"DIFICULDADE
DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL E
FUNDAMENTAL"
AGRADECIMENTOS
Gostaria
de agradecer o carinho e a compreensão das professoras e professores Adriana
Rodrigues, Kallyandra de França, Márcia
Nantes, Cristina dos Reis, Antônio
Felipe, Guaracema e Soléide Bendo das redes municipal, federal e particular de
Campo Grande - MS, bem como a disponibilidade de me atender todas pessoalmente,
inclusive pelos materiais que me emprestaram que muito me ajudaram na conclusão
deste artigo.
RESUMO
Observamos
descrito nos referidos tópicos que a rotina assumida pelo professor tendo em
muitos casos dois ou mais períodos de aulas, até em escolas diferentes – a luta
pela sobrevivência não permite a ele que aprenda muito mais que ensine.
Segundo
Luciano Ferraz apud Perrenoud (2000, p.66):
“Para
aprender, jamais é supérfluo compreender o sentido daquilo que se aprende. Para
tanto, não basta que o saber seja inteligível, assimilável. É necessário que
esteja ligado a outras atividades humanas, que se compreenda por que foi
desenvolvido, transmitido, por que é conveniente apropriar-se dele”.
Dessa
forma o professor é só o
ensinante, mas o aprendente potencial é necessário, pois quem se afasta do
aprender, não tem condições plenas de ensinar. Para fazer-se aprendente é
necessário ser aprendiz de si mesmo, tendo a certeza de que o ensinante não
está adormecido.
Portanto, há de um lado docentes
resistentes ao aprendizado, justificando a falta de tempo para dedicar-se a
essas instâncias.
Nós docentes temos que nos fazermos
aprendente que é ser aprendiz de si mesmo, tendo a certeza de que o ensinante
não está adormecido.
Há de um lado docentes resistentes
ao aprendizado, justificando a falta de tempo para dedicar-se a essas
instâncias. Porém, nota-se que há uma preocupação bastante plural quanto à
qualidade de ensino focado para a aprendizagem dos alunos, enquanto que a do
professor é discutida de maneira singular e restrita, tal como se fosse muito
óbvia essa condição.
A
formação docente é um processo que se inicia muito antes do pretenso docente
adentrar no curso de graduação, porque a intenção profissional deve preceder o
interesse pessoal.
Luciano
Ferraz apud Perrenoud, (2001, p.25) afirma que:
“Definimos
o professor profissional como uma pessoa autônoma, dotada de competências
específicas e especializadas que repousam sobre uma base de conhecimentos
racionais, reconhecidos, oriundos da ciência, legitimado pela Universidade, ou
de conhecimentos explicitados, oriundos da prática”.
Para
ser professor profissional, como afirma Luciano Ferraz apud Perrenoud (2001), é
preciso antes aptidão para aprender a ser, para então admitir o que pode vir a
ser como professor. Isso é o mesmo que dizer que não se separa a pessoa do
profissional, então, a opção por essa formação é antes um compromisso pessoal
com a própria aprendizagem.
Para que essa aprendizagem pessoal
se desenvolva é preciso refletir se a formação docente contribui com práticas
pedagógicas, e podem ser entendidas por dois
planos distintos:
Prática objetiva, a mais concreta, referente às ações
planejadas do professor, sendo o seu processo de prévias escolhas, ou seja, as
disciplinas que irá ministrar, os materiais e recursos.
Prática subjetiva, menos concreta e mais reflexível,
cerceada pelas intuições, pois é através do contato direto com os alunos e a
compreensão do modus operandi desse grupo na sala de aula, é que o
professor terá condições de perpetrar as suas ações (práxis pedagógica).
A universidade como uma instituição de
formação, na verdade, é entendida como um lugar de “busca”.
Escolas
de ensino fundamental, os alunos
estão ali tanto pela necessidade cultural
gerada no seio familiar quanto social e, inclusive, por leis que os obrigam a
estarem ali, o que faz refletir sobre a escola como um lugar também de
descobertas, sendo a principal delas a existência de um “mundo” além do
ambiente familiar.
Portanto,
o professor é um aprendiz potencial, que não só ensina, mas, sobretudo, aprende
continuamente com a prática diária.
Segundo Luciano Ferraz apud:
(PERRENOUD,
2001, p.93).
“o
prático pode igualmente refletir sobre a ação difundida, analisando e tirando
partido da experiência passada.”
(PERRENOUD,
2001, p.93).
“Não é possível
formar professores sem fazer escolhas ideológicas. Conforme o modelo de sociedade
e de ser humano que defendemos, não atribuiremos as mesmas finalidades à escola
e, portanto, não definiremos da mesma maneira o papel dos professores”.
(BEUCLAIR,
2007, p.267).
Ao estabelecermos uma
rede de aprendências e de ensinagens, reorganizamos o espaço tempo da sala de
aula, como uma possibilidade de desenvolvermos nossas potencialidades de
descentralização, de flexibilidade, de conectividade.
A
práxis pedagógica ideal não existe, porque será no dia a dia que ela será posta
em prática, mediante reflexões profundas sobre o processo de ensinagem e
aprendizagem pessoal e dos alunos, mediante as estratégias realizadas em prol
de amenizar os conflitos do processo ensino-aprendizagem, incluindo as
autonomias e autorias e frente às relações estabelecidas no âmbito da atuação
docente.
Nos diz Luciano Ferraz apud:
Macedo
(2005, p.49):
“Daí a
interdependência entre aprender e ensinar e, mais do que isso, a inversão de
seu sentido ordinário como uma de nossas necessidades: os que ensinam aceitam aprender,
os que aprendem participam do processo de ensino. Em outras palavras, os professores
podem e querem se beneficiar daquilo que oferecem aos seus alunos, até para
poderem praticar esse ato de uma forma melhor”.
Meirieu,
(2002, p.248):
“A incerteza, a
aventura educativa, o abandono do esquema causal, a implementação de práticas
pedagógicas que assumem as contradições da educação e fazem da “resistência” do
outro ao nosso projeto a oportunidade de uma partilha e não um meio de
exclusão, tudo isso supõe, por outro lado, que o educador esteja seguro da
importância e da dignidade de sua missão (...)”
já que
nos dias atuais a escola não cumpre mais as mesmas funções que cumpriu décadas
atrás.
Luciano
Ferraz apud Meirieu (2002)
“já que nos dias atuais a escola não
cumpre mais as mesmas funções que cumpriu décadas atrás”.
NOME
|
ESCOLA
|
ATUAÇÃO
|
PROBLEMAS
|
Soléide
Bendo
|
Mun.
Ijuca Pirama
|
6º
ao 9º Ens. Fundam.
|
|
Antônio
Felipe Neman
|
Colégio
Militar de CG
|
6º
ao 9º Ens. Fundam.
|
|
Guaracema
(afastada
por depressão)
|
Mun.
Ijuca Pirama
|
6º
ao 9º Ens. Fundam.
|
|
Adriana
Rodrigues
(teve
depressão)
|
Mun.
João Nepomuceno
|
6º
ao 9º Ens. Fundam.
|
(Ed. Infantil)
|
Cristina
dos Reis
(teve
depressão)
|
Creche
N. Srª do perpétuo Socorro (ONG)
|
Berçário
e maternal
|
|
Márcia
Nantes
|
(pediu
para não informar)
|
6º
ao 9º Ens. Fundam.
|
|
KallyAndra
de frança
|
CEDAE
|
Ed.
infantil
|
|
Impressionou-me bastante
o relato da professora Márcia Nantes, embora eu não tenha sido mais específico
em que problema abordar.
Segundo Márcia Nantes
(na integra):
Gabriel, como já havia lhe dito, essa é uma questão bastante ampla, pois
são muitas as dificuldades que hoje encontramos no processo de
ensino/aprendizagem. Tentarei expor aqui, as mais gritantes atualmente.
Recentemente li um livro, do Içami Tiba, onde ele dizia que na maior parte dos
casos, “o fracasso na aprendizagem não se deve a dificuldade do aluno em
aprender, e sim a falta de estudo”.
Concordo plenamente, e lembrando da nossa conversa ontem em relação
aos alunos e sua aprendizagem no passado, concluo que, por um lado,
ignorávamos de fato problemas cognitivos que os alunos pudessem ter e
acabávamos em classificá-los em dois únicos grupos: Inteligentes e não
inteligentes. Tenho a impressão, que a inteligência era vista como algo
sobrenatural, dom divino, ou você nasce inteligente, ou será sempre uma pessoa
limitada. Eram comuns testes para medir a inteligência das crianças, além de
suas habilidades em matemática e língua portuguesa serem supervalorizadas,
ou seja, um aluno que se destacava em uma dessas áreas de conhecimento era
considerado com uma capacidade intelectual superior àquele que tinha habilidade
em música e com desenvoltura tocava algum instrumento seguindo complexas
partituras.
Talvez não esteja sendo
objetiva quanto ao que me perguntou, mas acho relevante, dada a importância do
tema, levantar essas questões que com frequência são discutidas quando pensamos
em aprendizagem. Atualmente, mesmo estando muito longe de chegarmos a respostas
exatas quanto a este assunto, sabemos que, o indivíduo é único, sendo assim,
cada um aprende e vê os acontecimentos que os cercam sob uma perspectiva
diferente, e por mais que os estágios da evolução do ser humano tenham sido
amplamente estudados e classificados, (este é assunto que também me traz
dúvidas), temos a consciência que o meio ao qual este indivíduo está inserido,
tem um significativo "peso" em seu desenvolvimento e, principalmente,
na forma com que ele acontece. Levando em consideração essas questões a que me
referi anteriormente, agora creio que me farei entender quando digo que, a maior
dificuldade encontrada no processo de aprendizagem do aluno, seja realmente a falta de estudo. "Antigamente", por mais
dificuldades ou falta de habilidade que um aluno tivesse em relação a uma área
de conhecimento, ele tinha a "obrigação" de estudar, a família
acompanhava sua evolução, ou a falta dela, com mais responsabilidade, e mesmo
que os pais não tivessem estudo e desconhecessem totalmente o que seus filhos
viam na escola, cobravam sistematicamente bons resultados, pois geralmente,
vinham de uma realidade difícil, onde haviam sido privados da possibilidade de
estudarem e terem a oportunidade de uma vida menos sacrificada, viam em
seus filhos uma chance de realizarem-se neste sentido. Era como se fosse uma
missão sagrada, romper os laços hereditários que os amarravam a uma
vida difícil por meio do estudo de seus filhos. Essa responsabilidade e
obrigação que a família carregava em relação a seus filhos, era o fator
primordial que resolvia a dificuldade maior que apresento aqui. Infelizmente,
com os vários equívocos em relação a educação, perdemos isso, a
responsabilidade não só do ensino, assim como da própria "educação"
(bons modos/valores), foi delegada a escola e os alunos estão literalmente
abandonados a própria sorte dentro das mesmas. Em segundo lugar, para compor o caos
que vivemos na educação, está a indisciplina, que é resultado da
dificuldade anterior. Os
alunos chegam a escola sem qualquer perspectiva, sem estímulo, sem consciência
do seu papel naquele ambiente, sem apoio familiar, deparam-se com uma sala de
aula com mais trinta ou quarenta crianças, que em sua maioria enfrentam a mesma
situação, com um professor que nem de longe foi preparado para lidar com tantas
especificidades, e o aprendizado nesse contexto, fica em segundo plano,
pois inicia-se o famoso "jogo de empurra-empurra", onde a escola busca
apoio da família, a família devolve a responsabilidade para escola, que
em muitos casos é pressionada pelos órgãos públicos, a ter
resultados em porcentagens satisfatoriamente altas, ignorando propositalmente
todos os demais fatores que prejudicam uma aprendizagem realmente significativa
para esses indivíduos. Sem falar da promoção praticamente automática do aluno,
quando não automática, pois para manter bons índices, as escolas se vêem
obrigadas a passar seus alunos, mesmo tendo a triste consciência, de que os mesmos
não têm condições reais, ou seja, pré-requisitos para isso. Conclusão,
para que estudar e para que a família desgastar-se com a aprendizagem
de seu filho, já que, ele será promovido de qualquer forma?! Por fim, a
terceira dificuldade, esta na questão da inclusão. De forma alguma sou contra, não me entenda
mal, porém, da maneira irresponsável com que vem sendo feita, o nome adequado
seria exclusão, pois estas crianças que apresentam problemas
de aprendizagem por conta de deficiências intelectuais, físicas ou cognitivas,
foram retiradas de instituições que tinham um mínimo de preparo para lhes dar
suporte e atenção, e estão sendo despejadas (desculpe-me a expressão tão dura,
porém, na há outra para denominar a barbárie), naquelas mesmas salas que citei
na segunda dificuldade, pois o mínimo de vinte e cinco alunos por sala de aula,
quando nesta se encontra matriculado alunos que possuam necessidades especiais,
não são respeitadas, em poucos casos, os alunos portadores de necessidades
especiais tem direito a professor auxiliar, e não temos um aluno especial por
sala, hoje nos apresentam realidades, onde por sala, temos até três alunos
nessas condições, não bastando, cada qual com um diagnóstico diferente.
É importante deixar claro que, alguns problemas como déficit de atenção, depressão, pânico, dislexia, transtorno de
conduta, etc, muitas vezes nem chegam ao nosso conhecimento, e quando
chegam, dado o contexto aqui descrito, são considerados menos importantes.
Creio que tenha percebido, que dentro de cada dificuldade, inúmeras outras se
apresentam, nossos alunos, considerados dentro dessa realidade
"normais", acabam sendo massacrados pela falta de tempo que lhes
sobra por parte de seus professores, que em sessenta minutos, tem que cumprir a
burocracia da chamada e registros, separar brigas de alunos, chamar atenção
daqueles que não compreendem o porquê de estarem ali, acordar outros que acabam
dormindo em suas carteiras, colocando o sono em dia, já que com a falta de
regras e valores em seus lares, foram dormir tarde, por ficarem na rua, ou até
mesmo na "segurança" de seus lares navegando na internet. Enfim, o tempo real para o processo de
ensino/aprendizagem é insuficiente para que o mesmo aconteça, e o que poderia
ser uma simples dificuldade por parte do aluno, se tornam lacunas que o
comprometerão futuramente. Perdoe-me se ficou confuso, como disse, esse assunto
é muito amplo e complexo, e como a questão apresentada não aborda um aspecto
mais específico, abre-se um leque sem fim para discussão do mesmo.
Qualquer dúvida, pode retornar-me
o e-mail que procurarei esclarecer.
Márcia Nantes, Arte-educadora, habilitada em Artes
Plásticas, especialista em Design Gráfico e Arte-educação Contemporânea.
Há dezessete anos na educação, sendo que doze deles na rede pública de ensino.
CONCLUSÃO
Todos estes nuances influenciam a
educação e principalmente o aprendizado. A professora Adriana Rodrigues em seu
artigo científico afirma que a indisciplina “
é o que norteia todo o descontentamento com a educação, provocando
desinteresse, aliado a falta de preparo dos agentes educacionais”. Ela
afirma ainda que a atitude do professor em sala e sua postura podem contribuir
para essa indisciplina.
Para ser ensinante há que ser
aprendente, mas é necessário sobreviver e acumular escolas a fim de se ter uma
renda digna. Outro fator que me chamou a atenção foi o fato de três em sete
professores três terem tido depressão, e uma estar neste estado a dois anos e
cinco em sete terem apontado a indisciplina como causa principal da falta de
aprendizagem.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BOMBONATTO,
Quézia. Palestra sobre Educação Básica. Youtube (07/12/2011)
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO
BÁSICA. Vários autores. São Paulo: Editora Pioneira, 1998.
FERREIRA, Márcia. Ação Psicopedagógica na sala de aula. São Paulo: Ed. Paulus. 2001.
RODRIGUES, Adriana. Causas da
indisciplina em sala de aula. Artigo científico para conclusão de pós Latu Sensu
do Instituto Libera Limes.
WWW.
Abpp.com.br
WWW.
psicopedagogia.com.br
WWW.
educar.com.br
OBS: A formatação não obedece a ABNT devido a praticidade do blog ser resumida. Peço desculpas.
PAULO GABRIEL B. DE MELO - PÓS-GRADUAÇÃO – LATO SENSU EM PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL 23 de Agosto de 2014.
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