundamentais da pessoa ou
a salvação das almas". Na ordem da moralidade, tem uma
missão distinta da missão das autoridades
políticas. A Igreja se preocupa com aspectos temporais do bem comum em razão de
sua ordenação ao Sumo Bem, nosso fim último. Procura inspirar as atitudes
justas na relação com os bens terrenos e nas relações socioeconômicas.
2421 A doutrina social da Igreja se desenvolveu
no século XIX, por ocasião do encontro do Evangelho com a sociedade industrial
moderna, suas novas estruturas para a produção de bens
de consumo, sua nova concepção da sociedade, do
Estado e da autoridade, suas novas formas
de trabalho e de propriedade. o desenvolvimento
da doutrina da Igreja, em matéria econômica
e social, atesta valor o permanente do
ensinamento da Igreja e, ao mesmo tempo, o sentido verdadeiro de sua Tradição
sempre viva e ativa.
2422 O ensinamento social da Igreja abrange um
corpo de doutrina na que se articula à medida que a Igreja interpreta os
acontecimentos ao longo da história, à luz do conjunto da palavra revelada por
Jesus Cristo, com a assistência do Espírito Santo. Este ensinamento se torna mais
aceitável aos homens de boa vontade quanto mais profundamente inspira a conduta
dos fiéis.
2423 A doutrina social da Igreja propõe
princípios de reflexão apresenta critérios de juízo, orienta para a ação. Todo
sistema segundo o qual as relações sociais seriam inteiramente determinadas pelos fatores econômicos é
contrário à natureza da pessoa humana e de seus atos.
2424 Uma teoria que faz do lucro a regra
exclusiva e o fim último da atividade econômica é moralmente inaceitável. O
apetite desordenado pelo dinheiro não deixa de produzir seus efeitos perversos.
Ele é uma das causas dos numerosos conflitos que perturbam a ordem social. Um
sistema que "sacrifica os direitos fundamentais das pessoas e dos grupos à
organização coletiva da produção" é contrário à dignidade do homem. Toda
prática que reduz
as pessoas a não serem mais que meros meios que
têm em vista o lucro escraviza o homem, conduz a idolatria do dinheiro e
contribui para difundir o ateísmo. "Não podeis servir ao mesmo tempo a
Deus e ao dinheiro" (Mt 6,24; Lc 16,13).
2425 A Igreja tem rejeitado as ideologias
totalitárias e atéias associadas, nos tempos modernos, ao "comunismo"
ou ao "socialismo”. Além disso, na prática do "capitalismo", ela
recusou o individualismo e o primado absoluto da
lei do mercado sobre o trabalho humano. A
regulamentação da economia exclusivamente por
meio planejamento centralizado perverte na
base os vínculos sociais; sua regulamentação
unicamente pela lei do mercado vai contra a justiça social, "pois há
muitas necessidades humanas que não podem atendidas pelo mercado". É
preciso preconizar uma regulamentação racional do mercado e das iniciativas
econômicas, de acordo com uma justa hierarquia de valores e em vista do bem
comum.
A
luta da Igreja Católica luta pela dignidade da pessoa humana e seus direitos
inalienáveis a vida, para evitar tragédias como esta.
A MISSÃO DA IGREJA É EVANGELIZAR PARA:
- A SALVAÇÃO DAS ALMAS
- O BEM DA IGREJA
- A GLÓRIA DE DEUS
OUTROS
PONTOS MERECEM ATENÇÃO SEGUNDO A JUSTIÇA SOCIAL E OS VALORES CRISTÃOS:
1 - A ATIVIDADE ECONÔMICA E A JUSTIÇA SOCIAL
2 - JUSTIÇA E SOLIDARIEDADE ENTRE AS NAÇÕES
3 - O AMOR AOS POBRES
A LEI
1975 Segundo a Escritura, a lei é uma instrução paterna de
Deus que prescreve ao homem os caminhos que levam à felicidade prometida e
proscreve os caminhos do mal.
1976 "A lei é uma ordenação da razão para o bem comum,
promulgada por aquele a quem cabe o governo da comunidade"
A LEI MORAL
1950 A lei moral é obra da Sabedoria divina. Pode-se definir
a lei moral, no sentido bíblico, como uma instrução paterna, uma pedagogia
divina. Ela prescreve ao homem os caminhos, as regras de comportamento que
levam à felicidade prometida; proscreve os caminhos do mal, que desviam de Deus
e de seu amor. E ao mesmo tempo firme em seus preceitos e amorosa em suas
promessas.
1951 A lei é uma regra de comportamento promulgada pela
autoridade competente em vista do bem comum. A lei moral supõe a ordem racional
estabelecida entre as criaturas, para seu bem e em vista de seu fim, pelo
poder, pela sabedoria e pela bondade do Criador.
Toda lei encontra na lei eterna sua verdade primeira e
última. A lei é revelada e estabelecida
pela razão como una participação na providência do Deus
vivo, Criador e Redentor de todos. "A esta
ordenação da razão dá-se o nome de lei":
1952 As expressões da lei moral variam muito, e todas se
acham coordenadas entre si: a lei eterna, fonte, em Deus, de todas as leis; a
lei natural; a lei revelada, compreendendo a Lei Antiga e a Nova Lei (ou Lei
evangélica); enfim, as leis civis e eclesiásticas.
1953 A lei moral encontra em Cristo sua plenitude e sua
unidade. Jesus Cristo em pessoa é o caminho da perfeição. Ele é o fim da lei,
pois só ele ensina e dá a justiça de Deus. "Porque a finalidade da lei é
Cristo, para a justificação de todo o que crê" (Rm 10,4).
Temos ainda
as leis:
·
Lei na Antiga Aliança
2580 O Templo de Jerusalém, a casa de oração que Davi queria
construir, será a obra de seu filho Salomão. A oração da Dedicação do Templo se
apóia na Promessa de Deus e em sua Aliança, na presença ativa de seu nome entre
o povo e a lembrança dos grandes feitos do Êxodo. O rei levanta então as mãos
ao céu e suplica ao Senhor por si, por todo o povo, pelas gerações futuras,
pelo perdão dos pecados, pelas necessidades de cada dia, para que todas as
nações saibam que Ele é o único Deus e para que o coração de seu povo seja
inteiramente dele.
·
Lei natural
1978 A lei natural é uma participação na sabedoria e na
bondade de Deus, pelo homem formado à imagem de seu criador. A lei natural
exprime a dignidade da pessoa humana e constitui a base de seus direitos e
deveres fundamentais.
1979 A lei natural é imutável, permanente através da
história. As regras que a exprimem são substancialmente sempre válidas. Ela é
uma base necessária para a edificação das regras morais e para a lei civil.
·
Lei Nova do Evangelho
1965 A Nova Lei ou Lei evangélica é a perfeição, na terra,
da lei divina, natural e revelada. Ela é a obra do Cristo e se exprime
particularmente no Sermão da Montanha. E também obra do Espírito Santo e, por
ele, vem a ser a lei interior da caridade: "Concluirei com a casa de
Israel uma nova aliança. (...) Colocarei minhas leis em sua mente e as inscreverei
em seu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo" (Hb
8,8.10).
1983 A Nova Lei é a graça do Espírito Santo, recebida pela
fé em Cristo, operando pela caridade. Exprime-se particularmente no Sermão do
Senhor na montanha e usa os sacramentos para comunicar-nos a graça.
1985 A Nova Lei é uma lei de amor, uma lei de graça, uma lei
de liberdade.
1986 Além de seus preceitos, a Nova Lei comporta os
conselhos evangélicos. "De modo especial favorecem igualmente a santidade
da Igreja os múltiplos conselhos que no Evangelho
Senhor propõe à observância de seus discípulos.”
4- Temas concretos:
O que é o pecado?
A consciência moral.
AS PAIXÕES
1763 O termo "paixões" pertence ao patrimônio
cristão. Os sentimentos ou paixões designam as emoções ou movimentos da
sensibilidade que inclinam alguém a agir ou não agir em vista do que é
experimentado ou imaginado como bom ou mau.
1764 As paixões são componentes naturais do psiquismo
humanos; constituem o lugar de passagem e garantem a ligação entre a vida
sensível e a vida do espírito. Nosso Senhor indica o coração do homem como a
fonte de onde brota o movimento das paixões.
1765 As paixões são numerosas. A paixão mais fundamental é o
amor provocado pela atração do bem. O amor causa o desejo do bem ausente e a
esperança de consegui-lo. Este movimento se completa no prazer e na alegria do
bem possuído. A percepção do mal provoca ódio, aversão e medo do mal que está
por chegar. Este movimento se completa na tristeza do mal presente ou na cólera
que a ele se opõe.
1766 "Amar é querer algo de bom para alguém."
Todos os demais afetos têm sua fonte no movimento original do coração do homem
para o bem. Só existe o bem que é amado. "As paixões são más se o amor é
mau, boas se o amor é bom."
PAIXÕES E VIDA MORAL
1767 Em si mesmas, as paixões não são boas nem más. Só
recebem qualificação moral na medida em que dependem efetivamente da razão e da
vontade. As paixões são chamadas voluntárias "ou porque são comandadas
pela vontade ou porque a vontade não lhes opõe obstáculo". Faz parte da
perfeição do bem moral ou humano que as paixões sejam reguladas pela razão.
1770 A perfeição moral consiste em que o homem não seja
movido ao bem exclusivamente por sua vontade, mas também por seu apetite
sensível, segundo a palavra do Salmo: "Meu coração e minha carne exultam
pelo Deus vivo" (Sl 84,3).
IV. A GRAVIDADE DO PECADO: PECADO MORTAL E VENIAL
1854 Convém avaliar os pecados segundo sua gravidade.
Perceptível já na Escritura, a distinção entre pecado mortal e pecado venial se
impôs na tradição da Igreja. A experiência humana a corrobora.
1855 O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem
por uma infração grave da lei de Deus; desvia o homem de Deus, que é seu fim
último e sua bem-aventurança, preferindo um bem inferior. O pecado venial deixa
subsistir a caridade, embora a ofenda e fira.
1856 O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital, que
é a caridade, exige uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão
do coração, que se realiza normalmente no sacramento da Reconciliação.
1857 Para que um pecado, seja mortal requerem-se três
condições ao mesmo tempo: "E pecado mortal todo pecado que tem como objeto
uma matéria grave, e que é cometido com plena consciência e deliberadamente".
1858 A matéria grave é precisada pelos Dez mandamentos,
segundo a resposta de Jesus ao jovem rico: "Não mates, não cometas
adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não dó fraudes ninguém,
honra teu pai e tua mãe" (Mc 10,19). A gravidade dos pecados é maior ou
menor: um assassinato é mais grave que um roubo. A qualidade das pessoas
lesadas é levada também em consideração. A Violência exercida contra os pais é
em mais grave que contra um estranho.
5 - A liberdade
cristã e os valores morais
2210 A importância da família para a vida e o bem-estar da
sociedade acarreta uma responsabilidade particular desta última no apoio e no
fortalecimento do casamento e da família. Que o poder civil considere como
dever grave "reconhecer e proteger a verdadeira natureza do casamento e da
família, defender a moralidade pública e favorecer a prosperidade dos
lares".
2211 A comunidade política tem o dever de honrar a família,
de assisti-la, de lhe garantir
sobretudo:
·
O direito de se constituir, de ter filhos e de
educá-los de acordo com suas próprias
convicções morais e religiosas;
* nota: A PLC 122 que tramita no Senado Federal vai de encontro a
esses valores dando ao estado o poder de educar e tirando dos pais esse
direito.
·
a proteção da estabilidade do vínculo conjugal
e da instituição familiar;
·
a liberdade de professar a própria fé, de
transmiti-la, de educar nela os filhos, com os meios e as Instituições
necessárias;
·
o direito à propriedade privada, à liberdade
de empreendimento, ao trabalho, à moradia, à emigração;
*Nota: A PLC afirma que tudo será do estado cabendo a este a sua
divisão, não havendo mais propriedade privada de bens e direitos
·
de acordo com as instituições dos países, o
direito à assistência médica, à assistência aos idosos, aos abonos familiares;
·
a proteção da segurança e da saúde, sobretudo
em relação aos perigos, como drogas, pornografia, alcoolismo etc.;
·
a liberdade de formar associações com outras
famílias e, assim, serem representadas junto às autoridades civis.
2212 O quarto mandamento (honrar pai e mâe) ilumina as
outras relações na sociedade. Em nossos irmãos e irmãs vemos os filhos de
nossos pais; em nossos primos, os descendentes de nossos avós; em nossos
concidadãos, os filhos de nossa pátria; nos batizados, os filhos de nossa mãe,
a Igreja; em toda pessoa humana, um filho ou filha daquele que quer ser chamado
"nosso Pai". Assim, nossas relações com o nosso próximo são
reconhecidas como de ordem pessoal. O próximo não é um "indivíduo" da
coletividade humana; ele é "alguém" que, por suas origens conhecidas,
merece atenção e respeito individuais.
2213 As comunidades humanas são compostas de pessoas. Seu
bom governo não se limita à garantia dos direitos e ao cumprimento dos deveres,
assim como à fidelidade aos contratos. Relações justas entre patrões e
empregados, governantes e cidadãos supõem o mútuo e natural bem-querer que
convém à dignidade das pessoas humanas preocupadas com a justiça e a
fraternidade.
O RESPEITO À PESSOA E À PESQUISA
CIENTÍFICA
2292 As experiências científicas, médicas ou psicológicas em
pessoas ou grupos humanos
podem concorrer para a cura dos doentes e para o progresso
da saúde pública.
2295 As pesquisas ou experiências no ser humano não podem legitimar
atos em si mesmos contrários à dignidade das pessoas e à lei moral. O
consentimento eventual dos sujeitos não justifica tais atos. A experiência em
seres humanos não é moralmente legítima se fizer a vida
ou a integridade física e psíquica do sujeito correrem
riscos desproporcionais ou evitáveis. A
experiência em seres humanos não atende aos requisitos da
dignidade da pessoa se ocorrer sem o consentimento explícito do sujeito ou de
seus representantes legais.
2296 O transplante de órgãos é conforme à lei moral se os
riscos e os danos físicos e psíquicos a que se expõe o doador são proporcionais
ao bem que se busca para o destinatário.
A doação de órgãos após a morte é um ato nobre e meritório e
merece ser encorajado como manifestação de generosa solidariedade. O
transplante de órgãos não é moralmente aceitável se o doador ou seus
representante legais não tiverem dado seu expresso consentimento para tal.
Além disso, é moralmente inadmissível provocar diretamente
mutilação que venha a tornar alguém inválido ou provocar diretamente a morte,
mesmo que seja para retardar a morte de outras pessoas.
O RESPEITO À INTEGRIDADE CORPORAL
2297 Os seqüestros e a tomada de reféns fazem reinar o
terror e, pela ameaça, exercem pressões intoleráveis sobre as vítimas. São
moralmente ilegítimos. O terrorismo ameaça, fere e mata sem discriminação; isso é
gravemente contrário à justiça e à caridade (EX-COMUNHÃO). A
tortura, que usa de violência física ou moral para arrancar confissões,
castigar culpados, amedrontar opositores, satisfazer o ódio, é contrária ao
respeito pela pessoa e pela dignidade humana. Fora das indicações médicas de
ordem estritamente terapêutica, as amputações, mutilações de esterilizações
diretamente voluntárias de pessoas inocentes contrárias à lei moral.
2298 Em tempos passados, práticas cruéis foram comumente
utilizadas por governos legítimos para manter a lei e a ordem, muitas vezes sem
protesto dos pastores da Igreja, os quais adotaram eles em mesmos, em seus
próprios tribunais, prescrições do direito romano sobre a tortura. Ao lado
destes fatos lamentáveis, a Igreja sempre ensinou o dever de demência e
misericórdia: proibiu aos clérigos derramarem sangue. Em tempos recentes, ficou
evidente que essas práticas cruéis não eram nem necessárias para a ordem
pública nem estavam de acordo com os direitos legítimos da pessoa humana. Ao
contrário, essas práticas conduzem às piores degradações. E preciso trabalhar
por sua abolição. E preciso orar pelas vitimas e por seus algozes.
BIBLIOGRAFIA INDICADA
CIC
- Catecismo da igreja Católica. São Paulo:
Ed Loyola,1999.
David
& Pat Alexander. O Mundo da Bíblia. São Paulo: Ed Paulinas, 1985.
Pagola,
José Antônio. Jesus aproximação histórica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
Puig,
Armand. Jesus uma biografia. São Paulo: Ed. Paulus, 2004
Bíblia
de Jerusalém. São Paulo: Ed. Paulus, 2002.
Bitencourt,
Estevão. apostila de curso Teologia Moral. Rio de Janeiro: Ed. Mater Ecclesiae, 2007.
Dirson
Gonçalves e outros. Santo Afonso de Ligório. Curitiba: Ed peregrina Missionários Redentoristas, 2013.
Paulo Gabriel Melo - Teólogo e Psicopedagogo