ESSE TEXTO FOI RETIRADO DO LIVRO DO NOSSO ESQUADRÃO
ESQUADRÃO PELICANO
Estou no esquadrão há
nove anos e esse texto reflete muito bem nosso dia-a-dia.
"A
Tragédia do FAB 2068, junho de 1967
Um acidente com uma
aeronave da FAB originou a missão mais lembrada do Esquadrão Pelicano. A triste
história começa no dia 15 quando o Destacamento de Cachimbo, no sul do estado
do Pará, recebeu informes de
que um ataque indígena era
iminente e pediu reforço urgente de pessoal à Primeira Zona Aérea. A situação política
do país naquela época era difícil. Imediatamente levantou-se a suspeita de que
o ataque a Cachimbo poderia ser uma manobra de guerrilha.
Assim, o
1°/2° GAV foi acionado em Belém para levar reforços imediatos a Cachimbo, ainda
que a meteorologia desaconselhasse o vôo naquela noite. O avião escolhido foi o
C-47 FAB 2068. A tripulação era composta do piloto, 1° Ten Av Newton Nogueira
de Almeida Cunha, o co-piloto, 1° Ten Av Moisés da Silva Filho, o mecânico de
bordo, 2S Q Av Raimundo Mirasol Botelho e o radiotelegrafista, 2S Q RT Raimundo
Nonato Godinho de Moraes.
A
decolagem de Belém foi por volta das duas da tarde do dia 16. Após um vôo de
quatro horas e meia, o 2068 pousou em Jacareacanga para reabastecimento. Lá,
verificou-se que um dos radiogoniômetros estava em
pane. Um pedido de autorização para
prosseguir viagem na manhã seguinte, em condições visuais, foi negado ela Primeira
Zona Aérea, dada a urgência da missão. Às 21 horas, o 2068 decolou de novo rumo
a Cachimbo. Passado o tempo estimado de uma hora e quarenta e cinco minutos de
vôo, o aeródromo de Cachimbo não era visível, encoberto por uma densa camada de
nuvens. Depois de trinta e sete minutos tentando sem sucesso localizar o campo,
o comandante decidiu retornar. Naquele momento, a autonomia restante era de
quatro horas e
quarenta minutos de vôo, suficiente para alcançar
Jacareacanga. Porém, o tempo continuava ruim, com chuva e ventos fortes. O rio
Tapajós, que poderia servir para reorientar a navegação, não foi encontrado. O
campo de Jacareacanga também não foi encontrado, nem depois de outro C-47 dali
decolar e voar com os faróis acesos. Às 2h35, o 2068 comunicou por rádio que
seguiria no rumo 330° na direção de Manaus. O combustível seria bastante para
mais três horas de vôo. As comunicações com o 2068 cessaram às 4h52 com uma
seqüência dramática de mensagens:
- Estamos alijando a carga.
- Vamos ter gasolina para fazer um pouso de emergência.
Nossa proa é de 330°...
- Embandeiramos o motor direito.
- Acho que a gasolina está no fim.
- Vamos pousar sem condições.
- Vou frenar...
Longe
dali, iniciou-se a maior operação de busca e salvamento da história da aviação
brasileira. A operação envolveu as trinta e duas aeronaves disponíveis,
inclusive um avião C-130 da USAF que participava de manobras nas Guianas, e
contou com o suporte fornecido pelo navio-hidrográfico H-21 Sírius, da Marinha
do Brasil, no rio Japurá. Foram consumidos quase 1 milhão de litros de
combustível para realizar 1.100 horas de vôo.
A
cobertura de nuvens prejudicava as buscas. Mas surgiram alguns sinais de
esperança. Um caboclo relatou que ouvira o barulho de um avião caindo. Pouco
depois, dois aviões da FAB captaram sinais fracos na faixa de emergência.
Inicialmente, o SA-16 FAB 6539 do 2°/10° GAV não participou por falta de uma
tripulação disponível. Mas com um esforço extra, também o 6539 se juntou às
buscas. No dia 26, finalmente, o sol reapareceu. O Albatroz 6539 decolou mais
uma vez e, desta vez, teve sucesso. Investigando uma revoada de urubus, avistou
os destroços. Breve, escutou-se no rádio:
- Achamos o 2068!
O cenário em terra era desolador. Dos
vinte e cinco passageiros, apenas sete sobreviveram ao impacto inicial, todos
com ferimentos de maior ou menor gravidade. O pequeno grupo compreendia o Cap
Paulo Fernandes, o Ten Velly, o 2S Botelho, o 3S Barbosa, os Cb Barros e
Calderara e o S2 Brito. Dois dias depois da queda, o Cb Calderara faleceu.
Desde
o acidente não chovia e a falta de água era o maior problema. O Cb Barros
estava gravemente queimado na perna esquerda e nas costas e ferido na testa e
no maxilar inferior. O S2 Brito tinha ferimentos profundos na perna. Como não
sofreram fraturas e podiam de deslocar, foram os maiores responsáveis pela
busca de água e para a sobrevivência do grupo. Para o Cb Barros, que se
deslocava duas vezes por dia para trazer água para os companheiros, o esforço
custou caro. O 2S Botelho havia observado os urubus atraídos pelos corpos dos
companheiros. Inteligentemente, decidiu aguardar um momento propício para
espantá-los. Quando, no décimo dia após o início da viagem, ouviu o motor distante
do Albatroz, descarregou sua pistola na direção dos pássaros chamando a atenção
dos tripulantes do avião.
No dia
27, o SH-1D FAB 8530 do 2°/10° GAV chegou às 14 horas ao local do sinistro. Uma
equipe do
PARASAR liderada pelo Cap Roberto Câmara Lima Ypiranga dos
Guaranys foi lançada de rapel para prestar os
primeiros socorros aos sobreviventes. Para o Cb Barros, foi
tarde demais. Falecera às 11h15, já com a certeza de
que o socorro estava a caminho. Quando o Cap Guaranys chegou
ao Ten Velly, este, que tinha especialização de
salvamento na selva, disse-lhe:
- “Eu sabia que vocês viriam!”
Esta frase expressando a certeza do
resgate tornou-se um símbolo do serviço de busca e salvamento. A localização do
FAB 2068, pela magnitude da operação, é lembrada em 26 de junho pelo Dia da
Aviação de Busca e Salvamento".
FONTE:
Claro, Oswaldo, 1963 . 2º/10º Grupo de Aviação Esquadrão Pelicano 50 Anos de
História 1957-2007: ....para que outros possam viver!./Oswaldo Claro Jr., Mauro
Lins de Barros; ilustrado por:Rudnei Dias da Cunha. Rio de Janeiro: Adler
Editora, 2007.
Paulo Gabriel B Melo - Membro do Serviço de busca e salvamento desde 1990
SALVAMENTO PELO SAR
ResponderExcluirSOU DA TURMA DE JULHO DE 66 .A ESTAVA NO CURSO DE CABO NO QG1 DA 1a. ZONA . NAOo o ERA 1a.CLASSE e fui dispensado quando estava entrando no onibus para ir ao AER. MIL.A FAB tem uma imensa dívida com estes herois e com todos nos expulsos pela PORTARIA 1.104
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