NUESTROS PAISANOS LOS
INDIOS
Em minhas viagens e pesquisas de campo na
América do sul, Argentina, Chile, Bolívia e Paraguai e confesso fiquei
encantado com a cultura indígena desses povo originários, mas foi na Argentina
na cidade de Buenos Aires que conheci Carlos Martinez Sarasola, e foi através de
suas obras que percebi duas linhas metodológicas que obrigatoriamente deveria
incluir nas minhas pesquisas, "não há como pesquisar povos originários
(índios) sem andar de mãos dadas com a arqueologia e a antropologia visto que
eles tem suas raízes em 9.000 a.C.", foi a primeira lição que me ensinou o
antropólogo argentino, especialistas em índios e etnohistória, ele trabalhou
com escavações históricas na Argentina, Peru e Bolívia, conhece a raiz mais
profundas em um trabalho inédito sobres os povos originários, creio que na
América do sul ele é pioneiro nesse trabalho, sua primeira obra"La Argentina de los caciques" e em ”cuentan
los Araucanos" e na última que une as duas primeiras e faz uma
conclusão em um trabalho magnífico "Nuestros
paisanos los índios" (Nossos compatriotas os índios).
provincias argentinas
museu del cabido
roupas dos espanhois que viveram na argentina
Nessa obra ele descreve
a história de todos os povos índios Argentinos, a vida, a história e o destino
das comunidades indígenas da Argentina, que sofreram invasões em seus
territórios por espanhóis, ingleses, portugueses e escoceses: são muitos povos
indígenas por isso ele os dividiu por regiões, Noroeste, Serras centrais, pampa
e patagônia, Cuyo, Neuquén, Chaco, litoral e interior. Sarasola descreve cerda
de trinta povos espalhados pelas diversas províncias, concentrei meus estudos e
pesquisas na província de Buenos Aires, ao que me pareceu a maior do ria da
prata, por sua farta cultura e apoio em materiais escritos.
folder del puerto
Deparei-me com algo engraçado, entrei em uma livraria, ao menos ela me
pareceu ser uma livraria que ficava bem perto da casa rosada e do Nogarot, o
hotel que me hospedava, "La libreria
de Avila" fica na Alsina 500,
ao entrar vi uma placa "DECLARADA LUGAR HISTORICO NACIONAL" que
aquela livraria e também biblioteca guardava uma enorme quantidade de arquivos
nacionais da Argentina, era perfeito para um pesquisador, ela também era um
café, tinha uma estrutura perfeita para quem se debruçar por dias e semanas em
pesquisa. Lá então tomei contato com Sarasola que é para meus estudos um grande
mestre até hoje. O dono da livraria mesmo após ter acabado o expediente
permitia que eu ficasse pesquisando até fechar a loja.
No Brasil ninguém se deu
ao trabalho de escrever sobre os nosso povos indígenas, eles eram mais de dois mil
povos hoje restam pouco mais de quatrocentros e em cinquenta anos provavelmente
uns cem deixes de existir ou sejam dados como extintos como em minhas pesquisas
vi vários deles nessa situação, não cuidar da nossa história é não valorizar
quem somos e quer gostem ou não nossas raízes são indígenas, de certo que
miscinegenada com negros e europeus, mas a matriz é índia.
rua da La libreria de Avila
La libreria de Avila
É
impactante a forma de escrever ao afirmar os direitos dos índios, estando até mesmo
numa contra mão do pensamento na América do sul, onde essa não é a prioridade
das nações, Sarasola[1]
afirma:
É um dever de
justiça julgar o homem autóctone dentro do marco dos direitos, que como ser
humano de carne e osso e membro da espécie humana lhe correspondeu no passado e
lhe corresponde no presente. Os indígenas não foram considerados cidadãos, e
sim uma aberração que hoje com grande esforço, está começando a ser mudado.
manifestação indígena
em frente a casa rosada da presidência
Ele
aceita que a entrada do homem no continente americano pode ter muitas
correntes, mas a que explica e adota é a do estreito de Bering, já que é
considerado pela maioria de antropólogos e estudiosos como Brian Fagan, que ao
ser congelado o estreito com hoje 80 km de distância e na época, certamente
seria menos devido ao congelamento dos oceanos, permitiu que os humanos que se
originaram na África, migrassem devido as condições climáticas adversas na
Europa e África, vieram parar na América e foram aos pouco dominando de cima
para baixo até chegar a patagônia argentina e isso se deu entre os 30.000 anos
a. C. Ainda afirma em sua obra que Paul River desenvolveu estudos sobre essa
chegada do homem por nossas terras onde migraram para cá, mongóis e esquimós,
já o estudioso Georges Montandon acredita em uma via através do oceano Pacífico
em que Malaios-polinésios aqui chegaram.
Em
seu trabalho fruto também da arqueologia foi dividido em períodos para estudo:
cedo, médio, tardio, influência Inca, hispano-indígena e colonial. Fiquei
abismado com as suas teorias e para cada uma delas umas mil fotos arqueológicas
para comprovar a veridicidade, além da enorme quantidade de desenhos em
cadernos de campo, assim percebi que ferramentas como gravador, uma boa máquina
fotográfica, computadores, pen drive e hd externo acoplado com copiadoras e
scaner eram imprescindíveis a quem se propões como eu a pesquisar, levei algum
tempo já que era financiado por mim mesmo. Conheço poucos sítios arqueológicos
no Brasil e em sua maioria coordenado por estrangeiros, tamanha é a nossa
escassez de pesquisas na área, estamos muito atrasados e as iniciativas que
existem são em sua maioria pela rede privada e não governamental.
Percebi
que quisesse me arvorar nesta área devia fazer graduação em um campo que me
desse abrangência o que me levou a fazer história no Rio Grande do Norte, na
cidade de Natal, precisava melhorar minha metodologia e alargar o campo dos
meus conhecimentos.
Pesquisar
é algo muito caro em termos de tempo para pesquisar, ter materiais suficientes
para editar uma obra muitas vezes requer o trabalho de uma vida, estou há pelo
menos vinte anos em contato com comunidades indígenas em todo país tendo
convivido por pelo menos uma década com eles, em seu maior período os yanomamis
e os Xukuru's.
cultura
précolombiana museu del cabido Argentina
Objetos da cultura
précolombiana museu del cabido Argentina
[1]
SARASOLA, Carlos Martinez. Nuestros paisanos los índios. Buenos Aires: Del
Nuesvo Extremo, 2013.
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