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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

TEMA PSICOPEDAGÓGICO: DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

"DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL E  FUNDAMENTAL"


AGRADECIMENTOS

            Gostaria de agradecer o carinho e a compreensão das professoras e professores Adriana Rodrigues, Kallyandra de França, Márcia Nantes, Cristina dos Reis, Antônio Felipe, Guaracema e Soléide Bendo das redes municipal, federal e particular de Campo Grande - MS, bem como a disponibilidade de me atender todas pessoalmente, inclusive pelos materiais que me emprestaram que muito me ajudaram na conclusão deste artigo.

RESUMO

Observamos descrito nos referidos tópicos que a rotina assumida pelo professor tendo em muitos casos dois ou mais períodos de aulas, até em escolas diferentes – a luta pela sobrevivência não permite a ele que aprenda muito mais que ensine.
Segundo Luciano Ferraz apud Perrenoud (2000, p.66):
“Para aprender, jamais é supérfluo compreender o sentido daquilo que se aprende. Para tanto, não basta que o saber seja inteligível, assimilável. É necessário que esteja ligado a outras atividades humanas, que se compreenda por que foi desenvolvido, transmitido, por que é conveniente apropriar-se dele”.
Dessa forma o professor é só o ensinante, mas o aprendente potencial é necessário, pois quem se afasta do aprender, não tem condições plenas de ensinar. Para fazer-se aprendente é necessário ser aprendiz de si mesmo, tendo a certeza de que o ensinante não está adormecido.
            Portanto, há de um lado docentes resistentes ao aprendizado, justificando a falta de tempo para dedicar-se a essas instâncias.
            Nós docentes temos que nos fazermos aprendente que é ser aprendiz de si mesmo, tendo a certeza de que o ensinante não está adormecido.
            Há de um lado docentes resistentes ao aprendizado, justificando a falta de tempo para dedicar-se a essas instâncias. Porém, nota-se que há uma preocupação bastante plural quanto à qualidade de ensino focado para a aprendizagem dos alunos, enquanto que a do professor é discutida de maneira singular e restrita, tal como se fosse muito óbvia essa condição.
A formação docente é um processo que se inicia muito antes do pretenso docente adentrar no curso de graduação, porque a intenção profissional deve preceder o interesse pessoal.

Luciano Ferraz apud Perrenoud, (2001, p.25) afirma que:

“Definimos o professor profissional como uma pessoa autônoma, dotada de competências específicas e especializadas que repousam sobre uma base de conhecimentos racionais, reconhecidos, oriundos da ciência, legitimado pela Universidade, ou de conhecimentos explicitados, oriundos da prática”.

Para ser professor profissional, como afirma Luciano Ferraz apud Perrenoud (2001), é preciso antes aptidão para aprender a ser, para então admitir o que pode vir a ser como professor. Isso é o mesmo que dizer que não se separa a pessoa do profissional, então, a opção por essa formação é antes um compromisso pessoal com a própria aprendizagem.
            Para que essa aprendizagem pessoal se desenvolva é preciso refletir se a formação docente contribui com práticas pedagógicas, e podem ser entendidas por dois planos distintos:
Prática objetiva, a mais concreta, referente às ações planejadas do professor, sendo o seu processo de prévias escolhas, ou seja, as disciplinas que irá ministrar, os materiais e recursos.
Prática subjetiva, menos concreta e mais reflexível, cerceada pelas intuições, pois é através do contato direto com os alunos e a compreensão do modus operandi desse grupo na sala de aula, é que o professor terá condições de perpetrar as suas ações (práxis pedagógica).
            A universidade como uma instituição de formação, na verdade, é entendida como um lugar de “busca”.
Escolas de ensino fundamental, os alunos estão ali tanto pela necessidade cultural gerada no seio familiar quanto social e, inclusive, por leis que os obrigam a estarem ali, o que faz refletir sobre a escola como um lugar também de descobertas, sendo a principal delas a existência de um “mundo” além do ambiente familiar.
Portanto, o professor é um aprendiz potencial, que não só ensina, mas, sobretudo, aprende continuamente com a prática diária.

            Segundo Luciano Ferraz apud:

(PERRENOUD, 2001, p.93).

“o prático pode igualmente refletir sobre a ação difundida, analisando e tirando partido da experiência passada.”

(PERRENOUD, 2001, p.93).

“Não é possível formar professores sem fazer escolhas ideológicas. Conforme o modelo de sociedade e de ser humano que defendemos, não atribuiremos as mesmas finalidades à escola e, portanto, não definiremos da mesma maneira o papel dos professores”.  

(BEUCLAIR, 2007, p.267).

Ao estabelecermos uma rede de aprendências e de ensinagens, reorganizamos o espaço tempo da sala de aula, como uma possibilidade de desenvolvermos nossas potencialidades de descentralização, de flexibilidade, de conectividade.

A práxis pedagógica ideal não existe, porque será no dia a dia que ela será posta em prática, mediante reflexões profundas sobre o processo de ensinagem e aprendizagem pessoal e dos alunos, mediante as estratégias realizadas em prol de amenizar os conflitos do processo ensino-aprendizagem, incluindo as autonomias e autorias e frente às relações estabelecidas no âmbito da atuação docente.

            Nos diz Luciano Ferraz apud:

Macedo (2005, p.49):
“Daí a interdependência entre aprender e ensinar e, mais do que isso, a inversão de seu sentido ordinário como uma de nossas necessidades: os que ensinam aceitam aprender, os que aprendem participam do processo de ensino. Em outras palavras, os professores podem e querem se beneficiar daquilo que oferecem aos seus alunos, até para poderem praticar esse ato de uma forma melhor”.

Meirieu, (2002, p.248):

“A incerteza, a aventura educativa, o abandono do esquema causal, a implementação de práticas pedagógicas que assumem as contradições da educação e fazem da “resistência” do outro ao nosso projeto a oportunidade de uma partilha e não um meio de exclusão, tudo isso supõe, por outro lado, que o educador esteja seguro da importância e da dignidade de sua missão (...)”

já que nos dias atuais a escola não cumpre mais as mesmas funções que cumpriu décadas atrás.

Luciano Ferraz apud Meirieu (2002)
“já que nos dias atuais a escola não cumpre mais as mesmas funções que cumpriu décadas atrás”.

NOME
ESCOLA
ATUAÇÃO
PROBLEMAS
Soléide Bendo
Mun. Ijuca Pirama
6º ao 9º Ens. Fundam.
  • Defasagem de conteúdo
  • Falta de acompanhamento dos pais
  • indisciplina
Antônio Felipe Neman
Colégio Militar de CG
6º ao 9º Ens. Fundam.
  • Falta de conteúdo
  • Falta de acompanhamento dos pais
Guaracema
(afastada por depressão)
Mun. Ijuca Pirama
6º ao 9º Ens. Fundam.
  • Indisciplina das crianças
Adriana Rodrigues
(teve depressão)
Mun. João Nepomuceno
6º ao 9º Ens. Fundam.
  • Falta de concentração e hiperatividade
       (Ed. Infantil)
  • Indisciplina
  • Falta de acessibilidade para portadores de necessidades especiais
Cristina dos Reis
(teve depressão)
Creche N. Srª do perpétuo Socorro (ONG)
Berçário e maternal
  • Dificuldades na fala
Márcia Nantes
(pediu para não informar)
6º ao 9º Ens. Fundam.
  • Falta de estudo do aluno
  • Indisciplina
  • Inclusão
KallyAndra de frança
CEDAE
Ed. infantil
  • Falta de conteúdo
  • Interação dos pais com a escola
  • Indisciplina


            Impressionou-me bastante o relato da professora Márcia Nantes, embora eu não tenha sido mais específico em que problema abordar.

            Segundo Márcia Nantes (na integra):

 Gabriel, como já havia lhe dito, essa é uma questão bastante ampla, pois são muitas as dificuldades que hoje encontramos no processo de ensino/aprendizagem. Tentarei expor aqui, as mais gritantes atualmente. Recentemente li um livro, do Içami Tiba, onde ele dizia que na maior parte dos casos, “o fracasso na aprendizagem não se deve a dificuldade do aluno em aprender, e sim a falta de estudo”. Concordo plenamente, e lembrando da nossa conversa ontem em relação aos alunos e sua aprendizagem no passado, concluo que, por um lado, ignorávamos de fato problemas cognitivos que os alunos pudessem ter e acabávamos em classificá-los em dois únicos grupos: Inteligentes e não inteligentes. Tenho a impressão, que a inteligência era vista como algo sobrenatural, dom divino, ou você nasce inteligente, ou será sempre uma pessoa limitada. Eram comuns testes para medir a inteligência das crianças, além de suas habilidades em matemática e língua portuguesa serem supervalorizadas, ou seja, um aluno que se destacava em uma dessas áreas de conhecimento era considerado com uma capacidade intelectual superior àquele que tinha habilidade em música e com desenvoltura tocava algum instrumento seguindo complexas partituras. 
Talvez  não esteja sendo objetiva quanto ao que me perguntou, mas acho relevante, dada a importância do tema, levantar essas questões que com frequência são discutidas quando pensamos em aprendizagem. Atualmente, mesmo estando muito longe de chegarmos a respostas exatas quanto a este assunto, sabemos que, o indivíduo é único, sendo assim, cada um aprende e vê os acontecimentos que os cercam sob uma perspectiva diferente, e por mais que os estágios da evolução do ser humano tenham sido amplamente estudados e classificados, (este é assunto que também me traz dúvidas), temos a consciência que o meio ao qual este indivíduo está inserido, tem um significativo "peso" em seu desenvolvimento e, principalmente, na forma com que ele acontece. Levando em consideração essas questões a que me referi anteriormente, agora creio que me farei entender quando digo que, a maior dificuldade encontrada no processo de aprendizagem do aluno, seja realmente a falta de estudo. "Antigamente", por mais dificuldades ou falta de habilidade que um aluno tivesse em relação a uma área de conhecimento, ele tinha a "obrigação" de estudar, a família acompanhava sua evolução, ou a falta dela, com mais responsabilidade, e mesmo que os pais não tivessem estudo e desconhecessem totalmente o que seus filhos viam na escola, cobravam sistematicamente bons resultados, pois geralmente, vinham de uma realidade difícil, onde haviam sido privados da possibilidade de estudarem e terem a oportunidade de uma vida menos sacrificada,  viam em seus filhos uma chance de realizarem-se neste sentido. Era como se fosse uma missão sagrada, romper os laços hereditários que os amarravam a uma vida difícil por meio do estudo de seus filhos. Essa responsabilidade e obrigação que a família carregava em relação a seus filhos, era o fator primordial que resolvia a dificuldade maior que apresento aqui. Infelizmente, com os vários equívocos em relação a educação, perdemos isso, a responsabilidade não só do ensino, assim como da própria "educação" (bons modos/valores), foi delegada a escola e os alunos estão literalmente abandonados a própria sorte dentro das mesmas. Em segundo lugar, para compor o caos que vivemos na educação, está a indisciplina, que é resultado da dificuldade anterior. Os alunos chegam a escola sem qualquer perspectiva, sem estímulo, sem consciência do seu papel naquele ambiente, sem apoio familiar, deparam-se com uma sala de aula com mais trinta ou quarenta crianças, que em sua maioria enfrentam a mesma situação, com um professor que nem de longe foi preparado para lidar com tantas especificidades, e  o aprendizado nesse contexto, fica em segundo plano, pois inicia-se o famoso "jogo de empurra-empurra", onde a escola busca apoio da família, a família devolve a responsabilidade para escola, que em muitos casos é pressionada pelos órgãos públicos,  a ter resultados em porcentagens satisfatoriamente altas, ignorando propositalmente todos os demais fatores que prejudicam uma aprendizagem realmente significativa para esses indivíduos. Sem falar da promoção praticamente automática do aluno, quando não automática, pois para manter bons índices, as escolas se vêem obrigadas a passar seus alunos, mesmo tendo a triste consciência, de que os mesmos não têm condições reais, ou seja, pré-requisitos para isso. Conclusão, para que estudar e para que a família desgastar-se com a aprendizagem de seu filho, já que, ele será promovido de qualquer forma?! Por fim, a terceira dificuldade, esta na questão da inclusão. De forma alguma sou contra, não me entenda mal, porém, da maneira irresponsável com que vem sendo feita, o nome adequado seria exclusão, pois estas crianças que apresentam problemas de aprendizagem por conta de deficiências intelectuais, físicas ou cognitivas, foram retiradas de instituições que tinham um mínimo de preparo para lhes dar suporte e atenção, e estão sendo despejadas (desculpe-me a expressão tão dura, porém, na há outra para denominar a barbárie), naquelas mesmas salas que citei na segunda dificuldade, pois o mínimo de vinte e cinco alunos por sala de aula, quando nesta se encontra matriculado alunos que possuam necessidades especiais, não são respeitadas, em poucos casos, os alunos portadores de necessidades especiais tem direito a professor auxiliar, e não temos um aluno especial por sala, hoje nos apresentam realidades, onde por sala, temos até três alunos nessas condições, não bastando, cada qual com um diagnóstico diferente.  É importante deixar claro que, alguns problemas como déficit de atenção, depressão, pânico, dislexia, transtorno de conduta, etc, muitas vezes nem chegam ao nosso conhecimento, e quando chegam, dado o contexto aqui descrito, são considerados menos importantes. Creio que tenha percebido, que dentro de cada dificuldade, inúmeras outras se apresentam, nossos alunos, considerados dentro dessa realidade "normais", acabam sendo massacrados pela falta de tempo que lhes sobra por parte de seus professores, que em sessenta minutos, tem que cumprir a burocracia da chamada e registros, separar brigas de alunos, chamar atenção daqueles que não compreendem o porquê de estarem ali, acordar outros que acabam dormindo em suas carteiras, colocando o sono em dia, já que com a falta de regras e valores em seus lares, foram dormir tarde, por ficarem na rua, ou até mesmo na "segurança" de seus lares navegando na internet. Enfim, o tempo real para o processo de ensino/aprendizagem é insuficiente para que o mesmo aconteça, e o que poderia ser uma simples dificuldade por parte do aluno, se tornam lacunas que o comprometerão futuramente. Perdoe-me se ficou confuso, como disse, esse assunto é muito amplo e complexo, e como a questão apresentada não aborda um aspecto mais específico, abre-se um leque sem fim para discussão do mesmo.
Qualquer dúvida, pode retornar-me o e-mail que procurarei esclarecer.
 
Márcia Nantes,  Arte-educadora, habilitada em Artes Plásticas, especialista em Design Gráfico e Arte-educação Contemporânea. Há dezessete anos na educação, sendo que doze deles na rede pública de ensino.  
  
CONCLUSÃO

            Todos estes nuances influenciam a educação e principalmente o aprendizado. A professora Adriana Rodrigues em seu artigo científico afirma que a indisciplina “ é o que norteia todo o descontentamento com a educação, provocando desinteresse, aliado a falta de preparo dos agentes educacionais”. Ela afirma ainda que a atitude do professor em sala e sua postura podem contribuir para essa indisciplina.
Para ser ensinante há que ser aprendente, mas é necessário sobreviver e acumular escolas a fim de se ter uma renda digna. Outro fator que me chamou a atenção foi o fato de três em sete professores três terem tido depressão, e uma estar neste estado a dois anos e cinco em sete terem apontado a indisciplina como causa principal da falta de aprendizagem.

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOMBONATTO, Quézia. Palestra sobre Educação Básica. Youtube (07/12/2011)
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Vários autores. São Paulo: Editora Pioneira, 1998.
FERREIRA, Márcia. Ação Psicopedagógica na sala de aula. São Paulo: Ed. Paulus. 2001.
RODRIGUES, Adriana. Causas da indisciplina em sala de aula. Artigo científico para conclusão de pós Latu Sensu do Instituto Libera Limes.
WWW. Abpp.com.br
WWW. psicopedagogia.com.br
WWW. educar.com.br


 OBS: A formatação não obedece a ABNT devido a praticidade do blog ser resumida. Peço desculpas.

PAULO GABRIEL B. DE MELO - PÓS-GRADUAÇÃO – LATO SENSU EM PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL 23 de Agosto de 2014.

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