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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018




PORQUE FAZER UM FICHAMENTO?

Aconselho a todos os estudantes a fazerem fichamento de absolutamente tudo que lerem, no mundo acadêmico utilizamos em demasia textos e citações de autores diversos, motivo pelo qual quanto mais citações e leitura tivermos mais referencial teórico terão as nossas obras.
Aprendi na USACH onde fiz meu mestrado que numa graduação podemos fichar cerca de 100 obras durante todos os períodos, para um mestrado pelo menos 50 obras fichadas na linha de pesquisa do tema nós devemos ter, para o doutorado pelo menos 350 obras fichadas, motivo pelo qual não podemos desperdiçar nenhuma obra que lemos , temos que fazer um fichamento, aconselho ainda que se imprima e encaderne os fichamentos para ser ter um arquivo em papel na sua biblioteca, também deixe uma pasta no seu computador com todos os fichamentos feitos, se possível guarde uma cópia de segurança em um HD, eu ainda coloquei nas nuvens os meus, dessa forma não perco o que fiz.

COMO FAZER UM FICHAMENTO?

Vou usar como exemplo uma obra que muito usei em minha área que é a educação, “Pedagogia da autonomia” de Paulo Freire.

1º PASSO:
Coloque o título do fichamento no início da sua folha no word como segue:

FICHAMENTO PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
2º PASSO:
Escreva o nome da obra já nos moldes do que nos pede a ABNT, embora eu tenha feito mestrado fora do Brasil que segue a APA, comum na maioria dos países, mesmo usando a ABNT fica fácil adaptar, por isso vou mostrar as duas.
ABNT (usado no Brasil)
Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Ed. Paz e terra, 16ª ed., 1996.  

APA (usado fora do Brasil)
Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São      
            Paulo: Ed. Paz e terra, 16ª ed., 1996.  

3º PASSO:
Após isso coloque o número da página e abaixo o título do capítulo toda vez que aparecer, prefácio, introdução, capítulo 1, etc.
Copie da mesma forma que está no livro, inclusive com os erros, não mude nada, pois a citação será sem alteração do texto original.
Veja o exemplo abaixo:
PREFÁCIO
Pág. 10
O cotidiano do professor na sala de aula e fora dela, da educação fundamental à pós-graduação.

Pág. 11
Uma pedagogia fundada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando.


4º PASSO:

Imprima e encaderne em capa dura os seus fichamentos, eu costumo encadernar de 15 em 15 obras, por tema, faço um índice na primeira folha, este é um investimento acadêmico para toda sua vida.
Faça uma cópia de segurança com os fichamentos digitados em um HD, se possível coloque nas nuvens também, como um fichamento dá trabalho, vale a pena ter segurança.


5º PASSO:
Quando for precisar citar um trecho de um de seus fichamentos, você já tem digitado a referência bibliográfica, e toda a a obra fichada. Boa caminhada acadêmica para você, deixe seu comentário, ele muito importante para que eu possa aprimorar os artigos aqui depositados.
OBS: caso você encontre alguma informação sobre algo do texto coloque tudo em vermelho para não confundir no futuro.
Ex.
Pág. 11
Uma pedagogia fundada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando.

Encontrei um artigo sobre este assunto que aborda a questão a “Ética a nicômaco” de Sócrates

Veja como fica um fichamento pronto.

FICHAMENTO PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Ed. Paz e terra, 16ª ed., 1996.  
PREFÁCIO
Pág. 10
O cotidiano do professor na sala de aula e fora dela, da educação fundamental à pós-graduação.

Pág. 11
Uma pedagogia fundada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando.

É preciso aprender a ser coerente. De nada adianta o discurso competente se a ação pedagógica é impermeável à mudanças.

Pág. 12
Freire, adverte-nos para a necessidade de assumirmos uma postura vigilante contra todas as práticas de desumanização.

PRIMEIRAS PALAVRAS

Pág. 15
É nesse sentido que reinsisto em que formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas, e por que não dizer também da quase obstinação com que falo de meu interesse por tudo o que diz respeito aos homens e às mulheres, assunto de que saio e a que volto com o gosto de quem a ele se dá pela primeira vez.
Aos astros e além.
Ad astra et ultra

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

A MORTE DE INOCENTES

No tempo do rei Herodes, nos mostra os registros sagrado centenas de crianças de dois anos para baixo foram todas mortas na Judéia, pois o rei queria matar dentre elas aquela a quem se referia uma antiga professia de um rei que nasceria em Israel, e para eliminá-la ele teria que matar todas, pois não sabia qual das crianças era.
Leitura breve da Oração das horas da igreja de Cristo             
Jr 31,15
Ouviu-se uma voz em Ramá, – voz de lamento, gemido e pranto – de Raquel chorando seus filhos, recusando-se a ser consolada pois eles não existem mais.

HINO DA NASCENTE IGREJA DOS APÓSTOLOS SOBRE OS MÁRTIRES

O tirano escutou, ansioso,
que em Belém novo Rei é nascido.
Vem da casa real de Davi,
vem reger o seu povo escolhido.

Clama, louco, ao ouvir a mensagem:
Eis às portas o meu sucessor
que me expulsa! Depressa, soldado,
cobre os berços de sangue e de dor.

A quem serve tão grande maldade?
A Herodes teria ajudado?
Dentre os mortos há um que lhe escapa,
dentre eles só Cristo é tirado.

Salve, flores primeiras dos mártires,
que, da aurora ao primeiro clarão,
o inimigo colheu, como a rosas
decepadas por um turbilhão.

Sois as belas primícias de Cristo,
ó rebanho infantil de imolados,
que brincais, como alegres crianças,
com coroas, nos átrios sagrados.

Glória a vós, ó Jesus, para nós
de uma Virgem nascido em Belém.
Glória ao Pai e ao Espírito Santo
pelos séculos dos séculos. Amém.

E HOJE QUEM SÃO O HERODES
Hoje muitos partidos tem como ideologia o direito da mulher, mas não se fala no direito da criança que tem direito a vida, é um grave erro e pecado o aborto, para mim como teólogo cristão não posso imaginar maior pecado do que tirar a vida de inocentes, não importa a justificativa, não posso comungar com partido e pessoas que são a favor desta prática, Deus tudo vê.









terça-feira, 3 de julho de 2018

A MELHOR FORMA DE AJUDAR O PAÍS É CONTRIBUIR COM SUA EDUCAÇÃO

Após o mestrado feito na UNIVERSIDAD DE SANTIAGO DE CHILE, universidade que está entre as dez maiores da América Latina, comecei a lecionar nas pós graduações no estado do Rio Grande do Norte, terra que tão calorosamente me acolheu e sou grato por isto.
A educação deve ser a meta principal de educadores, gestores e governos que amam seu país e que de fato quer vê-lo crescer, é pensando assim que me desloco para dar aulas em várias cidade e que tenho aprendido cada vez mais com alunos tão inteligentes, professores dedicados que não esperam mas fazem acontecer, cada um financiando do seu próprio bolso sua especialização na esperança de um Brasil melhor. Não basta crer, é preciso fazer algo de concreto por nosso país sem eeperar que as coisas caiam do céu. ADMIRO MUITO A GARRA DE VOCÊS, AMO VCS.

TURMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM INCLUSÃO NAS SÉRIES INICIAIS NA CIDADE DE BOM JESUS - RN.





AMEI CONHECER VOCÊS MINHAS QUERIDAS E QUERIDOS!
DEUS ABENÇOE SEU SACRIFÍCIO PELA NOSSA EDUCAÇÃO.


segunda-feira, 7 de maio de 2018

A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SÓ PODE SER FEITA COM AUTORIZAÇÃO DO AUTOR OU DA USACH. 
Citações em trabalhos acadêmicos, favor fazer a devida referência.
© Paulo Gabriel Batista de Melo, 2018

Derechos reservados. Esta obra está bajo una Licencia CreativeCommons-AtribuciónNoComercial-SinDerivadas Chile 3.0. Sus condicion de uso pueden ser revisadas en: <http://creativecommons.org/licenses/by-ncnd/3.0/cl/>.

UNIVERSIDAD DE SANTIAGO DE CHILE
FACULTAD DE HUMANIDADES
                                    Departamento de Educación

A CONSTRUÇÃO DE LIVRO DIDÁTICO ESPECÍFICO UTILIZANDO AS CANÇÕES INDÍGENAS PARA MELHORAR A DEFICIENTE LEITURA E ESCRITA

Paulo Gabriel Batista de Melo
Profesor Guía: Daniel Ríos Muñoz
Trabajo de graduación para optar al grado de  Magíster en Educación con mención en Currículum

Santiago – Chile
2018
© Paulo Gabriel Batista de Melo, 2018
Derechos reservados. Esta obra está bajo una Licencia CreativeCommons-AtribuciónNoComercial-SinDerivadas Chile 3.0. Sus condicion de uso pueden ser revisadas en: <http://creativecommons.org/licenses/by-ncnd/3.0/cl/>.

RESUMO

Esta inovação pretende melhorar a dificuldade de leitura e escrita da Língua Portuguesa dos alunos indígenas nas escolas Natureza Sagrada e Rei Ororubá, localizadas na cidade de Pesqueira. Foi desenhada uma  intervenção feita com a gravação e transcrição das canções, para serem utilizadas nas atividades em sala pelas professoras indígenas, aplicadas aos  vinte e seis alunos do pré I ao 3º ano nas duas escolas com idades entre quatro e dez anos, a fim de permitir que eles se apropriem se apropriem desta competência de ler e com o recurso didático específico, um livro próprio da sua realidade de índio, retratada em forma de canções.
A metodologia adotada buscou as informações das professoras em uma análise de fortalezas, entrevista semi-estruturada e questionário para elaborar um livro didático específico para realização de atividades em sala, podendo ser monitorado e avaliado pelas notas e registros do diário dos professores.
A inovação mostrou sua eficiência através das notas e registros no diário de classe e caderno de planejamento das professoras, ao apresentar que os alunos passaram a cometer menos erros na escrita e leitura das palavras, suas notas finais melhoraram, tiveram mais autonomia e fluência na leitura, aumentaram as visitas a biblioteca, foi confeccionado um livro  didático específico, os alunos confeccionaram um álbum de vocábulos e realizou-se uma capacitação para os professores indígenas.


Palabras Claves: 
Alunos indígenas, Recurso didático específico, leitura escrita.

ABSTRACT
This innovation intends to reduce the difficulty of indigenous students to read and write the Portuguese language at the NaturezaSagrada and Rei Ororubá schools, located in the city of Pesqueira. An intervention was planned with the recording and transcription of songs, aimed to be used in the classroom by the indigenous teachers and applied to twenty-six students from the first year of preschool to the third year of elementary school – aged four to ten - in both schools, so as to allow them to appropriate this competence of reading with a specific didactic resource a book which is proper to their indigenous reality, portrayed in the form of songs.
The adopted methodology used SWOT analysis, semi-structured interview, and questionnaire to seek the information of the teachers, inin order to elaborate a specific textbook to apply classroom activities, which could be monitored and evaluated through grades and records in the teachers’ journals.
The innovation revealed its efficiency    through grades and records in class diaries and teachers’ planning notebooks, by showing that students started to make less errors in writing and reading words. Their final grades improved, the reading autonomy and fluency of students was enhanced, the visits to the library increased, a specific textbook was elaborated, a vocabulary album was created by students, and a training was provided for the indigenous teachers.

Key-words:
Indigenous students, Specific didactic resource, Reading and Writing.

DEDICATÓRIA

A minha esposa e filhos, ao Povo indígena Xukuru.
.
AGRADECIMENTOS

            A Deus meu eterno companheiro de tantas lutas em defesa dos pequenos e 'daqueles que se fizeram pequenos por eles'.

            A minha querida esposa Adriana e aos meus filhos Patrick, Pablo e sua esposa Marcielle pela ausência de tantos anos, pelo incentivo constante a nunca desistir.

            A Vanielle Xukuru que desde a primeira graduação apoiou-me incondicionalmente e nunca desistiu da luta pelo seu povo Xukuru.

            As professoras Xukuru Shirleide e Rogéria por sua luta pelo seu povo e pela paciência em tantos encontros e por seu amor às crianças indígenas da Aldeia São José.

            Aos eternos mestres Daniel Rios e Catherine Flores por seu compromisso que ultrapassam as fronteiras do saber.

            A todos os amigos e amigas da turma que se ajudaram mutuamente na construção de um saber necessário ao nosso povo.

            A Valéria Rodrigues que com todo carinho e amor acreditou nesse projeto para melhorar a educação em nosso país.

TABLA DE CONTENIDO

RESUMEN
ABSTRACT
DEDICATORIA
AGRADECIMIENTOS
ÍNDICE DE TABLAS
INDICE DE ILUSTRACIONES 
INTRODUCCIÓN
1 DIAGNÓSTICOINSTITUCIONAL
1.1 Descripción de la realidad externa e interna
    1.1.1 Descripción de la realidad externa
    1.1.2 Descripción de la realidad interna 
1.2 Uma visão mais aproximada do problema da deficiente leitura e escrita 
1.3 Identificación de los principales problemas
1.4 Análisis de los problemas 
 2 FORMULACIÓN DEL PROBLEMA 
2.1 Formulación del problema a abordar con la innovación 
2.2 Objetivos de la innovación 
    2.2.1 Objetivo General 
    2.2.2 Objetivos Específicos
2.3 Justificación de la innovación 

3 FUNDAMENTACIÓN DE LA INNOVACIÓN
3.1 Políticas públicas contribuintes ao projeto de melhoras
    3.1.1 O marco legal: a Constituição Federal de 1988 (Capítulo VIII, Arts. 231 e 232)
    3.1.2 Estatuto do Índio (Lei nº 6.001/ 1973) 
    3.1.3 Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
    3.1.4 Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas
3.2 As legislações indígenas para a educação
    3.2.1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/1996  LDB)
    3.2.2 Os PCN's
    3.2.3 Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (2012-2013)
    3.2.4 Referencial curricular nacional para a educação infantil Vol. 1
    3.2.5 Referencial curricular nacional para a educação infantil Vol. 3
    3.2.6 Orientação curricular para Ensino Médio Vol. 1
4 DISEÑO DE LA INNOVACIÓN EDUCATIVA
4.1 Descripción general 
4.2 Población beneficiada 
4.3 Estrategia 
4.4 Actividades 
4.5 Recursos
4.6 Monitoreo y Evaluación
4.7 Cronograma

5 RESULTADOS DE LA INNOVACIÓN EDUCATIVA
5.1 Resultados previstos e imprevistos
    5.1.1 Resultados previstos
    5.1.2 Resultados imprevistos
5.2 Condicionantes de la innovación 
    5.2.1 Facilitadores 
    5.2.2 Obstaculizadores 
5.3 Discusión de los resultados
5.4 Valoración de la innovación aplicada
5.5 Reflexión de la innovación educativa 
6 CONCLUSIONES 
7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
8  EVIDÊNCIAS

9 ANEXOS
INTRODUCIÓN
A inovação proposta neste trabalho apresenta a implementação de materiais didáticos usando as canções indígenas para melhorar a deficiente leitura e escrita dos alunos das escolas indígenas da aldeia São José, melhorar o desempenho dos professores com um material específico para sua cultura.
O capítulo 1 apresenta a territorialidade do povo Xukuru enquanto dimensão geográfica, contextos social e político interno e externo abordando o contexto nacional e local, trazendo a estrutura educacional e diagnosticando através de entrevista semi-estruturada, análise de fortaleza e questionário uma deficiente leitura e escrita dos alunos das escolas da aldeia São José em virtude da falta de material didático específico e a pouca capacitação dos professores, mostrando que as mesmas não estão satisfeitas com a aprendizagem dos alunos.
É descrito no Capítulo 2 uma análise global da dificuldade de leitura e escrita dos alunos pela ausência de material específico e pouca capacitação, bem como as estatísticas da educação indígena comparadas com a educação dos não índios, a deficiência de material didático específico e a definição dos objetivos para melhorar a dificuldade de leitura e escrita dos alunos indígenas das escolas Natureza Sagrada e da Rei do Ororubá na Aldeia São José, através de atividades utilizando a transcrição das canções indígenas do povo.
A inovação é fundamentada no Capítulo 3, mostrando que o grande marco das questões indígenas foi a Constituição Brasileira de 1988, na qual 'assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem', corroborando com Freire, Luckesi e Hoffmann ao expor que se deve contextualizar a educação, trazendo ainda as importantes contribuições das políticas públicas do indigenismo no Brasil.
Encontramos no Capítulo 4, as informações mostrando que a população alvo são os alunos indígenas da aldeia São José e a estratégia é a confecção de material didático usando a transcrição das canções que são parte da cultura imaterial e conhecidas dos alunos, embora leiam e escrevam as mesmas com dificuldades.
É apresentado no Capítulo 5, os resultados obtidos através desta inovação, visto que na escola Natureza Sagrada 9 de 14 alunos melhoraram a leitura e a escrita e na escola Rei do Ororubá 10 de 12 alunos. Também foi percebido que houve mais procura de livros na biblioteca para leitura, foi construído um material didático com as canções e foi feita uma capacitação para as professoras destas escolas.
A finalização é explanada no Capítulo 6, no qual  encontramos que o desenhar do plano de intervenção educativa para construir um material didático específico  utilizando as canções para confecção de material didático específico foi eficaz ao melhorar a leitura e a escrita dos alunos.
1.            DIAGNÓSTICO INSTITUCIONAL
1.1        Descripción de la realidad externa e interna
1.1.1     Descripción de la realidad externa
O povo Xukuru tem uma população de 9.335 índios, 36 Escolas Estaduais indígenas sendo que em três é ofertado o Ensino Médio sendo que a maior delas a Escola Intermediária Monsenhor Olímpio Torres oferta do Ensino fundamental ao médio e conta com 759 alunos, 32 professores e 4 coordenadores, esse povo indígena possui ainda uma demanda de 3. 100 alunos índios, 186 professores indígenas sendo o segundo município do Nordeste em número de índios segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) , e ainda assim tudo que os índios conseguiram foi fruto de suas lutas e nunca por uma iniciativa governamental.
O contexto social das escolas Natureza Sagrada e Rei do Ororubá é que apresentam em suas cercanias poucas casas, e seu acesso é por estrada de terra sem asfalto, que em período de chuvas são difíceis de transitar, a aldeia São José tem em seu contexto casas isoladas e algumas outras duas a três casas juntas, os professores destas escolas moram na aldeia, o que facilita o entrosamento com os pais dos alunos que são conhecidos, a noite a escola proporciona aulas de ginástica (zumba, aeróbica...) com um professor que é pago pelos participantes do grupo que frequenta essas aulas, os índices de violências são considerados baixo e de pouco risco. Em sua maioria os moradores são pessoas pobres que vivem com até um salário mínimo e os auxílios dados pelos governo através de programas sociais como o 'bolsa família'.
O contexto cultural mostra que os índios Xukuru's tem grande riqueza cultural nos seus rituais e principalmente na musicalidade que herdaram de seus antepassados,e que aborda todas as questões do povo desde suas origens e lutas como, sua rotina diária, festejos, o modo como vivem suas crenças na morte, nos antepassados, porém pouco explorado em termos de escrita e leitura pela falta de materiais como livros didáticos e paradidáticos dessa cultura. Eles são descendentes dos Tupi's como todos os povos indígenas litorâneos do Brasil, e todas as aldeias estão dentro da serra do Ororubá, estando a Aldeia São josé objeto desta inovação situada no início da serra, é a primeira aldeia ao entrar na terra demarcada dos Xukuru's, com grande facilidade de acesso, embora seja de terra batida que em algumas épocas são de difíceis deslocamentos. As duas escolas são cercadas pela barragem da Peixe (maior reservatório de água doce desse povo indígena), e dela é retirada a água para consumo humano e animal,  para as plantações de verduras e frutas que são consumidas e vendidas nas feiras de pesqueira.
No contexto econômico pode-se perceber que os índios Xukuru's vivem basicamente de suas plantações de hortaliças, feijão, milho e pequenas criações de gado, galinha e porco, sendo a criação de gado coletiva em um curral para todos os índios cuidado por eles mesmos. Das plantações e criações é que se origina a renda da maioria, pois são vendidas na feira de Pesqueira, além disso há dois índios que são vereadores e que tem seu salário pago pelo município, bem como todos os cento e oitenta e seis professores que são pagos pelo estado e outros poucos servidores do município e estado que trabalham nas aldeias, nos postos de saúde e nas escolas. Existem ainda pequenos comércios, mercados que seus proprietários são índios também, essa é basicamente a renda que com poucas exceções não ultrapassam o salário mínimo, estando muitos deles abaixo desse teto.
No território Xukuru não há fábricas, mas há grande produção artesanal de bordados e renda, que é feito para o comércio local e também para o exterior. Também é produzido por eles panelas e utensílios de barro que são vendidos nas cidades vizinhas em feiras livres e em alguns comércios locais. Alguns desse povo trabalham durante o dia na cidade de pesqueira e a noite voltam para as aldeias.
Diversas Políticas públicas contribuíram para a melhoria do Currículo escolar indígena dentre eles, o marco legal: a Constituição Federal de 1988 (Capítulo VIII, Arts. 231 e 232) que deu amparo a demarcação das terras com base nos direitos originários e permitiu aos indígenas ter autonomia na sua educação, nos seus costumes e tradições; O Estatuto do Índio (Lei nº 6.001/ 1973) resguardou o direito a vida dos índios e suas terras, porém o índio era tutelado ao Estado sem autonomia jurídica, ficava a mercê dos governantes; A Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) contribuiu ao forçar a inserção dos artigos da Constituição de 1988 coroando a luta pela autonomia dos índios brasileiros; A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas foi o recurso externo que gerou grande pressão sobre a política nacional que até então permitia a retirada dos índios de um local assentado-os em outro e até juntando diversas etnias em um mesmo local;  fruto dessas legislações foram criadas outras voltadas para a educação que ofertaram ao povos originários um Currículo diferenciado e específico como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/1996  (LDB); Os PCN (Parâmetro Curricular Nacional); e para finalizar a melhoria da dificuldade de leitura e escrita nacional e dos índios surgiu o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (2012-2013); O Referencial curricular nacional para a educação infantil Vol. 1; O Referencial curricular nacional para a educação infantil Vol. 3 e a Orientação curricular para Ensino Médio Vol. 1, as quais serão todas abordadas e explicitadas no ítem 3.1 'Políticas públicas contribuintes ao projeto de melhora'.
Todas essas leis contribuíram em muito dando autonomia aos indígenas, garantindo o direito á suas terras tradicionalmente ocupadas, assistência médica e jurídica e principalmente na educação com um currículo diferenciado que contempla a sua cultura.
1.1.2 Descripción de la realidad interna
As duas escolas indígenas da aldeia São José são muito precárias na sua estrutura física por falta de apoio dos órgãos governamentais da educação, não há forro no teto ocasionando sujeira nos cadernos dos alunos por pássaros, vento, poeira na sala e outros, os alunos não tem área para a recreação nem tampouco para fazerem o consumo de seus lanches que por vezes caem no chão devido ao terreno irregular, não há muros e a população local por vezes reclama que as brincam em seus quintais e plantações, os veículos transitam ao lado da escola que por não ter muro coloca os alunos em risco de atropelamento.
Mesmo assim o povo Xukuru do Ororubá é uma referência indígena no Nordeste brasileiro por que conseguiu estruturar sua educação com um currículo diferenciado que atende aos interesses desse povo, professores totalmente indígenas em todas as escolas juntamente com a coordenação e lideranças que tratam a educação como o meio transmissor da cultura. As Professoras da aldeia São José concluíram a graduação em pedagogia e a especialização em psicopedagogia com recursos próprios e fora da aldeia, fato que não ocorreu nas outras aldeias.
Na aldeia São José há duas escolas:  Escola Estadual Natureza Sagrada onde a professora leciona uma turma mista de segundo e terceiro ano e a Escola Estadual Rei do Ororubá onde a outra professora leciona um turma de pré I, pré II e primeiro ano juntos, ambas funcionam utilizando a mesma estrutura física, uma sala de aula para cada escola e os demais espaços são de uso comum para as duas.
Segundo os professores do povo Xukuru do Ororubá em um livro escrito por eles mesmos eles narram  que a "história de seu povo não se contentou com a abordagem do processo histórico linear, numa relação entre vencidos e vencedores, sendo os vencedores aqueles que pensam o mundo de maneira homogênea e etnocêntrica". Afirmam eles que os órgãos oficiais deram como extintos o seu povo e que o resgate da memória foi fruto da  luta dos líderes e dos velhos que se deram ao trabalho de resgatar a memória e provar que estavam vivos. Quando o cacique Xicão 'O Mandaru' descia a serra para reunir com os professores na cidade de Pesqueira ele foi assassinado em frente a casa de sua irmã em maio de 1998 no bairro Xucuru. Vários índios foram mortos, muitos ameaçados, mesmo assim editaram paradidáticos contar a sua história como forma de manter viva na memória do povo a sua cultura, e reafirmação da identidade étnica.
A reserva Xukuru é constituída por vinte e quatro aldeias, com duas escolas estaduais de ensino médio, e 36 escolas de ensino fundamental, a reserva não dispõe de internet, com deficiente capacitação dos professores, deficiente material cultural devido a roubos de peças históricas dos índios por parte do governo e dos museus, poucas vias de acesso asfaltadas, não há faculdades na reserva, distando as faculdades mais próximas dependendo do curso á 50, 100 e 300 quilômetros de distância da reserva, há no território um posto médico do município e um da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), há um santuário diocesano de grande visitação turística devido as aparições de Nossa Senhora e duas igrejas a de Cimbres e a de N. Sra. das montanhas na aldeia Guarda.
Um dos graves problemas é a perda da língua materna, que conta hoje com apenas cento e sessenta e cinco palavras, o material cultural é escasso e não há projetos para sua recuperação nem para escrita de livros e textos específicos da cultura, embora haja uma riquíssima cultura oral e musical com centenas de cantos que retratam a vida, os costumes e a cultura do povo.
Segundo as professoras indígenas em entrevista
 semi-estruturada e questionários os materiais didáticos não são de acordo com a faixa etária dos alunos e não são específicos da cultura indígena Xukuru. É grande a carência nesta área dificultando os trabalhos de leitura e manutenção da cultura, um projeto de melhora nesta área ajudaria grandemente a educação indígena, visto que só há dois livros específicos 'Mãe Natureza' e 'Caderno do tempo", ambos criados pelos professores indígenas em coordenação com o Centro de Cultura Luiz Freire, havendo porém a possibilidade de transcrição das canções como forma de aumentar os materiais de apoio didático.
As duas escolas estaduais da aldeia São José "Rei do Ororubá" e "Natureza sagrada" possuem duas professoras com turmas mistas de pré-alfabetização até o terceiro ano do ensino fundamental, revezando entre elas. A estrutura em volta da escola é precária, embora dentro das salas tudo esteja bem organizado e estruturado, é uma comunidade de baixa renda, o que possui melhor situação financeira é o vereador Sil, os professores  e alguns poucos comerciantes. Não há internet na escola e em algumas aldeias os professores acessam-na pelo celular, mas a escola possui aparelho de televisão, dvd, carteiras novas e confortáveis adequadas aos alunos.
1.2 Identificação dos principais problemas
Os dados foram coletados de forma qualitativa, utilizando-se a  bibliografia disponível em um primeiro momento para se ter noção da realidade vivida hoje pelos povos indígenas em especial o Povo Xukuru do Ororubá foco deste trabalho.
Para a identificação dos principais problemas educacionais indígenas nas escolas da aldeia São José utilizou-se três instrumentos de coleta de informações.
1º) Entrevista semi-estruturada:
Foram aplicadas com duas professores da Aldeia São José sobre a temática da educação indígena com o objetivo de entender suas práticas na sala de aula, que livros específicos usavam, como trabalhavam os costumes, o apoio da coordenação e dos líderes indígenas, o currículo diferenciado e como trabalhavam  seus rituais e costumes identificando os maiores problemas. A analise das respostas permitiu entender o funcionamento do currículo indígena diferenciado.
2º) Análise de fortaleza com as professoras.
Aplicação de um de fortaleza com duas professoras do pré I ao ao 3º ano do ensino fundamental dos seis aos onze anos de idade nas escolas da aldeia São José do povo indígena Xukuru.
3º) Aplicação de cuestionario.
Aplicado cuestionario contendo 51 indicadores escritos em Português, validados pelas professoras e pela coordenação indígena que autorizou mediante declaração da USACH, com o objetivo de obter informações sobre a temática das atividades escolares específicas da cultura, dos livros didáticos específicos trabalhados na escola e se atendia aos interesses do povo e de sua cultura, sobre as capacitações para os professores indígenas, satisfação do nível de aprendizagem dos alunos, estrutura escolar e se os alunos exercitam a leitura e a escrita com frequência. e por fim do apoio da coordenação indígena e do governo.
Os resultados dos três instrumentos foram os seguintes:
1- Entrevista semi-estruturada:
Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas de forma oral e validadas pelas duas professores da Aldeia São José que lecionam pela manhã, isso permitiu ás entrevistadas a liberdade de descrever o que elas julgavam mais importante em suas práticas na sala de aula e como trabalhavam seus rituais e costumes e onde se apresentavam os maiores problemas e para entender suas práticas na sala de aula, como trabalhavam seus rituais e costumes identificando os maiores problemas e assim diagnosticar com mais precisão.  As poucas palavras faladas em idioma Xukuru foram traduzidas por elas mesmas para melhorar a compreensão.
1- Com que material didático trabalha a cultura específica Xukuru.
2- Como são trabalhados os costumes e as tradições do povo e que deficiências apresentam.
3- O que julgam ser mais importante para melhorar a aprendizagem dos alunos.
4- A coordenação indígena auxilia os professores em suas necessidades.
5- Os líderes indígenas são presentes na educação indígena.
6- O Currículo diferenciado tem permitido o desenvolvimento a educação indígena.
A análise dos resultados apresentados na entrevista pelas professoras foi a insatisfação com o pouco recurso didático específico da sua cultura (apenas dois livros paradidáticos) não recebendo suporte para trabalhar o currículo indígena diferenciado com os alunos, não há um livro didático compatível com a faixa etária dos alunos de 4 a 8 anos que acabam por gerar uma dificuldades de leitura e escrita apresentados nas avaliações corrigidas pelos professores. Ainda comentaram que recebem pouco apoio da Coordenação indígena Xukuru no que se refere aos recursos necessários em materiais para trabalhar com os alunos. Há poucas capacitações dentro da aldeia, elas não são frequentes, algumas vezes ocorrem em outras cidades impedindo que todos os professores participem, afirmam ainda que há pouco envolvimento dos órgãos governamentais nos problemas dos índios do Brasil especificamente os Xukuru's, motivo pelo qual esta inovação se propõe a auxiliar.
2 -  Análise de fortaleza com as professoras.
O instrumento de fortaleza foi aplicado com as professoras do turno matutino da aldeia São José durante duas horas e foi direcionado para elencar as dificuldades apresentadas pelos alunos e sobre os livros didáticos específicos de sua cultura.
 Os resultados apresentados na análise de fortaleza em suas dimensões indicaram os seguintes aspectos nas fortalezas:
ü  A educação indígena Xukuru possui um currículo diferenciado e específico de sua cultura.
ü  Possui dois livros didáticos específicos 'Filhos da mãe natureza' e 'Meu povo conta' para trabalhar nas escolas indígenas.
ü  Eles vêm a leitura como uma função social e política necessária.
ü  As duas professoras da aldeia São José possuem graduação em pedagogia e especialização em psicopedagogia.
As  fortalezas que contribuem para melhorar a dificuldade de leitura e escrita dos alunos é que eles já trabalham com um currículo diferenciado que lhes permite com liberdade trabalhar sua cultura na sala de aula e fora delas, possuem dois livros didáticos específicos e assim esta inovação atuará complementando o material didático. Esse povo vê a leitura e a escrita como uma função social e política necessária.
Nas ameaças:
ü  PEC 215 tira dos índios os direitos a suas terras, raiz de suas culturas.
ü  Os livros enviados pelo estado são utilizados como recorte e colagem, não sendo aproveitado o conteúdo.
ü  Não houve mobilização do Governo para a criação de uma faculdade na aldeia.
As principais ameaças vem do governo que tem vários projetos de lei para suprimir os direitos conquistados pelos indígenas, sendo o pior deles desfazer as demarcaçãoes de terras originárias por pressão dos empresários, contam apenas com o apoio dos bispos da igreja católica, organismos internacionais e os congressistas cristãos.
Nas oportunidades:
ü  Quatro paradidáticos foram editados pelas ONG's ( CCLF -Centro de Cultura Luiz Freire) e pelo CIMI (Conselho Indigenista Missionário)
ü  As canções são cantadas diariamente pelos alunos.
Editados pela iniciativa de ONG's, há quatro paradidáticos, embora somente dois sejam usados na aldeia São José, 'Meu povo conta' e 'Xukuru filhos da mãe natureza', onde foram usados os desenhos que as crianças indígenas gostam de fazer, apresentando suas tradições, mostrando um pouco dos outros povos indígenas do estado de Pernambuco, abordando ainda os direitos e deveres dos índios, mas não abordam as canções do povo.
Debilidades:
ü  As dificuldades de leitura e escrita apresentados nas atividades corrigidas pelos professores, evidenciaram que alguns alunos não tinham fluência nem autonomia na leitura e apresentavam deficiente escrita na Língua Portuguesa e no idioma Xukuru.
ü  Pouco material didático específico (dois livros paradidáticos), principalmente na faixa etária dos alunos da aldeia São José deixam alunos e professores desmotivados e passam a trabalhar apenas o canto das canções, a pintura corporal nas aulas de artes e nos festejos escolares, bem como nas formaturas e outras ocasiões.
ü  Pouca capacitação para os professores e quando ocorre é fora da aldeia em outros municípios do estado, para que os mesmos possam colocar em prática novos conhecimentos da cultura indígena a fim de suprir as deficiências dos alunos.
ü  As melhorias ocorrem pelo empréstimo de material específico entre professores de outras aldeias, mostrando que se faz necessário a produção de material didático específico.
Aqui é onde se concentravam as maiores dificuldade apresentadas pelos alunos da aldeia São José e pode-se perceber que os alunos apresentam dificuldades de leitura e escrita da língua portuguesa apresentados nas avaliações corrigidas pelas professoras e que pude comprovar nas aulas ministradas pelas professoras.
3 - Aplicação de cuestionario.
Também foi utilizado um questionário contendo 51 indicadores com as duas professoras do período matutino para coleta de dados, porém percebeu-se que todos os trabalhos do povo Xukuru são realizados coletivamente por sugestão do COPIXO (Conselho de Professores Indígenas Xukuru do Ororubá) o que por vezes dificulta uma amostra individual de participantes do grupo de professores, coordenadores, tendo sido apontados como fatores contribuintes para a dificuldade de leitura e escrita diversos fatores, mas o que mais preocupa é que os professores relataram que não estão satisfeitos com a aprendizagem dos alunos, dentre outros os seguintes obstáculos que contribuem com a dificuldade de leitura e escrita dos alunos foram identificados e descritos na ilustração abaixo.
Os resultados obtidos no questionário mostra que as lideranças indígenas são pouco atuantes nas escolas indígenas, bem como os pais dos alunos pouco ajudam na manutenção das tradições, principalmente nas tarefas feitas em casa.
Ao observar o item 01 do questionário onde se interroga se os professores trabalham as canções indígenas de forma escrita em sala de aula os mesmos responderam que 'as ações são realizadas sempre com proveito', mas ao apresentar a transcrição das canções nos slides do projetor multimídia percebeu-se que os alunos tinham grande dificuldade de ler o que cantavam muitas vezes em sala, havendo uma distância do que era cantado e o real entendimento e compreensão da grafia e da interpretação dos textos das mesmas. No item 02 questionou-se o fato da escola promover e trabalhar a escrita das canções com os alunos e os professores responderam que 'as ações são realizadas sempre com proveito', porém no item 05 ao se questionar sobre os materiais específicos recebidos responderam que as ações necessitam de mais livro didático especíico. Os itens 06, 07, 10 e 13 interrogam sobre a real eficiência do trabalho de transcrição das canções e da realização de tarefas com os alunos e se ela promoveria a cultura indígena, se seria proveitoso para os alunos e se os mesmos se sentem motivados com as canções, elas responderam que 'as ações são realizadas sempre com proveito' e os alunos gostam e até disputam para serem os 'bacurais' que são os puxadores das canções, então elas revezam as funções da cantoria para não desanimá-los.
Em síntese a entrevista semi-estruturada permitiu que as professoras descrevessem o que necessitavam  em suas práticas dentro da sala de aula para trabalhar os seus rituais e costumes estimulando a elaboração de idéias que contribuíram decisivamente para o êxito da melhoria de leitura e escrita dos alunos, e que  'não estavam satisfeitas com a aprendizagem dos alunos', e por sentir necessidade de mais conhecimento e dispondo de poucos recursos as professoras custearam por conta própria uma especialização em psicopedagogia, para minimizar as deficiências de escrita e leitura dos seus alunos, problema que elas gostariam de solucionar e que estavam trabalhando para melhorar, principalmente por estarem os alunos em séries iniciais.
A análise de fortaleza indicou que alguns alunos não tinham fluência, autonomia na leitura, deficiente escrita do Português e do idioma Xukuru, em muito devido ao pouco material didático específico que acaba por  desmotivados alunos e professores que realizam apenas o canto das canções, a pintura corporal. Foi possível perceber também que a pouca capacitação prejudica a prática principalmente para a cultura indígena,  e a pouca melhora ocorre pelo empréstimo material específico em vez de se produzir o mesmo.
E por fim a aplicação do questionário para coleta de dados, foi dificultada pelo fato de que todos os trabalhos do povo Xukuru são realizados coletivamente por sugestão do COPIXO (Conselho de Professores Indígenas Xukuru do Ororubá) não permitindo uma amostra individual de participantes do grupo. Neste as professoras relataram a dificuldade de leitura e escrita e que não estão satisfeitos com a aprendizagem dos alunos e que as lideranças são presentes nas escolas indígenas, bem como os pais dos alunos pouco ajudam na nas tarefas feitas em casa, ficando a responsabilidade com os envolvidos na educação quase exclusivamente.
Os resultados apresentados nos instrumentos da análise de fortaleza e das respostas da entrevista com as duas professoras podem ser demonstrados na seguinte ilustração.
Os principais aspectos desta Ilustración mostram que a dificuldade apresentada na leitura e escrita dos alunos se deve em parte pelo livro didático inadequado, gerando insatisfação na aprendizagem dos alunos pelos professores pois não trabalham com material específico da sua cultura, e o governo federal e estadual envia material que segundo elas 'só servem para recorte', motivo pelo qual a inovação proporcionará o trabalho com atividades de suas canções visto que os alunos as conhecem, embora ainda apresentem dificuldades na leitura e escrita das mesmas.
1.4 Análisis de los problemas
Pode-se afirmar que os principais problemas apresentados na educação indígena  das escolas da aldeia São José,  são a dificuldade de leitura e escrita dos alunos e o fato de ter somente dois livros didáticos para trabalhar todas as séries:
1 - Os alunos apresentam dificuldade de leitura e escrita na Língua Portuguesa nas Escolas Natureza Sagrada e Escola Rei do Ororubá, que segundo as professoras é devido a escassez de livros didáticos específicos, falta de apoio do governo e a pouca capacitação dos professores, faz com que os alunos apresentem muitos erros de escrita e leitura em seus textos. Ao observar os textos dos alunos, identificou-se que os mesmos apresentam muitos erros de ortografia bem como uma deficiente leitura ao serem solicitados para fazer uma leitura, sendo necessário complementar o Currículo com material didático específico, principalmente pelo fato dos alunos estarem em séries iniciais, como afirma Zucoloto (2002) 'se não ensinados a ler e escrever corretamente nas séries iniciais dificilmente o farão em séries posteriores'. Por este motivo a inovação trabalhará a leitura e a escrita das palavras em Português com os textos das canções e será confeccionado um pequeno livro com a transcrição das canções indígenas usado como material específico como sugere Freire (1996) que se deve ter autonomia intelectual para trabalhar na realidade do aluno corroborados com Freire (2014) que trabalhar a especificidade de classes menos favorecidas deve-se contextualizar sua realidade e Freire (2003) mostra a importância de trabalhar a leitura e a escrita.
2 - Pouca capacitação, de forma que as professoras possam trabalhar a leitura e a escrita de forma contextualizada promovendo um diálogo do aluno com a sua tradição como afirma Neves (2001), levando as professoras a buscarem auxílio externo com recursos próprios como fizeram as professoras da aldeia São José para a melhoria de um currículo diferenciado como mostra Pereira (2001). Por isso busca esta inovação realizar capacitação com as professoras desta aldeia abordando questões que as ajudem na sua prática escolar.
3 - O povo Xukuru possui apenas cento e sessenta e cinco palavras em seu idioma, sendo quase irrecuperável a sua língua materna e não há projeto de recuperação da língua, mesmo assim os vocábulos existentes ainda são trabalhados na sala de aula, por isto a inovação tem como foco apenas as palavras em Português.
4 - Poucos trabalhos com textos específicos da cultura Xukuru em forma de livro didático estão disponíveis para serem trabalhados com os alunos, sendo importante a construção de livros específicos de sua cultura.
Por tudo isto, esta proposta de inovação proporcionará uma constante complementação de livro didático específico, como pediram as professoras nos instrumentos diagnósticos, fortalecendo as atividades com a cultura indígena específica desse povo originário.

2.            FORMULAÇIÓN DEL PROBLEMA
2.1       Formulación del problema a abordar con la inovación
Dificuldade de leitura e escrita dos alunos da Escola Indígena Natureza Sagrada e Rei do Ororubá contribuída pela utilização de material didático inadequado.
2.2       Objetivos de la innovación
2.2.1     Objetivo general
Melhorar a leitura e a escrita dos alunos indígenas por meio da transcrição de suas canções, construindo um material didático específico  da cultura Xukuru.
2.2.2 Objetivos específicos
a) Desenhar um plano de intervenção educativa - lista das canções a serem transcritas para confecção de livro didático.
b) Capacitar as professoras com as canções selecionadas nas atividades de leitura e escrita
c) Realizar atividades de leitura e escrita das canções com os alunos
d) Construir livro de apoio didático especifico da cultura Xukuru.
d) Monitorar a evolução das atividades de leitura e escrita dos alunos utilizando as canções
e) Avaliar as atividades dos alunos com a transcrição da canções indígenas do seu povo.
2.3 justificación de la innovación
A constituição de 1988 garantiu aos indígenas brasileiros o direito a uma educação própria com materiais didáticos específicos, a liberdade de trabalhar a sua educação com um currículo diferenciado, porém a lei não saiu do papel, pois não foram implementadas em sua prática até o momento presente.
Ser índio em sua totalidade é o maior desejo do povo indígena Xukuru do Ororubá, inclusive na educação, porém a dificuldade encontrada está na falta de materiais de suporte educacional, pois isso demanda pesquisa, investimentos e um alto custo para ser investido em um população que sempre esteve a margem da sociedade, como falado na linguagem da antropologia no nosso país 'o índio é um resíduo arqueológico' que não se procura ajudar.
As literaturas sobre as culturas indígenas brasileiras são escassas, há pouca publicação na área, pouco apoio e investimento por parte do governo e da iniciativa privada e pode-se ainda afirmar que muitos estão por conta própria, desse modo esta inovação dá autonomia para que eles tenham uma educação voltada para seus costumes e tradições, transcrevendo suas canções e transformando-as em material didático específico.
Transcrever as canções indígenas para melhorar a leitura e a escrita, auxiliando a construção de um material didático específico tão presente na cultura dos povos originários, possibilitará  o desenvolvimento de uma tecnologia para uso em todas as aldeias desse povo e de outros povos indígenas do Brasil, visto que leitura e escrita é uma preocupação de todos os educadores brasileiros, tornando-se mais grave a medida que adentramos a zona rural e mais ainda em áreas indígenas.
A riqueza cultural do povo Xukuru, permite abordar diversos temas com as canções da sua oralidade para possibilitar a escrita de textos a serem trabalhados na escola Natureza Sagrada e Rei do Ororubá do povo indígena Xukuru do Ororubá permitindo a criação constante de material didático específico que não se esgota.
Este trabalho de inovação dará ao povo Xukuru a autonomia de criar seus materiais com base em sua tradição, fortalecendo sua cultura sem necessitar de intervenção externa para exercer seu direito de ter uma educação que contemple seu dia-a-dia, permitindo ainda que as gerações que nascem estejam sempre em contato com seus ancestrais através das suas canções.
Com apenas cento e sessenta e cinco palavras na língua nativa, esse povo pouco fala em sua língua materna, mas no despertar da escrita de textos sobre os costumes e a tradição indígena Xukuru, será possível preencher estas lacunas de palavras com a língua Tupi-guarani como está sendo feito pelos índios Potyguaras na Paraíba. O Tupi pode ser usado para preencher a falta das palavras que faltam no idioma Xukuru,  pois ele foi o principal tronco linguístico da maioria dos povos indígenas litorâneos do Brasil, principalmente porque fizeram guerras com muitos povos indígenas fundindo suas culturas, assim poderá ser criado um material didático em sua própria língua ajudando a propagação em seu idioma original.
3.            FUNDAMENTACIÓN DE LA INNOVACIÓN
Trabalhar a escrita e a leitura com a transcrição de canções da oralidade indígena Xukuru, com conteúdos específicos para os alunos da escola Natureza Sagrada e Rei do Ororubá, para que desenvolvam uma adequada escrita e leitura das palavras em Língua Portuguesa, conforme mostra Freire (2003) 'O comando da leitura e da escrita se dá a partir de palavras e de temas significativos à experiência comum dos alfabetizandos e não de palavras e de temas apenas ligados à experiência do educador', ou mesmo de um material que vem pronto das secretarias de educação onde o que se escreve e se lê não faz parte da cultura indígena.
Para Munduruku (2012), índio do Povo Munduruku  e doutor em educação, as canções indígenas são uma forma de passar a cultura para os filhos e para os descendentes, de uma forma oral por não terem até bem pouco tempo a preocupação de escrever estas histórias, passadas de forma oral como os hebreus o faziam com suas tribos, os cantos retratam suas memórias e sua tradição:
Os povos indígenas costumam, através de cantos e danças, agradecer as benesses que os espíritos ancestrais lhes oferecem. Este espírito não apenas os impulsiona a se sentirem integrados ao Todo Universal, mas também os tornam seres do presente, comprometidos com o agora.
Segundo o mesmo autor o canto indígena é a fonte do seu conhecimento:
Na nossa tradição, um menino bebe o conhecimento do seu povo nas práticas de convivência, nos cantos, nas narrativas. Os cantos narram a criação do mundo, sua fundação e seus eventos. Então, a criança está ali crescendo, aprendendo os cantos e ouvindo as narrativas.
Para que os indígenas pudessem desenvolver atividades escolares em seus territórios muitas mudanças nos currículos ocorreram, havendo sempre muita discordância principalmente por grupos que tinham interesse em tomar as terras dos índios, como afirma Pereira (2001) 'Todo currículo exigirá um posicionamento crítico sócio-econômico de todos os envolvidos, na busca de uma escola mais comprometida. Sendo um instrumento de informação e transformação social', afirma ainda o mesmo autor que barreiras devem ser derrubadas para que isso ocorra 'implantar essa teoria, exigirá rompimento de barreiras, resistências às mudanças e variedades ideológicas existentes no contexto dos educadores, no entendimento sobre o currículo', permitindo assim depreender que a mudança no currículo é uma mudança social e que há interesses de uns e outros não.
O currículo escolar é uma arma que se combate a exclusão, opressão e torna igualitário os direitos dos seres humanos, como mostra Pereira (2001) ao afirmar que 'O currículo assume uma grande dimensão no combate as exclusões no campo educacional, sendo de grande relevância e aplicabilidade estratégica de um planejamento participativo, onde a sociedade seja atuante nas decisões, inserindo todas as crianças na escola'.
O levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010 constatou que Pesqueira é o sétimo maior município em número de indígenas do Brasil com 9.335 índios em população absoluta, considerando toda população indígena brasileira, ao levar em conta os índios do Nordeste ela passa a ser a primeira com um total de 29,7% de índios na população da cidade. Ainda segundo o IBGE o número de pessoas que se declararam índias aumentou em 205% quando comparados com os últimos censos. Ainda mostra o censo do IBGE  2010 que 23,4 dos índios brasileiros são analfabetos.
Mostrou o Censo do IBGE de 2010 que no estado de Pernambuco havia 60.995 índios, sendo que destes 31.836 moram em terras indígenas (52,2 %) e 29.159 moram fora das terras indígenas onde é alto o índice de analfabetos 32,3%.
Em 1654 foi criada em Pernambuco a sesmaria doada a João Fernandes Vieira, onde nasceu  a Aldeia de Ararobá na qual moravam os índios Tapuias, os quais foram sucedidos pelos Paratiós e depois Xukuru do Ororubá. Entre 1630 e 1654, período do conflito das invasões holandesas em Pernambuco, Pesqueira era parada obrigatória para os boiadeiros e tropeiros vindos do sertão, o que levou a criação da Missão de Ararobá pelos padres Oratorianos (Congregação do Oratório -  fundada em Roma em 1550 e aprovada pelos Papas Gregório XIII em 1575 e por Paulo V em 1612).  
Por este motivo acredita-se que a cidade de Pesqueira, é origem da Aldeia do Ararobá ou Missão de Ararobá, que fora fundada em 1669 pelo padre oratoriano João Duarte do Sacramento. O nome Pesqueira provém dos poços de pesca ao pé da serra usado pelos dos índios para pescar.
Havia muito medo por parte de todos, índios e não índios ANTES DA CONSTITUIÇÃO DE 1988, o que fortalecia o controle social por parte dos poderosos da cidade, e isso causava diversos males físicos, mas o pior era a submissão, como afirma Luckesi (2006).
O medo é um fator importante no processo de controle social [...] Produz não só uma personalidade submissa como também hábitos de comportamento físico tenso que conduzem às doenças respiratórias, gástricas, sexuais etc. em função dos diversos tipos de stresses permanentes.
Todas as escolas de todas as aldeias Xukuru's passaram por um processo de escolas municipais para estaduais,  com isso receberam mais verbas para melhorar a estrutura escolar e hoje é notável a diferença, com exceção de três creches que funcionam com professores do município segundo a secretaria de educação da cidade de Pesqueira (as creches Santa Luzia na Aldeia de Cimbres com 33 alunos, a creche N. Srª das Montanhas na mesma aldeia com 54 alunos e a creche N. Srª das Graças na Aldeia Guarda com 14 alunos), as escolas tem carteiras novas, tem seguranças em cada escola, som e tv nas salas, filtro com água e os professores recebem alguma capacitação, no município de Pesqueira, ainda que ocasional, ainda apresente muitas deficiências como o fato de muitos professores não terem alguma graduação e licenciatura, o que faz da Aldeia São José uma exceção pois as duas professoras Shirleide e Maria Rogéria tem graduação em pedagogia e especialização em psicopedagogia.
A faculdade no povo Xucurú ainda é motivo de luta em um futuro distante, os que fazem alguma graduação hoje precisam se deslocar para outras cidades, como os que fazem pedagogia na UPE (Universidade de Pernambuco - Pesqueira), que são cerca de vinte e oito alunos das diversas aldeias, há um transporte para este fim mas funciona de forma bem precária.
Os portugueses impuseram aos índios a proibição de falarem suas línguas nativas, só era permitido falar o Português, com isso o povo foi esquecendo sua língua e ainda proibiam seus filhos de falarem a língua nativa por medo de represálias, perpetuando a violência e a injustiça, como ratifica (1996) 'A tese de natureza político-cultural diz basicamente que é uma violência, ou uma injustiça, impor a um grupo social os valores de outro grupo'.
Meliá (1999) mostra como eram a educação nas missões:
Os ataques a alteridade e a diferença deram-se de forma múltipla, mas talvez possamos resumi-los em: imposição de uma língua geral ou nacional, currículo também nacional e professores para os povos indígenas. esses foram também basicamente os programas e projetos das antigas missões.
A educação indígena durante muito tempo fomentava uma prática que não os tornavam sujeitos agentes, mas apenas supria as necessidades das casas dos poderosos, como serviçais e domésticos. Silva (1994) afirma que 'os internatos indígenas no Rio Negro produziam técnicos e empregadas domésticas, que se viam, depois de formados, obrigados a abandonar as áreas indígenas em busca de um serviço em Manaus'
As avaliações escolares indígenas eram baseadas nos livros e cartilhas mandados pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura) e as secretarias estaduais de educação dos estados brasileiros e não contemplavam a cultura específica dos povos, suas línguas,etc, todos os povos eram colocados em uma 'tábua rasa' educados todos da mesma forma e a língua que aprendiam a ler e escrever era obrigatoriamente o Português quando devia ser específica de seu povo.
Sobrinho (2003) afirma "A avaliação não é neutra, nem é simplesmente uma descrição. Ela emite julgamento e determina o valor, não de forma aleatória, mas de acordo com critérios apropriados" (p. 49). Logo, ela deve motivar o aluno á apropriação dos conhecimentos em sua própria cultura.
Afirma ainda Sobrinho (2003) que a 'A avaliação assim concebida passa de negociação, participação social, reconhecimento da pluralidade de concepções e discussão dos significados políticos'.
Não se pode trabalhar os conteúdos na avaliação se os mesmos não são aceitos pela sociedade e cultura em que estão inseridos, pois pouco empenho terão professores e alunos nesta aprendizagem conforme afirma Sobrinho (2003) 'A avaliação é um empreendimento complexo e carregado de sentidos e efeitos. Como processo de interesse público, requer formulações consistentes e que merecem certo grau de aceitação social'.
A pedagogia da alteridade, respeitando os saberes do educando é algo inovador na aprendizagem dos alunos indígena no Brasil, trabalhando dentro da sua realidade eles poderão ir mais longe como afirma Sobrinho (2003):
De modo especial, ressaltamos a importância do respeito à pluralidade a perspectiva da complexidade, a negociação e a participação como novas atitudes diante da avaliação, que, aliás, ressaltam de paradigmas emergentes na sociedade nesse período. Por outro lado, a educação tem um profundo interesse social e, portanto, as ações educativas devem acatar os valores democráticos do respeito à alteridade (p. 166).
O desenvolvimento do aluno passa pelo gosto de aprender, em manusear tecnologias de seu dia-a-dia, algo que faça sentido e o motive a crescer, certamente com material inadequado, distante de sua cultura, não será avaliado com eficiência e é uma forma autoritária de impor o que será aprendido, numa avaliação sem sentido.
Luckesi (2006) afirma:
Testes mal-elaborados, leitura inadequada e uso insatisfatório dos resultados, autoritarismo etc. são fatores que tornam a avaliação um instrumento antidemocrático no que se refere á permanência e terminalidade educativa dos alunos que tiveram acesso a escola. A avaliação está comprometida com aqueles que tiveram a possibilidade do ingresso escolar. É junto a eles que ela pode ser exercitada.
Não basta que se tenha um material para trabalhar com os alunos, ele deve ser adequado em um todo harmônico com o mundo real do aluno, alinhados com o método e a visão do mundo que o aluno vive e está contextualizado.
Segundo Luckesi (2006):
Ao assimilar os conhecimentos, o educando assimila também as metodologias e as visões de mundo que os perpassam. O conteúdo do conhecimento, o método e a visão de mundo são elementos didaticamente separáveis, porém compõem um todo orgânico e inseparável do ponto de vista real.
O desenvolvimento deve ser mediado com um conteúdo que faça sentido na vida do aluno, sua cultura e sua realidade, seu senso comum.
Freire (2003) afirma que 'A leitura de mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele', destarte a importância de se trabalhar de forma holística e contextualizada a cultura indígena Xukuru, para que se tenha essa continuidade do aluno indígena viver no seu cotidiano aquilo que apreende em sala de aula.
Nos mostra também Luckesi (2006):
Abordando a temática de conteúdos socioculturais como elemento mediador de processos de desenvolvimento, não se pode deixar de mencionar, ainda que de forma sucinta, a questão da cultura do senso comum e da cultura elaborada. Interessa à escola trabalhar com os conteúdos da cultura elaborada, mas sem descuidar da cultura cotidiana, comum.
As professoras indígenas Xukuru responderam nos questionários que não estavam satisfeitas com a aprendizagem de seus alunos, o que gerava grande inquietação pelo compromisso que tinham com a educação indígena do seu povo do Ororubá. Ao ver o aluno não desenvolvendo suas competências, o professor passa a acreditar que fracassou também, pois há uma afetividade que o mesmo desenvolve por seus alunos e acaba por desenvolver uma baixa auto-estima, é o que nos mostra Hoffmann (2006):
Concebida de tal forma a aprendizagem, nada mais natural que se busque justificativas para o fracasso que digam respeito aos dois sujeitos essenciais desse processo: professor e aluno. Discutir o fracasso, nessa visão, significa delinear a incompetência do professor em transmitir o assunto com eficiência ou encontrar o estímulo adequado para despertar a motivação pelo tema em estudo. Por parte do aluno, significa analisar o caráter de sua desatenção ao estímulo selecionado ou incapacidade várias de perceber aquela experiência como lhe foi apresentada. Dado o envolvimento afetivo que o professor acaba tendo com sua prática profissional, é inevitável que o fracasso de seus alunos acabe por atingi-lo em sua auto-imagem, colocando em questão sua própria competência.
Como as palavras são estabelecidas, organizadas em sua grafia e pronúncia por convenção, não é fácil para um aluno desenvolver boa leitura e escrita sem a devida motivação para tal, e quando o mesmo tem dificuldade de fazer suas atividades porque usa materiais didáticos inadequados e descontextualizados de sua cultura, muito pior será para este, uma vez que o seu desenvolvimento dependerá totalmente de adquirir bons hábitos de leitura, e também "uma maior vivência das palavras escritas", é o que Hoffmann (2006) afirma:
Por ser a ortografia um conhecimento arbitrário (a grafia das palavras é estabelecida por convenção), não há como o aluno "compreender", em muitas situações, porque se escreve encher e mexer, por exemplo, ou por que não escrevemos muinto. Não se pode esperar que ele "descubra" tais erros, pois não há mecanismos lógicos que possam levá-lo a tal conclusão. (Há dificuldades ortográficas que permitem a descoberta de algumas generalizações, mas nas séries mais adiantadas.) A grafia correta das palavras vai exigir-lhe uma maior vivência das palavras escritas, muita leitura, fundamentalmente.
Logo, enriquecer as atividades com material didático adequado é um passo importante para esse povo que resiste a quinhentos e dezessete anos para falar e trabalhar sua cultura, uma vez que possuem uma riqueza cultural na forma de canções que já existem a décadas e as que são constantemente criadas.
Emri (1989) afirma que "às instituições que criam autoritariamente os materiais didáticos, as palavras geradoras, etc, tornando a língua vazia no processo de alfabetização, pois não apreendem as palavras em toda sua força cultural", e isso foi o que realmente ocorreu até a Constituição de 1988 e a criação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação).
A educação específica permitirá que o povo indígena possa existir fortalecendo sua cultura com liberdade sem ser obrigado a se misturar em reservas com diversos povos aglutinando suas culturas e perdendo sua identidade, segundo afirma a Carta da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas em seu Artigo 8, no parágrafo 2º que:
Os povos indígenas tem o direito coletivo de viver em liberdade, paz e segurança como povos diferentes e não serão submetidos a nenhum ato de genocídio nem a nenhum ato de violência, incluída a mudança forçada de crianças de um grupo para outro.
Mostrando esta mesma Carta em seu Artigo 11 que 'Os povos indígenas tem direito a praticar e revitalizar suas tradições e costumes culturais', uma vez que foram forçados a abandonarem suas línguas e suas culturas, por isso corrobora Freire (2003) que o trabalho de leitura e escrita deve estar contextualizado com o aluno "Daí que sempre tenha insistido em que as palavras com que organizar o programa de alfabetização deveriam vir do universo vocabular dos grupos populares" nesse caso os indígenas.
Ainda nos diz Fernández (1989).
Se examinamos a história dos povos que entraram em nossa órbita encontramos em toda parte processos de extermínio intencional - mediante as guerras - ou de genocídio derivado, mas muito mais eficaz - mediante a destruição de suas economias, do trabalho forçado ou da exportação de enfermidades as quais não estavam imunizados, como foi o caso de toda a Íbero-América.
Fatos como este não são exclusivos do Brasil, segundo Sarasola (2013) ao falar sobre os índios do território argentino que  chegavam a quase meio milhão, enquanto "El último censo oficial llevado a cabo en 1967 contabilizaba un total aproximado de 150.000 indios", são inúmeras as listas de extermínio de Mapuches, Tehuelches, Araucanos e outros.
Mesmo quando ficavam vivos não venciam as guerras, mas eram subjulgados, segundo afirma Sarasola (2013, p.35) "las invasiones inglesas, el ejército de los Andes, la Independencia y la otra cara de la moneda: la lucha con el Estado naciente por la defensa de los territorios proprios, el genocidio, la confinación, el sometimiento y la miseria".
Mesmo sendo signatário como Estado membro da ONU, e existindo a diversidade de 305 etnias diferentes no Brasil e falantes de 274 línguas (de acordo com o senso IBGE 2010), o Estado brasileiro somente reconhece duas línguas oficiais o Português e LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) que é a língua oficial dos surdos, que "foi reconhecida como 2ª língua oficial do Brasil pela lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, e regulamentada por meio do decreto 5626/2005, pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva".
Com isso corrobora Chaui (1994) ao falar da língua de uma Nação:
Por isso, dois fenômenos podem ser percebidos na referência da língua à Nação. Por um lado, o fato de que no interior da Nação as pessoas, ainda que falem a mesma língua, não falam a mesma linguagem, de tal modo que a idéia de língua nacional pode ser apenas uma abstração.
Possenti (1996) afirma que "a chamada língua padrão é de fato o dialeto dos grupos sociais mais favorecidos, tornar seu ensino obrigatório para os grupos sociais menos favorecidos, como se fosse o único dialeto válido, seria uma violência cultural", e foi exatamente isso que ocorreu aos povos indígenas do Brasil, em especial o povo Xukuru.
O censo do IBGE mostra que o maior índice de analfabetismo no Brasil encontra-se entre os povos indígenas, e é maior se esse índio mora dentro das terras indígenas, o que faz refletir as palavras do educador Freire (2003) ao afirmar que "O caráter mágico emprestado à palavra, vista ou concebida quase como uma palavra salvadora, é uma delas. O analfabeto, porque não a tem, é um homem perdido, cego, quase fora da realidade" e assim o índio com sua boa fé é muitas vezes enganado por posseiros, grileiros e fazendeiros e até mesmo pelo próprio governo em muitos casos, como ocorreu recentemente no estado do Pará, foram expulsos vinte e cinco povos indígenas para se construir a usina hidrelétrica de Belo Monte, o próprio governo brasileiro afirmou que não haveria impacto social.
Portanto trabalhar a escrita e a leitura de forma específica no povo Xukuru é antes de tudo respeitar, reforçar sua identidade e sua cultura, em vez de trabalhar um material didático descontextualizado, a palavra deve ser a deles e não da sociedade não indígena, como diz Freire (2003) que "dizer-lhes sempre a nossa palavra, sem jamais nos expormos e nos oferecermos à deles, arrogantemente convencidos de que estamos aqui para salvá-los, é uma boa maneira que temos de afirmar o nosso elitismo, sempre autoritário".
Silva (1991) afirma que  "é muito mais fácil memorizar tatu na medida na medida em que ela vivenciou alguma experiência relativa a esse animal, do que ta-te-ti-to-tu, cujo significado ela não entende", mostrando que quanto mais nos aproximamos das palavras do seu contexto, mais fácil será o aprendizado das palavras.
Para Neves (2001) deve-se ensinar e trabalhar a leitura de forma contextualizada promovendo um diálogo do aluno com a sua tradição.
Ensinar a ler é contextualizar o texto e explorar os seus possíveis sentidos; aprofundar a leitura é promover um diálogo de leitura feita pelo aluno com a leitura feita pela tradição, e essas tarefas são de todas as áreas.
Afirma ainda Neves (2001), que essa língua foi imposta para exprimir a natureza e a cultura de Portugal, suprimindo as línguas nativas dos povos originários.
A língua portuguesa, por sua vez, é o conjunto dos recursos expressivos, historicamente construídos por escritores portugueses para expressar, por escrito, o dialeto de sua língua que se constituiu como a língua mais adequada para encaminhar as relações de poder dentro do nascente estado nacional português e que acabou sendo imposta as colônias portuguesas de ultramar (. . .) essa língua, forjada para expressar a natureza e a cultura de Portugal, para que se fizesse apta a expressar a outra natureza e a outra realidade cultural do Brasil.
Afirmam os índios Xukuru's que muitos do seu povo foram mortos, espancados e obrigados a não falarem sua língua, a não executarem seus rituais, e mesmo hoje quando são abordados aqueles que deixaram as terras indígenas negam que são índios, mudam nomes e acabam por perder sua identidade, visto que a reconstrução da identidade só ocorreu após 1988 com a nova Constituição.
Ler e escrever são dois processos que estão intimamente interligados e permitem que o aluno seja inserido, incluído na sociedade, pois 'escrever é produzir conhecimento e ensinar a escrever é inserir o aluno na produção histórica do conhecimento', assim sendo aquele que na sociedade não domina a leitura e a escrita estará passando a situação de excluído e marginalizado.
Por trabalhar de forma descontextualizada, a escola passa a não atrair o aluno gerando 'evasão escolar' de seu público, quando isso ocorre na área indígena por vezes é mais agravado. A escola centrou-se na educação de conteúdos, gramática e esqueceu-se do cotidiano do aluno como mostra Neves (2001):
Na escola, no entanto, o ensino de Língua Portuguesa, centrado na tradicional lista de conteúdos e transformado em ensino de metalinguagem da gramática tradicional, acabou levando os alunos a construírem um a imagem da língua escrita como conjunto de formas dissociadas e até mesmo opostas ás práticas cotidianas da língua falada.
Ou mesmo segundo o mesmo autor "Ensinar  a escrever na aula de português é, portanto, apresentar os contextos de diálogo em língua escrita e propiciar aos alunos a participação nesses contextos".
Fica bastante claro que ensinar a ler e a escrever é uma tarefa da escola, onde são necessárias repetidas escritas segundo o modelo tradicional, deve-se apostar no novo, no trabalho contextualizado com a realidade do aluno, para que o mesmo seja motivado a persistir até adquirir autonomia na leitura e na escrita.
Escrever é uma sucessão de necessárias reescritas. Ensinar a escrever é uma tarefa de uma escola disposta a olhar para frente e não para a repetição do passado que nos trouxe à escola que temos hoje: trabalhar com o texto implica trabalhar com a incerteza e com o erro e não com a resposta certa, porque escrever é produzir e não reproduzir velhas certezas, pois certezas nos deixam no mesmo lugar: é o erro que nos leva na direção do novo.
Corrobora com esta afirmativa Silva (1991) "apesar de todos os problemas, carências e desacertos da educação no Brasil, é apenas na escola que a maioria das crianças tem acesso a algum tipo de conteúdo e informação", por isso se as crianças não aprenderem a ler na escola certamente não o farão em casa, onde o nível de escolaridade é baixa dos seus pais, e isto é uma realidade para todo Brasil, sendo mais crítica nas zonas rurais e estados das regiões Norte e Nordeste, e que muito grande é a desigualdade e a má qualidade da educação nacional como mostra Bustamante, L., Ribeiro, I. (2017, p. 74 -78) IDados, instituto de análises estatísticas em pesquisa publicada na Revista Veja de novembro de 2017.
Os melhores da turma ocupam o rarefeito patamar de 1% das notas mais altas do Enem e é ocupado por 13 mil estudantes de perfil parecido: 98% tem idade até 18 anos, 86% estudam em escola particular, 71% é de cor branca, 65 % é do sexo masculino e 52% tem renda familiar de mais de dez salários míninos (. . . ) Essa elite é fera desde os primeiros anos de estudo, não tem uma única recuperação no currículo e vem de famílias em que os pais tem diploma universitário e a renda passa de dez salários mínimos. Seguem uma rotina de estudos que chega a quase doze horas por dia, incluindo o tempo que passam na escola e algumas horinhas extras em casa (. . .)  produzem duas ou três redações por semana. Seis em cada dez estudantes são da região sudeste.
Enquanto isso em muitos lugares no Brasil, como por exemplo no Estado Rio Grande do Norte, os jovens índios que vem a cidade ainda sofrem muitos preconceitos quando são reconhecidos como índios, e isto está inclusive escrito no Plano de Educação do estado do RN no ano de 2016 ao se referir as comunidades indígenas:  
Quanto à educação, muito precisa ser feito, as escolas são precárias – as duas escolas [indígenas] que existem na comunidade, pertencem ao município de João Câmara– apenas é oferecido o Ensino Fundamental Anos Iniciais. Os jovens que precisam continuar os estudos deslocam-se para João Câmara, num transporte escolar inadequado, que no período chuvoso não consegue transitar nas estradas, que sem conservação, inviabiliza o acesso à escola urbana, sem falar no preconceito que esses jovens sofrem na cidade, quando são reconhecidos como indígenas.
Muitos povos indígenas desse estado não tem acesso a educação indígena e as vezes nem a educação tradicional pela falta de escolas em níveis maiores que o ensino fundamental como é o caso dos Caboclos (índios) de Açu, afirma o Plano de Educação do estado do RN (2016).
Os Caboclos de Açu: os Caboclos falam de uma origem comum a partir de antecessores indígenas que migraram de Paraú para aquela localidade há mais de 150 anos atrás. Na localidade não há escola, as crianças indígenas, desde a tenra idade, se deslocam diariamente para assistirem aula no povoado Riacho. Também enfrentam problemas com o transporte escolar e não estão tendo acesso à educação indígena diferenciada.
A não aceitação do indígena ainda é um problema de analfabetismo cultural no Brasil, devendo ser trabalhada em toda educação, principalmente na população não índia, de forma que se dê a devida importância desses povos autóctones na formação do povo brasileiro e se diminua o preconceito, ainda há no Brasil quem ache que 'índio bom, é índio morto' visto que todos os anos se matam muitos índios aqui, o preconceito é forte na sociedade brasileira como afirma o Plano de Educação do estado do RN.
É importante ressaltar que a temática indígena deve ser abordada em todas as escolas não indígenas do país, da rede pública e privada, de forma a abrir caminho para a reflexão sobre a diversidade étnica, explorando a diferença e aproveitando a possibilidade de troca de aprendizado recíproco entre os diversos segmentos que compõem o país, diferenciada da Educação Escolar Indígena, que é específica para as comunidades indígenas
Tamanha é a visão deturpada sobre o índio que foi necessário criar uma lei para que os brasileiros fossem educados na questão da aceitação dos indígenas e dos negros, passaram a estudar "História e Cultura Afro- brasileira e Indígena", que foi incluída no currículo oficial através da Lei 11.645/08 que estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional, a qual segundo Munduruku (2012) foi 'uma conquista orquestrada pelo movimento indígena dos anos 2000', mesmo assim alguns professores do município de Parnamirim se recusaram dar aulas sobre o tema de afrodescendentes e indígenas alegando que era religião do demônio, isto mesmo ocorreu com os Xukurus em Pesqueira até a década pasada.
No estado do RN (Rio Grande do Norte), há dentre os vários povos originários apenas uma escola indígena com currículo diferenciado cadastrada pelo censo do IBGE, afirma o Plano de Educação do estado do RN.
Melo (2014) afirma em pesquisa para a construção de um artigo de pós graduação na Universidade Católica do Mato Grosso do Sul 'Educação indígena no Brasil', que foram visitadas 32 (trinta e duas) bibliotecas em 12 (doze) estados do Brasil e em todas elas não havia mais que cinco por cento do acervo com conteúdo indígena, poucas possuíam profissionais graduados na área (bibliotecário) e na maioria encontrou-se professores que foram afastados da sala de aula por problemas de saúde como depressão e outros a quem se chama professor readaptado, fato comum em todas elas. Logo a criação de um conteúdo específico para cada uma das '305 etnias diferentes no Brasil e falantes de 274 línguas' (senso IBGE 2010) é urgente, visto que a cada década varias etnias são simplesmente extintas.
Afirma Zucoloto (2002) que a "leitura e a escrita são as formas de linguagem mais avaliadas pelo ensino fundamental. Elas são a base para a avaliação escolar", porém não se tem dado a devida importância e os alunos tem passado de uma série a outra com deficiências na leitura e na escrita, e que não é um processo simplório como acreditam alguns pedagogos, ele é difícil e se não trabalhado se perdurará por um mecanismo conhecido por automatismo durante muitos anos até que seja corrigido.
A leitura é considerada um sistema simbólico, alicerçado na linguagem falada, que por sua vez depende da linguagem interior. A relação entre a palavra escrita e o sistema simbólico de significação é uma operação cognitiva que envolve processos específicos como a codificação, decodificação, percepção, memória, entre outros.
Para muitos deficiente leitura e escrita são trabalhadas juntas, porém cada uma tem seu processo em particular como pode ser visto no caso da leitura de acordo com Zucoloto (2002):
Também, é preciso coordenar as informações de modo a conseguir interpretar a mensagem dentro de um contexto, pois a compreensão da leitura implica o reconhecimento das estruturas gramaticais, a consideração da ordem das palavras, o papel funcional das palavras, o reconhecimento e o uso dos sinais de pontuação. Nesse contexto, a compreensão da leitura tem a ver com a capacidade de fazer inferências, recorrendo a elementos mencionados no próprio texto.
Segundo Zucoloto (2002) um repertório pobre pode ser também um causador de deficiente leitura, no caso dos Xukuru's não ter um livro didático específico em quantidade que possa atender as suas demandas pode incorrer numa deficiente leitura, pois se perde a motivação pelo hábito da mesma por não se ter um trabalho mais próximo a sua cultura:
As dificuldades de leitura implicam normalmente uma falha no reconhecimento, ou a compreensão do material escrito. O reconhecimento é o mais básico dos processos, já que o reconhecimento de uma palavra é prévio a sua compreensão. Também há que se considerar que uma decodificação pobre leva a uma compreensão pobre; entretanto, uma boa decodificação não é a garantia de compreensão. As dificuldades de compreensão não estão, normalmente, no âmbito das palavras, e sim, no âmbito de orações e da integração da informação das orações.
A escrita por sua vez tem também suas complexidades "é um processo complexo, que envolve habilidades diferentes da leitura, mas que implica, na construção da mesma estrutura, a representação cognitiva" ao escrever um aluno deve saber diferenciar estruturas e construções complexas da norma culta "a escrita, assim como a leitura, consiste em um conjunto de habilidades complexas, cujo processo requer que o indivíduo opere em diversos níveis de representação, sem deixar de lado o motor" é o que afirma Zucoloto (2002):
Para escrever uma palavra que lhe foi ditada, o sujeito deverá ter construído a noção de letra, de número, de vogal, de consoante, de palavra e de frase. Além dessas construções, que implicam a construção do sistema de representação e na construção do código, o sujeito deverá dominar o sistema de significação, de modo a diferenciar significado e significante.
Nesta inovação optou-se por trabalhar de forma conjunta a escrita e a leitura por entender que há uma correlação entre as duas, e que uma complementa a outra e que deve ser uma das maiores preocupações dos professores das séries iniciais, fornecer uma boa base para que seus alunos se desenvolvam na leitura e na escrita, uma habilidade que perdurará por toda a vida, como afirma Zucoloto (2002):
a relação entre a leitura e a escrita, porque no caso do português, cuja estrutura gramatical, além de ser complexa, possui muitas exceções, as dificuldades de aprendizagem em escrita podem decorrer de inúmeras combinações. É importante ressaltar que uma pessoa ler uma palavra corretamente não implica que possa grafá-la com precisão. Uma coisa é ler e outra coisa é escrever, muito embora as duas atividades possam se desenvolver, integrando-se.
Trabalhar a deficiente escrita e leitura das séries iniciais mostra-se de crucial importância, uma vez que um erro não identificado nesta fase acompanhará o aluno até as séries posteriores ao que Zucoloto chama de automação do erro, motivo pelo qual a inovação nas escolas de séries iniciais Natureza Sagrada e Rei do Ororubá se mostram relevantes, após acompanhar textos dos alunos do Ensino Médio das escolas do povo Xukuru, observou-se muitos erros gráficos e pronúncias incorretas das palavras como por exemplo as palavras retiradas de textos dos escritos dos alunos L1 e L2: "serar, ezames, alzencia, Aqui tar, grassas a deus, deicha, malcreada, Tar mas obidiente, ospital". Como se pode ver esses erros não trabalhados em séries iniciais, eles acompanharam os alunos até o Ensino Médio, e é isso que afirma Zucoloto (2002):
Um outro aspecto a ser ressaltado é que os erros na escrita dos alunos da terceira série estão se automatizando. Quanto mais automatizado o erro estiver, mas difícil se torna sua correção, uma vez que a forma assimilada é a forma errada. É relevante destacar a importância da avaliação das crianças, pois a investigação dos casos de dificuldade de aprendizagem no início do processo de escolarização minimiza suas conseqüências e possibilita sua superação antes de uma automação.
Como afirma Salles e Parente (2007) não se tem no Brasil um consenso do que se esperar de cada aluno nas diversas séries escolares com relação a leitura e a escrita, uma vez que são atividades complexas e essenciais ao desenvolvimento escolar do aluno e por vezes a manutenção do mesmo em sala de aula, é notório que precisa-se progredir nesta área para que os alunos possam escrever e ler com mais habilidade:
A leitura e a escrita são atividades complexas, compostas por múltiplos processos. No Brasil, não há consenso sobre os desempenhos em leitura e escrita esperados para cada série escolar, além da diversidade de formas de avaliação destas habilidades. Conhecer as estratégias de leitura e escrita utilizadas por crianças nos anos iniciais de escolarização é um requisito essencial para a prevenção, identificação e tratamento das dificuldades de leitura e escrita. Conseqüentemente, educadores e clínicos utilizam avaliações “intuitivas” sobre o que pensam ser o nível de progresso apropriado ao final de cada série
Ferraz (2008) questiona a docência ao dizer que "a falta de um trabalho com leitura no ensino público nos levou a questionar: o problema reside na clientela ou é fruto da falta de uma ação sistemática de um professor leitor?" mostrando a autora a importância da mediação da leitura pelo professor até que o aluno seja autônomo. Este é certamente um problema nacional brasileiro e que o quadro se agrava a medida que essa educação no Brasil se afasta dos grandes centros.
Afirma ainda  Ferraz (2008) que a 'leitura mediada' deve estar apoiada em uma "tríade" que possui os seguintes "eixos: o professor como modelo de leitor, as ações do professor para realizar uma leitura mediada e a biblioteca como dispositivo pedagógico facilitador", complementando que "durante a leitura mediada, o aluno também é leitor, usufruindo de toda a fluência leitora do professor".
O trabalho de escrita e leitura desenvolvido com alunos indígenas através de canções são como "andaimes" que sempre passam do que se espera, Ferraz (2008) corrobora com esta forma de pensar tão metafórica:
Assim como os andaimes sempre estão localizados um pouco acima dos edifícios para cuja construção contribuem, os desafios do ensino devem estar um pouco além daqueles que o aluno seja capaz de resolver. Nesse sentido a leitura mediada tem um papel importante, pois ela possibilita aos alunos a compreensão de textos mais desafiantes, com a intervenção do professor.
Nas atividades realizadas em sala de aula nas escolas indígenas do povo Xukuru, foi lido para os alunos e junto com eles os textos das canções que eles cantavam nos seus rituais e na tradição de seu povo, lembrando que não era lido por eles, mas com eles como diz ainda Ferraz (2008) "a leitura mediada promove a explicitação dos processos internos durante a sua realização, por meio do professor leitor".
A leitura mediada é de "grande utilidade nas séries iniciais" Ferraz (2008), devido a dificuldade de concentração das crianças pequenas, a medida que se foi apresentando as canções no projetor multimídia e lendo junto com as crianças indígenas elas mesmas passaram a identificar as palavras e aos poucos a ficarem autônomas na escrita e na leitura das canções apresentadas, embora algumas palavras apresentem dificuldades porque são faladas de uma forma regional que não se fala na língua culta, como por exemplo a palavra caboclo (forma como eram chamados os índios pelos fazendeiros) é falada nas aldeias na forma de caboco, a diferença entre escrever Senhor (Deus - Tupã) e senhor forma de tratamento mais respeitosa. Nesse aspecto revela Ferraz (2008) que a concentração das crianças são mais apuradas em uma leitura mediada como se vê: "vale assinalar que a leitura mediada também promove a concentração, pois o aluno precisa ficar atento ao que está sendo lido, sem perder o fio condutor, sem deixar o pensamento "fugir", para poder participar da leitura". É uma forma de "atenção" a mais que é dada ao aluno "ler em voz alta para o aluno é um gesto de atenção para com ele".
Nos trabalhos realizados em sala, percebeu-se também que juntamente com a parte escrita solicitada as crianças, elas também fizeram desenhos que muito fala sobre a sua impressão de mundo, seu respeito para com a natureza, a cor verde é muito frequente nos desenhos 'salta' aos olhos, e como quase todos fizeram isso, foi incluído pelas professoras na parte escrita e abaixo dos 'pontos do Toré'  um espaço para as crianças desenharem denominado 'gravura do nosso ritual sagrado', um espaço para desenho de acordo com a percepção de cada aluno ou aluna. Isto também é abordado por Ferraz (2008) ao afirmar que:
A aula de leitura mediada contempla também o registro após a aula. É uma forma de os alunos apresentarem sua opinião e perceberem, entre seus pares, que as opiniões em relação ao texto lido são diferentes e pessoais. O registro da história, a partir de um desenho, além de dar espaço para cada aluno expressar sua compreensão e construção de sentidos frente a leitura, constitui uma forma de cada um organizar a história de leitura construída nas aulas durante o ano, por meio da elaboração de uma pasta de registros.
Os desenhos realizados pelos alunos indígenas Xukuru's passaram a ser tão importantes que entraram nos pontos do Toré (parte escrita das canções indígenas elaboradas pelas professoras Shirleide e Maria Rogéria) o que ajudou a ter uma visão holística do aluno e a sua impressão sobre a natureza, uma vez que a cor verde é a que mais predomina em todos os desenhos, mostrando assim a sua relação com a natureza sagrada, os encantados e tudo aquilo que é considerado importante em sua visão de mundo.
O desenho é uma parte tão importante que a psicologia trabalha o Desenho-Estória como um procedimento de interpretação da personalidade, como um instrumento válido na análise, porém o desenho ganhou destaque também na pedagogia, psicopedagogia e outras áreas das humanidades, acolhendo assim aspectos importantes do inconsciente relacionados á personalidade conforme afirma Trinca (2013):
o procedimento de Desenho-Estória deixou de ser uma técnica exclusiva de investigação clínica da personalidade para se transformar num recurso compreensivo de largo espectro, aplicável a situações variadas. Ele tem sido utilizado em diferentes especialidades da área médica e hospitalar, assim como nos contextos da saúde pública, da odontologia, da fonoaudiologia, da psicopedagogia, do judiciário, da psicologia social e escolar.
Silva (1991) afirma que:
Nesse sentido, o apoio visual dos cartazes com o desenho (isto é, escrita dentro de um contexto) é fundamental. A criança não se sente testada, não tem medo, pois pode sempre se voltar para o cartaz. E ainda é importante destacar que o grupo não percebe os desníveis existentes na classe.
Mesmo estando as crianças em outros níveis elencados por Silva apud Emilia Ferreiro como pré-silábico,  nível silábico,  silábico-alfabético e por vezes o alfabético como se vê, foram usados os cartazes em praticamente todo período: 'no entanto, os cartazes de palavras ainda eram um apoio para as crianças que estavam no nível silábico e ás vezes, também, para as que estavam no silábico-alfabético'.
Foi feito atividades com o próprio desenho das crianças, onde foi solicitado que elas escrevessem o que significava aqueles desenhos como uma forma de buscar mais afundo o real significado dos desenhos para elas.
Para os povos indígenas o coletivo vem antes do individual, e esta é uma marca muito forte, sendo punido severamente o egoísta, nesse povo tudo é coletivo, o curral de gado as terras a água, tudo foi Tupã que fez e "ele não passou escritura da terra para ninguém" dizia o cacique Xicão, e isso fica muito aparente nos desenhos, o inconsciente coletivo do grupo ao expressar os mesmos valores e crenças, embora esta seja uma abordagem difícil de se lidar até mesmo na psicologia segundo relata Trinca (2013) que "um grupo de indivíduos que apresenta características manifestas em comum terá, também características em comum? Pode ser que para alguns grupos a resposta seja afirmativa, enquanto para outro seja negativa, na dependência dos resultados alcançados nas próprias pesquisas", porém em alguns grupos "relativamente a determinadas questões ou problemas definidos, há agrupamentos que possuem características inconscientes em comum", ainda afirmando que "o Procedimento de Desenhos-Estórias constitui um recurso útil de pesquisa qualitativa".
É necessário segundo Ferraz (2008) que haja uma "preparação prévia" para a leitura por parte do professor, porém no caso dos professores indígenas as músicas já são conhecidas e cantadas diversas vezes pelos mesmos bem como por seus alunos, dessa forma todos já tem prévia preparação o que facilita ainda mais a escrita e leitura das canções, o cantar acaba por ser um reforço a leitura e a escrita por parte dos alunos e dos professores.
A preparação prévia do professor, como dissemos, constitui-se em aspecto indispensável para o bom desenvolvimento do trabalho, uma vez que ele se propõe como modelo de leitor. Assim, ele tem de deixar claro para os alunos que domina a história que vai ser  lida e conhece particularidades que a ilustram, fato que auxilia a um melhor entendimento.
A experiência com a leitura apresentada por Kramer (2000), traz uma reflexão dessa importante prática realizada pela escola, mas tão pouco refletida pela docência e pelos diversos setores educacionais, não podendo ela ser resumida a provas e notas, fichamentos... deveria haver um espaço para leitura onde o aluno deveria aprender o gosto pela leitura e crescesse nesta, seja através da revista em quadrinhos aos clássicos, como ela nos mostra.
A leitura na escola se fecha em leitura da escola, onde notas, "provas de livros", fichas e apostilas com resumos das histórias ocupam o tempo e o espaço que poderiam ser destinados a simplesmente ler e desfrutar o livro? A aversão pelos textos literários, pela literatura, é ensinada na escola?

Nem mesmo os avanços tecnológicos tem ajudado esta questão, e algumas vezes até tem gerado desigualdades para muitos da população que continuam sem acesso a internet, sem recursos para ter dispositivos móveis e outros, por isso afirma Kramer (2000) que 'o avanço científico e tecnológico do nosso século tem servido para manter mais uma vez a desigualdade ao invés de contribuir para melhorar as condições de vida da maior parte da população',  ela vai além ao dizer que a leitura deve ser inserida como humanização "este precisa ser o nosso horizonte: humanização, resgate da experiência humana, conquista da capacidade de ler o mundo, de escrever a história coletiva, de expressar- se, criar, mudar".
Kramer (2000) apresenta uma conclusão diferente, mais ampla do que o simples ato de ler e ser alfabetizado uma nação e um povo, coloca que ao não ser alfabetizado no mundo em que vivemos este seria um processo de desumanização, tamanha é a 'importância do ato de ler'.
Leitura e escrita como uma das modalidades de experiência cultural – entre outras – que deveriam ter também na escola o seu lugar de realização. O problema não está no fato de pessoas não escreverem ou lerem narrativas ou não terem aprendido o gosto da poesia. O problema está em que isso pode ser um sintoma do nosso processo de desumanização.

A forma de reafirmar a identidade de um povo é conhecendo suas raízes e não negando-as, aceitar essa diversidade rica e bela dos povos originários, é um passo importante para uma nação que se pretende ser justa e igualitário, segundo afirma Alencar (2010):
O conhecimento da língua indígena é o melhor critério para a nacionalidade da literatura. Ele nos dá não só o verdadeiro estilo, como as imagens poéticas do selvagem, os modos de seu pensamento, as tendências de seu espírito e até as menores particularidades de sua vida.

Trabalhar com um conteúdo acessível ao aluno é melhorar a qualidade crítica da sua educação, concomitantemente a uma política que privilegia a adequação do material didático conforme descreve Demo (1999):
 Adequação política do material didático, sobretudo do livro de leitura e de estudo, para se aquilatar as condições de formação política crítica do estudante [...] descobrir até que ponto este material é capaz de ajudar a construir no aluno o sentido de sujeito do próprio desenvolvimento.

A Prova Brasil, é uma avaliação em larga escala que o governo utiliza para a educação básica até o 9º ano das escolas públicas para avaliar a qualidade do ensino, 'com base no resultado dessa prova é possível calcular a proporção de alunos com aprendizagem adequada a sua etapa escolar a respeito das competências de leitura e interpretação de textos ', sendo obtido pelo governo no ano de 2015 as seguintes informações.
Brasil:                     dos alunos do 5º ano, 50%. Dos alunos do 9º ano, 30%.
Pernambuco:        dos alunos do 5º ano, 37%. Dos alunos do 9º ano, 22%.
Pesqueira:             dos alunos do 5º ano, 36%. Dos alunos do 9º ano, 28%.
No município de pesqueira e dentro da área urbana,  das cento e vinte escolas apenas vinte obedeciam aos critérios da Prova Brasil, destas apenas cinco obtiveram bons resultados no ensino até o 5º ano e uma obteve bom resultado no 9º ano, sendo cinco escolas no total, na zona rural e indígena nenhuma escola obedecia aos critérios.
Na educação, em 1991 a taxa de alfabetização das pessoas não índias com mais de 15 anos era de 80, 7, enquanto dos índios era de 49,2. Houve considerável melhora em 2010 quando a taxa de alfabetização das pessoas índias subiu para 76, 7, mas nesse mesmo ano a taxa de alfabetização das pessoas não índias foi de 90,4, mostrando que sempre há uma deficiência quando se compara o índio e o não índio.
Outro problema da educação indígena nacional é a ausência de cursos de graduação para formação de professores indígenas, uma vez que não há faculdades nas terras dos índios sendo necessário que se desloquem para outras cidades e até mesmo outros estados (províncias) para concluírem esses cursos. Para os Xukuru's a falta de material didático específico é a grande queixa dos professores das vinte e quatro aldeias.
A inadequação dos livros paradidáticos específicos nas escolas da cultura indígena Xukuru do Ororubá tem contribuído com a dificuldade de leitura e escrita dos alunos, visto que há apenas quatro paradidáticos que abordam os costumes desse povo, sendo dois destes usados na escola Natureza Sagrada da aldeia São José. Ter mais material didático específico para trabalhar a escrita e a leitura com o povo Xukuru nas escolas indígenas das aldeias, bem como a transcrição das canções da oralidade em uma prática diferenciada voltada para a cultura indígena, auxiliada com diversos gêneros textuais diferentes, e a produção de textos significativos para as crianças nas salas de aula, será um modo de alcançar resultados satisfatórios no desenvolvimento da leitura e escrita  dos alunos das escolas Natureza Sagrada e Rei do Ororubá, e  uma maneira de contribuir para incentivar a prática de leitura e da escrita nas escolas das aldeias já tão precárias de livros, é o primeiro passo para contribuir com a melhora nesta deficiência, reforçando  sua identidade e cultura indígena, visto que há poucos paradidáticos específicos da cultura Xukuru para serem utilizados pelos alunos desde a demarcação das terras indígenas do Ororubá em 2005.
3.1 Políticas públicas contribuintes ao projeto de melhora
Freire (2003) afirma que "O Brasil foi "inventado" de cima para baixo, autoritariamente. Precisamos reinventá-lo, em outros termos", e isso passou a ocorrer quando organismos internacionais acabaram por forçar uma mudança na legislação brasileira que tratava da causa indígena.
Silva (1994) aponta para:
A implantação de projetos escolares para populações indígenas no Brasil é quase tão antiga quanto o estabelecimento dos primeiros agentes coloniais em nosso chão. A submissão política das populações nativas, a invasão de suas áreas tradicionais, a pilhagem e a destruição de suas riquezas, etc. têm sido, desde o século XVI, o resultado de práticas que sempre souberam aliar métodos de controle político a algum tipo de atividade escolar civilizatória.
Desde o dia 22 de abril de 1500 até a Constituição Federal de 1998 a política indigenista brasileira era de extermínio conforme assegura Ribeiro (2004), Souza Lima (1995), Carneiro da Cunha (1998), Belfort (2006), Munduruku (2012), Marques (2000), Fausto (2006), Sarasola (2013), Todorov (2014), Palheta (2015), Benati (1993) e muitos outros autores que corroboram com esta linha de pensamento, mesmo tendo sido promulgada uma Bula Papal de Paulo III, em 1537 onde afirmava que 'os habitantes do novo mundo eram dotados de alma e, portanto, seres humanos, nem assim até a data de hoje barrou os homicídios indígenas no Brasil em uma luta sem fim.
Afirma Munduruku (2012) ainda o mesmo autor, o qual é o único índio pós doutor conhecido no Brasil, "Posso ser quem você é, sem deixar de ser quem sou", é possível ser doutor sem deixar de ser índio, sem deixar de cultuar suas tradições e sem precisar renegar o seu povo e a sua identidade, embora os antropólogos sejam unânimes em afirmar que o ideal para os povos indígenas era que falassem, escrevessem e também suas práticas de leitura ocorressem em suas próprias línguas, embora isso já não seja possível para muitos povos indígenas do Brasil, em especial o povo Xukuru do Ororubá, por causa de seus poucos vocábulos disponíveis (cento e sessenta e cinco).
Como será visto abaixo, o Brasil segundo muitos especialistas do direito, possui as melhores legislações voltadas para a causa indígena, mas o seu cumprimento é que não condiz com o que se foi legislado, existe a lei mas ela simplesmente não se cumpre por pressão de latifundiários, políticos donos de grandes extensões de terras, fazendeiros e multinacionais que ocupam terras tradicionalmente ocupadas por índios.

3.1.1 O marco legal: a Constituição Federal de 1988 (Capítulo VIII, Arts. 231 e 232)
Com a nova Constituição Federal do Brasil, afirma Munduruku (2012), que "deu-se início a uma nova era de interação entre os povos indígenas e o Estado brasileiro, agora em situação de igualdade, de horizontalidade, norteada pelo respeito à diversidade, por meio do reconhecimento da pluralidade de culturas" e o mais importante foi a "garantia de proteção especial às minorias indígenas".
Segundo a constituição brasileira no Título VIII - Da ordem social, Capítulo III - Da Educação, Da Cultura e do Desporto, na Seção I- Da Educação no Artigo 210, Parágrafo 2º determina que "O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem".
Ainda afirma a constituição brasileira, embora haja um movimento de congressistas da bancada rural querendo desfazê-lo, com relação aos direitos inalienáveis dos índios em seu Capítulo VIII - Dos Índios-  nos artigos 231 e 232.
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.
Muitos especialistas em educação afirmam que o Brasil tem uma das melhores legislações para uma boa política indigenista, mas também são unânimes em afirmar que o cumprimento delas é o seu maior obstáculo.
3.1.2 Estatuto do Índio (Lei nº 6.001/ 1973)
Teve como objetivo regular a situação jurídica dos índios para preservar e manter a cultura indígena específica a cada povo originário do Brasil reconhecendo a sua territorialidade para integrá-los a sociedade progressivamente, porém estes ainda estavam tutelados ao poder da FUNAI que deveria defender a causa dos índios, e nem sempre os fez. Acabou por muitas vezes servindo aos interesses dos governos em débito com empresários que financiaram suas campanhas, como foi o caso da usina de Belomonte, a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) autorizaram a destruição de toda mata por inundação e o deslocamento de vinte e cinco povos indígenas para outras áreas alegando não haver impacto social.
3.1.3 Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
Esta convenção acabou por ser o grande marco regulatório dos direitos indígenas nas Américas já que ela teve seu texto aprovado em vários países, tendo sido uma ferramenta de mudança nas legislações indígenas dos países, uma vez que ela faz determinações que devem ser cumpridas como "seja realizada a consulta aos povos interessados sobre as medidas legislativas suscetíveis de afetá-los diretamente reconhece que os interesses indígenas são coletivos e que há necessidade de deliberação conjunta sobre o destino de suas terras e de suas comunidades", também reconhece a OIT 169 que "o sistema de valores indígenas é diferenciado dos da sociedade envolvente e que possuem normas internas próprias"'. No caso da usina de Belomonte, os índios não foram sequer consultados, e ainda foram expulsos de suas terras tradicionais pela empresa de geração de energia, aprovado pelo governo.
No Brasil a OIT 169 teve seu texto aprovado por um decreto "Decreto Legislativo nº 143, de 20 de junho de 2002 Aprova o texto da Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho sobre os povos indígenas e tribais em países independentes", como se vê ela foi um grande auxílio ao virar um decreto:
O Congresso Nacional Decreta: Art. 1º. Fica aprovado o texto da Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho sobre os povos indígenas e tribais em países independentes. Parágrafo único. Ficam sujeitos à apreciação do Congresso Nacional quaisquer atos que impliquem revisão da referida Convenção, bem como quaisquer atos que, nos termos do inciso I do art. 49 da Constituição Federal, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Art. 2o . Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação.
É premente a necessidade educacional de aprendizagem de leitura e escrita dos povos indígenas, pois são áreas pouco assistidas pelos órgãos governamentais em muitos países que ainda tem povos originários, assim se expressa a convenção no seu Artigo 28:
Dever-se-á ensinar às crianças dos povos interessados a ler e escrever na sua própria língua indígena ou na língua mais comumente falada no grupo a que pertençam. Quando isso não for viável, as autoridades competentes deverão efetuar consultas com esses povos com vistas a se adotar medidas que permitam atingir esse objetivo. (grifo pessoal)
No caso dos índios Xukuru's por não falarem a língua própria, já não será possível  ler e escrever na sua própria língua indígena, visto que possuem apenas 165(cento e sessenta e cinco) vocábulos.
Grande ainda é o preconceito de não índios para com os povos originários e verdadeiras barbáries tem ocorrido no Brasil, o índio pataxó Galdino foi queimado vivo na capital federal pelo filho de um Juiz de Direito, e uma criança índia foi degolada no estado do Paraná no colo da mãe, e fatos assim são corriqueiros no país, por isso a OIT 169 chama os governos a responsabilidade de proteger e educar a população no Artigo 31:
Deverão ser adotadas medidas de caráter educativo em todos os setores da comunidade nacional, e especialmente naqueles que estejam em contato mais direto com os povos interessados, com o objetivo de se eliminar os preconceitos que poderiam ter com relação a esses povos. Para esses fim, deverão ser realizados esforços para assegurar que os livros de História e demais materiais didáticos ofereçam uma descrição eqüitativa, exata e instrutiva das sociedades e culturas dos povos interessados.
3.1.4 Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas
Ocorreu em 7 de setembro de 2007, sendo um trabalho produzido pelo conselho de Direitos Humanos, expressa na forma de "Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas", passando a ser uma obrigação contraída pelos Estados de acordo com esta Carta  afirmando que em seu Artigo 1 "Os indígenas tem direito, como povos ou como pessoas, a usufruir de todos os direitos humanos e das liberdades fundamentais reconhecida pela Carta das Nações Unidas, pela Declaração Universal do Direitos Humanos e pela Normativa Internacional dos Direitos Humanos".
 A Carta ainda afirma que:
todas as doutrinas, políticas e práticas baseadas na superioridade de determinados povos ou pessoas ou que a defendem aduzindo razões de origem nacional ou diferenças raciais, religiosas, étnicas ou culturais são racistas, cientificamente falsas, juridicamente inválidas, moralmente condenáveis e socialmente injustas.
Declara ainda que os indígenas sofreram "injustiças históricas" como resultado direto da "colonização e alienação de suas terras, territórios e recursos" e isso tem dificultado em muito o desenvolvimento e a conservação de suas culturas originárias.
A Declaração das Nações Unidas deixa claro também que os povos indígenas tem direito a uma educação diferenciada baseada em sua cultura e nos seus costumes nos Artigos 14 e 15.
3.2 As legislações indígenas para a educação
Segundo Silva (1994, p. 7) "Em poucas palavras, desde a chegada das primeiras caravelas até meados do século XX, o panorama da Educação Escolar Indígena foi um só, marcado pelas palavras de ordem "catequizar" e "civilizar" ou, em uma cápsula, pela negação da diferença".

3.2.1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/1996  LDB (Arts. 26, 32,  78 e 79)
Amplamente conhecida como Lei Darcy Ribeiro (um dos maiores defensores da causa indígena no Brasil), foi senador da república, educador, e principalmente foi ele que mais articulou para que essa Lei fosse sancionada.
Atribui a União a responsabilidade de desenvolver programas educacionais destinados a educação indígena em todos os níveis de educação, devendo o MEC coordenar as ações para seu cumprimento pelo Decreto nº 26 de 4 de fevereiro de 1991.
Art. 26. § 4º O ensino da história do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especificamente das matrizes indígenas, africanas e européia.
Art. 32. § 3º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.
Art. 78. Fomento a cultura e de assistência aos índios, [...] oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
                I- proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;
Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente [...] as comunidades indígenas, desenvolvendo programas integrados de ensino e pesquisa.
Esse foi o grande legado desse antropólogo que viveu com os índios, foi congressista e educador, fomentou uma legislação mais justa para os povos indígenas, principalmente na educação.
3.2.2 Os PCN's
Os PCN's (Parâmetros Curriculares Nacionais) mostra que a luta dos povos originários, em especial o indígena brasileiro, é marcada por etnocídio, assassinatos, suicídio coletivo (povos do MS), eles precisavam de uma legislação que resguardasse os direitos dos povos originários, essa discriminação é reconhecida pelo PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) que norteiam a educação nacional:
Há muito se diz que o Brasil é um país rico em diversidade étnica e cultural, plural em sua identidade: é índio, afrodescendente, imigrante, é urbano, sertanejo, caiçara, caipira... Contudo, ao longo de nossa história, têm existido preconceitos, relações de discriminação e exclusão social que impedem muitos brasileiros de ter uma vivência plena de sua cidadania.
O documento de Pluralidade Cultural trata dessas questões, enfatizando as diversas heranças culturais que convivem na população brasileira, oferecendo informações que contribuam para a formação de novas mentalidades, voltadas para a superação de todas as formas de discriminação e exclusão.
O Plano Nacional de educação (2014-2024) nos apresenta sete eixos temáticos e começando pela definição de eixo vemos que a educação é o centro de tudo aquilo que quisermos construir.
temos um grave problema na educação nacional que é a formação dos professores, principalmente na educação básica, onde apenas 6,1 estão cursando o ensino superior.
Afirmam os PCN's (Parâmetros Curriculares Nacionais), que a luta dos povos originários, em especial o indígena brasileiro, é marcada por etnocídio, assassinatos, suicídio coletivo (povos do MS), eles precisavam de uma legislação que resguardasse os direitos dos povos originários, essa discriminação é reconhecida pelo PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) ao afirmar que "ao longo de nossa história, têm existido preconceitos, relações de discriminação e exclusão social que impedem muitos brasileiros de ter uma vivência plena de sua cidadania".
3.2.3 Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (2012-2013)

Devido ao grande número de analfabetos no Brasil e daqueles que são considerados analfabetos funcionais, o governo brasileiro criou um pacto para que as crianças sejam alfabetizadas na idade correta, pois há no Brasil do Século XXI uma grave deficiência que é a dificuldade de leitura e escrita dos alunos, situação mais agravada quando se trata de comunidades da zona rural e indígenas.
O pacto Nacional visa alfabetizar todas as crianças até o final do terceiro ano do ensino fundamental, quando elas completam oito anos de idade, assim os governos federal ,estadual e municipal, devem estar dispostos a mobilizar o melhor dos seus esforços e recursos, valorizando e apoiando professores e escolas, proporcionando materiais didáticos de alta qualidade para todas as crianças.
Para os idealizadores do plano estar alfabetizado "significa ser capaz de interagir por meio de textos escritos em diferentes situações. Significa ler e produzir textos para atender a diferentes propósitos'. Afirmam os especialistas do governo que 'a criança alfabetizada compreende o sistema alfabético de escrita, sendo capaz de ler e escrever, com autonomia, textos de circulação social que tratem de temáticas familiares ao aprendiz".
Afirmam ainda os educadores do pacto "que aprendizagem da leitura e da escrita deve ocorrer em situações em que as crianças se apropriem de conhecimentos que compõem a base nacional comum para o ensino fundamental de nove anos". Eles acreditam que "as novas demandas colocadas pelas práticas sociais de leitura e de escrita têm criado novas formas de pensar e conceber o fenômeno da alfabetização", logo deve a leitura e a escrita proporcionar uma nova forma de pensar com mais criticidade de forma que o aluno possa desenvolver as habilidades de um sujeito agente.  

3.2.4 Referencial curricular nacional para a educação infantil Vol. 1

Este é o ponto mais importante para a educação infantil indígena, pois permite o respeito as diferenças étnicas, a valorização dos costumes e tradições e principalmente o convívio e respeito a cultura e aos saberes autóctones, de forma que eles possam trabalhar seus currículos diferenciados contemplando suas especificidades.
A pluralidade cultural, isto é, a diversidade de etnias, crenças, costumes, valores etc. que caracterizam a população brasileira marca, também, as instituições de educação infantil. O trabalho com a diversidade e o convívio com a diferença possibilitam a ampliação de horizontes tanto para o professor quanto para a criança. Isto porque permite a conscientização de que a realidade de cada um é apenas parte de um universo maior que oferece múltiplas escolhas.
Fomenta ainda o Referencial curricular a "utilização das diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação", visto que diversos índios e negros (quilombolas) tem na sua musicalidade uma forma de viver e ensinar os valores aos mais jovens.

3.2.5 Referencial curricular nacional para a educação infantil Vol. 3
No caso da especificidade indígena a música (em forma de canções) está presente em todos os momentos de sua cultura, desde os momentos mais fúnebres como foi o caso da morte do cacique até os momentos espirituais mais sagrados como é o Membi.
A música está presente em diversas situações da vida humana. Existe música para adormecer, música para dançar, para chorar os mortos, para conclamar o povo a lutar, o que remonta à sua função ritualística. Presente na vida diária de alguns povos, ainda hoje é
tocada e dançada por todos, seguindo costumes que respeitam as festividades e os momentos próprios a cada manifestação musical. Nesses contextos, as crianças entram em contato com a cultura musical desde muito cedo e assim começam a aprender suas tradições musicais.

Afirma ainda o Referencial curricular que  "Por integrar poesia e música, a canção remete, sempre, ao conteúdo da letra, enquanto o contato com a música instrumental ou vocal sem um texto definido abre a possibilidade de trabalhar com outras maneiras", dessa forma é proveitoso ler e escrever sobre canções como uma forma de despertar o gosto pela leitura e escrita, aos molde do que fazem os cursos de línguas estrangeiras ao trabalharem as canções e suas letras com seus alunos.
Devem os professores trabalhar com seus alunos, principalmente os indígenas, a leitura e a escrita das canções uma vez que é de conhecimento dos mesmos e pode ser trabalhado como uma forma de manter as tradições e despertar nelas o gosto musical para conhecer e enriquecer a cultura dos povos originários.
A produção musical de cada região do país é muito rica, de modo que se pode encontrar vasto material para o desenvolvimento do trabalho com as crianças. Nos grandes centros urbanos, a música tradicional popular vem perdendo sua força e cabe aos professores resgatar e aproximar as crianças dos valores musicais de sua cultura.
Sugere o Referencial que também seja trabalhada a construção de instrumentos com os materiais regionais disponíveis, no caso dos Xukuru's em suas aulas de artes eles aprendem a fazer a 'Maraca' que é uma cabaça de uma planta, e dentro dela é colocado sementes produzindo um som parecido ao de um chocalho, sem se esquecer de que é preciso lembrar que 'a voz é o primeiro instrumento e o corpo humano é fonte de produção sonora'.
A experiência de construir materiais sonoros é muito rica. Acima de tudo é preciso que em cada região do país este trabalho aproveite os recursos naturais, os materiais encontrados com mais facilidade e a experiência dos artesãos locais, que poderão colaborar positivamente para o desenvolvimento do trabalho com as crianças. Tão importante quanto confeccionar os próprios instrumentos e objetos sonoros é poder fazer música com eles, postura essencial a ser adotada nesse processo.
O documento apresentou uma lista com 69 canções, sugerindo que fossem cantadas pelos professores, dentre elas havia apenas duas canções indígenas, a número (11) onze 'BORORO VIVE. UFMT. Cantos dos índios Bororo' do povo indígena Bororo e a de número (35) trinta e cinco 'ETENHIRITIPÁ. Cantos da Tradição Xavante', do povo indígena Xavante, o que corresponde a 2, 8% do total, mostrando assim a pequena importância que se é dada a musicalidade indígena, sua cultura e tradições.
A síntese da fundamentação e das Políticas públicas é descrita de forma a mostrar que o Brasil é o país que tem o maior número de indígenas que conservaram suas etnias (305 povos) mantendo cada uma suas tradições e costumes, com uma grande quantidade de línguas (274 línguas indígenas), e que conseguiu essa façanha graças a muitos defensores e indigenistas como Marechal Rondon (descendente de índios do Mato Grosso do Sul) que criou o SPI (Serviço de proteção do índio), os irmãos Vilas Boas que no auge do regime militar conseguiu criar a maior reserva indígena já vista (o Parque do Xingu) que acomodou diversas etnias para proteger os índios de grileiros, posseiros, fazendeiros e latifundiários, também foi de grande auxílio o antropólogo Darc Ribeiro um dos maiores defensores que morou com os índios por mais de uma década, e que somente criou várias leis, inclusive a LDB leva o seu nome (Lei 9394/96 LDB Lei Darcy Ribeiro) Berta Ribeiro sua esposa, Noel nutels, Curt Nimuendaju, e tantos nomes lutaram pela causa indígena de todas as classes sociais que culminou nessa imensa quantidade de povos e línguas fazendo do Brasil uma nação de uma diversidade cultural de povos originários sem igual. Todos esses homens e mulheres criaram diversas Políticas públicas que contribuíram para a defesa dos índios inclusive na melhoria do Currículo escolar indígena dentre eles, o marco legal: a Constituição Federal de 1988 (Capítulo VIII, Arts. 231 e 232) que deu amparo a demarcação das terras com base nos direitos originários, essa foi a maior vitória dos povos indígenas pois é a Carta Magna e nenhuma lei pode se contrapor a ela, ela garantiu a soberania dos índios, o direito inalienável das terras ocupadas tradicionalmente pelos índios, a manutenção de suas culturas com crenças e valores próprios e tudo o que era indispensável a sobrevivência dos povos indígenas e que também foi causadora de muitas mortes de índios pois os ricos e poderosos mataram centenas de índios que ocupavam suas terras a ponto de levar a extinção alguns povos como aconteceu no estado de Rondônia toda uma etnia foi assassinada para os garimpeiros de ouro não perderem sua terras, Porto Velho a capital do estado era conhecida como a cidade do ouro, ou mesmo o índio Pataxó Galdino queimado vivo na capital federal Brasília pelo filho de um juiz de direito daquela comarca; O Estatuto do Índio (Lei nº 6.001/ 1973) avançou a questão do indigenismo, mas tinha como foco socializar os índios pela regulação jurídica sem que os mesmos tivessem autonomia eram tutelados ao estado, interditos, meros fantoches a mercê das vontades dos governantes; A Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que forçou a inserção dos artigos da Constituição e que acabou por ser o marco de liberdade dos índios, pois deu-lhes autonomia e soberania; A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e mais ainda as legislações indígenas voltadas para a educação com um Currículo diferenciado e específico como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/1996  (LDB); Os PCN's; O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (2012-2013) visto que a leitura e a escrita é uma epidemia que precisa ser combatida a qualquer custo no Brasil que ainda tem milhões de analfabetos e outros milhões de analfabetos funcionais; O Referencial curricular nacional para a educação infantil Vol. 1e Vol. 3 criaram mecanismos para educar a população com a finalidade de aceitar os índios e diminuir o preconceito, as mortes e a grande discriminação sofrida desde 22 de abril de 1500, já até hoje índios são mortos no Brasil, somente este ano de 2017 já passam de cinquenta mortes. A legislação existe, acreditam os juristas que é a melhor legislação do mundo no que tange a defesa dos índios e seus direitos e garantias, porém a deficiência é o seu cumprimento. A lei existe, mas não é cumprida.

4.            DISEÑO DE LA INNOVACIÓN EDUCATIVA
4.1       Descripción general
Pretende-se com esta inovação melhorar a deficiente leitura e escrita dos alunos indígenas Xukuru's com a construção de um livro didático específico, com o conteúdo da transcrição de suas canções e que pode ser constantemente aumentado, a medida que novas canções são criadas, ampliando para todas as aldeias indígenas desse povo, dando autonomia na construção de um livro didático próprio sem a necessidade de apoio externa, visto que os livros didáticos fornecidos pelo governo são inadequados e  descontextualizados da cultura do povo Xukuru e pouco  tem contribuido com a melhoria da dificuldade de leitura e escrita inovando sua educação Hoje há apenas quatro paradidáticos específicos que foram criados pela ONG do Centro de Cultura Luiz Freire e apenas dois deles são trabalhados na faixa etária dos alunos da escola Natureza Sagrada e Rei do Ororubá da aldeia São José, logo busca esta inovação despertar no aluno o desejo pela aprendizagem e o gosto pela leitura e escrita.
A inovação buscará trabalhar os cantos indígenas com os alunos dentro de seu contexto, da seguinte forma: transcrevendo vinte canções indígenas e assim trabalhar a leitura e escrita com um material específico já conhecido oralmente, mas ainda não trabalhado em sala de aula,  trabalhar  a leitura e a escrita por meio da aplicação de atividades escolares sobre as canções transcritas, monitorando e avaliando no decorrer do bimestre a criticidade e as dificuldades apresentadas no processo de leitura e escrita.

4.2       Población beneficiada
A População beneficiada são os 26 alunos do povo Xukuru do Ororubá da aldeia São José e indiretamente todos os alunos das vinte e quatro aldeias, uma vez que este povo indígena tem os mesmos costumes e falam a mesma língua (Português)  em todas as aldeias, embora tenham apenas 165 (cento e sessenta e cinco) vocábulos Xukuru que estão sendo trabalhados nas escolas indígenas como forma de recuperação da língua e manutenção da cultura, também  professores da Escola Natureza Sagrada de forma direta que tem pouco livro didático específico, próprio de sua cultura.
Foi feita uma ficha de cadastramento de informações (Tabla 4-2) dos docentes baseado no modelo de  David Andrés para uma coleta de dados e uma avaliação básica da formação docente presente nas escolas indígenas Natureza Sagrada e Rei do Ororubá.
A inovação em pauta se aplica nas Escolas Estaduais Natureza Sagrada e na escola Rei do Ororubá da aldeia São José do Povo indígena Xukuru do Ororubá, situada no município de Pesqueira no estado de Pernambuco, região Nordeste do Brasil. As transcrições das canções da tradição oral desse povo será trabalhado em sala de aula pelas professoras Shirleide e Maria Rogéria em duas turmas multiseriadas (pré I e II, 1º, 2º e 3º ano do Ensino Fundamental) com idades entre 6 e 13 anos, e visa melhorar a dificuldade de escrita e leitura dos alunos e fortalecimento da cultura indígena. Será confeccionado um pequeno livro didático específico para utilização em sala com os textos das canções trabalhadas com os alunos.

4.3       Estratégia Didáctica
 A inovação  tem como estratégia a construção de livro didático a partir da transcrição de vinte canções indígenas do povo Xukuru para melhorar a leitura e a escrita dos alunos e complementar os dois livros didáticos específicos existentes, sendo usado para a realização de atividades de leituras e tarefas escritas com estes textos da musicalidade indígena, e assim auxiliar alunos e professores através da construção de novos subsídios de sua cultura como forma de valorização das suas raízes e fortalecimento da sua tradição. As canções retratam a sua rotina diária, seus festejos e rituais, sendo conhecido por todos, o que facilita o trabalho das professoras. Dessa forma os alunos cantam as canções, dançam seus rituais, leem e escrevem-nas.
Esta inovação será desenvolvida com atividades em sala, abordando a cultura do povo do Ororubá em diversos temas do seu dia-a-dia, rituais e festejos através da musicalidade das canções, diariamente incluídas em forma de cantos e danças na sala de aula, e ainda trabalhadas na leitura e na escrita.
Embora sejam usadas as vestimentas como Barretina, Tacó (Saia de palha), pinturas na pele, colares de sementes e ossos em suas danças e rituais tradicionais, na sala de aula usa-se apenas a maraca e as palmas com as mãos para executarem as canções, o que facilita o desenvolvimento dos trabalhos pelos professores.
As canções indígenas evocam a memória do povo e suas tradições relembrado seu passado e suas lutas como afirma o antropólogo Jorge Velho, reforça a sua identidade no presente tão necessário para evitar a extinção como povo, e a inovação delineia um futuro construído com base quando se afirma como povo originário.

Com a utilização de filmadoras, gravador de voz e celulares foram filmadas e gravadas as canções indígenas e transcritas para o português. Dentre elas algumas não foram viáveis de serem trabalhadas por diversos motivos (proibidas de serem cantadas pelas mulheres desse povo e não poderem manusear os instrumentos do Membi, ou porque continham poucas palavras, canções de outros povos, etc).
No início da inovação foram feitas as transcrições de vinte canções indígenas para ser trabalhada a deficiente leitura e escrita dos alunos, foram excluídas quatro do Membi (ou Memby) devido a sua proibição para os não indígenas e para as mulheres que não podem tocar nos instrumentos sagrados. Optou-se por trabalhar dezessete canções que não feriam sua tradição cultural.
A análise dos principais aspectos dessa tabela mostra que estas canções obedecem a três temáticas, a primeira fala das divindades e dos seres espirituais que ajudam, orientam e guiam o povo; a segunda fala dos índios ao se referir aos caboclos Xukuru's e a terceira descreve as lutas travadas contra os fazendeiros e latifundiários para retomar as terras tradicionalmente ocupadas, ou seja todos os temas abordam o contexto do povo.
Na transcrição foi visto que em apenas doze canções havia algumas palavras do vocabulário Xukuru do Ororubá, o que tornaria impraticável um trabalho de escrita e leitura na língua materna do povo, visto que o que restou foram cento e sessenta e cinco palavras, motivo pelo qual a reestruturação da língua materna aparenta quase impossível, como pode ser visto na tabela abaixo:
A análise desta tabela mostra que são poucas as palavras que existem em idioma nativo, mesmo assim estas poucas palavras são trabalhadas em sala de aula, sendo mais importante trabalhar atividades na Língua Portuguesa com canções que tenham mais significado para sua tradição, respeitando sua cultura como foi feito nesta inovação. Motivo pelo qual algumas canções não foram trabalhadas.
Foram excluídas também as canções de número seis, quinze e dezesseis por serem pequenas e não serem específicas dos Xukuru's, mas usadas quando da visita de outros povos indígenas do Nordeste como os Atikum, Kambiwá, Kapinawá, Pankará, Pankararu, Truká, Fulni-ô, sendo a de número quinze específica do povo Bororo da Bahia.
Dessa forma foram trabalhadas as canções de 1 a 5, de 7 a 14 num total de treze canções.
Após as atividades em sala com as canções, as crianças comentaram sobre outras canções que elas gostavam muito e não estavam contempladas nesta inovação, foi necessário então gravar as crianças cantando e dançando o ritual de seu povo (Toré), após isso foi transcrito e trabalhado em sala pelas professoras as outras canções escolhidas por elas.
A primeira canção a ser acrescentada foi 'Pisa ligeiro' que fala dos invasores das terras e a luta dos índios na qual eles saíram vitoriosos, um trecho fala que 'quem não pode com a formiga não assanha o formigueiro'. Outra canção que as crianças se identificavam muito é 'Papagaio verde amarelo', pássaro da serra do Ororubá, que tem a capacidade de imitar sons e palavras, por ter a sua cor de penugem em verde e amarelo, que são as cores da Bandeira Nacional Brasileira, ele evoca também um sentimento de nacionalidade muito forte, principalmente porque diversos índios Xukurus participaram nas guerras do Paraguai, e também na Segunda Guerra mundial aos quais eram conhecidos por 'caboclos'  descritos por diversos escritores nacionais Barone (2013), visto que da América do Sul o Brasil foi o único a participar desta guerra, essa é uma das preferidas deles. As duas outras foram 'Eu só canto meu Toré, porque gosto de cantar' e 'É Deus no céu e os índios na terra', totalizando dezessete canções trabalhadas.
Após a escolha das canções as mesmas foram revisadas pelas professoras e pelas lideranças para que não fosse passado aos alunos algum texto de forma diferente do que é ensinado pelos anciãos do povo, só então as canções puderam ser trabalhadas na sala de aula. Para os povos indígenas o coletivo vem antes do individual e nada é decidido por uma só pessoa, mas por todos os líderes das aldeias e membros do COPIXO, o que por vezes atrasava os trabalhos dessa inovação devido a espera para que se reunissem e dessem o seu veredito.
4.4       Actividades
A duração da inovação foi de quatro meses, de agosto a novembro de 2017, onde foram trabalhadas semanalmente as atividades para a melhoria das dificuldades de leitura e escrita com base nas canções, e elas se agruparam em passos que se harmonizam com os objetivos específicos e também foi monitorado e acompanhado pelos registros do diário as atividades realizadas com os alunos durante a aplicação da inovação.
Diseño de la Innovación Educativa - Gravar e transcrever vinte canções da cultura oral indígena do Povo Xukuru do Ororubá e escolher dentre elas as canções que mais se adaptem aos alunos e aos costumes do povo indígena e realizar diversas atividades para que aos poucos os alunos pudessem ter mais autonomia, avaliando nas atividades realizadas em sala de aula e fora dela a evolução dos alunos, para assim montar um livro didático específico.
As professoras realizaram diversas atividades para trabalhar as palavras e frases das canções, de forma a diversificar palavras em português, em Xukuru e juntar as mesmas levando o aluno a identificar os desenhos e suas respectivas palavras nestas duas línguas, utilizar diversos métodos foi bastante diferente e proveitoso, pois levou os alunos a tomarem contacto com as diversas formas de escrever, interpretar e ler.
1.     LEITURA MEDIADA (hora da leitura)
Leitura das canções feita pela professora, explicando o sentido de cada canção e o que ela significava dentro da vida de um índio Xukuru.
2.     LEITURA EM GRUPO
Foram formados pequenos grupos de alunos onde realizaram a leitura coletiva, dando cada um a sua interpretação do que havia lido, os muito pequenos da série do pré I e II trabalhou-se mais com desenhos.
3.     LEITURA INDIVIDUAL
Foi possível com esta atividade realizar um acompanhamento para se definir a evolução de cada aluno de acordo com as canções a medida que foram trabalhadas.
4.     MURAL DOS GÊNEROS: os diversos gêneros foram trabalhados com o auxílio de um mural que descrevia cada gênero e que foram trabalhados com os alunos: crônica, informativo, mistério, mito, ficção-científica, entrevista, carta, receita, conto de fadas, anúncio, bula de remédio, diário, bilhete, fábula, poesia, biografia, e-mail, lenda, terras. Estes gêneros contribuíram para que os alunos entendessem os diversos estilos que se pode escrever.
5.     BINGO DO CONHECIMENTO: sorteio de um número que levava o aluno a abrir um envelope contendo uma tarefa que ele devia resolver nas áreas de leitura e escrita enumeradas de 1 a 8.
6.     BAÚ DO XENUPRE (índio)
Caixa contendo folhas com um desenho e escrito o nome do desenho em português e em xukuru, após isso o aluno confecciona um pequeno livro contando uma estória usando recortes de figuras e escrevendo sua narrativa.
7.     LEITURA NA LATA
Pequena lata com uma abertura, através da qual aparece um texto que é desenrolado a medida que o aluno vai puxando, possibilitando ler letra, palavra e frase.
8.     CORTINA DE LEITURA ESPECÍFICA
Possiblita o aluno identificar palavras em Xukuru e em português, identificar os desenhos e relacioná-la com as palavras.
9.     ÁRVORE DAS LIDERANÇAS
Foi trabalhado com as crianças para que as mesmas entendessem a hierarquia dos líderes e das instituições do povo e também para que conhecessem como eles lutam dentro e fora das aldeia pelo povo Xukuru.
10.  PÉ DE ÁRVORE DE LEITURA: foi trabalhado a leitura em baixo de uma grande mangueira onde foram colocados livros nos cestos (balaios), pendurados na árvore e de diversas formas. Os alunos entravam e pegavam o livro que quisesse e liam ali mesmo, depois em sala cada aluno falava o que entendeu ou se não tinha entendido e com a facilitação das professoras elas falavam a respeito dos livros que elas já haviam lido previamente.
11.  SUSSURO POÉTICO
Caixa com uma pequena abertura na qual o aluno puxa uma fita que prende uma poesia, poema e em seguida lê e fala para turma o que entendeu, possibilitando a interpretação do texto lido.

4.5       Recursos
É necessário como recurso material os seguintes itens: gravador, computador, projetor multimídia, impressoras, lápis, resmas de papel para impressão das canções da cultura própria e do livro didático. Porém, o material humano é por sua vez o mais carente para gerir este processo, principalmente o especializado. As  professoras da aldeia São José abraçaram com seriedade e compromisso as atividades, fez grande diferença o fato das duas terem graduação e especialização em psicopedagogia custeadas por elas mesmas, essa especialização é algo incomum entre professores indígenas no Brasil e em especial no povo Xukuru, elas estão sempre atentas as necessidades dos alunos e aos seus anseios nesta inovação.
A maioria dos recursos materiais didáticos e de expediente foram disponibilizados pela coordenação indígena, os exercícios preparados e impressos, a execução das tarefas pelos alunos, a correção pelas professoras e o acompanhamento da evolução dos alunos por toda a equipe e o acompanhamento constante registrado no diário de classe, também foi necessário realizar um curso na justiça brasileira para capacitar as professoras na identificação de perturbações apresentadas pelos alunos como pode ser visto em resultados imprevistos.
Os deslocamentos mensais até a aldeia nestes dois anos foram custeados com recursos próprios, bem como o material extra não disponível na aldeia foram adquirido nos comércios locais e nas capitais dos estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte como cartuchos de tinta para impressoras, lápis de cores e outros materiais utilizados.
A alimentação nas aldeias foi fornecida pelas escolas indígenas servindo comidas típicas e regionais dos índios durante todas as visitas de 2017.
Os pernoites foram feitos na residência da índia Xukuru Vanielle e de seu esposo, um pouco abaixo da Aldeia São José. Ela também fez a função de guia nas serras do Ororubá porque por diversas vezes, perdeu-se este pesquisador nas matas do Ororubá, sendo auxiliado pelos índios locais das diversas aldeias Xukuru's.
Nos períodos chuvosos, foi contratado motoristas do município de Pesqueira, porque só é possível chegar com veículos de tração nas quatro rodas devido as chuvas e as estradas de terra para o deslocamento entre as aldeias, um deles por nome José havia sido morador da serra, conhecia os caminhos e os perigos das estradas sendo também muito rica as suas informações sobre o povo indígena no período que ele morou na serra, que foi anterior ao assassinato do Cacique Xicão.
Tornou-se necessário a aquisição de cadernos de caligrafia no nível de cada aluno, para melhorar a qualidade da caligrafia dos mesmos.
 4.6       Monitoreo y Evaluación
No momento em que se aplicou a inovação, foram implementadas ações para acompanhar a evolução dos alunos na leitura e escrita, através de testes semanais em sala de aula no decorrer do ano escolar (de agosto a novembro). As professoras registraram as atividades no Diário de Classe e no caderno de planejamento
A execução do desenho ocorreu com exercícios trabalhados em sala de aula no III e IV bimestres, complementadas com oficinas desenvolvidas pelas professoras como atividade complementar. As atividades envolviam exercícios com as canções indígenas em três passos: o canto da canção e sua dança, a leitura da mesma e as atividades escritas.
O monitoramento foi feito pelas professoras nos registros diários do caderno de planejamento onde descrevia como estava lendo cada aluno e em conjunto com o pesquisador nas observações de notas dos III e IV bimestres que ocorreu a inovação.
A análise da tabela acima mostra como foram trabalhadas as canções nos exercícios em sala e complementadas com atividades desenvolvidas pelas professoras que contribuíram para melhoria dos alunos, culminando na confecção de um livro didático específico desta cultura.
Após os acompanhamentos dos exercícios do mês de agosto, julgou-se necessário implementar a inovação com a ferramenta Pé de árvore de leitura sugerido pelas professoras, para incentivar os alunos a buscar mais leitura fora da escola. Foram espalhados diversos livros na árvore ao lado da escola para que os alunos manuseassem, depois contassem o que entenderam e assim a cada dificuldade forma implementadas novas ações, conforme se necessitava delas..
Os resultados esperados começaram a aparecer no mês de setembro, os alunos começaram a frequentar mais a pequena biblioteca da escola incentivados pelas professoras, a trazer notícias de outras aldeias e de notícias da televisão, mostrando assim que trazer sempre uma ferramenta nova ajudaria a inovação.
Um fato muito curioso com os alunos indígenas do Povo Xukuru, é que ao ser solicitado que escrevam os mesmos sempre desenham algo, e em sua maioria eles usam a cor verde de forma predominante que representa a sua ligação íntima com as matas e a natureza, e também desenham seus rituais, em maior expressão o Toré, visto que é cantado e dançado na sala de aula com grande euforia. Para surpresa de todos os envolvidos na inovação ao ser solicitado uma avaliação psicológica dos desenhos a uma equipe de psicólogos da justiça os mesmos apontaram a possibilidade de distúrbio em um aluno ao qual descreveram "parece apontar algum distúrbio", isto gerou grande desconforto e a solução foi fazer um curso de psicologia jurídica realizado pela empresa Daltier para ter conhecimento e realizar uma capacitação com as professoras a fim de que elas possam identificar e encaminhar para avaliação psicológica se necessário. Uma situação difícil pois o aluno perde rendimento quando está com problemas de aprendizagem.
Segundo as professoras registraram nos seus cadernos de planejamento do IV bimestre os alunos passaram a cometer menos erros que antes eram comuns na escrita das palavras ao trabalhar as canções com elementos de sua cultura nas atividades de sala, melhorando consequentemente o gosto pela leitura e pela escrita, para este povo é imprescindível ter mais livro de apoio didático específico, as notas registradas no diário de classe mostraram melhoras nas notas nos meses finais da inovação.
A medida que os alunos foram transcrevendo trechos das canções em sala de aula foram anotando ao lado o nome dos cancioneiros mais conhecidos que cantavam aquela canção, passando dessa forma a um outro estágio que foi a de identificação e personalização dos mais velhos e seus costumes, o que é muito importante em uma cultura indígena.
Trabalho de escrita de um aluno indígena
CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ: 'EU TAVA SENTADO NA BEIRA DO MAR'
OBRIGADO ORUBÁ, OBRIGADO ORUBÁ,
REFRÃO : EU TAVA SENTADO NA BEIRA DO MAR (Biá)
OBRIGADO ORUBÁ, E EU VOU CHEGANDO ORUBÁ,
REFRÃO : EU TAVA SENTADO NA BEIRA DO MAR (Biá)
OBRIGADO ORUBÁ, ESSA FORÇA VOU BUSCAR
REFRÃO : EU TAVA SENTADO NA BEIRA DO MAR (Biá)
OBRIGADO ORUBÁ, OBRIGADO ORUBÁ,
REFRÃO : EU TAVA SENTADO NA BEIRA DO MAR (Biá)
O mestre de canto Biá, índio Xukuru e ancião do povo, é uma liderança com a qual os alunos se identificam em partes de alguns cantos, e esse foi um estágio que não se esperava que eles atingissem, o que para todos os envolvidos na inovação foi motivo de grande alegria.
Foi acrescido um novo componente curricular para trabalhar as canções.
No início houve uma certa resistência dos alunos com palavras desconhecidas para eles quanto a forma de escrever, devido as diversas fases que se encontram no desenvolvimento da escrita, sendo necessário que as professoras os ajudassem e explicasse novamente, havia um certo receio talvez de cometerem erros na correta grafia das palavras. Porém, a medida que foram ganhando confiança passaram a ter um pouco mais de ousadia e autonomia com as palavras mais difíceis para eles, como a palavra gente que escreveram 'gete', levando escreveram 'levado', retire-se escreveram 'se arretire' e outras, porém foram vencendo as dificuldades da grafia a medida que as professoras foram trabalhando as dificuldades.
Ao final do monitoramento dos exercícios percebeu-se que a inovação conseguiu despertar  nos alunos uma maior procura aos livros da biblioteca, a pedir instrumentos que melhorassem a escrita e deixasse a escrita apresentável, ao qual lhes foram dados cadernos de caligrafia.
Surgiu também a necessidade de realizar uma capacitação para as professoras na área de psicologia jurídica, em virtude das crianças fazerem muitos desenhos ao qual foram aceitos pela coordenação indígena e passaram a fazer parte das atividades e que por vezes pode apresentar distúrbios de aprendizagem e outros.
A coordenação indígena solicitou que esta capacitação fosse ministrada em um primeiro momento para todos os coordenadores indígenas de todas as aldeias do povo, que foi agendada para maio de 2018, mês que se celebra a morte do assassinato do cacique Xicão "o Mandarú", e após será realizada para todos os professores de todas as aldeias em Julho de 2018.
O material didático produzido será utilizado por todas as escolas indígenas até o 3º ano do ensino fundamental após revisão do conselho de professores indígenas Xukuru, porque foi para estas séries que se destinou a inovação.
As professoras da aldeia São José se mostraram eficientes em produzir exercícios didáticos específicos, esbarrando na dificuldade da escola não ter impressora e material para impressão e encadernação, o que demandará a coordenação viabilizar recursos para tais atividades.
Conversou-se ainda sobre a possibilidade de se gravar um 'cd' com as canções para serem tocadas em sala de aula com os alunos, porém concluiu-se que os alunos gostam mais de cantar do que ouvir, sem contar que gostam de tocar a maraca e marcar os passos do Toré para se tornarem 'bacurais' (líder que conduz o canto).

5.            RESULTADOS DE LA INNOVACIÓN EDUCATIVA
O resultado da inovação se obteve pelos registros no caderno de planejamento das professoras e pelo registro oficial do Diário de Classe, no qual foram acompanhadas as melhorias de notas e da evolução da leitura e escrita pelos alunos indígenas. O plano de intervenção educativa com as canções transcritas gerou a construção de livro didático específico da tradição indígena , capacitou-se as professoras para trabalhar com as canções nas atividades de leitura e escrita com os alunos em sala de aula.

5.1       Resultados previstos e imprevistos
 5.1.1     Resultados previstos 
O diagnóstico apresentado no início da inovação foi realizado com a utilização de entrevista semi-estruturada, uma análise de fortalezas e a aplicação de questionário onde se detectou a utilização de recurso didático inadequado (livro) e a deficiente leitura e escrita dos alunos. Esperava-se uma melhoria nas notas da disciplina de Língua portuguesa o que de fato ocorreu.
Os resultados previstos nesta inovação foram alcançados usando a estratégia da construção de um livro didático específico usando a transcrição das canções indígenas, também os alunos confeccionaram um álbum de vocábulos (em português e em Xukuru),  dessa forma contribuiu com a melhora das dificuldades de leitura e escrita apresentadas pelos alunos indígenas da aldeia São José nas escolas Natureza Sagrada e Rei do Ororubá, utilizando para isso atividades com gêneros textuais diferentes, e outras atividade desenvolvidas por iniciativa própria das professoras como leitura na lata, sussuro poético, pé de árvore de leitura, baú do xenupre, bingo do conhecimento todos abordando as canções tradicionais do povo Xukuru.
Definidas as canções que seriam gravadas e após a transcrição das mesmas foram praticadas atividades de leitura mediada e autônoma, bem como escrita com os alunos indígenas por meio de tarefas em sala de aula sobre o conteúdo das canções transcritas da tradição oral indígena Xukuru, para que os alunos tivessem autonomia na leitura e escrita. Foi  trabalhado ainda a interpretação das letras das canções indígenas Xukuru's, com diversos vocábulos em Português e em Xukuru por meio de exercícios em sala de aula e fora dela.
Dentre as canções gravadas foram escolhidas em um primeiro momento vinte canções indígenas, tendo sido retiradas as quatro canções do Membi devido a sua proibição para as mulheres tocarem nos instrumentos sagrados e foram acrescentadas mais quatro a pedido dos alunos que não foram incluídas no início. Também foram retiradas três canções que continham poucas palavras ou eram desconhecidas dos mais jovens, no caso as crianças das escolas da Aldeia São José, sendo trabalhado dezessete canções no total.
Nos monitoramentos realizados em agosto foi percebido pouca evolução na melhora da leitura e escrita dos alunos, os quais apresentaram melhoras de setembro em diante atingindo sua melhor fase no mês de dezembro com 22 alunos que melhoraram e leitura e a escrita.

A avaliação das atividades registradas no Diário de classe, bem como no caderno de planejamento mostraram a necessidade de outras demandas que foram supridas pelas professoras a medida que surgiam, com materiais naturais e disponíveis na escola como cartazes, painéis realizados em baixo das árvores ao qual chamaram de 'pé de leitura'.
Das dificuldades observadas principalmente na escrita dos doze alunos da professora que leciona na Escola Rei do Ororubá. Dos doze alunos, dois permaneceram no nível de escrita pré-silábico (um aluno e uma aluna), cinco passaram para o nível silábico alfabético (três alunos e duas alunas) e cinco passaram para o nível alfabético (três alunos e duas alunas). Uma pequena evolução no segundo semestre final do ano letivo era esperada pelas professoras, embora em menor número. Mas o aumento de visitas a biblioteca incentivadas pela professora, e o interesse por escrever e melhorar a qualidade da escrita se destacaram, em virtude disso foram utilizados cadernos de melhora de caligrafia (níveis 1 a 4) para todos os alunos dessa escola, de acordo com o nível de cada aluno. Dois alunos dessa turma foram reprovados, um deles na disciplina de Língua Portuguesa.
Uma análise comparativa dos dois grupos mostra que na Escola Natureza Sagrada dez dos doze alunos melhoraram a escrita e a leitura, enquanto na Escola Rei do Ororubá por ter crianças nos primeiros anos em uma sala multiseriada sem auxiliar para a professora cinco de doze alunos melhoraram, sendo um reprovado na disciplina de Português.
A leitura mediada foi o recurso usado para motivar e despertar o gosto pela leitura, facilitado pelas professoras no início com os instrumentos de Pé de árvore de leitura e Leitura na lata  até que os alunos fossem ganhando autonomia como pode ser visto na tabela abaixo.
A análise da tabela mostra que a coordenação indígena mostrou-se pouco confiante,  porém, realizar a leitura mediada das canções da cultura oral indígena do Povo Xukuru do Ororubá melhorou as práticas de leitura e a escrita dos alunos conforme foi constatado nos registros oficiais das professoras.
O entrosamento com a coordenação indígena, pelo que foi descrito pelas professoras, não houve boa "harmonia com o planejamento feito pelos coordenadores indígenas" e por se tratar de algo novo acredita-se que necessite mais tempo também para que a coordenação indígena aprimore o mesmo.
Realizado o acompanhamentos das canções transcritas da tradição oral indígena Xukuru, foi realizada a revisão por parte do docentes e dos anciãos do povo, bem como das lideranças e do COPIXO, para que não se trabalhe erradamente alguma canção. As professoras coube a tarefa de aplicar exercícios em sala utilizando as e verificando a evolução dos alunos quanto a correta grafia das palavras, identificação e sua correta interpretação.
Com base no questionário respondido as professoras não trabalharam as canções em todas as disciplinas e por vezes não conseguiram transmitir o gosto pela leitura a todos os alunos, mas mesmo assim houve progresso nos alunos, professoras e toda equipe.
A análise desta tabela mostra que praticar atividades de leitura e escrita com os alunos por meio de tarefas sobre as canções transcritas da tradição oral indígena desenvolve melhor esta habilidade, embora nem sempre o professor consiga transmitir a todos os alunos. Mesmo assim, houve bom rendimento nas atividades e foi louvável a criatividade das professoras ao desenvolver tantos trabalhos diferentes causando nas crianças um sentimento lúdico de que estavam brincando com a leitura e a escrita.
Monitorar e avaliar a melhoria na leitura e escrita das tarefas feitas pelos alunos com as canções da cultura oral indígena do Povo Xukuru e a sua motivação para o desenvolvimento desse hábito, foi abordado no questionário aplicado às professoras interrogando as atividades de interpretação das canções lidas, escrita e exercícios aplicados aos alunos e possibilitando o aumento de materiais didáticos de apoio.
Conforme foi relatado pelas professoras houve melhoria nas práticas de leitura e escrita e ainda ocorreu a discussão com outros professores, aumentando o material de apoio específico da cultura.
 Pode ser feita a análise desta tabela verificando que interpretar, ler e escrever a letra das canções é uma forma de melhorar as práticas de leitura. Os alunos realizaram tarefas em casa o que favoreceu a discussão com seus pais, tios avós (embora nem todos os pais o fizeram) enriquecendo sua bagagem cultural e o fortalecimento da cultura indígena.
Dos 26 alunos que participaram da inovação em agosto de 2017, um aluno abandonou a escola, dois alunos foram reprovados sendo um deles na disciplina de Português.
De acordo com os registros do Diário de classe os oito alunos do Pré I e II não recebem nota apenas conceitos, sendo quantificados os alunos do 1º ao 3º ano que tiveram suas notas disponibilizadas ao fim do ano letivo (15 no total): 12 melhoraram as notas quando comparadas com as notas do início do ano (1º bimestre), 2 mantiveram as mesmas notas e 1 reprovou.
As notas foram o resultado mais claro da melhoria de leitura e escrita na disciplina de Português visto que de 15 alunos 12 tiveram melhores notas.
A análise feita com as notas dos alunos do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental na disciplina de Português antes e depois da inovação, mostrou que além da melhoria na leitura e escrita registrado pelas professoras no caderno de planejamento, as notas apresentadas no Diário das professoras trás considerável melhora, que se bem implementada nos próximos anos os alunos terão melhoria nessa questão que apresentavam dificuldades.
Foi realizado um curso de capacitação em 5 de agosto de 17  com as professoras das Escolas indígenas Rei do Ororubá e Natureza Sagrada, para apresentar as letras das canções que elas trabalhariam com seus alunos em atividades na escola, foi fornecido o material com todas as canções para uso na disciplina de Português, acompanhando sua evolução pelos registros normalmente feitos em seus cadernos de planejamento (criado pela coordenação indígena) e pelo registro de notas lançadas no Diário dos Professores.
A primeira etapa abordou o tema 'Trabalhando as canções indígenas com os alunos' e tinha como objetivo preparar as professoras para trabalhar com as canções indígenas em suas atividaes com os alunos, já a segunda parte 'Identificação de distúrbios em alunos através de desenhos', foi introduzida para complementar com um conteúdo necessário para as professoras em virtude dos alunos produzirem muitos desenhos em suas atividades.
5.1.2     Resultados imprevistos   
a) Trabalho com vocábulos indígenas Xukuru's.
Ao transcrever as canções indígenas do povo Xukuru, percebeu-se que a cada mil palavras, aproximadamente, apenas cinquenta tinham seu correspondente no idioma nativo, sendo quase irrecuperável a reestruturação das palavras faladas nesse idioma, ainda assim as professoras trabalharam os vocábulos Xukuru's nesta inovação, principalmente no Baú do xenupre.
b) Novas canções gravadas a pedido dos alunos.
As crianças se adaptaram tão bem a inovação que pediram as professoras que incluíssem outras quatro canções em suas atividades que são cantadas quando todas as crianças de todas as aldeias estão juntas no Toré da aldeia P'edra D'água, e foi então gravado e transcrito mais quatro, entre elas: 'Pisa ligeiro', 'Papagaio verde amarelo', 'Eu só canto meu Toré, porque gosto de cantar' e 'É Deus no céu e os índios na terra'.
Foi importante perceber o despertar dos alunos pela leitura e pela sua cultura, fase muito importante para uma leitura mediada e depois autônoma, em virtude do aluno procurar e escolher aquilo que ele mesmo quer ler, aumentando seu vocabulário, sua capacidade de criação e imaginação. Foi autêntica a iniciativa dos alunos em identificar o nome dos cancioneiros nas canções, algo que não foi solicitado para eles, e a forma como desenham em todas as atividades, sua identificação com a natureza e os costumes do povo. Foi bem além do que se esperava deles.
c) Possibilidade de recuperação da língua materna.
Percebeu-se ser possível fazer o preenchimento das palavras que faltam no idioma Xukuru completando com as palavras do idioma Tupi, que foi a língua mãe dos povos indígenas do litoral brasileiro, inclusive algumas palavras do idioma Xukuru tem sua correspondente no Tupi. O padre José de Anchieta e o padre Vieira construíram uma gramática Tupi, que está disponível na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, e no Museu do índio de Brasília, capital do Brasil. Esta estratégia de recuperação da língua começou a ser utilizada pelos índios Potiguaras da Baia da Traição no estado da Paraíba auxiliados pelo Dr. Adriano do IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte), estando no início dessas atividades, logo por serem povos próximos, cerca de 400 km de distância é possível que essa estratégia possa dar resultados também com o povo Xukuru. Esta estratégia pode ser aplicada a todos os povos indígenas litorêneos, pois tem a base na língua Tupi.
d) Identificação de distúrbios nos desenhos feitos pelas crianças
Devido a grande quantidade de desenhos produzidos pelos alunos foi solicitado a equipe de psicólogos do Fórum do Rio Grande do Norte que assessora os magistrados das diversas Varas da justiça do estado do RN, que avaliassem os desenhos dos alunos das escolas indígenas e relatasse suas impressões, já que eles são especialistas com curso na área e dos  poucos capacitadas para analisar desenhos de crianças, e os mesmos constataram que um dos desenhos "parece apresentar alguma dificuldade de aprendizagem" sugerindo hiperatividade, mas que essa conclusão só poderia ser feita após uma "avaliação psicológica composta de diversos instrumentos de análise e acompanhamento de um psicólogo especialista nessa área" para se ter certeza do diagnóstico da verdade de fato ou se ele apresenta fantasia por sera criança. O desenho apresenta "forte traçado denotando ansiedade e tensão, desenhos fálicos, copas de árvores riscadas, labiblidade que demonstra instabilidade e apresenta ainda nig's ou buraco do esquilo nas árvores desenhadas denotando oposição e hostilidade, tudo isso somado a hipertividade que parece apresentar e que pode ser fruto de seus conflitos. Reafirmam os profissionais que tudo isso só pode ser corretamente avaliado se acompanhado de fato por uma profissional competente, já que analisou apenas dois desenhos do mesmo.
Em virtude de tal fato foi necessário buscar conhecimento específico em cursos no Judiciário do estado do Rio Grande do Norte, concluí então um curso de Psicologia Jurídica, ministrado por profissionais da Justiça Brasileira que abordam a questão do distúrbio e são componentes da equipe técnica da justiça brasileira na comarca de Parnamirim, após isso foi planejado uma capacitação para os professores indígenas abordando esta questão;
Foi realizado uma segunda capacitação para as professoras da Aldeia São José nos dias 9 e 10 de dezembro, em virtude das crianças produzirem muitos desenhos e elas necessitarem ter algum conhecimento ao se depararem com desenhos que sugerem abusos á crianças eram desprovidas deste conhecimento. Muitas dúvidas foram sendo tiradas no decorrer da capacitação que estava planejada para seis horas e foi concluído com dez horas, havendo discussão e espaço para outros dez. Foram feitos nesta capacitação diversos exercícios com desenhos de crianças que apresentavam distúrbios, bem como a definição de distúrbio e problema de aprendizagem, também forma feitos  alguns exercícios e pesquisas a serem realizadas por elas na internet, bem como diversos estudos de casos retirados do livro de Trinca (2013).
e) Criação de novo componente curricular trazendo a parte escrita das canções ao qual a coordenação indígena chamou de 'pontos do Toré'.
Após a inovação as professoras em conjunto com a coordenação indígena Xukuru criaram um novo componente curricular para trabalhar a musicalidade em todas as escolas do povo Xukuru do Ororubá, apresentando o que o governo manda que se trabalhe no currículo, mas também abordando a musicalidade na tradição e cultura próprias do povo Xukuru, e como as canções são muitas elas representam um inesgotável fonte de textos, pois há no povo cancioneiros que criam novas canções para certos momentos como visitas de outros povos indígenas, assembléias indígenas e outros momentos onde as canções são cantadas, logo se pode concluir que a valoração da inovação se apresenta de forma construtiva e positiva para uma educação indígena que quer trabalhar seus conteúdos específicos, bem mais do que aqueles enviados pelas secretarias de educação que não estão contextualizados com a cultura específica do povo Xukuru do Ororubá.
A inovação motivou os alunos que tiveram  iniciativa de nomear os cancioneiros mais conhecidos do Povo Xukuru relacionando-os com as canções cantadas pelos mesmos, mesmo sem ter sido solicitado, também fizeram desenhos que revelam uma íntima comunhão com a natureza tratando-a como sagrada, com grande respeito, como se adentrasse em um terreno de outra. A forma de conduzir os trabalhos gravando os cantos indígenas com os alunos, filmando-os despertou neles algo inusitado, puderam ver-se reproduzidos numa tela de data show e querer produzir e aprender mais sobre seu povo e sua cultura, certamente se houvesse mais apoio em recursos audiovisuais, a educação indígena daria um salto qualitativo sem precedentes.
Está criada uma estratégia que neste caso pode ser inovada a cada canção criada pelos índios desta etnia, uma fonte inesgotável de recursos didáticos (livros) para ser trabalhado com os alunos em todas as disciplinas.
Nas palavras da professoras Shirleide e Rogéria 'os alunos perguntavam se fariam novamente os trabalhos das canções, pois eles tem a oportunidade de cantar, dançar, escrever e ler cada uma das canções', a ponto de um cancioneiro que mora no bairro Xukuru em Pesqueira motivar-se para gravar um CD com as músicas do povo, para que fossem trabalhadas nas escolas. Segundo as professoras esta inovação 'permitiu gerar a capacidade de criar livros didáticos para trabalhar com a educação indígena sem depender das secretarias de educação'.
O trabalho de criação de material didático específico usando a transcrição dos textos das canções indígenas para ser trabalhado em sala de aula com os alunos mostrou-se eficiente, uma vez que o aluno pode praticar o canto e trabalhar sua leitura e sua escrita, entendendo e aprofundando cada vez mais sua cultura, e a cada nova canção que surge eles passam a ter mais material para trabalharem melhorando e contribuindo na manutenção de sua cultura, é uma fonte permanente de textos para enriquecer os alunos.
 5.2       Condicionantes de la innovación
5.2.1     Facilitadores
O maior facilitador desta inovação foi a autorização dada pelos líderes para que a inovação pudesse ser realizada conforme prescreve a Lei brasileira e o compromisso incondicional das professoras da aldeia São José que foram muito além do que se esperava delas, a abertura dada pelas lideranças indígenas para que esta inovação fosse desenvolvida e aplicada na gravação, transcrição, tradução para português de alguns vocábulos indígenas.
O fato de já desenvolver trabalho com estes indígenas há vinte anos, muito facilitou a aplicação de algo concreto como esta inovação, que vai interferir no campo educacional, diferentemente dos outros trabalhos de graduação e especialização que apenas coletava dados e aprofundava as referências bibliográficas, construir conteúdo com suas canções, algo que tratam com muito zelo, foi desafiador e ao mesmo tempo gratificante.
Os alunos demonstraram grande interesse em cantar as canções, escrever e ler as mesmas em suas atividades, principalmente quando era filmado e passado no projetorOs exercícios aplicados aos alunos das escolas permitiram perceber que apesar das dificuldades de leitura e escrita apresentados eles gostam de cantar as canções indígenas na sala com as professoras usando instrumentos como a maraca, batendo palmas e cantando as diversas canções de seus costumes e tradições.
Uma vez que os pais tem poucos anos de estudo, não conseguiam acompanhar os seus filhos nas atividades escolares, porém o fato deles conhecerem as canções facilitou a inovação quando a criança esquecia a letra, os pais podiam cantar mesmo sem saber ler, pois a canção já está presente em sua cultura há muitas gerações. 
O compromisso e o envolvimento das professoras Shirleide e Maria Rogéria com a inovação foi algo difícil de descrever com palavras, seu compromisso na realidade está acima da inovação deste trabalho e de suas escolas, elas tem um compromisso com o Povo Xukuru e o que de melhor puderem dar ao seu povo com seu trabalho e sua dedicação aos alunos, o que facilitou enormemente os trabalhos de inovação, as tarefas, os cumprimentos de prazo e uma gama de solicitações todas entregues a contento e no prazo, nada mais se pode falar de um profissional da educação com tão alto grau de compromisso e amor por seus alunos e pela educação indígena.
Por tudo isso, muito facilitou a inovação o trabalho com as canções, algo da realidade dos índios, contribuindo enormemente com as atividades realizadas pelos alunos que se comprometeram, e que  gerou boas notas ao final, bem como maior interesse pela leitura e escrita.
 5.2.2     Obstaculizadores
O maior obstáculo apresentado para esta inovação foram os 500 km para se chegar até a aldeia São José, sendo necessário diversas vezes ficar com eles durante semanas para que a inovação pudesse ter êxito.
Muitas das canções indígenas são cantadas com base no improviso do cancioneiro, não tendo uma letra fixa o que dificulta a escrita e o trabalho de leitura, outras canções são apenas instrumentalizadas a que eles chamam de 'Membi' e que são usadas em momentos de rituais sagrados sendo proibida a presenças de pessoas que não sejam índias, bem como serem cantadas na presença de pessoas que não pertençam a seu povo.
Algumas canções são cantadas em comum por diversas nações indígenas do litoral e do estado de Pernambuco, não sendo uma exclusividade desse povo originário.
Os deslocamentos nas aldeias são difíceis e impraticáveis em determinados períodos do ano, em virtude das chuvas deixarem as estradas intransitáveis, pois todas as estradas para as aldeias são de barro sem asfalto, apenas a aldeia de Cimbres possui asfalto até sua escola e a vila, todas as demais são estradas vicinais sem asfalto o que dificulta um trabalho em outras aldeias.
A legislação brasileira não permite trabalhos em aldeias indígenas sem a prévia autorização dos órgãos governamentais (FUNAI, FUNASA...) e sem autorização dos caciques, motivo pelos quais se tem poucos trabalhos na educação indígena, e também pouco interesse tem sido apresentado pelo governo e diversas instituições não governamentais.
 5.3       Valoración de la innovación aplicada
A inovação trabalhada na deficiente leitura e escrita dos alunos segundo as professoras da aldeia São José, causou grande reflexão na educação indígena, pois possibilitou criar uma enorme quantidade de recursos didáticos a partir das canções que não se esgotam, visto que a produção das mesmas  não se extinguem, os alunos melhoraram a escrita e despertaram o gosto pelo hábito de ler e escrever, esta inovação pode ser aplicada sem a necessidade de alteração em todas as vinte e quatro aldeias do povo Xukuru do pré-escolar ao Ensino Médio, sendo finalizada com um novo livro didático que trabalha as canções indígenas.
O Objetivo de melhorar a leitura e a escrita dos alunos indígenas por meio da transcrição de suas canções mostrou-se positivo conforme mostra os registros das cadernetas das professoras e as notas dos alunos ao final da inovação, e também foi solicitado pelas outras aldeias que se capacitasse seus professores, contribuindo com o aumento do  livro didático específico  da cultura Xukuru nas escolas Natureza Sagrada e Rei do Ororubá. Agora poderão as vinte e quatro aldeias trabalhar a inovação.
A transcrição das canções para Língua Portuguesa, demonstraram que esse povo não desistiu de sua língua originária e foi praticada atividades de leitura mediada e autônoma e também escrita nas duas línguas, os alunos obtiveram maior autonomia na leitura e escrita, aumentou a procura por livros na biblioteca, a até foi comprado cadernos de caligrafia para ser trabalhado do pré-escolar ao terceiro ano do ensino fundamental, com isso os alunos foram capazes de interpretar a letra das canções indígenas do Povo Xukuru.
Esta inovação educativa desenvolveu a melhoraria da dificuldade de leitura e escrita dos alunos da Escola Indígena Natureza Sagrada e Rei do Ororubá pela transcrição das canções de sua cultura, complementando  o seu Currículo escolar com material didático extraído das canções.
Após os resultados da inovação e a melhoria e dos alunos na leitura e escrita da aldeia São José, os professores indígenas de outras aldeias solicitaram que fosse dada capacitações para eles, a fim de trabalharem com seus alunos e foi elaborada uma agenda de capacitações para o ano de 2018, principalmente nos encontros pedagógicos onde estarão todos os professores de todas as aldeias, será necessário todo o ano em curso para capacitar todos os professores de todas as aldeias.
notas
A estratégia combinada de transcrever as canções, realizar exercícios que seriam usados no conteúdo do livro didático mostrou-se desafiador e gratificante com os resultados apresentados pelos alunos, o interesse deles por mais livros, e cadernos de escrita torna todo trabalho prazeroso. Na fala das professoras de outras aldeias no último encontro que ocorreu na formatura dos alunos no Terreiro Sagrado, elas perguntaram se não podíamos desenvolver este trabalho com as turmas de outras aldeias, mostrando que também se interessavam pela aplicação da estratégia de construção de um livro específico, com a participação dos alunos. Todos, alunos e professoras foram os construtores do livro com conteúdo que os agrada, pois é parte de sua cultura.
Pode-se finalizar ao avaliar a inovação  trabalhada com os vocábulos nas duas línguas por meio de atividades em sala de aula e fora dela, que gerou nos professores e em toda a equipe uma certeza de que esta inovação pode ser aplicada com sucesso em todas as aldeias desse povo, bem como nas trezentas e cinco etnias brasileiras e em suas duzentas e setenta e quatro línguas, respeitando a individualidade de cada uma.
5.4 Discusión de los resultados   
Afirma Munduruku (2012)  que o canto indígena é a forma de passar a cultura aos mais novos, dessa forma esta inovação buscou atender aos trabalhos de melhoria de leitura e escrita sem perder sua originalidade cultural, ao mostrar que 'as canções indígenas são uma forma de passar a cultura para os filhos e para os descendentes', dessa forma a transcrição das canções é um instrumento de manutenção da cultura originária, que foram trabalhadas nos exercícios escolares em sala de aula, e aprimoradas a cada mês de acordo com a necessidade da evolução da inovação, usando para isso as ferramentas descritas no item 4.4 actividades, e cada uma delas mostrou-se um fator motivador para muitos dos alunos. Os meses de agosto e setembro apresentou resultados muito modestos, porém percebeu-se que nos meses de outubro e novembro melhores resultados foram obtidos, mostrando ao final que a inovação obteve melhoria na leitura e escrita dos alunos, mas que deve continuar acompanhando-os nas séries subsequentes para que dêem bons resultados ao final do Ensino Médio.
A pedagogia da alteridade, respeitando os saberes do educando é algo inovador na aprendizagem dos alunos indígenas no Brasil, trabalhando dentro da sua realidade eles poderão ir mais longe como afirma Sobrinho (2003). 
Freire (2003) afirma que 'A leitura de mundo precede a leitura da palavra', logo a bagagem cultural do aluno e sua cultura pode ser utilizada como ferramenta no processo de melhoria de competências da língua Portuguesa e indígena, afirma ainda que há maior desenvolvimento de leitura e escrita quando estas são feitas na realidade do aluno como mostra Freire (2003) 'O comando da leitura e da escrita se dá a partir de palavras e de temas significativos à experiência comum dos alfabetizandos e não de palavras e de temas apenas ligados à experiência do educador'.
Hoffmann (2006) afirma que 'Como as palavras são estabelecidas, organizadas em sua grafia e pronúncia por convenção, não é fácil para um aluno desenvolver boa leitura e escrita sem a devida motivação para tal', por isso foi necessário implementar o Pé de árvore de leitura, ele mostrou-se indispensável e foi o marco que se mostrou necessário para incentivar os alunos a buscar mais leitura fora da escola,com livros amarrados nas árvores despertou maior interesse nos alunos, depois alguns alunos contaram o que entenderam.
Amparadas  pelo marco legal: a Constituição Federal de 1988 (Capítulo VIII, Arts. 231 e 232), pelo Estatuto do Índio (Lei nº 6.001/ 1973) criadas com base na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é que foi possível que as escolas das aldeias do povo Xukuru passaram ao nível de estaduais, e deixaram de ser do município. Foi perceptível a mudança, que no início começou a trabalhar atividades de um currículo diferenciado que incluía artesanato indígena, confecção de roupas e adereços indígenas, começou-se a trabalhar as cento e sessenta e cinco palavras indígenas com os alunos e um trabalho de recuperação da língua também foi conduzido pelos anciãos e lideranças indígenas, com isso houve uma sensível melhora na auto-estima dos alunos e professores, embora as professoras até sejam contratadas e não concursadas, é uma questão ainda não resolvida pelo governo, corroborando com o que mostra Pereira (2001) 'Todo currículo exigirá um posicionamento crítico sócio-econômico de todos os envolvidos, na busca de uma escola mais comprometida.
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas junto com a Convenção 169  forçou a criação de uma lei que permitisse aos indígenas sua independência na educação específica, surgindo assim na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/1996  LDB (Arts. 26, 32,  78 e 79)e os PCN's, possibilitando aos povos indígenas terem autonomia curricular em sua educação de até criar novos componentes no currículo como ocorreu nesta inovação, desde que eles julguem proveitoso para sua cultura.
Foram implementadas muitas Políticas públicas contribuintes para a melhoria da leitura e escrita, visto que ainda é um grave problema nacional, sendo o governo obrigado a criar o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (2012-2013), auxiliado pelo Referencial curricular nacional para a educação infantil Vol. 1 e 3 avaliados na Prova Brasil que mede a qualidade da leitura e escrita dentre outras competências. Assim, com o apoio de setores da igreja católica através do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), ONG's como o Centro de Cultura Luiz Freire, escreveram e editaram quatro paradidáticos que muito ajudou na educação indígena Xukuru. Os professores reclamaram no diagnóstico da falta de recurso didático como livros específicos da cultura Xukuru, pois sem este pouca melhora haverá na correta escrita e pronúncia das palavras pelos alunos das escolas Natureza Sagrada e Rei do Ororubá e todo povo de forma geral.
É necessário permitir que o aluno construa seus saberes e que o professor possa mediar esse crescimento, não com comentários depreciativos, mas mediador, sugestivo e construtivo, conforme afirma hoffmann (2006) que "O comentário do professor valoriza e desafia o aluno a prosseguir no seu trabalho". Percebe-se enfim, que autonomia intelectual é necessária, motivo pelo qual foi aceita a proposta dos alunos de incluir mais quatro canções na inovação.
5.5       Reflexion de la innovación educativa 
Certamente, a melhor parte desta inovação foi poder contribuir pela primeira vez com esse povo de forma prática, depois de vinte anos que só pesquisava, estudava e escrevia, contribuindo apenas na divulgação de sua cultura, mas não desenvolvendo algo palpável que pudesse ser utilizado em sua educação. Conquistá-los nestes vinte anos foi a parte mais difícil, pois é um povo que já muito sofreu nas mãos de aproveitadores, por isso hoje se tem uma lei que precisa de autorização para trabalhar em áreas indígenas, se o cacique e as lideranças não autorizarem, não se pode desenvolver nenhum trabalho, mas o fato de se construir a inovação com elementos de sua cultura tornou mais fácil esta aceitação, nada foi imposto, as canções já são parte de seu cotidiano. A frase da professora dita ao Pajé que sempre resistia ter em suas terras pessoas não índias, foi que este pesquisador já era um deles, acabei por estas palavras fazendo parte de um pequeno grupo que de verdade contribuiu para com a educação indígena, sendo esta a maior e mais gratificante recompensa por tudo que foi realizado em conjunto com as professoras e as lideranças que permitiram este trabalho, e por ter acreditado e confiado seus alunos a um não índio.
A inovação mostrou-se funcional, pois na escola Natureza Sagrada e na escola Rei do Ororubá os alunos  melhoraram suas competências de leitura e escrita, dessa forma esta inovação pode ser aplicada em todas as  24 aldeias do povo Xukuru e possivelmente nas  305 etnias do Brasil com suas 274 línguas, conservando as recomendações dos antropólogos Rondon e Darcy Ribeiro: as 25 etnias isoladas que não tiveram contato com outras pessoas devem ser mantidas assim; as que falam apenas sua língua indígena devem ser trabalhadas suas competências de leitura e escrita primeiramente na sua língua e depois no português (bilíngues); as que falam o português devem ter suas competências de leitura e escrita trabalhadas em Português e se possível recuperar sua língua, como é o caso dos povos indígenas do Nordeste brasileiro.
Após perceber nesse mestrado que a língua do povo Xukuru pode ser restaurada com o preenchimento das palavras da língua Tupi, tronco mãe das línguas dos índios do litoral, esse povo indígena volta a ter esperança da reconstrução de seu idioma, algo que parecia impossível até pouco tempo.
O desenvolver dessa inovação despertou também neles a riqueza da sua cultura, a criação de novas canções, a gravação das crianças que se sentiram verdadeiros atores e atrizes ao aparecerem projetados no multimídia, também isso trabalhou neles o sentimento de menos valia, a manutenção de sua cultura, a valorização do índio berço de nossa cultura, visto que diversas palavras da nossa nacionalidade são palavras indígenas como 'anhanguera', 'munguzá', 'mandioca', diversos nomes de rios e estradas e por toda parte no Brasil estão presentes os nomes indígenas.
A aceitação do povo a inovação fez grande diferença, o apoio das professoras com quem tanto aprendi sobre educação indígena, fez com que pensasse de forma diferente das idéias preconcebidas de antes, é necessário se entender a cultura do povo, principalmente os indígenas, para se trabalhar as idéias e costumes de outras tradições, o respeito a diferença, a aceitação de seus costumes, tudo isso faz parte da educação que é tão necessária no Brasil.
Perceber a melhora nas notas, na escrita e na leitura e ver os alunos visitando a pequena biblioteca, embora carente de livros principalmente específicos, já é um despertar pelo gosto de algo que está mudando, o gosto pela leitura e escrita.
No dia 11 de dezembro de 2017, fui convidado a participar da formatura dos alunos pelas professoras, que pediram autorização ao cacique e ao pajé, visto a cerimônia é exclusiva dos índios onde dançam, cantam, rezam, invocam os espíritos de seus ancestrais e bebem a jurema sagrada, nessa ocasião ser aceito entre eles para participar foi extremamente importante principalmente por entender que eles aceitam ajuda externa quando se harmoniza com a sua cultura.
Assumi com este povo e por solicitação deles o compromisso de realizar duas capacitações por ano para todos os professores de todas as aldeias sendo as próximas previstas para julho e dezembro de 2018, e também envidar esforços para que eles tenham uma faculdade em seu território indígena.
 6          CONCLUSIONES 
A dificuldade de leitura e escrita como retratada na fundamentação é um problema nacional, motivo pelo qual o Pacto Nacional foi criado pelo governo brasileiro, porém a medida que adentramos ao interior dos estados este quadro é agravado atingindo seu índice mais crítico nas terras indígenas, pois há poucas propostas de trabalhos que envolvam a educação indígena. dessa forma esta inovação buscou melhorar a leitura e a escrita dos alunos indígenas das escolas Natureza Sagrada e Rei do Ororubá na cidade de Pesqueira, utilizando como estratégia a construção de um livro didático que teve como conteúdo as canções indígenas que foram transcritas e trabalhadas nas atividades em sala de aula.
Para atingir o objetivo proposto foi desenhado um plano de intervenção educativa que utilizou a estratégia de transcrever as canções indígenas do povo Xukuru,  para poder confeccionar um livro didático específico e ser trabalhado com os alunos indígenas nas referidas escolas. Buscou-se assim, realizar atividades escolares usando os cantos indígenas com os alunos dentro de seu contexto, foi trabalhado com a utilização de dezessete canções, abordando um conteúdo específico já conhecido oralmente, mas ainda não trabalhado em sala de aula. Foram aplicadas diversas atividades escolares pelas professoras com as canções transcritas, monitorando e avaliando no decorrer do bimestre a melhoria e as dificuldades apresentadas no período, relatadas no caderno de planejamento e no Diário de Classe que é o documento oficial validado pelo Ministério da Educação do Brasil.
Para melhor realizar esta inovação foi feita uma capacitação com as professoras para trabalhar as canções selecionadas em atividades com os vinte e seis alunos do turno matutino da aldeia São José, construindo um livro de apoio didático especifico da cultura Xukuru, sendo monitorado a evolução de cada aluno na disciplina de Português com as atividades de leitura e escrita utilizando as canções para ao final avaliar a evolução e as notas dos mesmos.
As transcrições das canções da tradição oral desse povo foi trabalhada pelas professoras que lecionam em duas turmas multiseriadas (préI e II, 1º. 2º e 3º ano do Ensino Fundamental) com idades entre 6 e 13 anos, em sala de aula. Esta inovação foi desenvolvida com atividades em sala, abordando a cultura do povo do Ororubá em diversos temas do seu dia-a-dia, rituais e festejos através da musicalidade das canções, diariamente incluídas em forma de cantos e danças na sala de aula, e ainda trabalhadas na leitura e na escrita.

Foram realizados testes semanais em sala de aula no decorrer do período escolar (de agosto a dezembro) e foram criadas pelas professoras no decorrer da inovação atividades que muito contribuíram como o mural de gêneros, baú do xenupre e os diversos instrumentos apresentados neste trabalho, para aumentar o suporte de acordo com as necessidades dos alunos. Percebeu-se que a inovação conseguiu despertar  nos alunos uma maior procura aos livros da biblioteca, mais atividades escritas ao qual lhes foram dados o suporte de cadernos de caligrafia. O material didático produzido será utilizado por todas as escolas indígenas desse povo até o 3º ano do ensino fundamental, depois que passar por uma revisão do conselho de professores indígenas Xukuru, porque foi para estas séries que se destinou a inovação.
De acordo com os registros do Diário de classe os oito alunos do Pré I e II não recebem nota apenas conceitos, sendo quantificados os alunos do 1º ao 3º ano que tiveram suas notas disponibilizadas ao fim do ano letivo (15 no total). Destes, 12 melhoraram as notas quando comparadas com as notas do início do ano (1º bimestre), 2 mantiveram as mesmas notas e 1 reprovou.
Logo que foi autorizado pelos líderes indígenas, conforme determina a Lei brasileira para que a inovação pudesse ser realizada, e mesmo com os 500 km para se chegar até a aldeia São José, sendo necessário diversas vezes ficar com eles durante semanas para que a inovação pudesse progredir, o compromisso incondicional das professoras da aldeia São José motivavam a continuidade dos trabalhos, indo muito além do que se esperava delas, que afirmaram durante a formatura dos alunos no terreiro sagrado ao qual participei com autorização do Cacique e do pajé, que  a inovação causou grande reflexão na educação indígena, pois possibilitou criar uma enorme quantidade de recursos didáticos a partir das canções que não se esgotam.
Dessa forma, transcrever as canções e trabalhar a musicalidade de forma escrita e lida com os alunos indígenas é um diferencial que ajuda-os a se manterem próximos a sua cultura, a suas raízes culturais para não correr o risco do índio ser alfabetizado e ser um analfabeto cultural de sua cultura e de suas tradições, trabalhar a especificidade indígena é importante, mais importante ainda é usar e trabalhar com vocábulos próprios desse povo, mantendo essa cultura milenar, para um dia não se correr o risco de dizer que a cultura indígena foi extinta. Como já se pode dizer de diversas etnias que a cada década é extinta no Brasil, nos boletins da FUNAI responsável pelo setor indígena no Brasil.
Como pode ser visto na fundamentação, o amparo dado pela Carta Magna de 1988 'Constituição Federal do Brasil' ás culturas nativas e, originárias foi a mais importante contribuição, que deu amparo aos povos originários  permitindo que a educação indígena tivesse um currículo diferenciado embora pouco trabalhado atá hoje, baseado na cultura milenar de cada povo indígena que é tão rico em nosso pais com duzentas e setenta e quatro línguas (IBGE 2010) divididas em dois grandes troncos linguísticos (Tupi e Macro-jê) com mais de dezenove familias, cada uma com suas especificidades, o que torna o Brasil um grande e rico poço cultural que conseguiu preservar a custa de muita luta as tradições dos índios. A língua Tupi é a que predomina em maior quantidade de famílias, porque esse povo dominou muitas tribos em quase toda extensão do litoral e interior do país, os povos indígenas litorâneos em sua maioria descendem dos bravos Tupi's.
Diversas Políticas públicas contribuíram para a melhoria do Currículo escolar indígena dentre elas, a Constituição Federal de 1988 ; O Estatuto do Índio; A Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT); A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas; A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB); Os PCN's; O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa; O Referencial curricular nacional para a educação infantil Vol. 1 e 3, tudo isso corroborou para uma melhoria, porém a maior dificuldade é o seu cumprimento uma vez que incomoda fazendeiros, congressistas donos de grandes extensões de terra, multinacionais do agronegócio, ricos e poderosos, contra povos pobres e humildes que só tem um pouco de terra.
Além de melhorar a escrita e a leitura, houve também melhoria nas notas do último semestre quando comparadas com o primeiro, conforme está registrado no Diário de Classe das professoras e no caderno de planejamento do ano de 2017.
Pode-se finalizar este trabalho com a certeza de que será beneficiada as vinte e quatro aldeias, uma vez que este povo indígena tem os mesmos costumes e falam a mesma língua (Português) e Xukuru, permitindo ainda que outros povos indígenas possam criar, aumentar e melhorar seus livros didáticos com a utilização das transcrições das canções, fortalecendo suas culturas e melhorando a leitura e a escrita dos seus alunos com uma educação específica. A educação indígena é um vasto campo com poucas publicações, poucos projetos educacionais visto que são minoria no Brasil.
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8          EVIDÊNCIAS

1- Entrevista semi-estruturada:
Esta entrevista semi-estruturadas foi gravada com celular portátil e transcrita, sendo realizada de forma oral e validadas pelas duas professores da Aldeia São José que lecionam pela manhã, foi descrito o que elas julgavam mais importante em suas práticas na sala de aula, como trabalhavam seus rituais e costumes, onde se apresentavam os maiores problemas, para entender suas práticas na sala de aula e como trabalhavam seus rituais e costumes identificando os maiores dificuldades.
1- Com que material didático trabalha a cultura específica Xukuru?
'Aqui na escola usamos dois livros didáticos específicos de nossa cultura, que foram editados pelo Centro de Cultura Luiz freire, mas é pouco para trabalhar com os alunos, então nós fazemos pesquisa fora, na cidade de Pesqurira, porque não tem internet na escola, não dá pra trabalhar com material que vem do governo, pois só serve para recorte de figuras e colagem, nem os alunos nem nós gostamos desse material'.
2- Como são trabalhados os costumes e as tradições do povo e que deficiências apresentam?
'O professor aplica o conteúdo passado pela coordenação indígena, mas tem a liberdade de trabalhar o que quiser da tradição indígena, o artesanato e os instrumentos nossos são trabalhados uma vez por mês quando o professor vem de Cimbres'
3- O que julgam ser mais importante para melhorar a aprendizagem dos alunos?
'Ter um livro didático de nossa cultura, nossas tradições e que pudesse ajudar na leitura e na escrita dos alunos, mais capacitações com os professores, material como impressora, computador com internet para pesquisa ajudaria muito'.
4- A coordenação indígena auxilia os professores em suas necessidades?
'Temos pouco apoio da coordenação, são 36 escolas para eles atenderem com poucos recursos, muitas vezes compramos material para trabalhar com os alunos, quase não há capacitações e quando ocorrem é fora da cidade, não dá para todos os professores irem, muitos gostariam de fazer faculdade, mas o fato de se deslocar a noite para outras cidades desanima, principalmente pelo custo que será do professor'.
5- Os líderes indígenas são presentes na educação indígena?
'O cacique e o Pajé raramente aparecem, as crianças costumam vê-los nas festas, nas formaturas e nos Torés na Vila de Cimbres'.
6- O Currículo diferenciado tem permitido o desenvolvimento a educação indígena?
'Com certeza, depois que nós pudemos trabalhar nossos costumes, nossa tradição, ficamos mais felizes, pois como dizia nosso cacique Chicão é na escola que nossas crianças aprendem sobre nossos antepassados'

Relatos acrescentados após as perguntas
Existem mais dificuldades que não foram perguntadas nesta entrevista?
'Como se pode ver, o acesso aqui é difícil, não tem estrada de asfalto, quando chove só a pé para algumas aldeias, a merenda as vezes falha e as crianças ficam com fome, ou improvisamos, o estado ainda não regularizou nossa situação trabalhista, somos contratada, a escola não tem estrutura para as crianças brincarem, local para comerem, só um baheiro funciona e de forma precária e muitas outras coisas mais',

2 -  Análise de fortaleza com as professoras.
O instrumento de fortaleza (Forças, Oportunidades, Deficiências e Ameaças), fazendo uma análise interna e externa da escola e seu entorno, ele foi aplicado com as professoras do turno matutino da aldeia São José durante duas horas e foi direcionado para elencar as dificuldades apresentadas pelos alunos na leitura e escrita, e também sobre os livros didáticos específicos de sua cultura.
QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES DO POVO  XUKURU DO ORORUBÁ
Estimado (a) professor (a), este questionário tem o propósito de obter informações relevantes a respeito da sua escola com vistas a identificar os pontos fortes a as possíveis áreas de melhoras, para que estas sejam a base da tomada de decisões. Este questionário é anônimo e será mantido o sigilo das informações.
MUITO OBRIGADO POR SUA COLABORAÇÃO

ESCALA DE VALORES
ESCALA DE VALORES
Estimado (a) professor (a) leia cada enunciado e selecione apenas uma opção de resposta de acordo com seu entendimento na escla de valores, marque um X onde corresponder com a sua resposta, a  seguinte escala apresenta valores de 1 a 5 que representam os níveis de qualidade das ações nela questionadas, para se obter melhorar a qualidade da leitura e escrita dos alunos dentro da cultura do povo Xukuru do Ororubá.
            1- As ações propostas não são atendidas satisfatoriamente na sala de aula
            2- A prática atende em parte aos questionametos dos alunos e da comunidade
            3-  As ações necessitam de mais material didático
            4- As aulas refletem com razoável qualidade aos anseios indígenas de sua escola.
            5 - As ações são realizadas sempre com proveito

Tabla de canciones indígenas del pueblo Xukuru do Ororubá
CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
Nº 1 REI ORORUBÁ
 (TRECHO FALADO)
Viva os índios, viva.
Viva as matas, viva.
Viva os alunos, viva.
Viva a floresta, viva.
Viva o toré, viva.
uma salva de palmas...
(TRECHO CANTADO)
Obrigado senhor meu Rei,
senhor meu Rei do Ororubá
Obrigado senhor meu Rei,
senhor meu Rei do Ororubá
Pela força e a coragem, meus irmãos para lutar,
Pela força e a coragem, meus irmãos para lutar,
Obrigado senhor meu Rei,
senhor meu Rei do Ororubá
Obrigado senhor meu Rei,
senhor meu Rei do Ororubá
Oi, pela força e a coragem de meus irmãos para lutar,
Pela força e a coragem de meus irmãos para lutar.

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
Nº 2 - ORORUBÁ
REFRÃO : ORORUBÁ, ORORUBÁ
É CACIQUE, É GUERREIRO XICÃO FAZ ORORUBÁ
REFRÃO : ORORUBÁ, ORORUBÁ
AI COMO É BONITO NÓIS CANTANDO ORORUBA
REFRÃO : ORORUBÁ, ORORUBÁ
OLHA COMO É BONITO A CHEGADA ORORUBÁ
REFRÃO : ORORUBÁ, ORORUBÁ

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
Nº 3 - HEINARREÁ TORÉ
REFRÃO : OH NARRÊ NARREIA, OH NARRÊ NARREÁ
VAMO UNI FORÇA NO ORORUBÁ
REFRÃO : OH NARRÊ NARREIA, OH NARRÊ NARREÁ
E UNA AS FORÇA, NO ORORUBÁ
MAIS QUANDO O CACIQUE ME CHAMA LIGEIRO NÓIS CHEGA LÁ
EU LEVO OS INDIOS GUERREIRO, OS INDIOS GUERREIRO  O REI DO ORUBÁ
TAMAIN LEVOU NOSSO CACIQUE, NAS MATA VAMO ENTREGAR
TAMAIN LEVOU NOSSO CACIQUE, NAS MATA VAMO ENTREGAR
REFRÃO : OH RRÊ NARRÊ NARREÔ, NARRÊ NARREÔ  NARRÊ NARREÁ
MAS EU TAVA NA PRAIA BUSCANDO AREIA
SEGURA ESSE POSTE SENÃO ELE ARREIA
REFRÃO : OH NARRÊ NARREIA, OH NARRÊ NARREÁ
SIGNIFICADO : OH NARRÊ NARREIA, OH NARRÊ NARREÁ (DEUS NOS AJUDE, DEUS NOS LIBERTE, NESSE MOMENTO SAGRADO DE RITUAL)

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
Nº 4 - QUEM CHEGOU FOI XUKURU
REFRÃO : VAMO MINHA GENTE QUE UMA NOITE NÃO É NADA
QUEM CHEGOU FOI XUKURU NO ROMPER DA MADRUGADA
VAMO VÊ SE NÓIS ACABA COM AJUDA A EMPELEITADA
VAMO VÊ SE NÓIS ACABA COM O RESTO DA EMPELEITADA 
SIGNIFICADO DE EMPELEITADA: LUTA PELA CONQUISTA DA TERRA

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
Nº 5 - FORÇA TUPÃ
REFRÃO : FORÇA TUPÃ, EU QUERO É FORÇA NO AR
EU QUERO É FORÇA TUPÃ, EU QUERO É FORÇA NO AR
EU QUERO É FORÇA TUPÃ, EU QUERO É FORÇA NO AR
EU QUERO É FORÇA TUPÃ, EU QUERO É FORÇA NO AR
REFRÃO : FORÇA TUPÃ, EU QUERO É FORÇA NO AR
EU QUERO É FORÇA TUPÃ, EU QUERO É FORÇA NO AR
REFRÃO : FORÇA TUPÃ, EU QUERO É FORÇA NO AR
EU QUERO É FORÇA TUPÃ, EU QUERO É FORÇA NO AR
REFRÃO : FORÇA TUPÃ, EU QUERO É FORÇA NO AR
EU QUERO É FORÇA TUPÃ, EU QUERO É FORÇA NO AR

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
Nº 7 - EU TAVA SENTADO NA BEIRA DO MAR
OBRIGADO ORUBÁ, OBRIGADO ORUBÁ,
REFRÃO : EU TAVA SENTADO NA BEIRA DO MAR
OBRIGADO ORUBÁ, E EU VOU CHEGANDO ORUBÁ,
REFRÃO : EU TAVA SENTADO NA BEIRA DO MAR
OBRIGADO ORUBÁ, ESSA FORÇA VOU BUSCAR
REFRÃO : EU TAVA SENTADO NA BEIRA DO MAR
OBRIGADO ORUBÁ, OBRIGADO ORUBÁ,
REFRÃO : EU TAVA SENTADO NA BEIRA DO MAR

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
Nº 8 - JUREMA ENCANTADA

REFRÃO : OH JUREMA ENCANTADA, ONDE OS CABOCO MORA
EU VOU SALVAR A JUREMA, VOU SALVAR REI SALAMÃ
REFRÃO : OH JUREMA ENCANTADA, ONDE OS CABOCO MORA
EU VOU SALVAR A JUREMA, VOU SALVAR REI SALAMÃ

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
Nº 9 - O GALO CANTOU
REFRÃO : O GALO CANTOU, O DIA NASCEU
QUEM CHEGOU AQUI, AGORA QUEM CHEGOU FOI EU
QUEM CHEGOU AQUI, AGORA QUEM CHEGOU FOI EU
QUEM CHEGOU AQUI, AGORA QUEM CHEGOU FOI EU
REFRÃO : O GALO CANTOU, O DIA NASCEU
QUEM CHEGOU AQUI, AGORA QUEM CHEGOU FOI EU


CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
Nº 10 - A FORÇA QUE A JUREMA TEM
REFRÃO : OKEI,OKEI, OKEI, OI OI OI  OH MEUS CABOCO OKEI
PRA VER A FORÇA QUE A JUREMA TEM, PRA VER A FORÇA QUE A JUREMA DÁ
EU TINHA UMA CABOCA DE PENA SOLTEI-LA NA MATA PRA VÊ-LA TRABALHAR
EU TINHA UMA CABOCA DE PENA SOLTEI-LA NA MATA PRA VÊ-LA TRABALHAR
REFRÃO : OKEI,OKEI, OKEI, OI OI OI  OH MEUS CABOCO OKEI
PRA VER A FORÇA QUE A JUREMA TEM, PRA VER A FORÇA QUE A JUREMA DÁ

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
Nº 11 - O PÉ DO JUREMÁ
 (TRECHO FALADO)
VIVA PAI TUPÃ - VIVA O MESTRE REI DO ORORUBÁ
VIVA MÃE TAMAIN - VIVA O NOSSO CACIQUE MARCOS
VIVA CACIQUE XICÃO - VIVA NOSSO PAJÉ
VIVA A FORÇA DOS ENCANTADOS - VIVA A ORÇA DA JUREMA SAGRADA
VIVA AS PEDRAS - VIVA OS RIOS
VIVA AS MATA - VIVA A NATUREZA SAGRADA
VIVA NOSSA MÃE TERRA
(TRECHO CANTADO)
EU MANDEI CHAMAR E EU VIM, ME DÁ FORÇA PRA TRABALHAR
REFRÃO : EU TAVA NA MATA NO PÉ DO JUREMÁ,
EU TAVA NA MATA NO PÉ DO JUREMÁ
OH CURANDEIRO PRA QUE MANDÔ ME CHAMÁ
OH CURANDEIRO PRA QUE MANDÔ ME CHAMÁ
EU MANDEI CHAMÁ  EU VIM, EU MANDEI CHAMÁ, EU VIM
EU MANDEI CHAMÁ E EU VIM, EU MANDEI CHAMÁ E EU VIM
OI DÁ FORÇA PRA TRABALHAR
EU MANDEI CHAMÁ E EU VIM, EU MANDEI CHAMÁ E EU VIM
OI DÁ FORÇA PRA TRABALHAR
REFRÃO : EU TAVA NA MATA NO PÉ DO JUREMÁ
EU TAVA NA MATA NO PÉ DO JUREMÁ
OH CURANDEIRO PRA QUE MANDÔ ME CHAMÁ
EU MANDEI CHAMÁ, EU VIM, EU MANDEI CHAMÁ E EU VIM
OI DÁ FORÇA PRA TRABALHAR
EU MANDEI CHAMÁ E EU VIM
EU MANDEI CHAMÁ E EU VIM
OI DÁ FORÇA PRA TRABALHAR

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
Nº 12 - CABOCLIM DE PENA
REFRÃO : CABOCLIM DE PENA, ELE NÃO BAMBEIA
                   CABOCLIM DE PENA, ELE NÃO BAMBEIA
                   CABOCLIM DE PENA, ELE NÃO BAMBEIA
MAS EU TAVA NA PRAIA BUSCANDO AREIA
SEGURA ESSE POSTE SENÃO ELE ARREIA

MAS EU TAVA NA PRAIA BUSCANDO AREIA
SEGURA ESSE POSTE SENÃO ELE ARREIA

OH NARRÊ NARREIA, OH NARRÊ NARREÁ
OH NARRÊ NARREIA, OH NARRÊ NARREÁ

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
Nº 13 - MÃE TAMAIN MANDOU CHAMAR
OUVI UM GRITO NAS MATAS
ERA MÃE YEMANJÁ
OUVI UM GRITO NAS MATAS
ERA MÃE ORIXÁ
CONVIDANDO OS INDÍOS GUERREIRO
PARA O TORÉ COMEÇAR
REFRÃO : EU TAVA NA BEIRA DO RIO
                      MÃE TAMAIN MANDOU ME CHAMAR
                      PRA LIBERTAR OS INDIO GUERREIRO DAS MATA DO ORORUBÁ
LÁ VEM SACAREMA DA JUREMA
TRAZENDO A SUA FORÇA DE LÁ
ESSA FORÇA É UMA ORAÇÃO
QUE TUPÃ MANDOU ENSINAR
ESSA FORÇA É UMA ORAÇÃO
QUE TUPÃ MANDOU ENSINAR
OH SACAREMA, OH JUREMÁ
EU SOU FILHO DESSA ALDEIA
E NÃO POSSO ME MANDAR
OH SACAREMA, OH JUREMÁ
TUPÃ E MÃE TAMAIN E O CACIQUE DO ORORUBÁ
OH REINAROUA, OH REINAUÁ, OH REINAREINAREOA, REINAREINAREINAREÁ

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
Nº 14 MANDAI TUA FORÇA
(TRECHO FALADO)
SALVE O REI DE ORORUBÁ
SALVE NOSSA MÃE TERRA (TOIPA)
SALVE OS SANTOS E OS ENCANTOS
SALVE A NATUREZA SAGRADA
(TRECHO CANTADO)
REFRÃO: MANDAI TUA FORÇA DA TERRA E DO AR
                     MANDAI TUA FORÇA DA TERRA E DO AR
                    DAS ÁGUAS E DAS MATAS DO ORORUBÁ (QUIÁ DO LIMO LAIGO)
                    DAS ÁGUAS E DAS MATAS DO ORORUBÁ (QUIÁ DO LIMO LAIGO)
                    MANDAI TUA FORÇA DA TERRA E DO AR
                     MANDAI TUA FORÇA DA TERRA E DO AR
                    DAS ÁGUAS E DAS MATAS DO ORORUBÁ (QUIÁ DO LIMO LAIGO)
                    DAS ÁGUAS E DAS MATAS DO ORORUBÁ (QUIÁ DO LIMO LAIGO)

(TRECHO FALADO)
SALVE A NOSSA MÃE TERRA (TOIPA)
SALVE AS ÁGUAS
SALVE A FLORESTA
SALVE O REI DO URUBÁ
SALVE SANTOS E ENCANTOS
SALVE REI DE ARICÓ
SALVE SALAMAM
SALVE RAINHA DA FLORESTA
OBS: As pedras são os ossos, A água é o sangue e as plantas são os cabelos (relação da terra para os índios)
CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
(CANÇÃO ESCOLHIDA PELOS ALUNOS)
Nº 17 É DEUS NO CÉU E OS ÍNDIOS NA TERRA
(TRECHO FALADO)
Viva os índios, viva.
Viva as matas, viva.
Viva os alunos, viva.
Viva a floresta, viva.
Viva o toré, viva.
VIVA O CACIQUE XICÃO, VIVA.
uma salva de palmas...
(TRECHO CANTADO)
É DEUS NO CÉU E OS ÍNDIOS NA TERRA
É DEUS NO CÉU E OS ÍNDIOS NA TERRA
É DEUS NO CÉU E OS ÍNDIOS NA TERRA
É DEUS NO CÉU E OS ÍNDIOS NA TERRA

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
(CANÇÃO ESCOLHIDA PELOS ALUNOS)
Nº 18 PISA LIGEIRO
(TRECHO FALADO)
Viva os índios, viva.
Viva as matas, viva.
Viva os alunos, viva.
Viva a floresta, viva.
Viva o toré, viva.
VIVA O CACIQUE MARCOS, VIVA
uma salva de palmas...
(TRECHO CANTADO)
PISA LIGEIRO, PISA LIGEIRO
QUEM NÃO PODE COM A FORMIGA
NÃO ASSANHA O FORMIGUEIRO
PISA LIGEIRO, PISA LIGEIRO
QUEM NÃO PODE COM A FORMIGA
NÃO ASSANHA O FORMIGUEIRO

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
(CANÇÃO ESCOLHIDA PELOS ALUNOS)
Nº 19 PAPAGAIO VERDE AMARELO
(TRECHO FALADO)
Viva os índios, viva.
Viva as matas, viva.
Viva os alunos, viva.
Viva a floresta, viva.
Viva o toré, viva.
VIVA O PAJÉ, VIVA
uma salva de palmas...
(TRECHO CANTADO)
PAPAGAIO VERDE AMARELO
QUE CANTOU NA NOSSA SERRA
PAPAGAIO VERDE AMARELO
QUE CANTOU NA NOSSA SERRA
OI CANTA E VOA MEU PAPAGAIO
É DEUS NO CÉU E OS ÍNDIO NA TERRA

CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
(CANÇÃO ESCOLHIDA PELOS ALUNOS)
Nº 20 EU SÓ CANTO MEU TORÉ, PORQUE GOSTO DE CANTAR
(TRECHO FALADO)
Viva os índios, viva.
Viva as matas, viva.
Viva os alunos, viva.
Viva a floresta, viva.
Viva o toré, viva.
uma salva de palmas...
(TRECHO CANTADO)
EU SÓ CANTO MEU TORÉ
PORQUE GOSTO DE CANTAR
EU SÓ CANTO MEU TORÉ
PORQUE GOSTO DE CANTAR
QUEM NÃO GOSTA DE TORÉ
POR FAVOR NÃO VENHA CÁ
OI QUEM NÃO GOSTA DE TORÉ
POR FAVOR NÃO VENHA CÁ
QUEM NÃO GOSTA DE TORÉ
SE ARRETIRE DO LUGAR