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segunda-feira, 29 de junho de 2015

NUESTROS PAISANOS LOS INDIOS (ARGENTINA)

   NUESTROS PAISANOS LOS INDIOS

             Em minhas viagens e pesquisas de campo na América do sul, Argentina, Chile, Bolívia e Paraguai e confesso fiquei encantado com a cultura indígena desses povo originários, mas foi na Argentina na cidade de Buenos Aires que conheci Carlos Martinez Sarasola, e foi através de suas obras que percebi duas linhas metodológicas que obrigatoriamente deveria incluir nas minhas pesquisas, "não há como pesquisar povos originários (índios) sem andar de mãos dadas com a arqueologia e a antropologia visto que eles tem suas raízes em 9.000 a.C.", foi a primeira lição que me ensinou o antropólogo argentino, especialistas em índios e etnohistória, ele trabalhou com escavações históricas na Argentina, Peru e Bolívia, conhece a raiz mais profundas em um trabalho inédito sobres os povos originários, creio que na América do sul ele é pioneiro nesse trabalho, sua primeira obra"La Argentina de los caciques"  e em ”cuentan los Araucanos" e na última que une as duas primeiras e faz uma conclusão em um trabalho magnífico "Nuestros paisanos los índios" (Nossos compatriotas os índios).
provincias argentinas

museu del cabido

roupas dos espanhois que viveram na argentina

            Nessa obra ele descreve a história de todos os povos índios Argentinos, a vida, a história e o destino das comunidades indígenas da Argentina, que sofreram invasões em seus territórios por espanhóis, ingleses, portugueses e escoceses: são muitos povos indígenas por isso ele os dividiu por regiões, Noroeste, Serras centrais, pampa e patagônia, Cuyo, Neuquén, Chaco, litoral e interior. Sarasola descreve cerda de trinta povos espalhados pelas diversas províncias, concentrei meus estudos e pesquisas na província de Buenos Aires, ao que me pareceu a maior do ria da prata, por sua farta cultura e apoio em materiais escritos.
folder del puerto
Deparei-me com algo engraçado, entrei em uma livraria, ao menos ela me pareceu ser uma livraria que ficava bem perto da casa rosada e do Nogarot, o hotel que me hospedava, "La libreria de Avila"  fica na Alsina 500, ao entrar vi uma placa "DECLARADA LUGAR HISTORICO NACIONAL" que aquela livraria e também biblioteca guardava uma enorme quantidade de arquivos nacionais da Argentina, era perfeito para um pesquisador, ela também era um café, tinha uma estrutura perfeita para quem se debruçar por dias e semanas em pesquisa. Lá então tomei contato com Sarasola que é para meus estudos um grande mestre até hoje. O dono da livraria mesmo após ter acabado o expediente permitia que eu ficasse pesquisando até fechar a loja.
            No Brasil ninguém se deu ao trabalho de escrever sobre os nosso povos indígenas, eles eram mais de dois mil povos hoje restam pouco mais de quatrocentros e em cinquenta anos provavelmente uns cem deixes de existir ou sejam dados como extintos como em minhas pesquisas vi vários deles nessa situação, não cuidar da nossa história é não valorizar quem somos e quer gostem ou não nossas raízes são indígenas, de certo que miscinegenada com negros e europeus, mas a matriz é índia.
rua da La libreria de Avila
La libreria de Avila

            É impactante a forma de escrever ao afirmar os direitos dos índios, estando até mesmo numa contra mão do pensamento na América do sul, onde essa não é a prioridade das nações, Sarasola[1] afirma:
É um dever de justiça julgar o homem autóctone dentro do marco dos direitos, que como ser humano de carne e osso e membro da espécie humana lhe correspondeu no passado e lhe corresponde no presente. Os indígenas não foram considerados cidadãos, e sim uma aberração que hoje com grande esforço, está começando a ser mudado.
manifestação indígena em frente a casa rosada da presidência
            Ele aceita que a entrada do homem no continente americano pode ter muitas correntes, mas a que explica e adota é a do estreito de Bering, já que é considerado pela maioria de antropólogos e estudiosos como Brian Fagan, que ao ser congelado o estreito com hoje 80 km de distância e na época, certamente seria menos devido ao congelamento dos oceanos, permitiu que os humanos que se originaram na África, migrassem devido as condições climáticas adversas na Europa e África, vieram parar na América e foram aos pouco dominando de cima para baixo até chegar a patagônia argentina e isso se deu entre os 30.000 anos a. C. Ainda afirma em sua obra que Paul River desenvolveu estudos sobre essa chegada do homem por nossas terras onde migraram para cá, mongóis e esquimós, já o estudioso Georges Montandon acredita em uma via através do oceano Pacífico em que Malaios-polinésios aqui chegaram.          
            Em seu trabalho fruto também da arqueologia foi dividido em períodos para estudo: cedo, médio, tardio, influência Inca, hispano-indígena e colonial. Fiquei abismado com as suas teorias e para cada uma delas umas mil fotos arqueológicas para comprovar a veridicidade, além da enorme quantidade de desenhos em cadernos de campo, assim percebi que ferramentas como gravador, uma boa máquina fotográfica, computadores, pen drive e hd externo acoplado com copiadoras e scaner eram imprescindíveis a quem se propões como eu a pesquisar, levei algum tempo já que era financiado por mim mesmo. Conheço poucos sítios arqueológicos no Brasil e em sua maioria coordenado por estrangeiros, tamanha é a nossa escassez de pesquisas na área, estamos muito atrasados e as iniciativas que existem são em sua maioria pela rede privada e não governamental.
            Percebi que quisesse me arvorar nesta área devia fazer graduação em um campo que me desse abrangência o que me levou a fazer história no Rio Grande do Norte, na cidade de Natal, precisava melhorar minha metodologia e alargar o campo dos meus conhecimentos.
            Pesquisar é algo muito caro em termos de tempo para pesquisar, ter materiais suficientes para editar uma obra muitas vezes requer o trabalho de uma vida, estou há pelo menos vinte anos em contato com comunidades indígenas em todo país tendo convivido por pelo menos uma década com eles, em seu maior período os yanomamis e os Xukuru's.
cultura précolombiana museu del cabido Argentina
Objetos da cultura précolombiana museu del cabido Argentina




[1] SARASOLA, Carlos Martinez. Nuestros paisanos los índios. Buenos Aires: Del Nuesvo Extremo, 2013.

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