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domingo, 1 de maio de 2016


UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - IBRAPES

Relatório das ruinas de Estremoz 

PAULO GABRIEL 

Relatório das ruinas de Estremoz 


Relatório das ruinas de Estremoz apresentado ao professor Antônio Marcos de Oliveira como avaliação parcial da disciplina de Teoria e Metodologia da História.

 Natal - RN
2016

RELATÓRIO DAS RUÍNAS DE ESTREMOZ
Ao redor da lagoa do Guajiru habitavam os índios potiguares (comedores de camarão), cuja população oi alvo da catequese dos jesuítas, com água e terras para plantar e criar gado o local era perfeito para o desenvolvimento de uma missão em solo potiguar e a fundação de uma aldeia, que foi fundada pelos jesuítas em Guajiru em 1603 e funcionou até 1759 com a expulsão dos jesuítas. No período de funcionamento, como ocorreu em todas as missões, foram catequizados e educados índios Tupis-Potiguaras e Janduis-paiacus, como sempre sem levar em consideração a especificidade de cada cultura separadamente, estes índios sofreram a forte influência dos novos costumes da doutrina cristã. A aldeia do Guajiru foi um marco importante na História das missões no Rio Grande do norte.
Segundo Silva[1] (2010) "os primeiros padres que vieram para a missão foram Gaspar de Samperes (arquiteto que projetou o Forte dos Reis Magos e a igreja de São Miguel), Francisco de Lemos, Francisco Pinto e Luiz da Figueira.
A colônia com seus instrumentos de escravização e morte, assassinava os índios em larga escala conforme afirma Silva ao descrever os mortos e desaparecidos da aldeia do guajiru, no início do aldeamento havia 4 mil indígenas, sendo mortos e desaparecidos 2.053 índios no período de 1597 a 1689. Com a saída dos jesuítas restaram apenas 350 índios domésticos e serviçais para atender as necessidades da colônia.
Sendo Estremoz considerada uma das primeiras vilas do Rio Grande do Norte, a qual foi dada o nome de Vila de São Miguel do Guajiru. O nome Estremoz é uma homenagem a uma cidade portuguesa de mesmo nome, segundo Abimael Silva (editor potiguar).
Em 7 de janeiro de 1607 é criada a sesmaria número 102 concedida as terras a companhia dos jesuítas, e criada a Missão de São Miguel do Guajiru" que funcionou de 1607 até 1759. Nela havia plantações, currais para gado na frente e atrás da missão, casa de farinha e hospício (lugar de hospedagem na época, não de loucos como hoje), por tudo isso era um centro bem organizado.
Segundo o historiador potiguar Antônio Marcos[2] ocorreu a seguinte cronologia importante para a colônia visto que confrontava com os interesses da corte:
1755 Alvará de criação (7 de junho)
1759 Decreto cassatório aos jesuítas confiscando os 1429 ha de terra e escola com 147 rapazes (muito grande para a época) aos 3 de setembro.
1760 Criada a Vila de Gohemoz do Norte, a primeira vila do Rio Grande do Norte pelo Desembargador Bernardo Coelho que finca o pelourinho como o símbolo do poder real e da justiça.
1858 É transferida a vila para Ceará Mirim aos 30 de junho.
1963 É criada a cidade de Estremoz em 4 de abril
1990 A portaria nº 458 tomba as ruínas como patrimônio do RN.

Segundo Câmara cascudo "o abandono criminoso fez desaparecer a mais bonita igreja do Rio Grande do Norte colonial", é lamentável como o Brasil abandona e destrói a sua história, esse bem cultural da humanidade.
As ruínas jesuíticas de Estremoz são um legado da presença portuguesa e de índios potiguares, pois no Brasil colônia onde havia uma missão jesuíta, havia indubitavelmente a presença massiva de povos indígenas a serem catequizados e batizados pela igreja, para evitar muitas vezes a escravização, mas isso segundo os relatos de campo do Historiador potiguar Antônio Marcos não impediu que eles fossem expulsos por confrontar os interesses da coroa portuguesa. Sua imponência de construção permitia ser avistada do outro lado da lagoa de Estremoz, erguida no barroco jesuítico tinha, segundo afirma Silva[3] (2010):
"Dezesseis metros de altura por treze metros e meio de largura, sua parede de oitenta centímetros serviam como muralha por trinta metros de comprimento, vinte metros a nave da igreja, quatro metros a capela mor e seis metros a sacristia".

            Não tinha alicerce, suas grossas paredes adentravam a terra por um metro e oitenta. suas paredes eram praticamente blocos maciços com ostras, uma característica de pedras lateritas (litorâneas) pretas fixadas com cal e barro, seus tijolos de grande variedade de tamanho, cor e forma. A cimalha e o frontão da igreja vinham em pedras já cortadas e numeradas oriundas de Portugal, e nesta belíssima igreja foi batizado o grande guerreiro Poti Felipe Camarão e também seu casamento com a índia guerreira Clara Camarão, primeira mulher indígena a empunhar armas contra os holandeses na batalha dos guararapes.
            Há ainda nos anais da histórias três lendas locais sobre a missão: a cobra grande que entrava na igreja, o carro caído com o sino que tocava dentro da lagoa e o tesouro enterrado na igreja.



[1] Silva, A. Maria Dionice da. A história de Estremoz. Natal: Sebo vermelho editora, 2010.
[2] Aula de campo nas ruínas de Estremoz realizada com os graduandos do curso de História da Universidade Estadual Vale do Acaraú em 17 de abril de 2016.
[3] IDEM nota 1
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