PUBLICADO COM AUTORIZAÇÃO DO AUTOR POR EMAIL E TELEFONE.
A
IMPORTÂNCIA DOS CONTEÚDOS INTERAGINDO COM A SALA DE VÍDEO: A INCLUSÃO DIGITAL
AUXILIANDO NA CONCRETIZAÇÃO DOS CONHECIMENTOS
Prof. Jefferson F. P.
Paulo G. M. Orientador
O presente artigo
objetiva fazer uma breve análise[ da importante
inserção de conteúdos curriculares previamente planejados para aulas nas salas
de vídeo, concatenando com os conteúdos desenvolvidos na sala de aula, momento
em que movimento, som e imagem corroboram para a concretização do conhecimento,
considerando os registros de agendamento no livro de controle de utilização da
sala de vídeo da Escola Municipal Professora Maria Madalena da Silva,
localizada no Distrito de Baixa do Meio, no Município de Guamaré, no Rio Grande
do Norte, durante o ano de 2018, a partir do qual elaborou-se uma pesquisa
qualitativa e quantitativa, analisada a partir da tabela relativa ao
agendamento prévio das aulas nos três turnos de funcionamento da escola.
Palavras-chave: tecnologia, planejamento, áudio
visual, inclusão social.
INTRODUÇÃO
Vivenciamos
atualmente momentos de grandes transformações em todos os setores da vida
humana, principalmente no que tange à forma como lidamos com o conhecimento e
com as informações produzidas diariamente na rede mundial de computadores,
eventos que formam e deformam opiniões com rapidez nunca antes experimentada
pela humanidade. Some-se a isso, a possibilidade de globalização proporcionada
pela internet, fazendo com que essas informações tenham alcance mundial e
consigam influenciar o modo de vida de bilhões de pessoas.
Todo
esse poder, no entanto, tem sido negligenciado pelas escolas públicas
brasileiras que, a despeito de todos os processos de desconstrução de
paradigmas peculiares da quarta revolução industrial, mantêm-se alheia às exigências
desse novo tempo, reproduzindo um ensino analógico arraigado por séculos pelo
conservadorismo institucional conduzido por correntes ideológicas legadas do
atraso, na forma e conteúdo, bem como do monopólio dos conhecimentos outrora
exercido pela escola, então único ambiente onde os saberes poderiam ser
repassados às novas gerações, via de regra atividade de dedicação exclusiva do
professor, o que lhe conferia enorme poder[G4] .
Com
a nova realidade tecnológica, em que os saberes passeiam por fibras óticas, a
escola pública brasileira entrou em uma depressão profunda, entregou-se ao
marasmo, ao atraso científico e ao medo de se reprogramar para os novos tempos,
transformando-se em uma ilha de entulhos de papel cercada por muros anti- modernidade[G5] .
Paradoxalmente, deveria ser a escola o ambiente de vanguarda tecnológica a
conduzir os alunos para esse novo momento do desenvolvimento do capitalismo,
com a concretização da quarta revolução, a qual pode surtir efeitos muito mais
consistentes do que as anteriores uma vez que lida a simbiose entre as máquinas
e os seres humanos.
Sendo
assim, de tal forma avassaladora a proporção das mudanças causadas pela quarta
revolução industrial nas nossas vidas, deveria a escola ter, imediatamente,
promovido as transformações necessárias nas suas estruturas curriculares e
administrativas visando acolher as novas formas do pensar e do fazer,
tornando-se apta a qualificar na mesma intensidade todos aqueles que dela
precisam para sobreviver com qualidade em uma sociedade cada mais competitiva e
excludente. O processo de inclusão social nas escolas não pode mais ser visto
como algo destinado apenas a quem tem limitações fisiológicas ou de natureza
cognitiva e sim a todos aqueles que não têm acesso à informação ou que dela não
conseguem extrair formação de valores pedagógicos, afinal, segundo Moran (2005,
p. 97), “a informação e a forma de ver o mundo predominantes no Brasil provêm
fundamentalmente da televisão. Ela alimenta e atualiza o universo sensorial,
afetivo e ético que crianças e jovens – e grande parte dos adultos – levam a
para sala de aula”.
Todos
os agentes inseridos no processo de ensino e aprendizagem precisam estar sendo
continuamente incentivados a combater o atraso tecnológico que domina a maioria
dos ambientes educacionais públicos de educação básica no Brasil no sentido de
possibilitar que todos possam estar sendo aproveitados adequadamente e com
consciência crítica do seu devido lugar na cadeia produtiva, pelo mercado de
trabalho altamente especializado que se revela na implementação dos novos
aparatos tecnológicos como impressora 3D, softwares de serviços como o Uber e
AirBnb, nanotecnologia e inteligência artificial, por exemplo, universo bem
distante do que a escola tenta impor aos alunos, resultando em um “faz nada”
sem precedentes na educação nacional. Faz nada porque a reproduzir o atual
modelo de pedagogia, a escola nem prepara para a continuidade da vida acadêmica
e nem prepara para o mercado de trabalho, configurando-se em mero depósito de
pessoas aglutinadas em espaços inadequados, muitas vezes superlotados e quase
sempre sem nenhum recurso tecnológico disponível adequadamente para promover uma
inclusão digital capaz de transformar o aluno em um aprendiz autodidata,
estendendo a ação pedagógica a outros ambientes fora dos muros das escolas que
melhorem a capacidade de ingressarem em melhores oportunidades de trabalho.
De acordo com Miguel Thompson, Diretor de
Operações do Instituto Singularidades, “tamanha
transformação nas relações econômicas e no mundo do trabalho gera uma grande
preocupação nas políticas públicas de incentivo ao capital e de oferta de
serviços à população. Particularmente a escola, comumente lenta em promover
transformações, encontra-se em um grande dilema: presa à tradição do ensino,
visto pelas famílias como valor e elemento de confiança, já não é mais capaz de
responder às necessidades desse mundo 4.0”. Tal afirmação comporta enorme desafio às políticas de inclusão
social nas escolas públicas brasileiras tanto quanto a questões ideológicas que
refletem a visão distorcida do papel da escola pública na sociedade, atualmente
inclusive quase substituindo a educação familiar na concepção de algumas
famílias, tanto quanto a questões objetivas ocasionadas pela gigantesca
burocracia do ordenamento jurídico administrativo brasileiro que entrava por
exemplo uma modernização tecnológica nas escolas com a rapidez e eficiência que
a sociedade requer.
Além disso, paira nos ambientes escolares um atraso velado, uma
resistência às novas tecnologias em forma de despreparo e de desconhecimento de
algo que na atualidade crianças que apenas conseguem adquirir a coordenação
motora necessária para simplesmente clicar uma tecla de smartphone, tablet ou
computador doméstico consegue fazer, que é adentar na rede mundial de
computadores e dali extrair conhecimento, seja para trabalho, estudo ou
entretenimento, o que demonstra que as reiteradas formações continuadas de
professores estão contaminadas pelo atraso e ineficiência, ignorando o papel
transformador que deveriam estar proporcionando nos ambientes escolares. Segundo
Bentes (p.42,2008), o acesso ao áudio visual deve possibilitar ao aluno que “discuta
o seu território, a cidade, o bairro, a escola, produzindo conhecimento sobre os
outros e sobre si, e discuta, também, as diferentes linguagens, as mais
populares e as mais sofisticadas” (BENTES, p. 42, 2008).
As aulas convencionais são estagnadas pelo espaço limitador de um
quadro fixado na parede e pela ausência de “ feeling” no planejar e no desenvolvimento das aulas no que diz
respeito às novas tecnologias da informação e comunicação que disponibilizam,
na maioria dos casos gratuitamente, milhares de sites e aplicativos em todas as
áreas do conhecimento capazes de proporcionar aulas mais atrativas e interativas
que não apenas estimule a permanência do aluno na escola, mas também o estimule
a buscar por conta própria formas alternativas de complementar o conhecimento
escolar, principalmente nas plataformas disponíveis na internet, o que aumenta
a responsabilidade do professor pois além da aula aplicada na sala de vídeo,
seria oportuno estar informando e incentivando o aluno a utilizar essas
plataformas virtuais de aprendizagem como por exemplo os aplicativos, cursos de
idiomas, vídeos tutoriais profissionais e tantos outros recursos que
corroborariam significativamente com a melhoria da qualidade do ensino e
aprendizagem fazendo com que de fato as tecnologias cumpram com seu papel qual
seja o de facilitar a vida das pessoas.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Romper com a sistematização do processo de ensino e aprendizagem
praticado nas escolas públicas brasileiras na direção de uma prática pedagógica
que utilize as ferramentas tecnológicas disponíveis na atualidade pode
encontrar na sala de vídeo um importante ambiente de incentivo ao planejamento,
combinado entre o que o professor apresenta em sala de aula e a complementação
desse mesmo conteúdo em vídeo ou aplicativos relacionados a mesma área de
conhecimento. Entretanto, não basta apenas levar os alunos para assistir a um
filme na sala de vídeo.
“O
saber teórico-crítico é potencialmente transformante; quanto à prática técnica
específica, diremos que, mesmo aperfeiçoando-a materialmente, esta favorecerá a
reprodução. Será barro sem esperança de escultura. A simples e pura reprodução
serve à repetição infértil, que é parente próxima da mediocridade”. (TRINTA
& POLISTCHUK, 2003, p. 20)
Nesse sentido, o equipamento utilizado na sala de vídeo seria
apenas uma nova forma de aula tradicional no quadro, a reproduzir práticas
lineares fundamentadas na tradição da concentração do saber no professor, ao
invés de proporcionar um ambiente questionador e investigador onde o aluno
possa estar desenvolvendo a criatividade e capacidade de interagir com o saber
e com seus pares no sentido de perceber a potencialidade que as informações
disponíveis fora do ambiente escolar podem desempenhar para transformar suas
vidas para melhor. Porém, mesmo assim, ao levar o aluno a participar de aulas
com áudio e vídeo, o professor inicia o processo de contato com as novas
tecnologias da informação e novas formas de aprender, o que motivou uma análise
desse procedimento na Escola Municipal Professora Maria Madalenas da Silva,
localizada no Distrito de Baixa do Meio, Município de Guamaré-RN.
A escola Municipal Professora Maria Madalena da Silva está
localizada a margem da BR 406 e oferta as modalidades ensino fundamental básico
e EJA nos turnos matutino, vespertino e noturno totalizando uma carga horária
de 3.000 horas/aula. A escola conta com excelente estrutura física, recém
reformada. As salas de aula são refrigeradas, existem laboratórios de ciências,
computação, sala de vídeo e de leitura, além de uma sala de rádio onde
acontecem os anúncios e apoio técnico às atividades sociais. A merenda
apresenta ótima qualidade e regularidade no atendimento aos alunos. A equipe
gestora tem percepção democrática de gestão de ensino, envolvendo a comunidade
nas decisões pertinentes ao pleno funcionamento da escola. Os serviços oferecidos
pela parte administrativa funcionam plenamente.
Como a escola funciona nos turnos matutino, vespertino e noturno,
para utilizar a sala de vídeo o professor faz um agendamento prévio que fica
registrado em um livro de controle no qual constam as informações sobre a
turma, a série, nome do professor, disciplina e conteúdo aplicado e a data em
que será aplicada a aula.
Analisando os registros no livro de agendamento, verificou-se que
durante todo o ano de 2018 um total de 352 horas/aula de atividades com
conteúdo das disciplinas curriculares foram executadas na sala de vídeo com
auxílio do data show ou da televisão, na qual o professor coloca um pen-drive
com o arquivo objeto de estudo. Em alguns casos, a sala de vídeo foi utilizada
para a apresentação dos trabalhos elaborados pelos alunos com apresentação de
slides projetados por Datashow, o que consideramos como conteúdo disciplinar
pois, para além dos conteúdos da atividade em questão, os alunos podem angariar
conhecimentos tecnológicos e obter mais desenvoltura quanto a utilização de
programas para apresentação de atividades, banindo práticas antigas e
antiecológicas como a entrega de atividades impressas.
O total de 352 horas/aula na sala de vídeo foram aplicadas durante
os três turnos de funcionamento da escola, em todas as suas modalidades. Nesse
momento, considerando a ausência de dados mais completos que nos permitissem
uma análise mais particularizada desse procedimento, consideraremos essa
quantidade no universo de aulas aplicadas em todas as modalidades oferecidas
pela escola.
Sendo assim, as horas/aula desenvolvidas na sala de vídeo
representam apenas -11,7 % do total de horas/aula ministradas durante o ano de 2018, considerando apenas 1.000
horas/aula por cada turno, pois a considerar as horas aula por cada turma, esse
número poderia saltar para mais de 10.000 horas/aula, perfazendo uma utilização
da sala de vídeo como espaço para difundir os conhecimentos na ordem de pífios
3,52 %, o que, de fato, estaria bem mais aproximado da realidade, embora não
seja objeto desse artigo. Importante ressaltar o fato de que tanto professores
quanto funcionários e alunos estão sempre conectados à internet se informando,
fato que, consequentemente, dificulta mensurar esse percentual como sendo ideal
ou deficitário no que tange ao acesso à sala de vídeo para proporcionar aulas
mais interativas, mas levantam-se alguns questionamentos. A utilização de
mídias na concretização do conhecimento tem sido objeto de estudo de alguns
pensadores na atualidade. Kuhlthau, por exemplo, afirma que:
As
atividades que se seguem a uma apresentação audiovisual, da mesma maneira que
aquelas que se seguem a uma história, dão às crianças oportunidades de
expressar os significados do que viram, relacionando-os com suas experiências
anteriores. Dessa forma, aprendem a compreender o que viram e começam a
analisar e avaliar o papel da televisão e de outros meios de comunicação em
suas vidas (KUHLTHAU, 2004, p. 77).
Redefinir o papel
da escola na sociedade pós moderna, caracterizada entre outras coisas pela
velocidade na transmissão dos conhecimentos, passa necessariamente pela
transformação das aulas em momentos de interação com as tecnologias
contemporâneas pois do contrário estaremos formando sujeitos obsoletos e sem
função social a cumprir, uma vez desqualificados para atuar com competência e
autonomia na sociedade e no mercado de trabalho, tão exigente quanto possível
na capacitação para utilizar as novas tecnologias. Transmitir significados e
valores éticos e morais que resultem em atitudes nos alunos pode ter no áudio
visual de uma sala de vídeo, na qual o professor tem a possibilidade apresentar
um filme ou documentário, por exemplo, um grande instrumento de auxílio na concretização
dessa percepção de valores pelos alunos, mudando sua forma de atuar na
sociedade e reverberando na sua família e comunidade, melhorando o capital
intelectual da localidade.
Afinal,
como afirma Bellonni, “a educação é e sempre foi um processo complexo que
utiliza a medida de algum tipo de meio de comunicação como complemento ou apoio
à ação do professor em sua interação pessoal e direta com os estudantes”.
(BELLONI, 1999. p.54). O meio de comunicação mais importante da atualidade é a
internet, de onde podemos não somente retirar conteúdos, como compartilhá-los com
os alunos fora dos domínios da escola e sem a necessidade de uma presença
física constante para isso, formatando no aluno a capacidade autodidata de
aprender e de questionar, estabelecendo com o professor uma relação de mediação
que seja capaz de pacificar suas dúvidas e ampliar seus conhecimentos.
De acordo com os registros de
agendamento para ministrar aula na sala de vídeo, excluídas as ocasiões para
outros fins, e considerando o total de 1000 horas/aula por cada um dos três
turnos de funcionamento da escola, verificamos como algumas disciplinas e
modalidades utilizaram esse importante auxílio para a concretização do
conhecimento, conforme podemos avaliar na planilha abaixo:
|
DISCIPLINA
|
HORAS/AULA NA SALA DE VÍDEO (%)
|
01
|
Artes Visuais
|
1,7 %
|
02
|
Inglês
|
24,1 %
|
03
|
Educação Física
|
3,7 %
|
04
|
História
|
19,3 %
|
05
|
Português
|
13,4 %
|
06
|
Ciências
|
14,8 %
|
07
|
Geografia
|
21,3 %
|
08
|
Matemática
|
0,6 %
|
09
|
Religião
|
-
|
10
|
Anos Iniciais (3º ao 5º ano)
|
1,1 %
|
|
|
100 %
|
Observa-se na planilha
acima que existem lacunas consideráveis quanto a utilização da sala de vídeo
como recurso áudio visual para auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos
em flagrante contraste com o que ocorre fora dos domínios físicos da escola no
que tange à utilização de tecnologias da informação e comunicação por todos os
que compõem a comunidade escolar, salvo raríssimas exceções, que, como qualquer
pessoa que tenha o mínimo de condições econômicas consegue adquirir um modelo
de smartphone com conexão com a internet para estar em sintonia com a
modernidade no quesito conectividade, entretanto sem vinculação com o
aprendizado escolar, pois, ao não utilizar tais recursos na escola, amputa-se
do aluno a possibilidade de estar conectando-o, a partir do seu universo
tecnológico, com o saber formal e culto, mediado pelo professor que o guiará
pelas melhoras trilhas para tornar o educando apto a extrair do oceano de
informações disponibilizadas na internet os conteúdos que, de fato, o façam
aprender com autonomia e eficácia no sentido de concatenar o saber escolar com
o saber social e tecnológico do nosso próprio tempo histórico.
A
partir dos dados coletados no livro de registro de agendamento, podemos
destacar que em matemática apenas 0,6 % da carga horária (considerando como
parâmetro global apenas 1000 horas/aula) foi aplicada na sala de vídeo, porém para
apresentação de seminário para constar como avaliação dos alunos, utilizando o
data show, ou seja, durante todo o ano letivo de 2018 não aconteceu, conforme
registro no livro de agendamento, nem uma única aula de matemática que tenha
explorado as potencialidades das tecnologias da comunicação e informação,
apesar da infinidade de vídeos, softwares, documentários, filmes nos mais
variados formatos, inclusive em desenho animado, e os práticos e disponíveis
aplicativos educacionais, presentes em todas as plataformas midiáticas e
gratuitas. Isso ilustra o isolamento a que se destina a escola da realidade
tecnológica que permeia o mundo moderno.
Quando
a escola contextualiza suas atividades didáticas com os recursos tecnológicos,
constrói competências e habilidades para que os alunos possam utilizar essas
novas ferramentas e enriquecer os conhecimentos para resolver exercícios
matemáticos e compreender a importância de se aprender por si só, transformando
o saber em instrumento de poder produzir ciência. Nesse sentido, Saviane (2011,
p.66), afirma que: “a escola tem o papel de possibilitar o acesso das novas
gerações ao mundo do saber sistematizado, do saber metódico, científico. Ela
necessita organizar processos, descobrir formas adequadas a essa finalidade.”
Ou
seja, planejadamente incorporados ao projeto pedagógico os recursos
tecnológicos educacionais são ferramentas poderosas para o ensino de qualquer
disciplina sobretudo da matemática, que ostenta o estigma de ser uma das mais
comprometidas quanto a aprendizagem adequada, pois os conceitos podem ser
compartilhados de forma lúdica e competitiva, estimulando uma participação mais
ativa do aluno na construção dos conhecimentos, ao contrário de apenas receber
no quadro os conceitos, fórmulas e cálculos passivamente.
De
acordo com os registros de agendamento da sala de vídeo, observamos na tabela
que o tempo agendado para aulas das séries iniciais utilizando tecnologias
áudio visuais foi praticamente inexistente, o que suscita questionamentos
acerca da utilidade do que se propõem a ensinar, uma vez que, estando contido
em uma sociedade extremamente avançada científica e tecnologicamente, o aluno
pode não ver sentido significativo em frequentar um ambiente tão atrasado e
obsoleto.
Faz-se
necessário introduzir desde as séries iniciais um conjunto mínimo de saberes
tecnológicos iniciando a formação de cidadãos críticos que possam atuar de
forma transformadora na sociedade, mobilizando as habilidades e competências
adquiridas na escola. Justamente por isso que Lemke (2006) afirma que “a
educação científica deve valorizar a curiosidade, o encantamento, o interesse e
proporcionar às crianças oportunidade de apreciar e valorizar o mundo natural,
observando e compreendendo os fenômenos naturais”. E ele continua afirmando que
“é necessário também resgatar a curiosidade e promover a compreensão dos jovens
adolescentes sobre o mundo natural, assim como o funcionamento das tecnologias
(LEMKE, 2006). Sendo assim, quanto antes o aluno tiver contato com as novas
tecnologias na escola e for instigado a aprender com autonomia mais ele poderá
ter afinidade com o processo de ensino e aprendizagem uma vez que a tecnologia
muito colabora para a percepção da utilidade das coisas e da importância de se
compreender como elas funcionam.
3
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando o que observamos na
tabela de percentuais de agendamento para aulas na sala de vídeo podemos
perceber a enorme distância a ser percorrida para uma adequada modernização tecnológica
do pensamento escolar, no sentido de elevar a participação dos equipamentos de
tecnologia da informação e comunicação no processo de ensino e aprendizagem
utilizando os recursos disponíveis atualmente como aplicativos e tutoriais
sobre todas as disciplinas. Transformação
de pensamento porque não basta colocar o equipamento tecnológico na escola. É
necessário mudar a concepção de planejamento e de execução das aulas com o
olhar direcionado para o futuro e suas vertiginosas transformações em todos os
aspectos da vida moderna, com foco na formação adequada do aluno para atuar no
seu próprio tempo com qualidade e emancipação, buscando o conhecimento com
criticidade e capacidade de compreensão autodidata.
Em breve, sequer algumas profissões que
conhecemos hoje existirão, fenômeno que já vivenciamos na atualidade: softwares
de serviços substituindo empresas físicas, como o UBER, a maior companhia de
táxi do mundo sem possuir um único veículo, é uma importante ilustração do
mundo em que os alunos vivem.
Não
basta ensinar apenas a ler e escrever, a escola tem a obrigação de preparar os
alunos para interpretar os signos modernos, seja em um simples teclado de
computador, no trânsito, nas instituições bancárias, por exemplo, de forma a
participar ativamente das possibilidades tecnológicas do nosso tempo, sob pena
de falência da escola por perda de objetividade para a adequada qualificação
das pessoas para atuarem na sociedade moderna com habilidades e competências
eficazes seja para a vida acadêmica ou para o mercado de trabalho.
A
vertiginosa rapidez com que avança a ciência e a tecnologia atualmente,
fenômeno conhecido como a quarta revolução industrial, impõe igualmente
vertiginoso desafio à escola pública brasileira, qual seja o de também
participar dessa revolução, o que não se prenuncia nem no aspecto pedagógico e
nem no aparato tecnológico das escolas que apenas se preocupam em equipar
pequenos espaços como sala de vídeo ou laboratório de informática, geralmente
obsoletos ou sem funcionar, para proporcionar aulas interativas com as novas
tecnologias, o que jamais será de fato objeto de interesse dos alunos se não
for associada aos objetivos adequadamente planejados no projeto pedagógico da
escola e relacionado à realidade sócio cultural dos educandos.
Além
disso, apenas uma sala de vídeo é insignificante para que de fato a escola
consiga compor um ambiente virtual de aprendizagem para que todos os
professores possam executar as aulas com recursos tecnológicos, e que mobilize
toda a comunidade escolar no sentido de se libertar dos muros físicos e
ideológicos que acorrentam as práticas pedagógicas no universo analógico,
amputando dos alunos a oportunidade de desfrutar das possibilidades
tecnológicas do nosso próprio tempo e participar de forma crítica e ativa das
transformações científicas e tecnológicas na contemporaneidade, o que tornaria
a Escola importante instrumento de inclusão social e digital, além de
instituição protagonista no combate a várias mazelas sociais que nos afligem,
como a analfabetismo.
REFERÊNCIAS
BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância. 2.ed. São Paulo:
Editora Autores Associados, 1999. (p.53-77).
BENTES, Ivana (org.); Salto para o Futuro - Debate: cinema
documentário e educação. Rio de Janeiro: 2008. https://educacao.estadao.com.br/blogs/instituto-singularidades/onde-a-escola-deve-se-colocar-na-quarta-revolucao-industrial/
KLAUS, Schwab – A quarta revolução industrial – SP. São
Paulo, Editora Edipro.2018
KUHLTHAU, C. C. Como usar a biblioteca na escola: um
programa de atividades para o ensino fundamental. Belo Horizonte: Autêntica,
2004.
LEMKE, J. L. Investigar para El de La Educación
Científica: nuevas formas de aprender, nuevas formar de vivir. Enseñanza de
Las Ciencias, V. 24, n.1, 2006, p.5-12.
MORAN, J. M. Desafios
da televisão e do vídeo à escola. In: ALMEIDA, M. E. B.; MORAN, J. M. Integração das tecnologias na educação:
salto para o futuro. Brasília: Ministério da Educação, 2005. p. 97-100.
Disponível em: . Acesso em: 01 nov. 2014.
POLISTCHUK, Ilana; Trinta, Aluizio R. Introdução (capítulo
1). In: ____Teorias da Comunicação: O pensamento e a prática da comunicação
social. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 2003, p. 13-26.
SAVIANI, Dermeval
– Pedagogia Histórico-crítica:
Revolução e formação de professores – Editores Associado – São Paulo – SP -
2011.