CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO – LATO SENSU EM
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
PAULO GABRIEL B. DE MELO - UCDB - MS
Trabalho
apresentado a Tutoria do curso de Pós-Graduaçaõ em Psicopedagogia
Institucional.
Tutora: Denise Marcon
RESUMO
Parafraseando Camargo (2004) onde
afirma que a emoção é ... expressão, é sentir o coração bater, é a primeira
forma de comunicação, é expressão histórica geradora de solidariedade e de
aproximação.
Para Luciano Ferraz Servantes a emoção nasce com o sujeito e é
desenvolvida na família e na escola, embora talvez esta última não esteja
preparada para isso.
Para
Fonseca apud Wallon ‘a emoção tem um laço estreito com a afetividade onde se vê
a importância da afetividade no desenvolvimento e na aprendizagem da criança’.
Não há como falar de afetividade e
cognição sem citar Henri Wallon, que contribuiu com seus estudos, no qual,
afirma que a função tônica, a expressão emocional, o comportamento e a
aprendizagem do ser humano dependem uma da outra. Concluiu-se que o sucesso da
aprendizagem infantil se estabelece através de uma prática pedagógica que leve
em consideração a criança como um ser com características e ritmos próprios, as
quais contribuam para a vida afetiva pela satisfação encontrada nas atividades,
e pelo alívio de tensões que permitem um clima de satisfação para o educando, e
como nos mostra Goleman (2003) a inteligência emocional é o principal fator de
desenvolvimento do ser humano desde o Homo Sapiens.
PALAVRA
CHAVE: Família,
Emoção, Educação.
INTRODUÇÃO
Para Servantes (2013) deve haver harmonia e cumplicidade
na formação emocional do sujeito, tarefa esta onde a família tem grande parte
da responsabilidade e a escola sua co-partícipe, embora esta, talvez não esteja
preparada.
Segundo
Servantes (2013):
“ O Contexto familiar influencia o
contexto escolar, onde os diálogos são possíveis.
Segundo ele há certos programas de tevê,
que se apresentam como uma referência, mas na realidade não são referências
para ninguém. Os que assistem, se esquecem de que há crianças envolvidas nesses
processos, as quais não possuem sequer condições de responder por elas mesmas.
Koller (2006, p.69):
As crianças vítimas
de violência apresentam comumente, sintomas de ansiedade, dificuldades de
concentração da atenção, comportamento agressivo e hiperativo, tristeza,
apatia, baixa estima, distúrbios do sono e da alimentação, afecções
genito-urinárias, enurese, encoprese, comportamentos autodestrutivos e
mutiladores, medos, terror noturno, insegurança, dificuldade de vincular-se e
de confiar nos adultos, sentimentos depressivos, culpa, comportamento
hipersexualizado e necessidade de afeto e atenção extremos, dada a carência
afetiva e a falta de vínculos positivos e de segurança, entre outros sintomas.
Pelas respostas que a criança possa dar diante da
violência, fica claro que estas vão influenciar no seu modo de processar a
vida, suas experiências e suas relações.
Monbourquette,
(1996, p.47), é observado que:
Quando surge um conflito
entre os pais e o filho, é importante perceber a natureza do conflito. É ele
provocado por questões materiais ou provém de um motivo cultural ou moral? No
primeiro caso você está diante de um conflito de necessidade (...) no segundo
caso, se trata de um conflito em matéria de opções, valores morais e culturais.
Conflitos de natureza moral e cultural
têm a ver com as opções feitas pelo sujeito no seu trato com os grupos sociais
em que se insere.
Hoje se nota a escola vivenciando
uma distorção de valores, o desrespeito
do aluno com o professor; a falta de
compromisso do aluno e da família com as atividades da escola;
A auto-estima do aluno vem
de casa, mas deve ser desenvolvida pela escola, uma vez que a auto-estima pode
ser entendida como aquela que nasce com o sujeito, caracterizada como um
processo de auto-valorização, no qual está inclusa a auto-preservação.
A auto-estima também é um processo de desenvolvimento humano que requer
orientação e aprimoramento, e para isso devemos dar atenção aos afetos,
sentimentos e emoções que desenvolvemos em nós e em nossos filhos, já que estes
últimos são reflexos dos pais. Eles são comportamentos que promovem
estabilidade e segurança na criança e no futuro sujeito social. (família)
Os afetos, na qual a ‘amorosidade’ é manifestada, se insere a proteção
familiar que, se for equilibrada, gera diálogos e os laços familiares tornam-se
laços de amizade. Por outro lado, se a proteção for exagerada – o que chamamos
de superproteção – teremos relações em que os afetos são conflituosos e
marcadamente impositores. O ato de “sentir” é uma função íntima do sujeito.
Deveríamos nos
perguntar que tipo de auto-estima valorizamos nos nossos filhos?
A auto-estima vem de casa, é parte das bases da família, da sua forma de
viver, sentir e agir. Já, a escola desenvolve a auto-estima num outro plano de
vivência, pois é um lugar que amplia a interação do sujeito com o seu entorno.
“a escola é o pior lugar do mundo para a
Criança” afirma Servantes, com receio de que a escola tenha sim que trabalhar e
desenvolver a auto-estima da criança.
O foco da auto-estima é fazer com que a criança se assegure de sua
importância no contexto escolar e, de forma segura e tranquila se aproprie de
sua aprendizagem de forma consciente (autônoma e autora), conduzindo-se na sua
formação.
Em
uma definição conceitual para CARDEIRA
(2012) apud Houzel, Emmanuelli & moggio (2004) emoção vem do Latin “emovere” fazer movimento a partir de,
sair do seu presente estado por meio de qualquer coisa que agita, move, abala.
A emoção é algo que parte do interior e que tende a ser exteriorizado em uma
relação com o meio.
Segundo Alzina (2000) as emoções
ocorrem por interação com o meio circundante através da socialização, dessa
forma as emoções individuais são influenciadas pelas pessoas que rodeiam o
indivíduo, daí imagino que as duas instituições mais próximas do docente sejam
a família e a escola, já que ocupam a maior parte do tempo no processo de
formação emocional e educacional.
Para
Goleman (2003), embora trabalhe só a inteligência emocional enquanto Gardner
trabalha as inteligências múltiplas, ele afirma que esse modelo ampliado do que significa
ser "inteligente" põe as emoções no centro das aptidões para viver.
Talvez o dado individual mais perturbador de sua obra venha de uma maciça
pesquisa com pais e professores, revelando uma tendência mundial da geração
atual de crianças a ser mais emocionalmente perturbada que a última: mais
solitária e deprimida, mais revoltada e rebelde, mais nervosa e propensa à
preocupar-se, mais impulsiva e agressiva.
Como afirmei a minha preocupação no
último trabalho deste curso, encontrei vários professores da rede pública de
Campo Grande com quadros pré e pós depressão que passava de cinqüenta por cento
dos entrevistados, embora a amostragem feita seja pequena, posso refletir que
este problema atinge também a docência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo Goleman apud LeDoux “a
inteligência emocional é revolucionária para a compreensão da vida emocional
por ser a primeira a estabelecer caminhos neurais de sentimentos que contornam
o neocórtex. Esses sentimentos são os que tomam a rota direta da amígdala estão
entre os nossos mais primitivos e poderosos; esse circuito muito faz para
ajudar a explicar o poder da emoção para esmagar a racionalidade”.
Creio e concordo com Goleman que o
coração domina a mente, e antes de trabalhar a cognição devemos juntos família
e escola, trabalhar para bem desenvolver a afetividade entre discentes e
docentes, pois assim abriríamos um espaço nos corações e mentes daqueles que
serão sujeitos e aprendentes, tanto discentes quanto docentes.
Assustou – me conversar com uma
professora da rede pública de New York (EUA) onde ela afirmava que o pai americano
tem em média dez minutos por dia com seus filhos e me pergunto o que eu poderia
fazer para trabalhar a emoção dos meus filhos se tivesse apenas dez minutos.
Nesse sentido a responsabilidade da escola aumenta, mesmo correndo o risco da
escola virar um depósito de crianças e adolescentes, e dos professores serem
mais que isso e também acumularem funções de pai, mãe, psicólogo, delegado de
polícia, médico, etc.
Este assunto é tão rico, tão cheio
de referências e de uma importância primordial para pais e educadores que
deveria ser melhor abrangido nas reuniões de pais e mestres e nas reuniões
pedagógicas, sendo psicólogos e psicopedagogos peças chaves na melhoria desse
processo. Sendo este um dos motivos que me levou a buscar conhecimento na pós
de psicopedagogia.
Portanto, parafraseio Paulo freire
que independente do tipo de professor que alguém possa ser “não passará sem
deixar sua marca”, meu receio é que marca estou deixando em meus alunos?
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BOMBONATTO, Quézia.
Palestra sobre Educação Básica. Youtube (07/12/2011)
BROSTOLIN, Marta.
Psicopedagogia: Histórico, fundamentos e atuação. EAD. 2012.
CARDEIRA, Ana Rita.
Artigo Científico. INUAF, Portugal, 2012.
FONSECA, Patrícia
Mara. Monografia apresentada a Universidade Santa Cecília. Pós- Graduado em
Psicopedagogia Institucional e Clínica. Santos, 2011.
FREIRE, Paulo.
Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo,
1996: Editora Paz e Terra, 16ª edição.
GOLEMAN, Daniel.
Inteligência Emocional. Editora Objetiva, 2003.
SERVANTES, Luciano
Ferraz. Família: Relações, vínculos e aprendizagem. Apostila de curso de pós
graduação Latu Senso. EAD. 2013.
HENRI, Wallon. Psicologia e Educação. 10ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2010.
WWW. Abpp.com.br
WWW. psicopedagogia.com.br
WWW. educar.com.br
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