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quinta-feira, 31 de julho de 2014

TEMA PSICOPEDAGÓGICO: AS RELAÇÕES FAMILIARES E A FORMAÇÃO DO SUJEITO EMOCIONAL


CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO – LATO SENSU EM PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL

PAULO GABRIEL B. DE MELO - UCDB - MS

Trabalho apresentado a Tutoria do curso de Pós-Graduaçaõ em Psicopedagogia Institucional.

Tutora: Denise Marcon

RESUMO

            Parafraseando Camargo (2004) onde afirma que a emoção é ... expressão, é sentir o coração bater, é a primeira forma de comunicação, é expressão histórica geradora de solidariedade e de aproximação.
            Para Luciano Ferraz Servantes a emoção nasce com o sujeito e é desenvolvida na família e na escola, embora talvez esta última não esteja preparada para isso.
            Para Fonseca apud Wallon ‘a emoção tem um laço estreito com a afetividade onde se vê a importância da afetividade no desenvolvimento e na aprendizagem da criança’.
             Não há como falar de afetividade e cognição sem citar Henri Wallon, que contribuiu com seus estudos, no qual, afirma que a função tônica, a expressão emocional, o comportamento e a aprendizagem do ser humano dependem uma da outra. Concluiu-se que o sucesso da aprendizagem infantil se estabelece através de uma prática pedagógica que leve em consideração a criança como um ser com características e ritmos próprios, as quais contribuam para a vida afetiva pela satisfação encontrada nas atividades, e pelo alívio de tensões que permitem um clima de satisfação para o educando, e como nos mostra Goleman (2003) a inteligência emocional é o principal fator de desenvolvimento do ser humano desde o Homo Sapiens.

PALAVRA CHAVE: Família, Emoção, Educação.
INTRODUÇÃO
            Para Servantes (2013) deve haver harmonia e cumplicidade na formação emocional do sujeito, tarefa esta onde a família tem grande parte da responsabilidade e a escola sua co-partícipe, embora esta, talvez não esteja preparada.
            Segundo Servantes (2013):
“ O Contexto familiar influencia o contexto escolar, onde os diálogos são possíveis.
       Segundo ele há certos programas de tevê, que se apresentam como uma referência, mas na realidade não são referências para ninguém. Os que assistem, se esquecem de que há crianças envolvidas nesses processos, as quais não possuem sequer condições de responder por elas mesmas.

Koller (2006, p.69):

As crianças vítimas de violência apresentam comumente, sintomas de ansiedade, dificuldades de concentração da atenção, comportamento agressivo e hiperativo, tristeza, apatia, baixa estima, distúrbios do sono e da alimentação, afecções genito-urinárias, enurese, encoprese, comportamentos autodestrutivos e mutiladores, medos, terror noturno, insegurança, dificuldade de vincular-se e de confiar nos adultos, sentimentos depressivos, culpa, comportamento hipersexualizado e necessidade de afeto e atenção extremos, dada a carência afetiva e a falta de vínculos positivos e de segurança, entre outros sintomas.

Pelas respostas que a criança possa dar diante da violência, fica claro que estas vão influenciar no seu modo de processar a vida, suas experiências e suas relações.

Monbourquette, (1996, p.47), é observado que:

Quando surge um conflito entre os pais e o filho, é importante perceber a natureza do conflito. É ele provocado por questões materiais ou provém de um motivo cultural ou moral? No primeiro caso você está diante de um conflito de necessidade (...) no segundo caso, se trata de um conflito em matéria de opções, valores morais e culturais.

         Conflitos de natureza moral e cultural têm a ver com as opções feitas pelo sujeito no seu trato com os grupos sociais em que se insere.
              Hoje se nota a escola vivenciando uma distorção de valores,  o desrespeito do aluno com o professor;  a falta de compromisso do aluno e da família com as atividades da escola;       
A auto-estima do aluno vem de casa, mas deve ser desenvolvida pela escola, uma vez que a auto-estima pode ser entendida como aquela que nasce com o sujeito, caracterizada como um processo de auto-valorização, no qual está inclusa a auto-preservação.
        A auto-estima também é um processo de desenvolvimento humano que requer orientação e aprimoramento, e para isso devemos dar atenção aos afetos, sentimentos e emoções que desenvolvemos em nós e em nossos filhos, já que estes últimos são reflexos dos pais. Eles são comportamentos que promovem estabilidade e segurança na criança e no futuro sujeito social. (família)
      Os afetos, na qual a ‘amorosidade’ é manifestada, se insere a proteção familiar que, se for equilibrada, gera diálogos e os laços familiares tornam-se laços de amizade. Por outro lado, se a proteção for exagerada – o que chamamos de superproteção – teremos relações em que os afetos são conflituosos e marcadamente impositores. O ato de “sentir” é uma função íntima do sujeito.
       Deveríamos nos perguntar que tipo de auto-estima valorizamos nos nossos filhos?
       A auto-estima vem de casa, é parte das bases da família, da sua forma de viver, sentir e agir. Já, a escola desenvolve a auto-estima num outro plano de vivência, pois é um lugar que amplia a interação do sujeito com o seu entorno.
       “a escola é o pior lugar do mundo para a Criança” afirma Servantes, com receio de que a escola tenha sim que trabalhar e desenvolver a auto-estima da criança.
      O foco da auto-estima é fazer com que a criança se assegure de sua importância no contexto escolar e, de forma segura e tranquila se aproprie de sua aprendizagem de forma consciente (autônoma e autora), conduzindo-se na sua formação.
            Em uma definição conceitual para CARDEIRA (2012) apud Houzel, Emmanuelli & moggio (2004) emoção vem do Latin “emovere” fazer movimento a partir de, sair do seu presente estado por meio de qualquer coisa que agita, move, abala. A emoção é algo que parte do interior e que tende a ser exteriorizado em uma relação com o meio.
            Segundo Alzina (2000) as emoções ocorrem por interação com o meio circundante através da socialização, dessa forma as emoções individuais são influenciadas pelas pessoas que rodeiam o indivíduo, daí imagino que as duas instituições mais próximas do docente sejam a família e a escola, já que ocupam a maior parte do tempo no processo de formação emocional e educacional.
            Para Goleman (2003), embora trabalhe só a inteligência emocional enquanto Gardner trabalha as inteligências múltiplas, ele afirma que esse modelo ampliado do que significa ser "inteligente" põe as emoções no centro das aptidões para viver. Talvez o dado individual mais perturbador de sua obra venha de uma maciça pesquisa com pais e professores, revelando uma tendência mundial da geração atual de crianças a ser mais emocionalmente perturbada que a última: mais solitária e deprimida, mais revoltada e rebelde, mais nervosa e propensa à preocupar-se, mais impulsiva e agressiva.
            Como afirmei a minha preocupação no último trabalho deste curso, encontrei vários professores da rede pública de Campo Grande com quadros pré e pós depressão que passava de cinqüenta por cento dos entrevistados, embora a amostragem feita seja pequena, posso refletir que este problema atinge também a docência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
           
            Segundo Goleman apud LeDoux “a inteligência emocional é revolucionária para a compreensão da vida emocional por ser a primeira a estabelecer caminhos neurais de sentimentos que contornam o neocórtex. Esses sentimentos são os que tomam a rota direta da amígdala estão entre os nossos mais primitivos e poderosos; esse circuito muito faz para ajudar a explicar o poder da emoção para esmagar a racionalidade”.
            Creio e concordo com Goleman que o coração domina a mente, e antes de trabalhar a cognição devemos juntos família e escola, trabalhar para bem desenvolver a afetividade entre discentes e docentes, pois assim abriríamos um espaço nos corações e mentes daqueles que serão sujeitos e aprendentes, tanto discentes quanto docentes.
            Assustou – me conversar com uma professora da rede pública de New York (EUA) onde ela afirmava que o pai americano tem em média dez minutos por dia com seus filhos e me pergunto o que eu poderia fazer para trabalhar a emoção dos meus filhos se tivesse apenas dez minutos. Nesse sentido a responsabilidade da escola aumenta, mesmo correndo o risco da escola virar um depósito de crianças e adolescentes, e dos professores serem mais que isso e também acumularem funções de pai, mãe, psicólogo, delegado de polícia, médico, etc.
            Este assunto é tão rico, tão cheio de referências e de uma importância primordial para pais e educadores que deveria ser melhor abrangido nas reuniões de pais e mestres e nas reuniões pedagógicas, sendo psicólogos e psicopedagogos peças chaves na melhoria desse processo. Sendo este um dos motivos que me levou a buscar conhecimento na pós de psicopedagogia.
            Portanto, parafraseio Paulo freire que independente do tipo de professor que alguém possa ser “não passará sem deixar sua marca”, meu receio é que marca estou deixando em meus alunos? 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOMBONATTO, Quézia. Palestra sobre Educação Básica. Youtube (07/12/2011)
BROSTOLIN, Marta. Psicopedagogia: Histórico, fundamentos e atuação. EAD. 2012.
CARDEIRA, Ana Rita. Artigo Científico. INUAF, Portugal, 2012.
FONSECA, Patrícia Mara. Monografia apresentada a Universidade Santa Cecília. Pós- Graduado em Psicopedagogia Institucional e Clínica. Santos, 2011.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo, 1996: Editora Paz e Terra, 16ª edição.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Editora Objetiva, 2003.
SERVANTES, Luciano Ferraz. Família: Relações, vínculos e aprendizagem. Apostila de curso de pós graduação Latu Senso. EAD. 2013.
HENRI, Wallon. Psicologia e Educação. 10ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2010.
WWW. Abpp.com.br
WWW. psicopedagogia.com.br

WWW. educar.com.br

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