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domingo, 15 de novembro de 2015

O QUE VEM A SER A HISTÓRIA ORAL
FICHAMENTO
Paulo Gabriel
Referência:
MENEZES, Marilda Aparecida. Historia Oral: Uma metodologia para o estudo da memória. In: Revista vivência: Memória. Natal: EDUFRN, 2004 (P.20 a 36).
História Oral: uma metodologia para o estudo da memória
RESUMO
            O artigo tem como objetivo tratar de forma breve da construção da metodologia de história oral desde a década de 1960 no campo da ciências humanas. No Brasil, seu bom acontece na década de 1990, o que se deve a sua expansão e articulação na academia, com um crescente número de encontros promovidos a partir da criação da associação brasileira de historia oral. Os trabalhos baseados nos relatos orais tentem incorporar as vantagem  da subjetividade dos documentos bem como das relação de subjetividade entre o pesquisador o informante. Após a revisão de tais paradigmas, não apenas pela história oral, mas, também, por outro lado perspectivas teóricometodólogicas que questionavam os pressupostos positivistas, os historiadores orais alargaram seu campo de discussão, resgatando, entre objetos de estudo, a relação entre outros objetos de estudo, a relação entre memória e identidades. (P.23 )
ORIGEM E EXPANSÃO DA HISTÓRIA ORAL
Ao logo dos séculos, a história oral se constituiu como a maior fonte humana de produção, conservação e difusão do conhecimento. Muitos estudiosos buscam na Grécia antiga as suas origem, apresentando Heródoto como o pai da história oral (trebstsch. 1994), pois seus estudos eram realizados com a observação direta e o registro dos  testemunhos daquelas que lhe eram contemporânea além dele houve tucidides e polibio que também incorpora fontes orais. No século xIx com o paradigma positivista na história, a oralidade passa a uma posição inferioridade e perde sua legitimidade. Nos temos de Trebisch (1994,p.26) busca ``tornar-se uma frente historiográfica pioneira``. Deste modo a bandeira positivista da objetividade não é hasteada ou defendida, mas contra a ficção da objetividade defende-se uma ciência engajada. O chamado método rankeano de base quantitativa era predominante nas pesquisa históricas, apenas usava-se a história oral em auxilio dos dados escritos ou documentais. Ferreira pontua com propriedade que a expansão da história oral situa-se em um contexto de mudança teórico-metodológico da história, de perspectivas estruturalista para outras voltadas para a análise do cotidiano, das mentalidades, da micro-história que beneficiam-se de documentos como as história de vida biográficas,cartas pessoas, fotografias, etc. (p.24)
Nos estados unidos da America, a História oral teve sua origem datada em 1948, embora só em 1964 tenha passado por um momento de extensa produção e criação. De um número de oitenta centros no ano de 1961, irá atingir quase 300 departamentos em 1965. O clima contestador e revolucionário da década de 60 contribuiu para o uso freqüente da história oral. A América não estava resumida apenas á guerra do Vietnã, paralelamente ao nacionalismo de muitos americanos. Uma outra America surgia, revelada através do movimento negro, feministas, das minorias étnicas, dos imigrantes latinos e daquelas taxadas de ``delinqüente´´, que também eram possuidores de um nacionalismo, porém, marcado por uma visão idealista e existencialista. Cientista políticos e historiadores pretenderam ´´dar voz´´ ás minorias, construindo,assim, a chamada história ´´vista de baixo´´ - dos humildes e dos sem história. Ela ´´tira do esquecimento aquilo que a história oficial sepulto.´´ Dos Estados unidos na década de 60, a história oral se expende em direção á Europa, especificamente a Grã-Bretanha. Diferentemente do contexto americano, no qual os primeiros trabalhadores tiveram uma preocupação em preservar a memória das elites, no caso britânica, os estudos eram mais voltados ás camadas populares. A legitimação da história oral na academia britânica dar-se-á por volta do inicio da década de 70 com a inauguração do department of sound Record em Londres e também a criação da instituição oral history society em 1973.Além da grã- Bretanha, países como a Itália, a Alemanha e a França também testemunham a presença cada vez mais freqüente da história oral em suas academias.(p.25 ).
Política e militante em decorrência do luto nazista e fascista. Na Alemanha, no final da década de 70, é desenvolvido um trabalho de pesquisas sobre a memória da guerra e do nazismos a partir das percepções da classe operaria sobre este período.No caso do brasileiro, a história oral segue mais o menos as trilhas dos europeus e dos norte-americanos. O desenvolvimento da história oral no Brasil data de 1970. Em 1974 é criado o grupo de documentação em Ciências sócias (GDCS). A idéia era criar arquivos na área de ciências sócias, com o objetivo de contribuir para a preservação de documentos necessários aos estudiosos das ciências sócias no Brasil. Aparte dos anos 90, a história oral ascende com força suficiente para ser reconhecida, nacional internacional. No Brasil, seu bom acontece na década 1990, o que se deve a uma articulação da academia com um crescente numero de encontros promovidos, pautados na criação da associação brasileira. Quando de sua emergência neste pais, por volta de 1975, a história oral estava voltada para professores e pesquisadores de história e ciência social e depois difundida para outros grupos e organizações.o marketing tem utilizado a metodologia da história oral para registrar trajetória de empresas, que contratam os serviços de pesquisadores, dando preferência aos que são vinculados á academia para obter maior legitimidade.(p.26).
Apesar de sua expansão e consolidação, a história oral tem sido alvo a sua de diversas criticas, principalmente de historiadores que utilizam apenas as fontes escritas como documentos na história. Uma das criticas das criticas é quanto á legitimidade dos documentos oral devido a influência da subjetividade dos informantes. No entanto; os documentos escritos também não garante o registro objetivo do fato, mas antes, expressa uma interpretação marcada pelo o ponto de vista de seu escritor, bem como dos interesses e intenção dos envolvidos no documento. O desenvolvimento de analises de caráter metodológica, no entanto, não significa um rompimento com a perspectiva militante. Ao contrario, nos países do leste europeu, logo após a guerra do comunismo, a história oral surgiu como u recuso libertado para povos que permaneceram em silencio por meio século. (p.27).
HISTÓRIA ORAL: Metodologia ou técnica
A história oral foi intensamente debatida, teve sua ´´identidade´´ questionada ao se interroga se ela constituiria uma disciplina,método ou técnico de obtenção de informações.Queiroz (1998) apresenta a história oral enquanto ´´técnica por excelência´´ na coleta de matérias pelos cientistas sociais, já que assegura a vivacidade dos fatos e se opõe ás técnicas quantitativas, na década de 40 afuscou o crescimento dos relatos orais, mas o avanço técnicas dos anos 50.já Trebitsch (1994,p.25) acredita que a história oral se constitui como uma metodologia que privilegio certos objetos como grupos excluídos,minorais, ou os que foram silenciados pelo história oficial; o método da pesquisa de campo e observação participante,o que aproxima da antropologia e uma abertura interdisciplinar para as demais ciência sócias. Partilhando da perspectivas de TREBITSCH e adotamos aqui a compreensão de que a história oral é uma metodologia e não uma técnica de pesquisa. Como bem define Lang; Neste sentido não utilizamos como um instrumento de obtenção de ´´dados´´,conteúdo, mas consideramos importante levar em conta as interações sócias no processo de entrevista, as diferenças das narrativas pela posição de classe e gênero ,bem como as relações entre memória e identidade. Este modo de concede as entrevista encontra respaldo em alguns autores, tais como BOURDIEU (1999) e THOMSON (2000). Para BOURDIEU, qualquer referência a procedimentos de pesquisa não esgota as estratégias infinitas da prática de pesquisa. (p.28). 
O que se pretende com a história oral aproxima-se bastante da perspectiva de Geertz com a proposta de "descrição densa", que busca não uma interpretação da fala do nativo e sim uma aproximação de seu ponto de vista. Para Geertz, através do estudo na aldeia, o antropólogo procuraria construir pontes para conciliar a sua subjetividade e a do informante [...] Os trabalhos baseados em relatos orais tentam incorporar as vantagens da subjetividade dos documentos. Ao se incorporar as relações de subjetividade entre o pesquisador e o informante, questiona-se o pressuposto da verdade histórica. (p. 29)
História oral na origem, ela foi associada ao estudo das minorias, dos marginalizados, atualmente, incorporou no seu campo um debate teórico-metodológico profícuo. O reconhecimento e adesão por um considerável número de pesquisadores de diferentes disciplinas demonstra o seu êxito[...] disciplinas como história, sociologia, antropologia, linguística, literatura e psicologia. (p. 30)
Vários pesquisadores chamam atenção para a necessidade de não perder de vista o compromisso político com os grupos sociais oprimidos e com pouco direito a voz, o que constituía um dos princípios originais dos pesquisadores, lideranças de movimentos sociais que utilizaram esta metodologia. (p. 30)
O registro escrito da história de vidas de grupos sociais considerados "sem voz" era concebido como uma ferramenta política, sendo o conhecimento do passado fundamental para a preparação da luta futura e para a compreensão global de sua realidade. (p. 30)
As narrativas dos migrantes não constituem a versão original, mas como diz Gertz são de segunda mão e as interpretações do pesquisador são de terceira mão. (p. 30)
A resposta para esta questão não se resolve em um debate teórico. mas na prática de pesquisa [...] tanto na produção dos documentos quanto de sua análise e na construção do texto do pesquisador. O compromisso político pode estar inclusive nas estratégias de comunicação e interação social estabelecidas entre o pesquisador e os informantes no sentido de questionar hierarquias entre sujeitos envolvidos. (p. 31)
A história oral e o estudo da memória
Paradigmas científicos outrora inquestionáveis passaram a ser questionados [...] "a projeção no passado dos desejos do tempo presente é a técnica mais corrente e mais cômoda para criar uma história própria para fazer as necessidades coletivas de comunidades que estão longe de ser exclusivamente nacionais" (FERREIRA, 1996 p, 19). (p. 31)
O congresso internacional de história oral realizado no Rio de Janeiro em 1998, elegeu cinco desafios à história oral no século XXI. O primeiro foi vencido quando o debate sobre o tema saiu da Europa e fez presente no Brasil [...] O segundo é o de "se manter fiel à sua inspiração inicial" [...] O terceiro está ligado à ambiguidade do termo história oral [...] O quarto ele defende o seu uso, desde que o pesquisador esteja em estado de vigília, pois o sem número de inventos tecnológicos pode ampliar o número de documentos orais [...] o último desafio é a íntima ligação entre identidade e memória (p. 32)
Os estudos acerca da Memória nos remetem as pesquisas de Halbwachs que entende a memória como resultado da interação social, por isso, ele estuda a partir dos quadros sociais da memória [...] a memória individual sempre está relacionada à memória do grupo [...] Os elementos constitutivos da memória são tomados de situações compartilhadas pelo grupo ao qual o indivíduo pertence (p. 32)
Halbwachs [...] considera que a menor alteração do ambiente atinge a qualidade da memória e amarra a memória da pessoa à do grupo e a linguagem é o instrumento decisivamente socializador da memória. (p. 32)
Michael Pollack [...] compreende a memória como um campo de forças e sua história diversa e conflituosa. Enquanto Halbwachs nos fala de uma negociação entre memória coletiva e individual, Michael Pollack percebe o caráter destruidor, uniformizador e opressor da memória coletiva e nacional[...] nestes momentos de conflitos, há a irrupção de ressentimentos e uma memória da dominação e de sentimentos "censurados" para a exposição pública [...] a perspectiva teórico-metodológica de Pollack reabilita a periferia e o que é marginal na história oficial, assim, não adere à visão de dominação exclusiva de um sobre o outro, no campo da memória, mas a possibilidade de resistências constantes em um campo de forças materiais e simbólicas. (p. 32)
O trabalho de memória e evocação do passado, ela tem a capacidade de reter e guardar o tempo que se foi, salvando-o da perda total, porque o ato de lembrar conserva o que se foi e não retornará jamais. E isto se constitui como uma garantia da nossa própria identidade. (p. 33)

  
PAULO GABRIEL
TEÓLOGO
PEDADAGOGO
PSICOPEDAGOGO
GRADUANDO EM HISTÓRIA E 
MESTRANDO EM EDUCAÇÃO

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