AGRADECIMENTOS
A FORÇA AÉREA BRASILEIRA, pela formação e investimentos
feitos no decorrer da minha carreira.
Ao 7°/8° GRUPO DE AVIAÇÃO, pelos seis anos de vôos na região
amazônica, conhecendo cada aldeia, rio, serra, pico, índio e toda sua imensa
floresta e pela árdua missão de resgatar e salvar pessoas em toda Amazônia.
Ao 2°/8° GRUPO DE AVIAÇÃO, pelo apoio nas pesquisas e
desenvolvimento da doutrina de sobrevivência na selva e no mar.
Ao 2°/10°
GRUPO DE AVIAÇÃO- ESQUADRÃO PELICANO pelas décadas de trabalho de busca e salvamento e pelo
conhecimento transmitido, por todas as inúmeras vítimas salvas, pelas perdas de
todos aqueles membros, que trocaram sua vida pela missão de salvar e para que outros possam viver .
Ao EXÉRCITO BRASILEIRO, pelas inúmeras vezes que me acolheu em suas
organizações, seja em cursos ou no desenvolvimento de pesquisa.
Ao CENTRO DE INSTRUÇÃO DE GUERRA NA SELVA, pelo brilhante profissionalismo e
pela incessante busca de conhecimentos de sobrevivência na selva, a melhor e
mais reconhecida escola de selva do mundo, orgulho nacional.
A MARINHA DO BRASIL, pelos conhecimentos transmitidos em navegação e
marinharia.
Ao EAS
PARA-SAR , pela formação e
direcionamento, berço da minha carreira como resgateiro.
As POLICIAS MILITARES e CORPO DE BOMBEIROS dos estados de Pernambuco, Amazonas
e São Paulo, pela formação em atendimento pré-hospitalar e mergulho.
A INFRAERO, por seu constante desenvolvimento da doutrina de
emergências aeroportuárias.
A AFAER pelo incessante trabalho de pesquisa e apoio na área de
sobrevivência.
E a todos aqueles que direta ou
indiretamente contribuíram com esta obra e que sem eles não seria possível a
sua realização.
ÍNDICE
|
|
CURRICULUM VITAE DO AUTOR
|
07
|
INTRODUÇÃO
|
08
|
CAPÍTULO I
|
|
PRIMEIROS
SOCORROS
|
12
|
GENERALIDADES
|
13
|
PRIMEIRO PASSO
|
15
|
CONSTITUIÇÃO DO CORPO HUMANO
|
16
|
RCP
|
17
|
FERIMENTOS
|
18
|
FERIMENTOS NO TÓRAX
|
20
|
TRAUMATISMO CRANIANO
|
20
|
TRAUMA DE COLUNA
|
22
|
FRATURA
|
22
|
OFIDISMO, ARANEÍSMO,
ESCORPIONISMO E OUTROS
|
22
|
EVACUAÇÃO DE FERIDOS
|
27
|
EFEITO FISIOLÓGICO DO ACIDENTE
NAS MULHERES
|
28
|
CAPÍTULO II
|
|
SOBREVIVÊNCIA NA SELVA
|
32
|
GENERALIDADES
|
33
|
ABRIGO
|
35
|
FOGO
|
36
|
ÁGUA SOLVENTE UNIVERSAL
|
40
|
ALIMENTAÇÃO
|
45
|
SINALIZAÇÃO
|
52
|
JORNADA SOBRE A SELVA
|
56
|
PROCESSOS DE ORIENTAÇÃO
|
57
|
INDIANISMO
|
60
|
O CABOCLO AMAZÔNICO
|
63
|
CAPÍTULO III
|
|
SOBREVIVÊNCIA NO MAR
|
64
|
GENERALIDADES
|
65
|
SINALIZAÇÃO
|
71
|
ASPECTOS PSICOLÓGICOS DE UM
SOBREVIVENTE
|
72
|
OBTENÇÃO DE ÁGUA
|
73
|
ALIMENTAÇÃO
|
74
|
PEIXES MARINHOS PERIGOSOS
|
75
|
TUBARÕES
|
76
|
NATAÇÃO E SINAIS DE TERRA
|
78
|
CAPÍTULO IV
|
|
SOBREVIVÊNCIA NO DESERTO
|
82
|
INTRODUÇÃO
|
83
|
ABRIGO
|
84
|
ÍNDICE
|
|
ÁGUA
|
85
|
ALIMENTOS
|
86
|
CUIDADOS
NO DESERTO
|
91
|
O SERTANEJO
|
91
|
CAPÍTULO V
|
|
SOBREVIVÊNCIA NO GELO
|
94
|
INTRODUÇÃO
|
95
|
ORIENTAÇÕES BÁSICAS
|
95
|
ABRIGOS
|
96
|
FOGO
|
97
|
ÁGUA
|
97
|
ALIMENTO
|
97
|
CUIDADOS NO GELO
|
98
|
CAPÍTULO VI
|
|
EQUIPE SAR
|
101
|
O INÍCIO DO SAR
|
106
|
BUSCA E
SALVAMENTO POR SATÉLITE
|
107
|
RESGATE POR HELICÓPTERO
|
109
|
UNIDADES DE BUSCA E SALVAMENTO
|
111
|
HELICÓPTEROS DA FORÇA AÉREA
BRASILEIRA
|
113
|
CUIDADOS NA APROXIMAÇÃO DE UM
HELICÓPTERO
|
116
|
DIÁRIO
|
121
|
REFERÊNCIA
|
124
|
SITES DE REFERÊNCIA
|
126
|
Curriculum vitae
PAULO GABRIEL BATISTA DE MELO
NATURALIDADE: PESQUEIRA – PE
CURSOS
1 MECÃNICA DE AERONAVES- BMN (EEAR)
2. MECÃNICO DE VÔO-BAV(EEAER)
3. SALVAMENTO E RESGATE (PARASAR – EAS)
4. BUSCA E SALVAMENTO (2º/10º Gav)
5. MERGULHO AUTÔNOMO ( GBS – AM )
6. MECÂNICA DE HELICÓPTERO
CH-55 (7º/8º Gav)
7. MECÂNICO DE ANV C-105
8. MECÂNICO DE ANV C-95
9. MECÂNICA DE HELICÓPTERO
UH-50 (2º/8º Gav)
10. MECÂNICA DE HELICÓPTERO
UH-1H (2º/10º Gav)
11. BUSCA ELETRÔNICA (DIRETORIA DE ELETRÔNICA E PROTEÇÃO AO VÔO – RJ)
12. OPERAÇÕES NA SELVA (CENTRO DE INSTRUÇÃO E GUERRA NA SELVA)
13. MARINHEIRO REGIONAL DE
CONVÉS (MARINHA DO BRASIL)
14. EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS E
AFOGAMENTO (JORNADA CIENTÍFICA – HARF)
15. EMERGÊNCIAS AEROPORTUÁRIAS –
CVE (INFRAERO)
16. PRIMEIROS SOCORROS ( NATIONAL SAFETY COUNCIL )
17. ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR (
BO-PE)
18. PRIMEIROS SOCOROS E RCP ( HGR )
19. CCSPHM– CURSO DE CAPACITAÇÃO
PRÉ-HOSPITALAR MILITAR (1º/10° Gav )
20. ASSISTENTE DE ADMINISTRAÇÃO
(EECR)
21. PROCESSAMENTO DE DADOS E
PROGRAMAÇÃO (CEMEC)
22. LICENCIATURA PLENA EM
PEDAGOGIA (UEVA-SOBRAL)
23. LICENCIATURA PLENA EM
TEOLOGIA (FTCS –RECIFE)
24. PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA (UCDB-MS)
ESTÁGIOS
1. OPERAÇÕES E VIDA NA SELVA (CENTRO DE INSTRUÇÃO E GUERRA NA SELVA)
2. MECÂNICA DE AERONAVE T-27 (ACADEMIA DA FORÇA AÉREA)
3. EXTENÇÃO EM MECÂNICA-BMA (ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁUTICA)
4. PADRONIZAÇÃO DE MONITORES (2°/8° Gav)
5. MEDICINA AEROESPACIAL (BARF)
6.
SEGURANÇA DE VÔO (SERAC II)
7.
GESTORES DE MANUTENÇÃO (SERAC II)
8.
GUERRA ELETRONICA 2º/8º GAV
OPERACIONALIDADE
1. OPERAÇÃO NA ÁREA AMAZÔNICA
DE 1989 À 1996.
2. AERONAVES VOADAS : UH-1H /
CH-34 / UH-50 / CH-55 / DAUPHIN.
3. TRIPULANTE SAR OPERACIONAL.
4. OBSERVADOR SAR OPERACIONAL
5. MONITOR EM RESGATE.
6. SOCORRISTA DA BASE AÉREA DE
RECIFE (1998 A 2004).
7. MEMBRO DO SERVIÇO DE BUSCA DA FORÇA AÉREA DESDE 1990 - SAR .
8. INSTRUTOR DE MARINHARIA DA
NE / VARIG (2001)
9. INSTRUTOR DE MARINHARIA DA
ATA LINHAS AÉREAS.
10. PALESTRANTE DA FORÇA AÉREA
EM SOBREVIVÊNCIAS.
CONDECORAÇÕES
1.
MEDALHA MILITAR DE BRONZE
2.
MEDALHA MILITAR DE PRATA
3.
MEDALHA BARTOLOMEU DE GUSMÃO
4.
MEDALHA DO PACIFICADOR
INTRODUÇÃO
Todos os dias
incontáveis vôos cortam os céus do nosso planeta, segundo a revista FLAP
INTERNACIONAL chegam a um número bastante expressivo, em sua maioria são
passageiros que não tem a menor idéia do que fazer em uma emergência,
dependendo exclusivamente da equipe de comissários, que maioria das vezes não
passou pelo infortúnio de ser um sobrevivente e em muitos casos a última vez
que lidou com este tipo de situação foi no período de formação, isto para os
que tiveram a sorte de formar - se em uma escola de comissários empenhada em
passar os úteis conselhos de como sobreviver em ambientes diversos, por causa
disto a ANAC (agência nacional de aviação civil) vem fiscalizando também os
treinamentos de emergência das companhias aéreas.
TRÁFEGO AÉREO MUNDIAL –
RESUMO POR CONTINENTE
|
||
REGIÃO
|
PASSAGEIROS
|
POUSO/DECOLAGENS
|
ÁFRICA
|
81.043.335
|
1.478.085
|
ÁSIA/PACÍFICO
|
526.696.072
|
5.227.819
|
EUROPA
|
997.293907
|
16.150.228
|
AM. LATINA/CARIBE
|
139.671.496
|
2.958.189
|
ORIENTE MÉDIO
|
66.800.107
|
750.450
|
AM. DO NORTE
|
1.438.522.041
|
33.916.318
|
TOTAL
|
3.246.026.958
|
60.481.159
|
No ano de 1993, estávamos na selva amazônica na fronteira
com a Colômbia, quando vimos, da clareira que passamos a noite, um avião que
rasgava o silêncio com o barulho do motor a jato e o intermitente flash da
anticolisão, comecei a pensar que ali dentro havia pessoas de terno,
empresários, autoridades e doutores que talvez jamais imaginaram como seria
sobreviver em um ambiente hostil. Desde aquele dia até a data de hoje reuni
inúmeros documentários e relatos de sobreviventes, aliada às pesquisas e a
experiência pessoal como membro do SERVIÇO DE BUSCA E SALVAMENTO (SAR ) desde 1990, é
que resolvi relatar nesta obra conselhos de vital importância para um
sobrevivente nos quatro tipos de ambientes que podemos encontrar .
Diversas vezes
vi pessoas morrerem por não saber o que fazer, coisas simples como fazer um
fogo, obter água em uma região cortada por rios, técnicas básicas de primeiros
socorros, fazer uma fossa de detritos, dentre outras.
Nada
me toca mais do que encontrar pessoas em algum tipo de acidente, quer seja
aéreo, marítimo ou terrestre, que não conseguiram sobreviver devido a falta de
conhecimento sobre os aspectos de uma sobrevivência, que se soubessem
aumentariam as chances de êxito, proporcionando um retorno seguro aos seus
lares . Baseado nesta necessidade e na experiência profissional de muitos
acidentes, é que tenho a pretensão de fornecer subsídios para uma sobrevivência
eficaz.
Nós das equipes de resgate
nutrimos pelos nossos sobreviventes um sentimento paternal, sem medir esforços
para que retornem com vida, embora não seja aconselhável o envolvimento, não há
como ser indiferente ao apelo de um pai ou uma mãe que tenha o seu filho
desaparecido, sem contar as implicações jurídicas como seguro, que são
dificultadas pelo desaparecimento do corpo e outras mais. É nesse espírito
fraternal que tenho tido o privilégio de trabalhar desde a década de oitenta,
vi muitos resgateiros levarem nos braços sobreviventes e enfermos, confesso que
nunca vi nada mais humanitário, homens de caráter e dedicação integral que
professam no seu dia-a-dia o amor ao próximo.
Não conheço muitas profissões, onde seus membros, arriscam a vida voluntariamente,
presentes a cinemática do trauma, como os membros dos serviços de busca e
salvamento da FAB e corpo de bombeiros, bem como todos os grupos atuantes nesta
área, no entanto, a maioria não tem amparo legal , pois a profissão de
pára-médico não está reconhecida no nosso país, temos um dever moral de
reconhecer e lutar pela legalização destes profissionais, pois estão
diariamente salvando a vida de pessoas em todo o país.
Nesses quinze anos de trabalho
em equipes SAR, fiz diversos cursos por interesse próprio e da Força Aérea,
onde tive o privilégio de desenvolver e aprender uma doutrina eficiente, que
pudesse possibilitar ao leigo um mínimo de conhecimentos que pudesse salvar sua
vida e de outros , em caso de sinistro. O trauma em si é um fator contribuinte
para deixar o psicológico do sobrevivente abalado, se for a noite a
situação será desesperadora, restringindo-lhe a capacidade de encontrar
soluções simples, em vez disto, pessoas tem praticado diversos atos covardes,
como por exemplo, esconder comida para não distribuir a idosos e crianças, que
acabaram perecendo por desnutrição, a prática do canibalismo, embora anti-ética
em uma sociedade estruturada, foi muitas vezes e em muitos casos de
sobrevivência a única comida disponível, não que seja o mais indicado , mas em
não se sabendo o que fazer o ser humano busca soluções desesperadas. Assim
sendo, não se propõe este livro a encerrar o assunto, haja vista a grande massa
de informação disponível para aqueles que necessitam deste tipo de conhecimento,
seja você um militar, piloto, comissário de vôo ou simplesmente um passageiro.
Em muito tem contribuído os
acidentes, na prevenção de outros e na coleta de dados que possibilitam um raro
conhecimento, que não se encontra disponível no mercado. Em muitas visitas e
palestras ministradas as companhias aéreas e esquadrões de aviação da Força
Aérea, falo aos tripulantes, da necessidade de se pensar como um sobrevivente e
não como alguém que vai para casa depois do expediente, encontrei inúmeros
manuais de sobrevivência escritos em inglês em um país onde a língua oficial é
o português, e nem todos os tripulantes falam inglês, além do mais, a maioria
dos manuais não são impermeabilizados, ficando impraticáveis numa sobrevivência
no mar, ao passo que existem manuais confeccionados em plástico que não se
desfazem com água, os kit’s de
medicamentos, não trazem relacionados para que servem e como deverão ser
usados, muito ainda há por fazer, é urgente a implantação de matérias como
primeiros socorros em escolas desde o ensino fundamental, bem como a divulgação
de técnicas e métodos da área de sobrevivência nas companhias aéreas,
treinamentos em períodos mais curtos, principalmente, no que diz respeito aos
equipamentos dos kit’s de emergência e sua correta utilização. Um preparo
prévio de uma situação de emergência, comentada por psicólogos, assessorada por
pessoas com conhecimento específico em medicina de desastre, daria um suporte a
quem nunca passou por uma situação de múltiplas vítimas, algumas gritando de dor,
outras em estado de histeria, num caos terrível e que não poderíamos descrever
em palavras, mas poderíamos de certa forma prevenir os tripulantes, sobre o que
se encontra e como se prioriza o tratamento de acidentados em desastres, tão
bem explanados nos treinamentos anuais do corpo de voluntários de emergência da
INFRAERO, disponíveis a todas as pessoas em todo o Brasil, especialmente
aquelas que lidam com a aviação em geral ou moram num raio de cinco kilômetros
de algum aeroporto.
A maioria dos acidentes
aeronáuticos ocorrem na aproximação, principalmente se a aeronave não estiver
estabilizada, e nas decolagens, recaindo sobre o piloto a capacidade de decisão
e um bom julgamento, não se constituindo demérito algum arremeter a aeronave para um novo pouso, muito pelo
contrário, este procedimento poderá salvar muitas vidas. A população que mora
próximo aos aeroportos, num raio de cinco quilômetros estará sempre em
sobreaviso podendo em muito, contribuir para o sucesso ou o fracasso das
operações de salvamento. Quando não se tem noções de primeiros socorros,
pensa-se em retirar de qualquer maneira os acidentados, gerando seqüelas
irreversíveis, como a paraplegia ou tetraplegia, é importante que a população
saiba o que fazer, pois os inúmeros acidentes aéreos com sobreviventes que
participei, e que estes ocorreram em ambiente urbano, jamais os encontrei com colar cervical ou
imobilizados, quando em alguns casos, nem havia a necessidade de uma remoção
urgente, logo nessa situação não justificaria tal desespero, precisamos sim,
como sociedade organizada, adotar medidas no combate a ignorância, em especial
nos primeiros socorros, visto que o acidente poderá ocorrer com um mendigo ou
com uma autoridade, estamos todos sujeitos .
Os cursos de comissários tem
uma importância fundamental na formação de seus tripulantes, não se podendo
esquecer que os conhecimentos dos comissários (as) poderão em algum momento
salvar muitas vidas, responsabilidade acima de tudo é o que se deve ter em
mente ao fazer cumprir o currículo escolar tão bem elaborado pelo IAC,
necessita de muitos ajustes que as próprias escolas em muito poderão ajudar,
contribuindo com informações úteis.
Dos
diversos ambientes que existem no planeta, onde teriam abordagens diferentes,
falaremos dos quatro: selva, mar, gelo e deserto, porém, visando que o ambiente
de selva constitui sessenta por cento do território nacional, abordaremos este
último em maior escala, sendo este a base para os demais.
NA
ÁGUA MAR
RIOS E LAGOS
TIPOS DE
SOBREVIVÊNCIAS
SELVA
NO SOLO DESERTO
GELO
PROBLEMAS
PRINCIPAIS ENCONTRADOS EM CADA AMBIENTE
MAR
– A hipotermia é um fator decisivo de vida ou morte, que se agravará de
acordo com a temperatura da água. O outro fator também decisivo é a obtenção de
água ou a sua dessalinisação. Nos rios e lagos o protocolo é chegar a
margem, porém deve-se ter em mente que os rios podem ser largos. O Amazonas tem
14 Km em sua maior largura e muitos outros podem chegar a mais de 50 Km.
SELVA – De todos os
ambientes o que propicia ao sobrevivente a maior chance de sobrevivência é a
selva, que com paciência poderemos viver anos, mas para um sobrevivente
desacostumado ao meio os fatores climáticos, a vegetação e os mosquitos
transmissores são os piores pesadelos do sobrevivente.
GELO – A hipotermia
é o fator mais agravante nas regiões geladas, visto que o ser humano é muito
suscetível ao frio podendo morrer rápido sem proteção.
DESERTO – A falta de água
e o calor intenso faz com que o sobrevivente de desertos necessite de muita
água e sombra, as duas mais coisas raras no deserto, levando o ser
humano através do processo de desidratação ao coma e morte.
Aprendi
com os longos anos de pesquisa e de sobrevivência em ambientes diversos, que a
partir do momento inicial da sobrevivência o sobrevivente deve viver um dia de
cada vez, o passado ficou para trás e você ainda está vivo, o futuro não
podemos controlar, portanto viva o presente, agradeça por ainda estar vivo,
seja útil aos demais, não seja uma pessoa que reclama de tudo e de todos, pois
neste mundo nada acontece por acaso, sobreviva, pois está para começar uma
nova e inesquecível fase em sua vida.
PRIMEIROS
SOCORROS
GENERALIDADES
Diferentemente
do protocolo hospitalar, onde não há riscos ambientais envolvidos, o
preconizado no atendimento pré-hospitalar começa com a segurança do socorrista
e da vítima, o socorrista deve procurar por agentes causadores de acidentes em
potencial, como verificar se o assento ejetável foi pinado, se for avião de
caça ou treinamento, se ainda há riscos de explosão, desabamento e se o
transito foi desviado quando o acidente acontece em estradas ou área urbana e
tudo aquilo que porventura possa colocar em risco a segurança de todos. O
próximo item a ser verificado será a proteção individual, as barreiras de
proteção, pois sem elas o risco de contagio de uma doença, desde uma hepatite
até uma AIDS, é muito grande. Lembro-me sempre de um caso acontecido em Natal –
RN com um médico que morreu eletrocutado quando tentava salvar uma vítima presa
as ferragens, após o carro da mesma colidir contra um poste, havia um fio
desprendido tocando o carro, neste acidente o médico foi a única vítima visto
que os pneus faziam um isolamento do metal com o solo, este médico foi induzido
pela segurança existente no seu ambiente de trabalho, o hospital. Coloque
primeiramente a máscara descartável, os óculos de procedimento e por último as
luvas, verificando se estas não estão rasgadas, visto que é um material muito
frágil, você poderá salvar uma pessoa sem nenhum destes equipamentos, porém o
risco fica por sua conta; uma vez em um acidente de trânsito ajudei as vítimas
sem proteção alguma e até fazer os
exames de sangue e ver que não estava contaminado não descansei, portanto
prudência e cautela nunca são demais,
caso você se identifique com a atividade de salvar ou socorrer pessoas
leve sempre com você no mínimo um par de luvas descartáveis, em seu carro monte
um kit mais sério com materiais simples, baratos e que poderão salvar muitas
vidas, procure ser um multiplicador destes conhecimentos, você se sentirá muito
bem.
Mesmo
sabendo de tudo isto poderá deparar-se com uma situação surpresa e não dispor
de material, o que fazer? esta situação não deveria acontecer, mas se acontecer
improvise colocando sacos plásticos nas mãos, amarre um pano fino no rosto, use
óculos comum ou de sol , de forma a estar com um mínimo de proteção.
Estando
assim calmo e protegido, vamos começar pelo ABCDE do socorrista em conjunto com
uma triagem para definir quem atenderemos primeiro, e esse momento para quem
não tem experiência em medicina de desastre ou acidentes de massa pode ser o
divisor do sucesso e do fracasso, se o acidente acontecer em uma área de
estrutura aeroportuárea (dentro ou nas proximidades do aeroporto) existe uma
convenção internacional bem como um cartão que utiliza o seguinte código de
cores:
LONA
PRETA PESSOAS MORTAS
LONA VERMELHA FERIDOS GRAVES
LONA
AMARELA
FERIDOS MODERADOS
LONA
VERDE FORA
DE RISCO
CARTÃO PROTOCOLAR DE ACIDENTE DE MASSA USADO NO BRASIL PELA INFRAERO
Este cartão em muito
tem facilitado o apoio aos acidentes de massa pela sua praticidade. Ele é
totalmente destacável, as orelhas amarelas do canto superior ficam com o
motorista da ambulância que ficará com uma e dará a outra ao coordenador
facilitando ao mesmo a rápida localização nos diversos hospitais, pois em um
grande evento como este nenhum hospital comportaria todos os acidentados em
virtude de termos hoje aeronaves com mais de oitocentos lugares, ficarão assim
distribuídos em inúmeros hospitais e daí é que será montada uma relação para
que os familiares possam acompanhar seus parentes.
Se
o paciente foi a óbito devemos deixar apenas a parte preta do cartão, jogando
fora as demais cores, se o quadro do paciente é grave deixaremos a vermelha
arrancando a parte amarela e verde, se o paciente deve ir ao hospital, mas sem
urgência deixamos com a tarja amarela e arrancamos a verde ao passo que se o
paciente não apresenta sinais e sintomas que necessitem cuidados médicos, este
ficará com a tarja verde, muito embora um paciente poderá sair de uma faixa
para outra se tiver uma piora no quadro. Ainda existem outros campos para
preenchimento como nome, cidade, e outros.
PRIMEIRO
PASSO
Verifique
o estado de consciência da vítima,
conversando com ela e tentando obter alguma resposta mesmo que seja um
balbuciar, pois apenas isto nos indica que seu coração está batendo e ela está
respirando, e peça autorização para ajudá-la, caso a vítima não permita ser
ajudada não a toque, verifique ainda se ela localiza as dores e fornece o nome
e outros dados, caso desmaie você já tem alguns dados, faça tudo isto sem
movimentar a vítima, já que ela pode ter uma fratura completa ou parcial da
coluna seja cervical, torácica, lombar ou outra. Após este procedimento e independentemente do resultado ligue 193 corpo
de bombeiros, eles já estão acostumados com todas as situações decorrentes de
trauma, além de ter todos os equipamentos necessários para uma extricação.
Neste primeiro momento é fundamental analisar a cinemática do trauma, o que foi
que aconteceu? qual o tipo de acidente? para assim tomar medidas corretas. A
maioria da população tem celular, mas não colocou na memória o número dos
bombeiros e para os que voam o número do SALVAERO da região que irá voar, um procedimento simples
que poderá salvar sua vida. Depois de executados estes procedimentos entraremos
no ABCD do salvamento:
A VIAS AÉREAS DESOBSTRUÇÃO
Observe se não há corpo estranho
obstruindo as vias aéreas do paciente como por exemplo dentaduras e outros,
observe ainda se a respiração está apresentando ruídos.
B BOCA
A BOCA ( RESPIRAÇÃO )
Ao ser constatado que não há obstrução das vias aéreas,
encoste o ouvido nas narinas do paciente para se certificar de que o mesmo não
respira, proceda então com uma manobra que permitirá a abertura das vias
aéreas, coloque os dedos na mandíbula e faça uma pequena elevação do queixo, se
ainda assim o paciente não respira insufle ar para dentro dos pulmões duas
vezes e volte a escutar, porém se houver alguma suspeita de fratura da coluna
esta manobra não deverá ser realizada e um outro procedimento deverá ser
adotado, coloque um polegar abaixo de cada orelha bem na base da mandíbula, em
seguida coloque o resto da mão sobre a face de forma que a só a mandíbula se
desloque.
C CIRCULAÇÃO
Com o indicador na lateral do pescoço você terá encontrado o pulso carotídeo, manobra muito comumente executada por atletas para checar a pulsação após os treinos e que recomendaria a todos treinar em si próprio, mas se não encontrar encoste o ouvido no peito e perceberá sem sombra de dúvida se o coração está batendo, se estiver parado faça compressões 30 vezes ao nível do externo, afundando uns 5 cm para ter eficiência e checando em seguida.
D DISTURBIOS
NEUROLÓGICOS
Veja se o paciente apresenta algum
distúrbio mental devido ao trauma, cheque o nível de consciência durante todo o
tempo.
E EXPOSIÇÃO COMPLETA DO PACIENTE
Embora seja difícil definir quando expor (retirar toda
roupa do paciente) principalmente em áreas urbanas, onde o socorrista poderia
ser mal interpretado, esta é a única maneira de se detectar uma hemorragia
interna ou outro problema que poderia agravar e levar o paciente a morte.
CONSTITUIÇÃO DO
CORPO HUMANO
CABEÇA CRÂNIO E FACE
PESCOÇO
TRONCO TÓRAX / ABDOMEM / PELVE
MEMBROS SUPERIORES OMBRO
/ BRAÇO / ANTEBRAÇO E MÃO
INFERIORES QUADRIL /
COXA / PERNA / PÉ
Existem
oito sistemas importantes no corpo humano que afeta diretamente os trabalhos de
primeiros socorros, visto que em cada um destes sistemas poderão ser
identificados problemas que evoluirão para um quadro mais grave.
Sistema
tegumentar- constitui-se
de pele e dos tecidos subcutâneos, são responsáveis pela proteção do corpo e a
regulagem da temperatura.
Sistema
esquelético – é de crucial importância para a identificação dos tipos de
fraturas e os procedimentos que o socorrista irá aplicar. Compreende-se por
ossos, cartilagens, articulações e suas uniões com a finalidade de sustentar e
proteger órgãos vitais como pulmão e coração, bem como o elemento formador de
sangue, a medula óssea. Um indivíduo adulto tem cerca de 206 ossos que estão
divididos em quatro grupos:
Longos
– perna, braço e antebraço.
Curtos
– mãos e pés.
Planos
e laminares – calota craniana.
Pneumáticos
– face e maxilar.
Sistema
muscular – são constituídos de músculos ( cor avermelhada ) , tendões ( cor
esbranquiçada ), sendo responsáveis pelos movimentos do corpo.
Sistema
nervoso – coordena todas as atividades orgânicas do corpo, é formado por
células nervosas (neurônios ), sendo dividido em duas partes: encéfalo (
cérebro, cerebelo, bulbo e tronco cerebral ) e medula.
Sistema
vascular – é o segundo mais importante para o socorrista, pois possibilita
identificar e estancar uma hemorragia de importância vital para o paciente.
Nosso sistema vascular é um circuito fechado de vasos, tendo ao seu centro uma
bomba muscular oca denominada coração, que executa um trabalho cadenciado
mandando sangue oxigenado pelos vasos a todos os órgãos do corpo e recolhendo
aos pulmões para nova oxigenação processo conhecido como hematose. Nesse
mecanismo existem duas fases, a grande circulação (coração – órgãos – coração)
e a pequena circulação (coração – pulmão – coração).
Sistema
respiratório – dentre todos é o mais importante , pois sem o oxigênio a
morte cerebral será definida em cinco minutos, na seqüência haverá parada
cardíaca e esta respiração é dividida em dois ciclos:
-
Respiração interna – ocorre dentro dos tecidos.
-
Respiração externa – ocorre nos pulmões.
Sistema
digestivo – é o responsável pela mastigação, ingestão, digestão, absorção
dos alimentos e eliminação de parte dos resíduos. Estando em sua maioria
localizado na região do abdome (barriga) é importante saber que qualquer
ferimento nesta região será considerado grave; havendo evisceração (exposição
de vísceras) jamais as coloque para dentro, cubra com gaze úmida ou pano limpo
molhando sempre com soro fisiológico e na falta deste coloque água limpa, as
bandagens não devem ser apertadas, apenas o suficiente para segura-las.
Sistema
urinário – é composto de bexiga, rins, uretra, e ureteres. Os rins filtram
o sangue retendo os resíduos que será eliminando através da urina. Como medida
de precaução qualquer passageiro que se desloque em algum tipo de veículo,
deveria sempre faze-lo de bexiga vazia, pois em caso de acidente será grande a
possibilidade de rompimento, trazendo assim serias complicações. Em último caso
o passageiro que vai enfrentar um pouso de emergência, após a confirmação do
comandante, estando de bexiga cheia deverá urinar no local.
REANIMAÇÃO
CÁRDIO PULMONAR ( RCP )
O
diagnóstico que recomenda o uso da rcp é bastante simples, se uma vítima de mau
súbito ou acidente para de respirar e ou o coração para de bater pode-se ter a
impressão de que há uma morte aparente, mas este quadro pode e deve ser
revertido com um procedimento conhecido por RCP, que só não deve ser feito se a
vítima apresentar lesões incompatíveis com a vida como por exemplo decapitação, grandes
ferragens encravadas no abdomem, rigidez cadavérica e outros.
As
causas mais comuns de paradas são: asfixia, afogamento, infarto, choque
elétrico, intoxicação, envenenamento e politrauma.
PROTOCOLO
PARA RCP ( COM UM OU DOIS SOCORRISTAS )
Após
colocar a vítima em uma superfície rígida e com a barriga voltada para cima e
tomando o devido cuidado com a cervical se é oriundo de politrauma, faça duas
insuflações ( boca – a – boca / ambu / boca – máscara ) olhando para o tórax a
fim de ver o movimento dos pulmões e já coloque o dedo ao lado do pescoço para
identificar também se o coração parou.
Especial
cuidado deve ser dado aos politraumatizados, pois haverá sempre o risco de
fratura na coluna o que levaria a uma paraplegia ou tetraplegia se a vítima não
for manuseada com cuidado, sendo ideal para esta situação a utilização do colar
cervical, mas se não dispuser deste e sendo necessário fazer a RCP, faça assim
mesmo, pois os bombeiros têm uma frase que bem define esta situação, “primeiro
a vida, depois a qualidade de vida”.
A
maioria das paradas são devidas ao relaxamento da musculatura da língua, que
passam a obstruir as vias aéreas, podendo ser revertida com um pequeno
deslocamento da mandíbula, feito isto o socorrista deve colocar o ouvido
próximo as narinas da vítima para escutar a sua respiração, se após 5 segundos
não obtiver resposta reinicie a rcp.
RCP ( COM UM OU
DOIS SOCORRISTAS )
OBS. : FAÇA REVERIFICAÇÃO A CADA 4 CICLOS OU 1
MINUTO
SE FOR BEBÊ O PROTOCOLO É DE 5/1 E DEVE SER FEITO COM O DEDO POLEGAR.
A
massagem cardíaca deve ser feita dois dedos acima do apêndice chifoide ou na
linha média entre os mamilos com os braços retos a 90° com o corpo da vítima.
Caso não esteja em um local isolado chame os bombeiros ou peça para alguém
ligar e informe que a vítima está em parada ( bombeiros 193 ), esta informação
é muito importante para ser priorizado o atendimento.
FERIMENTOS
Ferimentos
de importância levam a hemorragia (perda contínua de sangue), ocasionando uma
diminuição do volume sanguíneo e consequentemente choque (falência parcial ou
total do sistema circulatório), esta deficiência leva os órgãos a isquemia,
perfusão sanguínea inadequada; cada órgão tem um tempo de tolerância a isquemia
sendo a partir deste irreversível.
ÓRGÃO
|
TEMPO
|
Coração, cérebro e
pulmão
|
4 a 6 minutos
|
Rins, fígado e
trato gastrointestinal
|
45 a 90 minutos
|
Músculos, ossos e
pele
|
4 a 8 horas
|
Em
um acidente o pulso é um dado importante, pois demonstra a qualidade da circulação, a medida que este sangue
circula dentro das veias e artérias adquire uma frequência e amplitude (medida
pelo eletrocardiograma e esfigmomanômetro) denominada pressão arterial.
Pressão em mm Hg
O
tratamento consiste no controle da hemorragia e na reposição de sangue ou soro,
nem sempre disponíveis no local do acidente, embora um socorrista não tenha
respaldo legal, não tendo como chegar a um hospital em 15 minutos como é o caso
da maioria dos acidentes aéreos, o soro seria fundamental e o problema maior
está na realidade em não se ter um profissional da área de saúde, pois os
comissários não saberiam realizar este procedimento, visto que não está
previsto em sua formação.
Os
sinais apresentados por um indivíduo que a hemorragia está levando ao choque
são: pele fria, úmida, pálida, queda de pressão arterial e alteração do nível
de consciência.
Nestes
casos a agressividade pode indicar os efeitos da hipóxia pela má perfusão
cerebral restando-nos usar os recursos disponíveis no local:
ü
Elevar membros inferiores
ü
Fazer uso do oxigênio disponível no avião
ü
Proteger o corpo contra perda de calor
(hipotermia)
ü
Aplicar soro (venóclise)
ü
Estancar a hemorragia por compressão
local,curativo compressivo ou torniquete.
O torniquete
deverá ser feito apenas se o paciente não puder ser removido a um hospital em
15 minutos e deverá ser afrouxado a cada 10 ou 15 minutos e reapertado, caso
não consiga conter o sangramento pressione diretamente a veia ou artéria com
pinça ou outro objeto.
Procedimentos que não devem ser feitos,
pois piorariam o estado do paciente:
ü
Obstruir sangramentos em cavidades naturais
principalmente na face como narinas, boca e ouvido.
ü
não remova objetos encravados, pois se ele
estiver tamponando um vaso importante aumentará a hemorragia.
FERIMENTO
|
ABERTO
|
lacerante – explosão, sai tudo
para o meio externo
|
abrasão, escoriação –
arranhar,ralar
|
||
cortante – cortado por objetos
|
||
perfurante – cavidade fechada
|
||
corto-contuso – bate e corta
|
||
empalado – objeto em cavidade
natural
|
||
transfixante – entra e sai
|
||
evisceração – saída de vísceras
para o meio externo
|
||
FECHADO
|
entorse – torção na articulação
não completa
|
|
luxação – torção com rompimento
dos ligamentos
|
||
contusão – pancada de pequeno
porte
|
FERIMENTOS NO
TÓRAX
No
tórax estão localizados órgãos vitais como coração e pulmão, se o ferimento for
transfixante na região pulmonar deve-se fazer um curativo de 3 pontos,
deixando-se um dos lados soltos e voltado para o chão para permitir que
funcione como uma válvula unidirecional .
curativo de três pontos
Ao colocar um pano ou gaze para
estancar um sangramento, não o retire se encharcar e sim coloque outro por cima
sem nunca retirar os anteriores.
TRAUMATISMO
CRANIANO
As lesões que acometem o crânio são
consideradas graves, visto que 50% das mortes estão associadas ao traumatismo
de crânio. Uma maneira fácil de identificar a lesão craniana é a anisocoria,
diferença de tamanho das pupilas (uma dilatada e outra contraida).
Uma forma totalmente confiável de se detectar a morte
cerebral em uma pessoa é fazendo incidir sobre seu olho uma luz, caso ela
contraia o cérebro está vivo, pode-se perceber este procedimento com seu
próprio olho no espelho do banheiro.
Neste caso o mais recomendado que
haverá disponível no avião será o oxigênio portátil, pois a oxigenioterapia
supre a maior deficiência do cérebro nos casos de trauma ; são ainda dados
importantes para identificar o traumatismo craniano as alterações de
consciência, ferimentos no couro cabeludo, face, deformação no crânio,
sangramentos pelo nariz e ouvido. Deve -se conversar com o paciente todo o
tempo para mantê-lo acordado, usar colar cervical se houver suspeita de fratura
de coluna, colocar a cabeça mais alta que o corpo de preferência em uma prancha
rígida improvisada, afrouxar as vestes e aquecer para evitar a hipotermia.
TRAUMATISMO DE COLUNA
A coluna vertebral, como a própria
palavra diz, é a mais importante estrutura óssea do nosso corpo, pois abriga os
feixes nervosos responsáveis por todos os impulsos elétricos que originam o
batimento, a respiração e os movimentos e pode ser dividida em três partes
distintas:
ü
CERVICAL – localizada na região do pescoço,
fraturas neste ponto levarão o paciente a tetraplegia (ausência de movimento do
corpo).
ü
TORÁXICA – estão mais protegidos pela caixa
toráxica.
ü
LOMBAR – próxima a região glútea, abriga as
enervações da bexiga.
Em qualquer acidente traumático como
queda de altura, mergulhos em locais rasos, acidentes de carro, moto, avião,
deve-se supor a possibilidade de fratura em um ou mais setores da coluna, a
recomendação é colocar o colar cervical, imobilizar em prancha rígida com
proteção lateral para cabeça, imobilizar totalmente e transportar a um local
adequado de socorro.
FRATURA
É uma ruptura total ou parcial da
estrutura óssea, que pode ser aberta (ou exposta) onde há o rompimento da pele
e o osso fica em contato com o meio externo e será fechada quando não houver
rompimento da pele; as fraturas dos membros superiores e inferiores não causam
risco de morte e devem ser tratadas após a estabilização do paciente.
Ao ser identificada a fratura,
imobilize o mais próximo possível da posição anatômica ou da forma mais
confortável para o paciente.
OFIDISMO, ARANEÍSMO, ESCORPIONISMO E
OUTROS
INTRODUÇÃO
Existe
na selva uma grande quantidade de armadilhas naturais que o sobrevivente
precisa identificar para não ser apanhado de surpresa, mesmo porque os recursos
disponíveis por um sobrevivente para tratar as enfermidades são muito poucos e
com certeza soro antiofídico não haverá, por isto o conhecimento prévio é de vital
importância. Os pesquisadores dessa área do conhecimento há muito tempo
trabalham um tipo de soro liofilizado e em pó que não necessita de conservação
em geladeira como os atuais, talvez no futuro esteja este soro disponível nos
kits de emergência das aeronaves, com as explicações de como usar, pois, seu
uso por pessoa sem conhecimento prévio poderá causar um choque anafilático e
levar a vítima a morte.
Na linguagem popular é comum
haver uma confusão de termo e procedimento a ser adotado, sendo o primeiro
deles a diferença entre o animal peçonhento e o venenoso.O animal peçonhento
além de possuir o veneno, possui também órgãos específicos, presas, ferrões e
outros para introduzir este veneno em sua presa ou por defesa em seu agressor,
logo para que um animal seja peçonhento é necessário que possua este mecanismo.
Por outro lado o animal venenoso é aquele que para causar algum mal ao
sobrevivente necessita de um contato por
toque ou por ingestão como é o caso dos sapos e rãs venenosas como o sapo cururu,
o peixe baiacu e outros.
Falando com especificidade sobre ofídios, estes usam
sua peçonha para paralisar a sua presa, uma vez que são lentos e não
conseguiriam correr atrás de suas presas e para facilitar a digestão, usando
também para defesa quando nós adentramos em sua área, não é a intenção deste
animal atacar mas por sua lentidão e não
tendo como fugir ataca. Deve o sobrevivente andar com cautela e procurar identificar
o animal antes de estar em seu raio de ação.
O veneno atuará diferentemente dependendo de inúmeros
fatores que influenciará na ação toxicológica, se o animal agressor fez
refeição a pouco tempo usando grande parte deste veneno em sua digestão, o
local picado é uma região com grande irrigação ou muito próximo a centros
nervosos no caso de cascavéis e corais devido a ação neurotóxica do veneno, a
quantidade de massa corpórea aumentando a gravidade nas crianças, quantidade de
veneno inoculado para dentro, eficiência nos botes, a cascavel é precisa em
quase cem por cento dos botes, pelo seu tamanho e agressividade as surucucus
tornam-se mais perigosas ao empeçonhamento e muitos outros fatores. As cobras,
até por uma questão teológica, tem motivado o homem a desferir-lhe golpes
contra a sua cabeça desde o jardim do Éden, estando presente em nossa linguagem
fisiológica como psiu, que se diz quando quer silêncio, este segundo
alguns especialistas é oriundo do guizo do chocalho da cascavel e assim foi
entrando para a nossa cultura como um alerta a perigo.
No mundo existem muitas espécies do cobras venenosas e
peçonhentas, sendo algumas bastante perigosas, mas abordaremos aqui apenas as
brasileiras e que tenham alguma importância seja de caráter alimentício ou
periculoso.
OFIDIOS
BRASILEIROS
NOME CIENTÍFICO
|
NOME VULGAR
|
CROTALUS
|
CASCAVEL
|
BOTHROPS
|
JARARACA
|
BOTHRIOPS
|
SURUCUCU DE PATIOBA
|
LACHESIS
|
SURUCUCU
|
MICRURUS
|
CORAL
|
BOA EUNECTES
|
JIBÓIA/ SUCURI
|
Existem certos órgãos nos ofídios que os identifica como
sendo um animal peçonhento como por exemplo a fosseta loreal , órgão
termorreceptor que auxilia na busca por comida identificando entre outros o
tamanho e a forma do animal .
Ter algum conhecimento com
relação a disposição dos dentes e presas dos ofídios é extremamente importante,
pois permite identifica-lo como sendo peçonhento ou não, embora não deve o
sobrevivente ocupar-se de abrir a boca dos ofídios para identifica-los mesmo
estando morto .
As que tem sua disposição do tipo áglifa, ou seja, todos os seus
dentes são iguais servindo para auxiliar a impelir a presa para trás, não
possuindo presas como, por exemplo, as gibóias e sucuris. O outro grupo em
disposição dentária são as Opistóglifas, estas Possuem um ou mais pares de dentes bem
salientes localizados na parte posterior da arcada dentária superior, sua
localização e ranhuras não muito perfeitas
dificultam a inoculação, favorecendo a dispersão da peçonha, sendo raros
os casos de acidentes humanos com esta espécie, tendo como exemplo as falsas
corais.
As proteróglifas estão encaixadas no grupo das
que apresentam um ou mais pares de dentes bastante aumentados e profundamente
chanfrados, localizados na parte anterior do maxilar superior. Seu sistema inoculador já é bem mais perfeito
que o das anteriores como por exemplo as corais venenosas, todo e qualquer
acidente com coral é considerado grave. O último grupo de classificação quanto
a dentição são as Solenóglifas, estas possuem um ou mais pares de dentes
maxilares grandes, móveis(presas), que funcionam como se fossem uma injeção,
tal é a perfeição destes dentes, e como já era de se esperar toda solenóglifa é
peçonhenta.
Os órgãos utilizados pelos ofídios
tem algumas características particulares como forma de adaptação destes animais
ao meio que habitam, sua visão é boa , porém pela sua proximidade com o solo
torna-a bastante limitada, as fossetas loreais são utilizadas como um mecanismo
termoreceptor semelhante ao mecanismo de captação de calor apresentado no filme
predador , o olfato é substituído nestes animais pela língua que usa para
perseguir as presas e para o acasalamento.
Possuem
hábitos diversos, nadam, rastejam, sobem em árvores, saltam, mergulham, têm
hábitos subterrâneo e subaquático, variando de uma espécie para outra.
COMO DIFERENCIAR AS PEÇONHENTAS DAS NÃO PEÇONHENTAS
ÓRGÃO
|
NÃO
PEÇONHENTA
|
PEÇONHENTA
|
Cabeça
|
estreita, alongada,
coberta por placas
|
triangular, bem
destacada do corpo e coberta por escamas
|
Olhos
|
grandes com pupilas
redondas
|
pequenos, com pupilas
em fenda
|
Corpo
|
coberto por escamas
achatadas e lisas
|
escamas ásperas, em
forma de quilha
|
Cauda
|
longa, afinando
gradual e lentamente
|
curta, afinando
bruscamente
|
Quando agredidos
|
Fogem
|
tomam posição de
ataque
|
Movimentos
|
Rápidos
|
lentos
|
Hábitos
|
Diversos
|
noturnos
|
Quanto a
reprodução
|
ovíparos (põem ovos).
|
ovovivíparos, seus
ovos são incubados no interior do organismo materno e, posteriormente, os
filhotes são expelidos vivos
|
PRIMEIROS SOCORROS
Quando se trata de uma vítima de enpeçonhamento
o único remédio, e não há outro, é o soro antiofídico que tem o seu uso para
tratamento hospitalar feito por médicos especialistas em tais acidentes, pois,
a aplicação por uma pessoa sem conhecimento desta soroterapia poderia levar um
paciente a morte visto que o índice de rejeição é alto, porém em ambiente
hospitalar o médico dispõe de tratamentos que não teríamos em outro ambiente
como o uso de corticóides aplicados juntamente com o soro para diminuir a
rejeição. Em todo caso existem alguns procedimentos básicos que poderão ser
feitos para diminuir o tempo de complicações que são:
1º Manter o acidentado em absoluto repouso.
2º Lavar o local da picada com água e sabão.
3º Elevar o membro afetado para reduzir a necrose local.
4º Procurar o serviço médico de
referência mais próximo
NÃO
FAZER
·
Torniquete
·
Furos no local da picada
·
Sugar o veneno
·
Colocar pó de café ou qualquer outro produto sobre a
picada
EFEITOS DA PEÇONHA
TIPO
|
AÇÃO
|
CROTÁLICO
|
Hemolítica-
destrói os glóbulos, neurotóxica, miotóxica
|
BOTRÓPICO
|
Proteolítico-
causa necrose tecidual
|
LAQUÉTICO
|
neurotóxica e
miotóxica
|
ELAPÍDICO
|
Neurotóxico
-afeta o sist. nervoso central
|
ARANEÍSMO
As aranhas peçonhenhentas do BRASIL
pertencem a muitos gêneros,
sendo bem diversificado quanto as espécies e localidades, mas, ao que tudo
indica a sua maior presença é nas regiões sudeste e sul. Dentre elas podemos
destacar aquelas de maior vulto:
1961 – O comandante
da Base Aérea de Santa Cruz –RJ, recebe uma missão para destruir um terrível
inimigo, imediatamente ordena que sejam equipados uma esquadrilha de jatos com
bombas incendiárias para atacar um recanto da Baia de Guanabara onde estava
concentrado o inimigo, soldados da Base Aérea do Galeão fizeram um cerco e
atearam fogo no terrível inimigo, a vitória foi certa e a área virou um inferno
em chamas. Este terrível inimigo era na realidade um ninho de aranhas do tipo
Flamenguinha que apresenta listas pretas e vermelhas no abdome e o veneno por
muito tempo acreditava-se seria letal ao ser humano, este e outros casos
relatados neste livro são verídicos, mas demonstra o pavor que nós temos contra
aranhas, escorpiões e serpentes.
GENERALIDADES
A maior incidência de
acidentes ocorre em épocas frias no período mais quente do dia, sendo que
metade destes acidentes ocorre dentro de casa em um número mais freqüente com a
Phoneutria e a Lycosa.
As
aranhas peçonhentas não fazem teias e
quando fazem são irregulares ao contrário das não peçonhentas que fazem teias
geométricas.
nome
|
habitat
|
Armadeira
(Phoneutria fera)
|
telhas, tijolos empilhados sendo muito agressivas
|
Tarântula
(Lycosa)
|
Jardins, embaixo de pedras e paus podres picando
quando tocadas
|
Viúva-negra
(Latrodectus)
|
Baixa vegetação tendo a peçonha mais perigosa de
ação neurotóxica
|
Caranguejeira
(Eurypelma)
|
Do tamanho de um celular grande sua picada produz
dor intensa pelo mecanismo da picada não sendo tão grave
|
Embora raramente façam vítimas fatais, a menos que se
trate de crianças, obrigatoriamente procure o serviço médico mais próximo.
Em se tratando de aranhas os
primeiros socorros devem ser tratados com analgésicos e sedativos por
produzirem dores intensas.
ESCORPIONISMO
GENERALIDADES
Os mais comuns são o Tityus serrulatus normalmente encontrado no Sul, o
Tityus bahiensis ao longo do Centro Sul, e o Tityus cambridgei na AMAZÔNIA e NE
(na região de mata atlântica).
Normalmente encontrados embaixo de paus, tábuas, pedras, e picam ao
serem agredidos com uma glândula de veneno localizada na ponta da cauda, provocando dor
intensa, hipotensão arterial,
taquicardia e sudorese (suor).
Os
primeiros socorros devem ser administrados com
sedativos e analgésicos devido a dor intensa, procure o serviço médico mais
próximo.
ABELHAS E VESPAS
Produzem dor pela inoculação de peçonha através do “ferrão”, que não
devem ser retirados com pinça e sim raspando a região para não inocular mais
veneno na vítima. A maior preocupação vem por conta das múltiplas picadas que
tornam o acidente em si mais grave, principalmente na região da cabeça e quando
em crianças poderá ocorrer um edema de glote ( perda de respiração ).
EVACUAÇÃO
DE FERIDOS
A evacuação poderá ocorrer por
qualquer meio de transporte disponível e na falta destes deverá ser improvisado
uma maca, de madeira, lona, manta, ou outro artefato que possibilite o
transporte do ferido a um local com recursos necessários para o atendimento.
EVACUAÇÃO TERRESTRE
Embora
seja a mais difícil, poderá ocorrer quando não se sabe o local exato, embora
tenha sido delimitada uma área e que por motivo de força maior, como fatores
meteorológicos adversos , a busca não pode ser realizada por meio aéreo, ou serão
deslocados os sobreviventes até um ponto de fácil acesso.
EVACUAÇÃO FLUVIAL
Poderá
o salvamento acontecer por meio de barcos de pescadores que por estarem
próximos ao local auxiliam no salvamento, comum na região amazônica em virtude
de não haver estradas disponíveis, os rios são os mais importantes meios de
locomoção da população ribeirinha.
EVACUAÇÃO AÉREA
Ocorrerá
normalmente após ter sido realizada uma busca aérea e localizado os
sobreviventes, então o passo seguinte será o resgate por meio de helicóptero,
que poderá ocorrer com o pouso do mesmo, usando a alça de salvamento ou a
extração por meio de macguire ( método de salvamento em que consiste na
retirada por meio de cordas fixadas a uma maca de um lado e no helicóptero do
outro ).
EFEITOS FISIOLÓGICOS
DO ACIDENTE NAS MULHERES
Existem muitos estudos feitos sobre as mulheres que
trabalham sobre o efeito da força G (força que atua quando a aeronave faz algum
tipo de manobra ou algum outro mecanismo que aumente a força gravitacional) ou
sobre o efeito da pressurização a bordo de aviões.
Nos EUA
as mulheres da aviação de caça estão tendo alguns problemas relacionados a
dismenorréia, porque a força G tem causado grandes males a saúde como
hemorragias internas graves e outras seqüelas mais, embora essa informação não
tenha sido confirmada pelos laboratório da USAF, mesmo assim as mulheres
continuam a exercerem funções a bordo das aeronaves que de uma certa forma
estão mais seguras do que na aviação militar, embora o Brasil tenha aberto as
vagas de pilotagem, não creio que elas pilotarão aviões de caça enquanto não
tivermos pesquisas confiáveis a esse respeito, devido aos problemas de saúde
que tiveram as americanas, creio que elas irão para aviação de transporte ou
até helicóptero, desde que não tenham que pilotar helicópteros de combate, pois
tem a mesma força G dos aviões de caça e ataque, mesmo usando equipamentos de
proteção como o macacão anti-G, até que se tenha dados e equipamentos de
proteção para se evitar tais males.
Em um
acidente aéreo o primeiro acontecimento será que com raras exceções, todas as
mulheres menstruarão e não haverá absorventes a bordo das aeronaves, embora
tenhamos feito muito relatórios solicitando a inclusão destes itens nos kit’s
de sobrevivência, começamos a ver os resultados ao ver um absorvente para a
tripulação de um VARIG, só as mulheres acidentadas é que sabem o desgaste
psicológico de passar quatro dias ou mais totalmente encharcadas de sangue sem
ter um absorvente, falta pouco mais alguns anos de relatórios e estarão sendo
disponibilizados para as passageiras.
No Brasil existe um estudo
feito pela Diretoria de Saúde da Aeronáutica para as mulheres que trabalham na
aviação, trazendo os problemas sofridos pelas mulheres nesta espécie de
profissão e foram analisados aspectos básicos da fisiologia feminina que tenham
relação com o vôo.
Este artigo publicado na
revista médica da aeronáutica do Brasil, pelos médicos Waldo f. Temporal e
Cláudia V. Graeff, sobre o título “ A mulher em vôo” apresenta um estudo
detalhado sobre:
ASPECTOS GINECOLÓGICOS – Ciclo
menstrual – um estudo realizado com duzentas comissárias de bordo mostrou que
48% apresentaram alterações do fluxo e/ou dor pélvica e congestão, que foram
atribuídos ao estresse e dessincronização interna devido a alterações do ritmo
circadiano (repetição freqüente de funções fisiológicas). As escalas
irregulares, mudanças de dieta podem potencialmente interferir nos fatores
psicofisiológicos e afetar o ciclo menstrual, embora não possam ser
relacionados exclusivamente ao vôo, estes fatores aumentam a incidência quando
são aeromoças iniciantes ou viajam em rotas transmeridionais, que com o ganho
de experiência na atividade e o tempo de serviço fazem estas alterações de
ciclo voltarem ao normal.
Assim sendo não há evidência
atual de que a atividade aérea produza qualquer efeito adverso e duradouro no
ciclo menstrual das tripulantes.
FORÇAS ACELERATIVAS – A USAF
fez testes de aceleração em centrífugas humanas durante alguns anos com forças
acelerativas até +9Gz e estes não apresentaram distúrbios uterinos, nem
causaram efeitos adversos na menstruação.
Algumas ocorrências isoladas
de incontinência urinária de estresse foram observadas em algumas mulheres
quando expostas à alta carga G, agravado com a insuflação do equipamento anti-G,
na minha opinião isto acontece devido as mulheres terem a bexiga mais baixa que
os homens.
O laboratório Armstrong da
Escola de Medicina Aeroespacial da USAF realizou inúmeros estudos sobre a
tolerância da mulher às acelerações, revelando que a mulher tolera as forças G
tanto quanto o homem e não sendo alterados os ciclos menstruais.
DOENÇAS DE DESCOMPRESSÃO – Os
pesquisadores Weien e Baumgartner da USAF, concluirão após seus estudos que a
incidência de DD era de 4,3 vezes maior nas mulheres do que nos homens,
ocorrendo esta incidência em maior escala durante o ciclo menstrual.
ASPECTOS OBSTÉTRICOS – A mulher grávida em vôo – Foram feitos testes
com primatas grávidas e ficou demonstrado que o feto se encontra num ambiente
bem protegido e que o fator crítico seria mais para a mãe do que para o feto.
Logo é aconselhável que mulheres gestantes usem o cinto em uma posição baixa
durante decolagens e aterrissagens, dessa forma o peso será distribuído sobre
os ossos da pelve e não sobre o abdome mole, o ideal é que tivesse cinto
restritor de ombro como tem algumas comissárias, não estando sujeita aos riscos
da fita, sendo maior esse risco durante as emergências. Um autor examinou
diversas pacientes próximas do parto, envolvidas em acidentes automobilísticos
e concluiu que raramente o trauma induz ao parto. Recomenda-se que a mulher
grávida em vôo utilize a poltrona menos apertada do corredor e ande durante
quinze minutos em cada hora.
ESTRESSES DE VÔO – Poucos
dados temos a esse respeito, uma vez que até bem pouco tempo só era estudado
nos homens, sendo agora comparado os dados entre os sexos, não temos até o dado
momento identificação de nenhum fator fisiológico de importância operacional
que possa colocar a mulher em desvantagem com relação ao homem.
Agentes
agressores no ambiente de trabalho da comissária de bordo
Tipo de
agente
|
Exemplo
|
Físico
|
Variações da pressão
barométrica
Baixa umidade na cabine
Vibrações
Ruídos
Variações de temperatura
Iluminação interior e
exterior
Hipóxia
|
Químico
|
Gases, Vapores, Fumaças
|
Biológico
|
Vírus, fungos, bactérias,
parasitas, portadores
|
Psicossocial
|
Ausências freqüentes do
ambiente social e familiar
Atenção a passageiros
doentes, irritados e exigentes
Estresse devido ao próprio
vôo
Exposição a diferentes
ambientes sociais e culturais
Condições de trabalho sob
confinamento
|
operacional
|
Freqüentes alterações na
escala de vôo
Sobrecargas de tarefas em
vôos curtos e longos
Condições adversas de
navegação
Estrita pontualidade
Situações de emergência em
vôo
Mudanças de fusos horários
|
CRIANÇAS – As muito novas são melhores acomodadas quando
viajam no colo, estas são mais suscetíveis a aerocinetose (enjôo), apresentando
também sensibilidade as trompas de eustáquio (ouvido) e bexiga. É recomendável
nos pousos e decolagens que a criança use chupeta para facilitar a equalização
do ouvido médio.
ANTROPOMETRIA E LESÕES EM
EJEÇÃO – Segundo dados da USAF, em pesquisa realizada por um período de cinco
anos (jan 89 a dez 93), onde foram ocorridas 199 ejeções concluindo-se que os
tripulantes com lesões graves eram os mais pesados e os mais altos apresentaram
maior risco para fratura espinhal.
A MULHER AVIADORA – O único
problema apresentado para as mulheres é o padrão antropométrico das cabines
tanto na aviação civil como militar, já que foram feitas tomando-se como base o
homem, mas com relação a sua capacidade de enfrentar o estresse de vôo,
gravidez e menstruação o seu desempenho na cabine equipara-se ao do homem.
Os equipamentos desenvolvidos
hoje para a aviação levaram em conta o vigor e a capacidade física masculina,
logo seria contra indicado para as mulheres, precisamos desenvolver pesquisas e
estudos científicos para adaptar esses equipamentos. A mulher tem cerca de 60%
da capacidade muscular do homem, dessa forma estaria abaixo dos critérios
previstos para certos controles das aeronaves, podendo a mulher não ter força
física suficiente para executar certos comandos.
Percentual de sujeitos com força
máxima abaixo dos critérios da USAF.
COMPARAÇÃO ENTRE HOMENS E
MULHERES
|
|||
CONTROLE
|
CRITÉRIO
(KG)
|
ABAIXO DO CRITÉRIO
(%)
HOMEM MULHER
|
|
MANCHE PARA FRENTE
|
34
|
0
|
28
|
MANCHE PARA TRÁS
|
23
|
0
|
40
|
MANCHE PARA A ESQUERDA
|
16
|
5
|
95
|
MANCHE PARA A DIREITA
|
16
|
50
|
100
|
PEDAL ESQUERDO
|
82
|
7
|
11
|
PEDAL DIREITO
|
82
|
0
|
5
|
Grande parte das
mulheres como vimos na tabela acima não podem ser acomodadas nas cabines atuais
e isto não se deve a nenhuma deficiência feminina e sim ao modelo dos projetos
de engenharia, que até agora levam em consideração apenas as características
físicas masculinas, creio que num futuro próximo essas cabines estarão
adaptadas aos dois sexos, visto que já temos pilotos do sexo feminino na
aviação civil e militar em muitos paises do mundo embora elas sejam
minoria.
SOBREVIVÊNCIA
NA
SELVA
GENERALIDADES
Se o avião em que você está, fizer o pouso forçado em plena selva, não
se desespere mantenha-se calmo e com a
cabeça no lugar, muitas pessoas passaram por esta situação e tiveram sucesso,
manter a calma para agir corretamente é o primeiro passo de um sobrevivente,
aqueles que conseguem manter um certo grau de otimismo estará em condições
superiores aos demais, pois o seu psicológico o ajudará a encontrar soluções
simples e eficientes.
Após o abandono da aeronave, utilizando as janelas de emergência sobre
as asas em seguida a escorregadeira, faça-o rápido, mas com ordem e segurança,
afaste-se a uma distância segura de pelo
menos 100 metros, pois poderá haver explosão, principalmente se o piloto não
consumiu todo o combustível, o avião, apesar de ser um dos maiores inventos da
humanidade reúne em si uma combinação de alta periculosidade, motores a uma
temperatura de mais de 700° C, quatro toneladas de combustível normalmente
acima dos motores, dois ou mais geradores de energia energizados, fora o APU,
por tudo isto, volte depois que se tenha evaporado o combustível derramado, e
esfriado os motores, permanecendo junto da aeronave, a sua localização será o
ponto de partida das buscas, além do seu transmissor de emergência que estará acionado
indicando aquela coordenada pelo sistema COSPAS-SARSAT, que falaremos adiante.
* foto do arquivo pessoal de
Cláudia Rocha
Ato imediatamente seguinte, trate os feridos priorizando
os mais graves como veremos no capítulo de primeiros socorros e acione o rádio transmissor de emergência,nós
precisamos saber onde você esta para resgatá-lo. O principal fator de limitação
da sobrevivência, é a integridade física deficiente, mas existem vários relatos
de sobreviventes, que conseguiram superar, mesmo que as condições não fossem as
melhores. Socorra os feridos sem descuidar da sua
própria condição física, este fato foi notório no FAB 2068,
primeiro acidente aéreo do Brasil onde foi empregado o serviço de busca e
salvamento, o cabo cuidou de todos e acabou morrendo, devido a grande extensão
de suas queimaduras, acabou contraindo o tétano( na época não era exigido de
tripulantes tomar anti-tetânica) e na minha concepção todos deveriam tomar esta
vacina obrigatoriamente para fazer qualquer vôo. Tente fazer contato
pelo rádio da própria aeronave, utilizando a freqüência de emergência 121,5 Mhz
ou 406 Mhz. Organize o grupo, distribua funções,
cada sobrevivente deverá desempenhar uma função, mantendo-se desta maneira
ocupado: sem organização e conhecimento, dificilmente se retornará a
civilização. Não se apresse após as primeiras medidas, planeje cuidadosamente
antes de agir.
Próximo do avião, com os
primeiros socorros já efetuados, rádio transmissor acionado, e o grupo
organizado, sua sobrevivência estará baseada num tripé: água, alimentação e fogo. Descanse física e
mentalmente ou pelo menos tente, para se
refazer do choque que o acidente causará. Construa um abrigo, pois chove demais na selva, principalmente
de outubro a março. Não se esqueça de que o Rio Amazonas corre paralelamente a
linha do Equador, e por esta razão não
há quase crepúsculo. A tarde,
deixe tudo preparado no acampamento, pois a noite cai rapidamente, não
tente sair do acampamento após as quinze horas, pois não encontrará mais a
trilha, já me perdi diversas vezes tentando encontrar o caminho de volta, na
selva cem metros são iguais a mil, se compararmos com um outro ambiente
urbano.
Mantenha sempre a liderança sobre o grupo se você é o comandante ou
comissária, evitando desta maneira que algum passageiro sem qualificação para
tal o faça, se você é um passageiro, este não é o momento para culpar nem tão
pouco agredir o piloto ou tentar transformá-los em seus empregados, ajude se
possível for, a ajuda dos sobreviventes é indispensável, pois existem
passageiros que são tão eficientes ou mais do que certos tripulantes,
principalmente aqueles que conhecem a região, foi assim que no acidente do
VARIG, comandado pelo Garcez, muito bem explanado no livro Caixa Preta de Ivan
Santana, o que recomendaria a todos a sua leitura. Lembre-se também, que muitos
aviões já fizeram pouso forçado em
diversas áreas na Amazônia, por cima da copa de árvores com mais de setenta
metros de altura, no chão mais de um palmo de folhas úmidas. Durante o dia, 36
a 38°C de temperatura, durante a noite de 6 a 7° C , e, em alguns locais da
selva, podendo descer até 3° C , como é caso dos igarapés. Às nove horas
amanhece, e ás quinze horas já é noite,
em algumas regiões da floresta os sobreviventes respiram ar quente e úmido, tomando
um verdadeiro banho de sauna, não retire a camiseta suada ela conservará a
temperatura do corpo durante o dia. Existem clareiras enormes, parecendo
estranhos desertos, como encontramos no estado de Roraima nas proximidades de
Boa Vista, desprovidas de animais na época das secas. O silêncio é absoluto
enlouquecedor sem grito de animal ou canto de ave, dias de intenso calor e
madrugadas de frio úmido insuportável, onde somente uma coisa é constante: o
mosquito, seja ele pium, anófele ou outro tipo, já vi estes
mosquitos tirarem do sério muitos combatentes experientes em áreas de selva,
cubra todo o corpo, coloque uma camisa na cabeça, estilo ninja. Tendo
conhecimentos, não há o que temer na selva, a selva é um grande supermercado,
podendo-se retirar dela todos os recursos de que necessitamos para a sua
sobrevivência, especialmente água e alimentos, lembre-se: a selva não
pertence ao mais forte, mas ao sóbrio, habilidoso e resistente.
Os
mosquitos transmissores de doenças são tantos que é difícil até lembrar o nome
de todos os que são cientificamente conhecidos, mas um conselho que aprendi com
os índios e faço questão de passar para todos, permaneça dentro do abrigo das 5
as 7h da manhã e das 17 as 19h a noite, pois segundo eles é o horário dos
mosquitos transmissores atuarem, os sete anos que passei na Amazônia seguindo
este conselho comprovaram a sua veracidade, mas para complementar esta obra vou
especificar alguns de importância para o sobrevivente, caso tenha disponível
passe o óleo da copaíba, diesel ou repelente.
MOSQUITOS TRANSMISSORES
|
|
NOME DO TRANSMISSOR
|
DOENÇA
|
Aedes
Aegypty
Aedes
albopictus
|
dengue
|
Anófele
|
malária
|
Culex
|
filariose
|
Haemagogus
|
febre amarela
silvestre
|
Aedes Aegypty
|
febre amarela
urbana
|
moscas,
percevejos, piolhos, pulgas
|
tularemia
|
piolhos do
corpo e pulgas
|
tifo
|
Flebotomus
|
leishmaniose
|
Carrapatos
|
tifo de carrapato
|
Preocupações com animais selvagens, serpentes venenosas, escorpiões
etc. normalmente são exageradas em
relação aos riscos que na realidade nos oferecem estes animais, caminhei
durante dois meses e o único animal que vi foi uma jararaca de dois palmos que
se manteve imóvel a minha passagem.
Além destes, outros cuidados deverão ser
observados como cuidar dos pés diariamente, proteger os olhos e os
ouvidos, precaver-se contra infecções cutâneas, conservar limpos o corpo,
a roupa e o local de estacionamento, bem como evitar doenças intestinais com a
lavagem de mãos e alimentos encontrados na selva se houver disponibilidade de
água.
ABRIGO
Improvisar um abrigo que nos
ofereça proteção contra os insetos, preferencialmente utilizando a própria
aeronave, visto que na maior parte dos acidentes, sempre sobra uma parte do
charuto, fuselagem da aeronave, onde se pode aproveitar retirando as cadeiras e
os mortos, enterrando estes em covas rasas em um local previamente marcado, se
não tiver condições para tal tarefa, procuraremos um local perto do avião
construindo o abrigo com os recursos do conjunto de sobrevivência e do próprio
local onde estivermos.
FOGO
A confecção de fogueiras também
será muito útil, pois servirão para espantar insetos, sinalizar, aquecer,
cozinhar, purificar água, além de manter a distância animais indesejáveis,
aumentando assim a moral do grupo. Entretanto muito cuidado ao executar esta
tarefa, guardando uma distância segura do avião, e controlando para não
ocasionar um incêndio na floresta.
Dentre os sobreviventes escolha aqueles que tenham mais condições
físicas e conhecimentos para a procura nas imediações de alimentos e água. Nas
primeiras 24 horas deverá ser obedecido o racionamento tanto de comida como de
água, porque já estaremos abastecidos para este período, e em contrapartida,
não saberemos por quanto tempo aguardamos a chegada do grupo de busca e
salvamento, além do que o corpo precisa saber que entrou em uma situação de
emergência, e isto só acontecerá após vinte e quatro horas sem água e comida.
Permaneça no local do acidente tanto tempo quanto possível, pois os destroços
do avião constituem um bom alvo para a localização de seus sobreviventes,
enquanto pessoas isoladas caminhando na mata, sem necessária sinalização são
muito difíceis de serem encontradas.
Instruir os sobreviventes capacitados para ajudarem na sinalização
usando todos os recursos existentes a bordo, e improvisando com os recursos
obtidos no local do acidente, procure colocar panos coloridos sobre as árvores,
ou outros objetos que destoem do verde da vegetação, bem como objetos que
produzam brilho (partes da carenagem, latas, etc). Se houver clareira faça
sinais no solo, feitas com folhas, madeiras grossas, galhos secos e verdes.
Faça um fogo e use fumaça se ouvir ou avistar alguma aeronave, isto poderá ser
conseguido com a colocação de folhas verdes sobre a fogueira e esta deverá ser
mantida acesa durante o dia e a noite.
Mantenha os sinalizadores protegidos, envoltos em algum saco plástico
para que a umidade da selva não venha danificá-los, porém prontos para o uso
tendo o cuidado de só utilizá-los quando vista ou ouvida uma aeronave. Junte a
maior quantidade de material combustível possível, mantendo este material
sempre seco, reserve uma área mais aberta exclusivamente para sinalização, deixando
ali uma pequena fogueira e pedaços de borracha que ao ser colocado sobre a
fogueira produzira fumaça preta, se colocarmos folhas verdes estas produzirão
fumaça branca, devendo a fogueira ser cuidada constantemente. A limpeza do
acampamento faz-se necessária de forma a enxergar tudo com clareza,
principalmente animais peçonhentos.
Uma latrina deverá ser feita e as fezes cobertas com cinzas ou areia,
este procedimento não foi executado no acidente do comandante Garcez, e o
resultado é que todas as pessoas que tinham ferimentos pequenos ou grandes,
tiveram os mesmos contaminados pelas moscas varejeiras, depositando ali seus
ovos que viraram pequenas larvas. Por estarem em um acampamento sem higiene e
os ferimentos estarem descobertos foram retiradas grandes quantidades de larvas
vivas de todos os ferimentos com pinça, inclusive em algumas mulheres na região
vaginal.
Mantenha vigilância constante no
local do acidente, evitando os perigos de animais ferozes, cobras e índios que
não tiveram contato com a civilização, bem como se mantenha atento à
aproximação de aeronaves ou pessoas que vivam em regiões próximas, estas
poderão indicar-lhe o caminho ou oferecer alguma ajuda.
A média de tempo para serem localizados os sobreviventes de uma aeronave
é aproximadamente de 04 (quatro) dias, sendo o sinal do rádio transmissor
captado de cinco minutos a vinte e quatro horas, as baterias do rádio duram até
quarenta e oito horas, mas a prática nos tem mostrado que funcionam por tempo
bem superior a este, caso seja necessário abandonar a área do acidente, leve em
consideração o estado físico dos sobreviventes e as facilidades e dificuldades
de locomoção.
Quando deixar o local de acidente, deixe por escrito as razões de seu
abandono e as indicações corretas de rumo seguido, pois caso as equipes de
resgate os encontrem, saberão por onde prosseguir na busca, a medida em que
caminha faça marcas bem visíveis ao longo da trajetória seguida, não se
esquecendo de levar a bússola e outros auxílios indispensáveis a sobrevivência.
A incerteza e a angústia que afligem o sobrevivente durante o período de
espera pelos grupos de salvamento, podem culminar em atitudes precipitadas e
comportamentos inadequados a situação, quando realmente o socorro chegar.
A falta de autocontrole pode comprometer toda a operação de salvamento,
manter a situação sob controle neste momento é vital; acate as instruções, e
quando for avistado, não se deixe levar por excessos de alegria ou descontrole
emocional nervoso. Coopere com a equipe de salvamento, não se expondo a riscos
que possam ocasionar ferimentos ou de qualquer maneira dificultar os trabalhos.
Se o salvamento acontecer por meio de helicóptero, o que ocorrerá na
maioria das vezes, e você estiver em terreno acidentado, siga para um local
mais adequado, um cuidado especial deve ser dado aos rotores do helicóptero,
pois se tornam invisíveis quando giram, também deve ser usado o sinalizador de
fumaça para indicar a direção e intensidade do vento. Após o toque com o solo,
coloque a alça do cabo de salvamento como se veste um casaco, pois se houver um
contato antes que a mesma toque o solo, o sobrevivente levará um choque devido
a energia estática do helicóptero não ter sido liberada. Cuidado para não ficar
dependurado de costas, a trava deve ficar voltada para frente. Se você estiver
incapacitado, alguém do S.A.R. (salvamento e resgate) descerá para ajudá-lo. Ao
se aproximar do helicóptero fazê-lo agachado, em direção ao piloto ou co-piloto
e sempre pela frente de forma a ser avistado.
Enquanto o socorro não chega o aconselhável é permanecer junto à
aeronave e aguardar; a maioria das missões de busca e salvamento bem sucedidas
se deram desta forma.
As vantagens de se permanecer próximo ao local do acidente são muitas: é
mais fácil avistar a aeronave do que um grupo de pessoas, embora saibamos que a
missão de busca é extremamente cansativa, horas e horas olhando pela janela,
lembro certa vez de uma busca feita sobre o rio amazonas, que senti uma enorme
dor nos olhos aliada a uma cefaléia insuportável, pode ocorrer ainda que alguém
escutou o pedido internacional de socorro “mayday – mayday” que o comandante da
aeronave fez antes de cair e irá averiguar o que aconteceu e notificar alguma
autoridade ou reportar a torre de controle do ocorrido.
A aeronave e suas partes proporcionam meios de sinalização e vários
materiais úteis a sobrevivência como carenagens, refletores, tubulações,
estrutura para abrigos, combustível e óleo para fogueira, etc, porém especial
cuidado deve ser dado as partes metálicas para evitar cortes com a pele.
Você só poderá abandonar o local do acidente nas seguintes condições:
1.
Recebeu
instruções para-tal, por meio de fita mensagem, rádio ou outro mecanismo.
2.
Tem
certeza que conhece a região e encontrará ponto melhor de abrigo, alimentação,
água e socorro, com os recursos disponíveis.
3.
Após
ter esperado vários dias, e tiver certeza de que a possibilidade de salvamento
é pequena, e ainda tiver recursos necessários para a viagem, não se esquecendo
de deixar por escrito a direção que seguiu.
Enquanto aguarda o salvamento cuide muito bem de sua saúde e dos demais
sobreviventes, com especial atenção para higiene e condições sanitárias do
acampamento, Procure um abrigo que forneça máxima proteção com um mínimo de
energia desprendida, se houver condições aproveite a própria aeronave, a
maioria dos acidentes com aviões de grande porte permitem a sua utilização como
abrigo, lembre-se que você deve economizar o máximo de energia fazendo apenas o
estritamente necessário. Faça um levantamento de todos os seus suprimentos e se
parte do grupo sair para procurar socorro, estes deverão levar 2/3 das
provisões existentes, o outro 1/3 ficará com o grupo que permanecer no local do
acidente, sendo quatro pessoas o número ideal para iniciar uma jornada. Em
ambiente de selva nem mesmo as necessidades básicas faz-se sozinho, percebi
muitas vezes que a onça pintada nos seguia durante dias, esperando que alguém
ficasse sozinho para que ela pudesse dar a sua investida, animal predador,
sutil, inteligente, que jamais ataca para perder, não se engane com a beleza
desse felino, pois ele nada, corre, sobe em árvore, pula e muito mais golpes
melhor que você.
ITENS DO KIT DE
SELVA DAS AERONAVES
EQUIPAMENTO
|
Apito
Botas de lona
Bússola / Caixa de costura
Cartão de sinalização terra/ar
Corda fina de nylon
Espingarda com cartuchos (anv militar)
Kit de pesca
Espelho para sinalização
Faca / Facão
Fósforo a prova d’água
Sinalizador de fumaça laranja
Lanterna
Luvas
Manual de sobrevivência
Marcador de mar
Pedra de fogo
Purificador de água
Saco plástico para água
Pá
Repelente
Plástico para coleta de água / Sal
Kit de 1º socorros
|
LEIS DA SELVA
1.
TENHA INICIATIVA, POIS NÃO RECEBERÁS ORDENS
PARA TODAS AS SITUAÇÕES, TENHA EM VISTA O OBJETIVO FINAL.
2.
PROCURE A SURPRESA POR TODOS OS MODOS.
3.
MANTENHA SEU CORPO E EQUIPAMENTOS EM BOAS
CONDIÇÕES.
4.
APRENDA A SUPORTAR O DESCONFORTO E A FADIGA SEM
QUEIXAR-SE E SEJA MODERADO EM SUAS NECESSIDADES.
5.
PENSE A AJA COMO CAÇADOR, NÃO COMO A CAÇA.
6.
SOBREVIVA SEMPRE COM INTELIGÊNCIA E SEJA O MAIS
ARDILOSO.
ADAPTADO DO CIGS – CENTRO DE
INSTRUÇÃO DE GUERRA NA SELVA.
ÁGUA
SOLVENTE UNIVERSAL
Sendo
um dos elementos indispensáveis da natureza, teve sua importância iniciada no
período cosmológico pelos filósofos gregos, que atribuíam à água como sendo a
partícula mater do universo e tudo o mais dela se originaria, seria certamente
redundante explicitar a sua importância diante de sua vitalidade. A medicina
mais antiga que se tem notícia, a Ayurveda, da Índia,
traz em suas literaturas que a água é um tipo de energia vital chamada Prana,
presente também em outros elementos e usada como uma forma de tratamento
conhecida como hidroterapia. Já no império romano os balneários ou termas, eram
centros de saúde e bastidores políticos, grandes eram os monumentos
arquitetônicos que utilizavam a água como principal atrativo, sendo o balneário
de caracala um dos mais famosos.
Oitenta por cento do nosso corpo é formado por água, para a maior parte das literaturas médicas, e setenta por cento para as demais, dessa forma é a água um solvente universal indispensável a sobrevivência da raça humana, limitando a vida em média a doze dias, de acordo com as pesquisas feitas pela guarda costeira americana, tanto será melhor a qualidade de vida de um ser humano, quanto for a pureza da água consumida por este, no futuro, de acordo com diversos cientistas políticos a água será motivo de grandes guerras, visto a sua escassez no planeta. Segundo a brilhante pesquisa e monografia do CMA (Comando Militar da Amazônia), o Brasil detém quase dez por cento de toda a água disponível no nosso planeta, o que torna o nosso país e em especial o Amazonas e toda a amazônia legal, detentora de oitenta por cento dos recursos hídricos nacionais, tornando-se assim um alvo de cobiça a mercê de homens desonestos e corruptos, embora saiba pela vivência que o nosso Exército não compactuaria de tal ato, muito pelo contrário seria uma resistência perpétua em sua defesa, visto que seus antecessores Marechal Rondon e Pedro Teixeira muito se empenharam em sua defesa e graças ao seu enorme contingente na área, teriam os países, ditos desenvolvidos, um campo de batalhas de proporções catastróficas, o Brasil, apenas pelo fator água, poderá tornar-se no futuro uma potência, sem nem sequer levar em conta o restante da tabela periódica presente naquele solo.
Transporte para fora do avião no momento do abandono da aeronave, toda água e líquidos existentes a bordo, menos bebidas alcoólicas. Pode-se viver semanas sem alimentos, mas, sem água, a perspectiva de vida é muito pequena, principalmente em regiões quentes, onde grande quantidade de água é perdida pela transpiração, respiração, fezes, urina, etc.
Além de beber, a água será
importante para ferver alimentos, higiene e até como item de sinalização. Toda
água encontrada na selva deverá ser purificada antes de ser consumida, embora
na zona urbana a contaminação seja maior,
os meios para realizar esta purificação são os seguintes: os conjuntos
de sobrevivência contém substâncias com esta finalidade, basta seguir as
instruções, o mais usado atualmente é o clorim, pequenos comprimidos a base de
cloro; tintura de iodo, também faz parte destes conjuntos, basta adicionar de 8 a 10 gotas para cada litro de
água , deixando o iodo agir por 30 minutos após o que a água poderá ser bebida.
Outro modo de purificar é por meio da
fervura por pelo menos 1 minuto. A única exceção é para a água da chuva, quando
colhida diretamente em recipientes limpos, poderá ser tomada sem purificação,
bem como a água de origem vegetal, e aí teremos a água de coco, devendo-se
escolher os que sejam nem muito verdes nem extremamente maduros, cuidado ao
chegar no alto para não despencar ao avistar alguma aranha ou cobra; cipós, especialmente
os de casca grossa e cor avermelhada também conhecido como cipó d’água, que
produzem água cristalina e refrescante, devendo-se no entanto evitar aqueles
que produzem líquido leitoso ou amargo. Hastes de bambu também podem conter
água, bastando para retirá-la, fazer um pequeno orifício junto aos nós, usando
finos bambus ou canudo de capim; cactos, principalmente os “bojudos”,
conhecidos no sertão nordestino como coroa de frade, dos quais deveremos cortar
e destacar a parte de cima, amassando o seu miolo, bebendo a água assim obtida,
semelhante a abacaxi.
Para colher água da chuva você
poderá improvisar um recipiente, cavando buracos e a seguir forrando-os com
plásticos, bote ou o toldo deste, como vasilhas use ainda grossas hastes de
bambu para armazenamento,.
Comece logo a procurar por
água, e ao encontrar fonte de água estabeleça sua localização em relação ao
local do acidente demarcando o caminho. Encontrando trilhas de animais, você
poderá segui-las, pois normalmente levam a uma fonte de água, tendo porém
bastante cuidado para não se perder, assim como manter o mesmo cuidado ao
beber, pois muitos animais ficam de tocaia, aguardando sua presa. Os animais
diferentemente do ser humano vivem durante todo o seu ciclo vital baseado em
três itens.
As frutas costumam conter
grandes quantidades de água, portanto não perca a chance de saciar sua fome e
sede ao encontrá-la. Outra possibilidade para se encontrar água será aquela das
chuvas, retida em plantas como gravatás e parentes do abacaxi que por possuírem
folhas resistentes e bem chegadas umas às outras, sobrepondo-se como escamas,
costumam conter apreciável quantidade
de água. Devemos passar esta água por um pano, a fim de eliminar a maior parte
das impurezas, e os insetos aquáticos.
Ao se encontrar um lago
lamacento ou local com água barrenta, mesmo assim poderemos nos beneficiar
desta água, tornando-a praticamente cristalina, bastando para isto escavar em
solo arenoso, a uma distância de 2
metros da margem aguardando que a água flua e o lodo se deposite no fundo.
A água de rios, riachos, nascentes, lagoas,
poderá ser bebida sem maiores problemas, desde que tenha sido purificada por um
dos processos apontados acima. O próprio orvalho que fica retido nas folhas,
poderá ser coletado em um plástico que se coloca no chão abaixo da árvore,
sacudindo suas folhas. Ás vezes, a água obtida das maneiras acima mencionadas,
poderá ter aparência turva ou uma coloração qualquer, mas poderemos filtrá-la
através de um pano, melhorando seu aspecto. Em sobrevivência o aconselhável é
beber água somente a noite, visto que durante o dia pouco retemos devido ao
suor, em situação normal o aconselhável são dois litros diários, em situação
emergencial 750 ml serão suficientes.
Outros locais nos quais poderemos procurar água, serão
locais baixos e úmidos, em encostas, ao longo dos fundos dos vales, e ao pé dos
aclives, sempre escavando junto a vegetação verde e viçosa. Como podemos
observar, a água na floresta é abundante basta saber procurá-la.
A necessidade de água na floresta densa é
muito menor do que no deserto, a uma mesma temperatura, o corpo humano requer
de duas a três vezes mais água no deserto a fim de compensar a eliminação; vi
inúmeras vezes homens bem adaptados a regiões desérticas desmaiarem por uma
desidratação profunda em alguns kilômetros de caminhada. Caso esteja em região
árida, seca, procure por água em leitos secos de rios e riachos, escavando na
parte mais baixa, sob pedras, ou escavando no local onde o leito faz uma curva,
no lado de fora desta curva.
Terrenos rochosos são
impróprios para se encontrar água, mas se você estiver em região assim, procure
nos vãos entre as rochas, ou em abaulamentos conhecidos como caldeirão. Próximo
ao mar, procure onde a areia estiver úmida entre as dunas, nas depressões entre
dunas, e mesmo na praia, em níveis acima de maré alta; sobrevoando a costa
litorânea encontramos muitos córregos, embora a água seja um pouco salgada
devido ao seu contato com o sal, não se preocupe, o sal em quantidades mínimas
evitará cãibras.
Urina e água do mar não servem
para beber por possuírem alto teor de sal. Por fim lembraremos que caso água e
alimentação estejam presentes em quantidades muito reduzidas devemos racionar
estes suprimentos, senão o corpo usará sua própria água acelerando o processo
de desidratação. Na falta total de água, o sobrevivente deve evitar
alimentar-se, locomover-se ou expor-se ao sol.
ALIMENTAÇÀO
As
primeiras 24 horas devem ser de absoluto jejum para que o corpo entenda que
estamos em emergência, neste período deve-se reunir todo alimento disponível e
fazer uma busca nos porões da aeronave para procurar elementos de utilização na
sobrevivência.
Uma vez
reunido todo o alimento, deverá ser feito um racionamento, controlado de forma
rígida, pois nesta situação o homem e a mulher tornam-se animais, como soubemos
de alguns sobreviventes jovens desesperados pelo medo de morrer de fome,
esconderam comida e as crianças ficarem com fome, sempre falo em minhas
palestras e cursos que a sociedade de sobrevivência tem um comportamento
diferente, visto que quando está em jogo a vida de cada pessoa, esta fará de
tudo para sobreviver e poucas são as que apresentam um espírito de grupo.
Bebidas alcoólicas devem ser eliminadas, visto que em nada contribuirão para
prolongar a sobrevida dos passageiros, deixando alguns em estado de euforia e
raiva que nada contribuirá ao grupo.
Todos os alimentos
suprirão as necessidades, porém para que sejam eficientes devem conter alguma
energia assim distribuída.
Carboidratos
|
Devem
ser utilizados sempre que houver restrição de água sendo encontrado nos
vegetais, cereais e frutas.
|
Proteínas
|
Sua
finalidade e a de refazer os tecidos, sendo encontradas nas carnes, leite,
ovos e em alguns vegetais
|
Gorduras
|
Necessário
ao sobrevivente em pequenas quantidades encontradas nos vegetais(amendoim e
coco) e animais (carne, peixe, ovos, leite e derivados)
|
TIPOS DE ALIMENTOS
Rações de Emergência
|
São os alimentos que
constituem os kit’s de emergência, já vem prontos ou necessitando de pequeno
preparo, caso o sobrevivente encontre outro alimento na selva deverá poupar a
ração de emergência
|
Alimentos Silvestres
|
Origem Animal- A maioria
dos animais e mesmo formigas como a tanajura (fêmea da saúva) e outros
insetos serão fonte de energia em uma sobrevivência.
|
Origem Vegetal - serão
certamente o que mais teremos em virtude de sua abundância e facilidade de
encontrar
|
Em se tratando de
alimentos vegetais a regra CAL (cabeludo, amargo e leitoso) será de grande
valia uma vez que é o princípio básico para se identificar o vegetal venenoso,
portanto um alimento que se encaixe nesta regra não deverá ser consumido, a
menos que se conheça, como por exemplo a jaca que é leitosa e como sabemos não
é venenosa. Se mesmo assim não conseguir identificar cozinhe por uns cinco a
dez minutos e prove sem fazer a ingestão, caso sinta gosto amargo, queima,
náuseas... este alimento não deverá ser consumido em hipótese alguma. Outra
indicação segura de que o alimento é comestível é encontrar o alimento mordido
por macacos ou outro animal como pássaro e ainda formigas.
OBS:
os cogumelos venenosos não eliminam o veneno pelo cozimento, por isso jamais
coma cogumelo selvagem, bem como animais mortos e sapos não devem ser
consumidos.
PLANTAS COMESTÍVEIS
Frutas
|
Todo
fruto doce pode ser consumido bem como as
flores.
|
Nozes,Castanha e Pinhões
|
Encontramos
por todo país castanha do Pará, de caju, pinhões e coqueiros
|
Grãos e
Sementes
|
Muitas
gramíneas são comestíveis e a maioria que apresentam sementes também.
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Fetos Vegetais e Samambaias
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Brotos
de bambu podem ser consumidos com o cuidado de retirar o pêlo que causa
irritação, este deverá ser cozinhado. Toda palmeira provê o palmito que só
deverá ser retirado sendo esta pequena, não tente derrubar uma palmeira de
cinco metros de altura, pois o palmito é pobre em calorias e na compensará o
esforço.
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Plantas
Aquáticas
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Rabo-de-gato
e capim elefante - Come-se os brotos bem novos, cuidado com a vitória régia
em sua parte que fica debaixo d’água, pois é formada por espinhos para sua
proteção.
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Açucenas Brancas D’Agua
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Suas
hastes e flores são comestíveis.
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Casca de
Arvores
|
No
nordeste encontramos com muita facilidade nas feiras grande quantidade de
cascas de árvores usadas para fazer chá para diversas enfermidades como
aroeira, juá, pinhão, angico e abacate.
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Legumes e
Verduras (hortaliças)
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constituem-se
de folhas, vagens, talos é sempre bom cozinha-las.
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Juazeiro
O
juá pode ser usado para escovar os dentes, pois, produz uma espuma de sabor
refrescante (saponina), deve-se raspar a casca e usar o pó, bem como produz uma
frutinha rica em vitamina e bastante doce.
Raízes
Mais
do que nunca, ao procurarmos raízes ou tubérculos como fonte de alimentação,
devemos obedecer a regra “amargo e leitoso”. De fato, poderemos encontrar em
plantações abandonadas (cará, batata-doce, inhame, mandioca, etc) bem como nas
áreas de mata cerrada, e nas florestas não muito densas. Como sabemos a
mandioca brava é venenosa, e exige além do cozimento outro tipo de tratamento
prévio, ralar as raízes completamente, lavando e espremendo a massa feculenta
em varias águas, cobrindo em seguida e deixando de molho.
Quanto
ao aipim pode ser ingerido perfeitamente após o cozimento a diferença entre
essa e a mandioca brava é o sabor.
Quanto
a batata-doce a parte de cima das folhas poderão ser fervidas e aproveitadas
como verdura, assim
Folha de mandioca
Todas as plantas que possuírem folhas parecidas com esta têm suas raízes
comestíveis, porém pela grande quantidade de amido sempre deverão ser
cozinhadas senão causarão distúrbios intestinais.
folha
de batata
Alimento de Origem Animal
Respeitando a regra CAL( cabeludo, amargo e
leitoso ) para alimentos de origem vegetal e levando – se em consideração que cururu,
baiacu e urubu não se comem os outros alimentos são comestíveis.
Os alimentos de origem animal
repõem muito mais proteínas que os vegetais, porém requerem do sobrevivente
habilidade para sua captura com processos e técnicas chamados de armadilhas.
Com algumas exceções podemos dividir as caças em dois grandes grupos: animais de
duas e quatro patas, ambos deverão ser posicionados pelas patas com a cabeça
voltada para o chão fazendo com que o sangue fique concentrado em grande parte
na região encefálica, dê uma pancada firme na nuca se for animal de quatro
patas e corte o pescoço se for animal de duas patas (geralmente aves), se por
acaso a ave for pequena poderá ser tratada em um local plano para facilitar o
abate.
Não beba sangue de animais,
pois estes contém grande quantidade de bactérias letais aos seres humanos,
lembro de dois militares que morreram ao fazerem uso do sangue de macaco em uma
sobrevivência.
Um cuidado facilmente
esquecido nos abates de animais é a retirada da bexiga (principalmente se for
roedor) e do fel ( glândula esverdeada localizada no fígado)
ARMADILHAS
Devem
ser colocadas em locais onde fique claro a presença de animais como trilhas, em
baixo de fruteiras que apresentem excrementos, perto de cursos d’água com
rastos evidentes, sendo o nascer e o por do sol o horário ideal para pegá-los.
Sempre
que for possível dê prioridade as armadilhas com laço, pois além de não
necessitarem de iscas deixam a caça pendurada evitando ser aproveitada por
outros animais oportunistas.
FOTO DO ACERVO DA AFAER - RECIFE
MÉTODOS PARA PREPARAR OS ALIMENTOS
Assar
|
diretamente sobre um espeto ou
fazendo-se um buraco no chão forrado com pedras ou pedaços de metal do avião,
após aquecido retira-se o carvão e coloca-se o alimento cobrindo com partes
metálicas do avião.
|
Moquear
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Processo de desidratação do alimento
que consiste em uma grade colocada sobre um tripé recebendo o calor do fogo e
conservando o alimento por muito tempo sem requerer cuidados do sobrevivente
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Cozimento Indireto sob o Fogo
|
Ovos, caramujos e outros poderão ser
cozidos cavando-se um pequeno buraco e enterrando-os, faz-se em seguida a
fogueira em cima e depois da queima o alimento estará pronto
|
Cozimento por meio de pedras
aquecidas
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Forre o chão com pedras e faça o fogo
em cima, quando restar só as pedras coloque o alimento por cima, se for
alimento com casca tipo mariscos não retire a casca
|
Fervura por meio de pedras quentes
|
Esta é a maneira que o sertanejo faz
seu café no sertão coloque várias pedras sobre o fogo e coloque-as depois de
quente dentro de uma vasilha com água e esta ferverá instantaneamente, caso
tenha pó de café use-o
|
Caso disponha de
panela ou possa improvisar use apenas as hastes do moquém e prenda a panela,
mas se puder improvisar faça um moquém fixo para conservar os alimentos,
principalmente as carnes.
Moquém feito pelo CB – Evilásio
Apesar de se perder toda
a gordura neste processo, algo útil para o sobrevivente é uma maneira usada pelos indígenas para conservar os
alimentos, pode-se ainda assar em processo de espeto virando de vez em quando
como vemos abaixo.
Foto do arquivo pessoal da
comissária kellen usado em sua sobrevivência
APROVEITANDO O KIT DE SOBREVIVÊNCIA NA SELVA
Toda
aeronave dispõe obrigatoriamente de kit’s de emergência para os sobreviventes e
estes estão localizados geralmente nos bagageiros da cabine de passageiros e
dentre muitos itens está o kit de pesca com linha de nylon, anzóis de vários
tamanhos e iscas artificiais e na falta destas use pedaços de tecido colorido
ou metal brilhante que também atrairá os peixes, devendo o sobrevivente
descobrir qual o tipo de isca que atrai os peixes daquela região. Caso este kit
tenha extraviado o sobrevivente deverá improvisar anzóis com broches, madeira,
osso, alfinete e desfiar o cadarço dos sapatos para usar como linha. Com um
pedaço de madeira ou bambu pode ser feito uma zagaia (arpão) para pesca de
arpoamento. O horário ideal para pescaria é de manhã e a tarde no por do sol,
sendo a pesca noturna bem proveitosa principalmente se dispor de lanterna, pois
seu reflexo na água atrai os peixes. Nunca toque na isca ou anzol se porventura
usou repelente ou qualquer produto químico.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Ø
Mariscos e ostras que estejam agarrados aos cascos de navios ou de
qualquer objeto metálico provocam uma intoxicação violenta, podendo levar a
morte bem como se forem encontrados mortos.
Ø
Sempre que andar pelo rio arraste os pés em vez de levanta-los
para evitar de pisar em arraias ou outro animal espinhoso.
Ø
Todos os peixes de água doce devem ser cozinhados ou assados para
serem consumidos em virtude de parasitoses que contraem nos rios e que são
muito perigosos para os seres humanos.
Ø
Não coma peixes que porventura apresente as seguintes
características:
§
Rigidez cadavérica
§
Mal cheiro
§
Olhos fora de sua característica normal
§
Carne que após afundar o dedo demora a retornar ou morto.
PEIXES PERIGOSOS DAS ÁGUAS
FLUVIAIS BRASILEIRAS
|
|
Piranha
|
Habitam
águas de pouca corrente, e não são assassinas como pregam a mídia, mas por
cautela evite os lagos de água parada, como as piranhas vivem em cardumes o
sobrevivente terá grandes chances de pescar este peixe.
|
Arraias
|
São
peixes em forma de disco chato com pequena cauda que apresenta um ferrão
serrilhado causador de grande estrago onde fura. São encontradas nos rios
Amazonas, Paraguai, Branco e Tocantins. Para não ser molestado por este
animal desloque-se sempre arrastando os pés no rio ou lago para não pisa-lo.
|
Baiacus
|
Mais
venenoso que o seu primo marítimo apresenta cor esverdeada, espinhos no corpo
e a boca pequena em comparação com o seu tamanho.
|
Poraquê
|
Produz
uma descarga de até 600Vt capaz de paralisar a vítima que poderá morrer
afogada (dados do centro de pesquisa do IBAMA – AM ) .
|
Candirus
|
Peixe
hematófago que entra na uretra, ânus e vagina caso o sobrevivente tome banho
pelado em rios brasileiros, embora acidentes desta natureza tenham maior
ocorrência em rios do Amazonas e Pará, após a entrada deste peixe sua saída
só será possível através de cirurgia em virtude de seus espinhos que se abrem
ao puxar.
|
Pirarara
|
Inúmeras
pessoas desaparecem nos rios amazônicos, pois este peixe tem o costume de
puxar a presa para o fundo do rio e esperar a sua decomposição. Por onde
andei na Amazônia os caboclos não comiam a carne deste peixe por acreditarem
que ficavam com a pele amarelada.
|
Piranha empalhada propriedade da AFAER – Recife
ALGUMAS ESPÉCIES DA FAUNA
BRASILEIRA
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ONÇA
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URU
|
PORCO-ESPINHO
|
GATO MARACAJÁ
|
QUIRI-QUIRI
|
PACA
|
FURÃO
|
GAVIÃO-REAL
|
CAPIVARA
|
ARIRANHA
|
TACHA
|
TAPETI
|
MÃO PELADA
|
CIGANA
|
SUCURI
|
LOBO GUARÁ
|
MUTUM
|
CASCAVEL
|
CACHORRO DO MATO VINAGRE
|
COSCOROBA
|
JACARÉ DO PAPO
AMARELO
|
MONO CARVOEIRO
|
FLAMINGO
|
IGUANA
|
MACACO ARANHA
|
CORTA-ÁGUAS
|
JABUTI
|
MACACO-PREGO
|
GAIVOTA
|
GAMBÁ
|
MACACO DA NOITE
|
QUERO-QUERO
|
TARTARUGA CABEÇUDA
|
MICO LEÃO PRETO
|
SIRIEMA
|
ARARA-AZUL
|
SAUIM
|
JACAMIM-DE-COSTAS-VERDES
|
PAPAGAIO VERDADEIRO
|
SAGUI DE TUFO
BRANCO
|
ANTA
|
ARARAJUBA
|
TATU CANASTRA
|
PEIXE-BOI
|
CORUJA BURAQUEIRA
|
BICHO PREGUIÇA
|
AVOANTE
|
JOÃO-DE-BARRO
|
TAMANDUÁ-BANDEIRA
|
BOTO-COR-DE-ROSA
|
TUCANO-TOCO
|
RATO PRETO
|
SARACURA-TRÊS-POTES
|
GALO-DA-SERRA
|
SERELEPE
|
VEADO MATEIRO
|
MOCHO ORELHUDO
|
PICA-PAU-REI
|
|
SINALIZAÇÃO
É de conhecimento de todos que o sucesso da operação de busca e
salvamento está diretamente relacionado à capacidade dos sobreviventes em
utilizarem os itens relativos a sinalização, encurtando e facilitando as
equipes de busca, carimbando assim o seu passaporte para a civilização. De
fato, o uso inadequado destes equipamentos, bem como a má conservação dos
mesmos, além do desconhecimento de como se utilizar os recursos do local onde a
aeronave fez o pouso, para sinalizar e melhorar o avistamento, podem conduzir a
um desfecho bem diferente daquele desejado. Ensine aos demais sobreviventes
como utilizar os sinalizadores, visto que ninguém sabe quem estará no
acampamento quando passar alguma aeronave, além do que o seu uso inadvertido poderá
resultar em acidentes.
Baseados na experiência, foram desenvolvidos os itens que hoje fazem
parte dos conjuntos de sobrevivência das aeronaves (mar e terra), e também dos
equipamentos dos botes.
O sinalizador mais importante de todos, é o rádio transmissor de
emergência, que deverá ser acionado imediatamente após o abandono da aeronave,
ele é na realidade um rádio farol localizador que permitirá saber exatamente
onde os sobreviventes se encontram e dependendo do equipamento o erro será de
alguns metros de precisão.
Desde 1986, o Brasil, está integrado a um programa de cooperação
internacional, liderado pelos Estados Unidos, Rússia, França e Canadá, sistema
este que atende toda a América do Sul. O programa baseia-se no emprego de sete satélites meteorológicos que
operam em conjunto, permitindo completa cobertura da Terra com receceptores
permanentemente sintonizados nas freqüências internacionais de emergência,
recebem os sinais transmitidos aos satélites, aquele que estiver mais próximo
retransmite os sinais para uma estação rastreadora em terra e esta fornece as
coordenadas do local do acidente.
As freqüências de emergência (S O S) são: 121.5 Mhz-VHF civil , 243.0
Mhz-UHF militar e 406 Mhz-VHF. O horário de silêncio internacional nas
diversas regiões do globo, estão assim
divididos:
ORIENTE : de 00 aos 03 – dos 30 aos 33 minutos de cada
hora.
OCIDENTE: de 15
aos 18 – dos 45 aos 48 minutos de cada hora.
Todo piloto fica obrigado pela OACI ( ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL DA AVIAÇÃO CIVIL ) a colocar pelo menos um rádio na freqüência
internacional de emergência nestes horários,mas como a maioria dos aviões
modernos possuem dois rádios é fato comum os comandantes deixarem um rádio
constantemente ligado em emergência.
Muito
trabalho tem dado os técnicos da aviação (pilotos, mecânicos, despachantes) aos
Salvaeros, pois ligam o rádio na freqüência 121,5/ 406/243Mhz e esquecem-se que
o sinal é captado por satélite, sendo de uso exclusivo para emergência, gerando
um acidente falso, como se fosse um trote. Segundo os especialistas do setor de
salvamento do CINDACTA III , eles recebem em torno de dois mil alarmes falsos
por mês. Senhores técnicos da aviação, por favor ao acionar o rádio de
emergência, comuniquem a torre de controle e ao APP que estão fazendo um teste no
devido equipamento, senão logo o sistema cairá em descrédito.
TIPO
|
PERÍODO
|
OBJETIVO
|
RÁDIO
TRANSMISSOR
|
DIURNO
NOTURNO
|
O rádio transmissor de
emergência é acionado através de uma bateria ativada a água ou qualquer
líquido disponível e encontra-se no kit de sobrevivência que se encontra em
um dos bagageiros da aeronave. Existe ainda um rádio de impacto na aeronave
que aciona com a colisão.
Quando no mar, basta
colocá-lo na água; a antena que é presa por uma fita solúvel em água, ficará
automaticamente posicionada para a transmissão.
O rádio é dotado de uma
corda para ser amarrada ao bote, ou árvore, se for utilizado em rio. No mar
começará a transmitir em 5 segundos, e na água doce em 5 minutos. Se o pouso
se der na selva, poderão ser utilizados líquidos diversos para o acionamento
do rádio, tais como: urina, suco, chá, cerveja, etc. basta mergulhá-lo num
líquido qualquer, menos óleo, na posição vertical (acompanha invólucro
plástico com finalidade de servir de recipiente) preferencialmente apoiado
num objeto que assegure ser mantida esta posição.
Para desliga-lo em qualquer situação, basta
retirá-lo da água colocando-o na posição horizontal. Depois de seca a
bateria, não haverá condição de ser novamente acionado, aliás este
procedimento não é recomendado o ideal é deixá-lo funcionando até se esgotar
a bateria.
Alcance:
VERTICAL – 40.000 pés
(aproximadamente 13.000 metros)
HORIZONTAL – 250 milhas náuticas
(aprox. 460 quilômetros)
DURAÇÃO – 48 horas (transmissão
ininterrupta)
O modelo acima mencionado é o RESCUE 99, utilizado
na maioria dos aviões.
|
ESPELHO
|
DIURNO
|
Item bastante importante, seu uso deve começar
logo após terem sido tomadas as primeiras medidas, a fim de que o operador se
habitue ao seu manuseio. Mesmo em dias
que a luminosidade não esteja muito intensa poderá ser visto antes que
os sobreviventes possam ver a aeronave, e por esta razão, as pessoas
encarregadas de sinalizar com o espelho, devem a pequenos intervalos, correr
o horizonte com seus reflexos, ainda que não tenha sido ouvido ou avistado
avião, navio ou embarcação, estes poderão visualizar os sinais do espelho,
antes de serem vistos. O espelho possui no centro um orifício para que
possamos mirar nosso alvo. A maneira mais simples de utilizá-lo, é colocá-lo
a uma distância aproximada de 10 em de nosso rosto, dirigindo o reflexo para
o ponto por nós escolhido,
e posicionando entre este e o espelho a nossa mão, que servirá de guia, com a
mão exatamente na direção do alvo, e o reflexo do espelho atingindo a mão,
basta retirá-la e o reflexo estará com certeza atingindo o objetivo, bastando
então fazer pequenos movimentos laterais. O alcance aproximado do espelho é
de 10 milhas em dias de boa luminosidade e seu uso logicamente é para o
período diurno.
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CORANTE
|
DIURNO
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Idêntico ao de
mar sendo usado nos rios e riachos.
|
PIROTÉCNICO
|
DIURNO
NOTURNO
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Os conjuntos de
sobrevivência são equipados com cartuchos sinalizadores, que poderão ser
utilizados durante o dia e também a noite. Possuem um lado diurno que produz
intensa fumaça cor laranja, e um lado noturno que produz fogo pirotécnico, o
lado noturno possui características que permitem identificá-lo mesmo a noite,
no escuro total (uma saliência nas bordas, na tampa, argolas, etc.), embora
seja uma norma dificilmente ela é respeitada, pois encontramos constantemente
sinalizadores pirotécnicos sem essa marcação. Existem também os cartuchos que
produzem somente fumaça e que normalmente equipam os kits de sobrevivência na
selva.
É também um item de
grande importância, e requer determinados cuidados para seu manuseio e
conservação, devendo estar sempre protegidos contra a umidade que pode
inutilizá-los.
Seu uso no mar deve ser
feito a favor do vento, para fora do bote, e aproximadamente num ângulo de 45
graus. Na selva os cartuchos de fumaça
após acionados devem ser colocados no solo pois atingem temperaturas muito
altas. Para acioná-los basta puxar o comando de ignição, cujo procedimento é
o mesmo utilizado quando se abre uma lata de cerveja ou refrigerante.
Os cartuchos sinalizadores só devem ser utilizados
quando ouvido ou avistado navio ou aeronave, quando no mar evitar os pingos
de magnésio ou fósforo branco que saem do sinalizador para o interior do
bote.
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LANTERNA
|
NOTURNO
|
Os conjuntos de sobrevivência são equipados com
lanternas, algumas ativadas à água outras que utilizam pilhas e são a prova
d’água. Seu uso deve ser bem fiscalizado, só utilizando-se estes itens em
caso de real necessidade. As lanternas ativadas a água tem duração
aproximadamente de 8 a 12 horas após acionadas.
Independente destas,
tanto os coletes salva-vidas como os botes possuem lâmpadas de reação química
ativada a água, que deverão ser utilizadas como sinalizadores à noite.
|
APITO
|
DIURNO
NOTURNO
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Usar o apito à noite ou em nevoeiro para atrair a
atenção de outras pessoas na praia, ou
para localizar a posição de algum bote que tenha se afastado demasiadamente.
Pode ser usado em conjunto com as lanternas para sinalizar. Na selva, servem
para localizar sobreviventes que se tenha perdido do grupo principal, em
apenas poucos metros pode-se perder o contato visual na selva, por isto o
afastamento deverá ser no máximo o do contato visual.
|
FITA SINALIZADORA
|
DIURNO
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Idêntico ao marcador de mar sendo usado nos rios e riachos
(disponível apenas na aviação militar)
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MARCADOR DE MAR
|
DIURNO
|
Usado
pelas equipes de busca e salvamento
|
Sinalização com
recursos do local do acidente:
Amar pequenas fogueiras (várias), deixando-as prontas para serem
utilizadas, preferencialmente numa disposição que transmita uma mensagem, como
um grande S.O.S.
Durante o dia colocar na fogueira borracha ou óleo dos motores para
produzir fumaça negra e folhas verdes, musgos ou pequena quantidade de água
para obter fumaça branca.
Utilizar troncos, pedaços de
carenagem, escavar buracos no chão construindo com estes materiais, mensagens
pré-estabelecidas no código terra – ar da OACI, como vem especificado no manual
de sobrevivência.
Poderão ser utilizados também coletes salva-vidas, caso você disponha,
para fazer com eles “desenhos” em caso de pouso na selva, o mesmo, ocorrendo com
o bote ou escorregadeira, que além de auxiliarem na travessia de rios, poderão ser utilizados
para, sinalizar.
Além destas medidas, procurar manter o local “desarrumado” cortando
galhos e capim a fim de modificar a monotonia da paisagem.
Colocar objetos brilhantes ou de coloração viva sobre as asas da
aeronave e ao redor da mesma. Chapas de carenagem colocadas com o lado sem
pintura para cima, constituem-se bons
refletores. Objetos cujas cores contrastem com o verde da vegetação ajudam na
localização.
Facheiro usado para sinalização noturna seus espinhos
queimam facilmente.
JORNADA SOBRE A SELVA
Para um grupo de sobreviventes pode
parecer que a ação correta a executar é sair a procura de ajuda, porém esta
seria a atitude errada, provavelmente o grupo se perderia na selva agravando
ainda mais a situação. Ao ser acionado uma busca aérea ela começará sempre pelo
local do acidente visto que o avião tem um rádio de impacto que começa a
transmitir para o sistema de satélites indicando o local do sinistro, onde
serão concentradas as buscas. O líder de um grupo de sobrevivência será aquele
que tiver conhecimentos de sobrevivência e condições psicológicas para liderar,
em geral os tripulantes do avião, pois são treinados para emergências.
SEGUINDO O
CURSO DE UM CÓRREGO
Se
por decisão do grupo ficar esgotada a possibilidade de salvamento ( quinze dias
sem sinal ou contato das equipes de resgate ) deverá ser planejada a jornada da
seguinte forma:
·
Mínimo de quatro pessoas nas melhores condições
de saúde
·
Um dos quatro de preferência conhece a região ou
sabe se orientar
·
Deverão levar dois terços das provisões
·
Deverão caminhar três horas e descansar uma
hora, tomando cuidado para não se desorientar ao despertar, coloque uma seta no
chão indicando para onde seguir toda vez que parar.
·
Ao encontrar um curso de água deverão seguir
este até que deságüe em um rio navegável, a partir daí deverão fazer uma
jangada improvisada e continuar navegando no sentido da corrente, lembre-se as
estradas da Amazônia são os rios, para saber se determinada madeira flutua
coloque um pequeno pedaço desta na água (sem a casca ) e se este pedaço flutuar
é sinal que a madeira também flutua. Faça isto para evitar desperdício de energia.
Caso o rio ou riacho desemboque num lago mesmo assim suas chances serão maiores
até de encontrar um caboclo da Amazônia conhecido como ribeirinho.
PROCESSOS
DE ORIENTAÇÃO
Todos
aqueles que já fizeram caminhadas ecológicas sabem das dificuldades de
orientação em ambiente de selva, com
toda aquela monotonia que acaba por exterminar toda referência que se
possa ter para se orientar, o sol raramente é visto devido a altura da copa das
arvores sem contar com os inúmeros galhos e árvores caídas no caminho que
obrigam o navegador desviar do curso, somado a isto que todos nós temos um
desvio natural de 50 a 150 metros a cada quilômetro percorrido na selva,
fatalmente estaremos caminhando de volta ao ponto de origem, por isto o planejamento
da jornada deverá ser seguir uma reta até encontrar um ponto de apoio para
pedir socorro, mas como seguir uma linha reta na selva.
BÚSSOLA
É o único processo confiável desde que se saiba como
utiliza-la, todos aqueles que viajam deveriam ter uma pequena bússola comprada
com facilidade em lojas de caça e pesca, ou simplesmente apanhado do kit de
emergência da aeronave, quem sair para a jornada deverá levar obrigatoriamente
este instrumento e aprender com a tripulação como usa-la caso não saiba.
Chegará um infeliz momento na jornada que os navegantes desconfiarão que a
bússola está quebrada e tenderão a abandonar as informações dadas por ela,
lembre-se sempre que a bússola nunca se perde só os seres humanos, por isto
siga sempre a bússola não importando se todos discordam dela.
NOTA: A bússola
magnética da aeronave não serve para orientação devido aos ímãs de compensação
que darão uma proa diferente, visto que foram acrescidos alguns ímãs na sua
lateral para corrigir toda parte metálica do avião.
SOL
Colocado-se a mão direita apontada para o local
onde o sol nasce ou a esquerda para onde ele se põe, você terá a sua frente o
norte e as suas costas o sul, neste processo não haverá precisão na navegação
apenas uma direção de forma generalizada.
ORIENTAÇÃO PELAS ESTRELAS
CRUZEIRO DO SUL – Estando o sobrevivente localizado abaixo da linha do equador, poderá se orientar pelo prolongamento do braço maior da cruz em quatro vezes e meia e deste ponto traçar uma linha reta até o solo aquele ponto é o sul aproximado.
CONSTELAÇÃO DO CRUZEIRO DO SUL
4 ½
sul
ESTRELA POLAR – Se o sobrevivente estiver ao norte ( acima da linha do equador ) poderá se orientar pela estrela polar, de brilho e dimensões bem visíveis esta estrela indicará o norte caso exista alguma dificuldade em encontrar procure duas estrelas mais afastadas que são da constelação de Ursa Maior
CARTAS OU MAPAS DO AVIÃO
As cartas ou mapas de
navegação aérea são de uma escala gigantesca para a navegação terrestre, não
trazendo pontos claros e marcantes no terreno, mas mesmo assim é possível
orientar-se por elas de uma forma genérica, saber qual a direção das cidades
mais próximas, curso d’água de importância no terreno e outras informações
vitais para um sobrevivente, embora sejam da grandeza de 1/1.000.000 enquanto
que as de terra são de 1/50.000, elas estarão disponíveis na cabine dos pilotos
entre o console do piloto e do co-piloto.
ESAON
E – Estacione, procure um local com alguma proteção para os
sobreviventes uma vez que haverá uma grande probabilidade de pessoas feridas,
crianças, idosos e gestantes.
S – Sente-se, mantenha-se calmo você pode ser a pessoa chave da
operação de salvamento, tente recuperar-se do trauma do acidente e agradeça por
estar vivo.
A – Alimente-se, ‘saco vazio não se põe de pé’ este é o dito popular, porém nas
primeiras 24 horas não se come nem se bebe nada, a partir daí a comida será
racionada.
O – Oriente-se, procure saber com os pilotos ou membro da tripulação qual
o ponto de apoio mais próximo e comece a planejar sua jornada se for o caso.
N – navegue, apenas se estão esgotadas todas as possibilidades de
salvamento ou se alguém conhece a região.
COMO NAVEGAR NUMA SELVA
Primeiramente temos que definir o
que é a navegação para entendermos qual a sua utilidade em um acidente.
Navegação é um processo utilizado para se deslocar de um ponto a outro não
importando o tipo de veículo utilizado para o deslocamento, barco, avião,
carro, trem e que poderá ser feito também a pé neste caso a velocidade de
deslocamento na selva será de 1 km por hora. Caso encontre uma trilha ou
estrada deverá segui-la até obter socorro.
COMO TRANSPOR UM CURSO D’ÁGUA DE IMPORTÂNCIA
Existem
algumas técnicas que aprendi no curso de sobrevivência (CIGS) que levarão inclusive
pessoas que não sabem nadar (ou poderão levar os coletes da aeronave se
estiverem em condições) que consiste em amarrar vários troncos como se fosse
uma jangada sendo o buriti e a imbaúba ideais para este trabalho por serem
madeiras leves. Outra técnica é amarrar a boca da calça e transformá-la em uma
bóia improvisada.
INDIANISMO
Sendo você um sobrevivente de algum tipo de
acidente em ambiente de selva, não podemos descartar a hipótese de um contato
com indígenas. Lembro certa vez de um pernoite que fiz na selva nas
proximidades da serra das surucucus, próximo da fronteira com a Venezuela; Era
perto do pôr do sol quando de repente surge a uns dois metros de distância um
índio Ianomami, de pele curtida pelo sol e estatura baixa, o que lhe permite
grande flexibilidade na selva, tomei um enorme susto e a sua aproximação
silenciosa foi para mim um mistério, a sua habilidade com o meio é fantástica
embora o seu censo de orientação a bordo de um helicóptero seja deficiente,
tratei de tentar uma precária comunicação visto que parecia a ambos não falarem
a mesma língua, a comunicação se deu inteiramente por gestos, com exceção de
algumas poucas palavras que aprendi com os poucos anos de convivência, antes
dele partir perguntei-lhe para onde ia e ele respondeu, CHAPONA HAM, ao que
entendi estava indo ele para casa, se naquela situação eu fosse um sobrevivente
muito teria sido fortuito o contato. Povo sábio, os seis anos de contato que
tive com os índios da Amazônia, em sua maioria os Ianomamis vi que sabem tratar
a terra sem causar a sua destruição, devíamos aprender com eles como cuidar do
nosso planeta, só não podemos permitir que grupos poderosos os usem com falsas
desculpas de preservação, onde na realidade nem os seus índios foram cuidados,
lembro de certa vez quando pousamos em uma missão com um helicóptero da Força
Aérea Brasileira no coração da Amazônia e fomos expulsos pelos missionários
franceses, a vontade que tive de conter foi a de expulsa-los de lá, uma vez que
eu era um brasileiro, militar e representante de uma força e ele era um
estrangeiro querendo ser dono daquilo que não lhe demos, tivemos que deixar o
local indignados, pois eles estavam autorizados por algum órgão superior que
nem lembro mais qual era.
CARACTERÍSTICAS DOS INDÍGENAS
A maioria, já mantiveram contato com a
civilização restando poucas tribos ainda inóspitas, é comum chegarmos nos
pelotões de fronteira e vermos muitos deles alistados, prestando o serviço
militar, com uma característica peculiar do povo nativo, pela sua simplicidade
e amor ao trabalho na terra, fato interessante que presenciei no PEF ( pelotão
especial de fronteira ) de Yauaretê, fronteira com a Colômbia, onde todas as
manhãs os soldados saíam com uma vasilha cheia d’água para regar as plantas,
cada um era dono de uma árvore, a qual cuidavam com muito apreço, confusão se
deu quando a árvore de um deles sumiu, ao que parecia, o soldado não era muito
bem aceito pela turma. Na manhã seguinte apesar de tudo a árvore foi reposta.
A
ESTRUTURA FAMILIAR
É
muito considerada pelos índios, o desrespeito é questão de morte ou expulsão,
as crianças tem liberdade de fazer o que quiserem, embora ainda bebês são
prometidas em casamento aos pajés, que tem três ou quatro mulheres, não é
comum, mas lembro de uma decolagem que fizemos com um representante da FUNAI a
uma tribo que queria declarar guerra a outra, por causa de uma das índias do
pajé, que tinha fugido para outra tribo a fim de ficar com outro índio. No trabalho, vemos que ao homem cabe combater
outras tribos, caçar, pescar, produzir instrumentos de madeira como arco e
flecha e preparar o roçado, normalmente uma pequena clareira no meio da mata,
numa agricultura totalmente de subsistência da tribo.
A
tarefa da mulher em uma tribo é pesada, a ela cabe o suprimento d'água,
normalmente obtido de um socavão (grota profunda), os cuidados maternos dos curumins (normalmente
até que os filhos completem sete anos), o transporte de fardos principalmente
lenha para o fogo, o preparo dos alimentos, a manufatura de utensílios de
cerâmica, a bonita tecelagem a venda nas missões e postos da FUNAI, os
trabalhos na roça e a colheita, é uma cultura diferente, nem inferior e nem
superior apenas diferente da nossa, ficava olhando aquelas mães carregando um
bebê em uma tira de vegetal presa a cintura e um enorme fecho de lenha, não
pude me conter ao ver o índio a sua frente levando apenas o arco e a flecha e
lhe perguntei porque ele não a ajudava, ao que de pronto respondeu estar
fazendo a segurança, pode-se pensar que o índio era preguiçoso, mas a selva
abriga inúmeros perigos sendo um deles muito comum, o desaparecimento de
curumins a beira de rios, comidos pelas sucuris, era comum até pouco tempo
encontrar fotos de sucuris com a barriga aberta com um curumim dentro, nas
lojas de caça e pesca da zona franca de Manaus, por isto a sua precaução.
Os homens tomam banho separados das mulheres, esse é um dos
momentos que guardam para discutir assuntos masculinos, embora às crianças seja
reservado o direito de poder tomar banho juntas, talvez pela sua inocência . O namoro é uma fase
respeitosa, só havendo beijos na testa,
em algumas tribos a noiva deita em sua primeira noite com o cacique, a
maioria delas com pouco mais de doze anos, para nós ainda crianças. Os
casamentos acontecem dentro da aldeia, fora da aldeia e entre a família. Casamentos
de viúvo(a) com cunhada(o), sogra com genro com a morte de um do cônjuges são muito comuns. Entre os ianomâmis, o
infanticídio, apesar de criminoso para nós, é aceito por todos, quando a mãe
não possui condições para criar o filho. É comum a prática do uso de ervas abortivas
entre as mulheres ianomâmis. Aos doze anos a criança é considerada adulta.
A habitação dos índios, de todos os anos que sobrevoei as
aldeias dos indígenas muito se pode observar das suas malocas de madeira, palha
e barro, de formato redondo e coletivo, as divisões são imaginárias dentro dela
e a higienização quase não existe, para os Ianomamis é chamada de XABANÔ.
Vive basicamente da caça e pesca, embora algumas vezes
troque artesanato por lanterna, roupas, principalmente tecidos de cor
avermelhada, em sua maioria já tiveram contato com brasileiros, o que facilita
a comunicação, certa vez ouvi um homem
da FUNAI falar com entusiasmo de um ianomâmi poliglota que conheceu, a minha
dúvida era saber quem o ensinou, visto apenas poucas pessoas eram autorizadas a
ter algum tipo de contato com os índios. Nas tribos que se ensina português,
ensina-se também a sua língua de origem de forma a manter a sua cultura na íntegra.
A hierarquia é
regida pela figura do tuxaua ou cacique sendo o conciliador dos problemas da
tribo sendo este o responsável direto por manter a ordem na aldeia, embora seja
difícil acontecimentos de ordem perturbadora,
em sua maioria brigam por terras e mulheres e ai lembro de um outro fato
ocorrido com uma tribo ianomâmi que certa vez fugira uma das mulheres que
estava prometida ao cacique desde criança, para se casar com um índio de outra
aldeia e não fosse a intervenção da FUNAI e do nosso esquadrão (7º/8º GAV ) em
traze-la de volta as duas tribos teriam guerreado e se dizimado, jamais coma ou
beba água que não lhe seja oferecido este erro seria fatal para todo o grupo de
sobreviventes. Na escala hierárquica aparece a figura do pajé que é o
responsável por fazer contato com os deuses quando não chove ou quando algum
fenômeno natural acontece, ele é o guia espiritual da aldeia.
Na cultura indígena a criança pode
fazer o que quiser ela é livre e não lhe é imposto castigo algum, normalmente
passam o dia brincando com canoas nos córregos, o que algumas vezes tem o seu
desaparecimento justificado por cobras sucuris, visto que os curumins têm uma
estatura baixa deixando-o vulnerável.
Ianomâmis
da região de Surucucu
COMO TRATAR COM OS
ÍNDIOS
- Apenas cerca de mil índios não tiveram contato com brancos em toda Amazônia logo as chances de ajuda são boas.
- Espere que eles se aproximem
- Trate com o índio de maior grau hierárquico presente ( tuxaua ou pajé )
- Sorria
- Faça movimentos lentos para não ser tomado como hostil
- A troca de objetos ou presentes é recomendada
- Recusar comida que lhe seja dado não será muito bem aceito
- Não maltratar animais de estimação
O índio das regiões nordeste, sudeste e grande parte do centro-oeste
estão totalmente sociabilizados e não se negarão a ajudar em caso de acidente
aéreo, os demais já estão acostumados com a presença de pessoas.
No período do descobrimento havia cerca de três milhões e meio de
índios, mas com a matança descontrolada por parte dos descobridores, ou seja
invasores, porque o Brasil não foi descoberto, uma vez que já havia tão
numerosa população, foi certamente invadido, sendo relatado as maiores
atrocidades, de estupro em larga escala a genocídio, infanticídio e outros
mais. Não há como negar essa dívida que temos da sociedade para com os nossos
irmãos indígenas, que a quinhentos anos são perseguidos e mortos, esse contexto
é muito bem explanado no livro do historiador Janote Pires Marques da UFRPE em
O descobrimento do Brasil.
O CABOCLO
AMAZÔNICO
Também conhecido como ribeirinho (que anda ou vive pelos rios ou
ribeiras) é um tipo característico que podemos encontrar andando ou navegando
pelos rios, detém grande conhecimento da geografia local, de conhecimentos para
caçar e pescar, poderá ser de grande ajuda, sua característica marcante é a
humildade, de fala mansa e gentil sempre pronto a ajudar os que dele
necessitam, sua pele curtida pelo sol muito se assemelha com o sertanejo do
agreste nordestino.
SOBREVIVÊNCIA NO MAR
GENERALIDADES
Uma aeronave que faz um pouso forçado no mar fica durante algum tempo
flutuando, dependendo do tipo de aeronave e como foi realizado o pouso pelo seu
comandante ela poderá permanecer por horas e até um dia flutuando, embora para
o departamento de aviação civil a evacuação deverá ocorrer em no máximo 90
segundos, tempo este suficiente para abandonar e levar os kit’s necessários a
sobrevivência de passageiros e tripulantes. Seus procedimentos iniciais deverão ser os Seguintes:
Inflar as escorregadeiras localizadas nas portas ou
acionar os botes que equipam outros tipos de aeronaves, levar os passageiros
até a porta vestidos com os coletes ou assentos flutuantes (classe econômica) e
inflar quando estiver na porta e nunca antes, pois caso aconteça um afundamento
parcial não conseguirá sair com o colete inflado
Após
completar a lotação do bote, soltar ou cortar a corda que prende o bote ao
avião com a faca que se encontra dentro do bote, afastando-se das águas cobertas
por combustível por causa do risco de explosão e também dos destroços,
mantendo-se afastado da aeronave sinistrada, mas não em excesso, até que ela
afunde. Imediatamente proceda a uma busca em toda área onde pousou o avião,
pois, poderão existir sobreviventes flutuando sem sentidos, em estado de semi-afogamento, boiando em seus coletes
salva-vidas inflados . Se forem localizados sobreviventes no mar,
socorrê-los, seguindo o protocolo de nunca sair sem colete e estando sempre
preso por uma corda ou alça de salvamento que está localizada dentro do bote ou
escorregadeira.
Escorregadeira do Boing 737-300
Foto do arquivo pessoal da comissária
Cláudia Rocha.
Ainda nos primeiros instantes
acionar o rádio transmissor de emergência, sua importância para rápida
localização é primordial. Verifique as condições físicas dos que se encontram a
bordo, prestando os primeiros socorros a quem necessitar, adiando apenas o
tratamento dos feridos leves até completar a organização dos botes. Se houver
profissionais da área médica ( médico, enfermeiro, veterinário, dentista,
para-médico etc..) solicitar sua colaboração, embora quando acontece um
sinistro estes profissionais apresentam-se sempre voluntariamente.
Soltar
as birutas d’água (âncoras) logo que for possível, para evitar que os botes
sejam levados para longe, visto que a procura pelo esquadrão de busca e
salvamento(2º/10º Gav) começará no local do acidente, além do que as birutas
reduzem os riscos dos barcos virarem em
mar agitado . Na medida do possível, amarrar os botes uns aos outros, com a
finalidade de mantê-los unidos e principalmente, facilitar o trabalho de
localização e resgate, amarrando as pontas dessas cordas, que deverão ter de 8
a 10 metros, usando para isto a corda que circunda o bote ou a que prendeu o
bote ao avião. Dois ou mais botes agrupados, oferecem um alvo mais fácil de ser
avistados do ar, do que vários botes dispersos no oceano.
O
tripulante mais graduado, seguindo a hierarquia prevista do comandante,
co-piloto, chefe de equipe e demais comissários, deverá assumir o comando do
bote, para coordenar a distribuição de tarefas. Uma vez executadas as tarefas
acima, retire a água que por ventura
esteja dentro do bote, sendo que para executar este trabalho, o sobrevivente não deverá ficar de pé, ou
sentar – se nas bordas, pois correrá o risco de cair na água, aliás não deverá
adotar essas posturas em nenhuma
situação dentro do bote, o posicionamento Correto é manter as costas
encostadas na célula principal de
flutuação, e os pés voltados para o centro do bote , não modificando esta
posição mesmo para fazer os trabalhos necessários. Se existir sobrevivente
muito gordo, este deverá ocupar o centro do bote de forma a manter o
equilíbrio.
Tripulante recolhendo passageiros
da água pela alça de salvamento
Foto do arquivo da AFAER- Recife
Armar o toldo do bote é sempre necessário, pois protegerá contra a
espuma, salpicos da água do mar, frio, sol, vento, chuva, etc... Para a
proteção contra o frio, os sobreviventes
deverão, achegar-se em grupo bem unido, e assim permanecerem para que se
aqueçam mutuamente.
Os botes deverão ser mantidos secos o tempo inteiro e
todos deverão participar desse trabalho. O toldo armado servirá entre outras
coisas, para coletar água da chuva. Preparar todo equipamento de sinalização,
tais como: cartuchos pirotécnicos, pó marcador de mar, espelho sinalizador,
Lanternas etc... , colocando-os em invólucros impermeáveis, de forma que possam
ser utilizados prontamente, ou seja, ao ser avistada ou ouvida uma embarcação
ou aeronave. Os ocupantes do bote deverão manter seus coletes inflados, e as
crianças deverão ser amarradas a um de seus pais ou responsáveis, a fim de
garantir a sobrevivência caso o bote vire.
Racionar água e alimentos. As primeiras 24 horas serão de jejum total,
para que o organismo assimile que você está em situação de emergência. Pode-se
sobreviver em média dez dias sem água, e muitos dias sem alimento a exceção
fica por conta das crianças, que poderão desidratar-se rapidamente. Quando
houver pouca água, esta deverá ser destinada prioritariamente as crianças.
Examinar
os fragmentos da aeronave que estejam flutuando, aproveitando o que for possível. Procure retirar
da água todas as rações que avistar, bem como almofadas vestimentas, etc...
Familiarizar–se com todo o
conteúdo do kit de emergência. Não deixar nada solto dentro do bote, absolutamente
tudo deve ficar amarrado, para que não se perca em caso do bote virar.
Redistribuir a lotação dos botes, caso haja excesso de lotação, não usando
fósforos e isqueiros enquanto os botes estiverem dentro da área coberta por
combustível ou qualquer material que porventura possa danificar o bote, etc...
Fazer verificações
periódicas na biruta d’água. Com mar calmo, liberar toda extensão da corda; com
mar agitado meia extensão da corda. Dividir os ocupantes do bote em turnos de
vigilância, de forma que enquanto alguns vigiam, os restantes repousam. Os
turnos de vigia não deverão exceder duas horas. Todos devem participar da vigia
com exceção dos doentes, feridos e gestantes. Manter pelo menos uma pessoa na
vigilância.
Quem estiver de vigia,
deverá estar atento a qualquer sinal de terra, navio, aviões, etc... Não
entregar a leigos o manuseio de sinalizadores, este material é importante
demais para que se corra risco de ser desperdiçado.Um dos ocupantes do bote,
preferencialmente o vigia, deverá permanecer amarrado ao bote por uma corda, de
pelo menos 3 metros, a fim de servir de âncora caso o bote vire. Havendo queda
de temperatura fechar as laterais do toldo. As lanternas deverão ser reservadas
para tarefas essenciais, pois se pode precisar delas para sinalização. É
essencial criar o desejo de sobreviver; tranqüilize os sobreviventes mostrando
que os recursos são suficientes e que o socorro não tardará a chegar. Distribua
tarefas a todos, para que se mantenham ocupados e mantenha os botes
corretamente inflados, sempre que as câmaras principais de flutuação não se
acharem devidamente cheias e bem firmes, acabe de enchê–las com a bomba manual.
As câmaras devem ficar bem
cheias, mas de modo nenhum devem ficar esticadas como tambores. Verifique com
regularidade o estado de enchimento das câmaras. O ar quente como é sabido
dilata-se. Deste modo, nos dias quentes, deixe escapar algum ar das câmaras. Ao
esfriar o tempo, bombeie ar para dentro delas, os botes mais modernos já vem
com uma válvula que libera o ar em caso de aumento demasiado de pressão.
Anzóis, latas vazias,
canivetes, furam o bote com facilidade, cuidado com os mesmos. Vazamentos devem
ser vedados assim que localizados utilizando-se os recursos disponíveis
(acessórios para vedação).
Não amarre linhas de pesca
em partes do corpo, pois um peixe de grande porte poderá ocasionar danos a
pessoa, bem como ao bote. A biruta d’água deverá ter um pano enrolado a sua
corda, com a finalidade de impedir que o atrito desta corda danifique o bote.
Distribua os passageiros de modo que o peso dos mesmos contrabalance a
tendência do bote de levantar do lado do vento e isto será mais crítico quanto
menor for o bote.
Se o barco estiver cheio, os
sobreviventes dormirão com dificuldade, sendo conveniente agrupar os que estão
de vigia, para se obter espaço para os que estão repousando, e também para que,
estando próximos, os vigias conversem em voz baixa não atrapalhando o descanso
dos outros.
Só se deverá
navegar o bote quando houver terra a vista. Se o vento estiver soprando em direção
a terra, deve-se retirar a biruta d’água, soltar o toldo do lado do vento e
segurá-lo o mais alto possível, para enchê–lo de ar, proporcionando assim um
deslocamento mais rápido.
Considerações sobre
sobrevivência no mar
Resgate no mar
Um náufrago está sempre
sujeito a quatro grandes perigos: afogamento, frio, pânico e sede. O afogamento
é tanto mais remoto, quanto mais for obedecida a determinação para permanecer
com os coletes salva-vidas sempre inflados, o problema seria por conta da
classe econômica que dispõe de assento flutuante com capacidade de flutuação
para oito horas, sem contar que as crianças estarão usando assento e isto
deveria mudar, pois uma criança pequena não terá condições de segurar-se no
assento.
Sobrevivente
usando colete
Foto
arquivo da AFAER- Recife
O estado do mar influi tanto quanto a
temperatura da água. Quanto ao frio, estudos realizados pelos norte americanos,
mais especificamente pela guarda costeira, revelam que quando a temperatura da
água é inferior a zero grau (0°) centígrado , a morte sobrevêm em dez minutos,
como vimos no naufrágio do Titanic 1500
pessoas morreram em menos de quinze minutos e a causa mortis foi hipotermia.
Elaborou-se também uma tabela que assiná-la o tempo de sobrevivência em função
da temperatura da água, no Brasil apenas a marinha faz treinamento de
sobrevivência com duração de alguns dias usando esta tabela, efetuando a troca
de sobreviventes que estão com coletes na água e intercalando com os do bote
num sistema de rodízio.
TEMPO DE VIDA EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA DA ÁGUA
TEMPERATURA EM
ºC
|
TEMPO DE VIDA
|
0
|
Menos de meia hora
|
5
|
Entre meia e três horas
|
10
|
De uma a seis horas
|
15
|
De duas a vinte e quatro horas
|
20
|
Entre três e quarenta horas
|
*Gráfico da Guarda
Costeira Americana baseado em náufragos e pesquisas.
Em
caso de permanência prolongada no bote, a imobilidade pode provocar uma perda
notável de cálcio ósseo, o que foi constatado por Alain Bombard, náufrago
voluntário que testou os limites da resistência do homem em situações de extrema
penúria, e esta mesma situação foi confirmada pelos cosmonáutas.
O
pânico é uma reação imprevisível, que pode levar a gestos irrefletidos, sempre
com sérias conseqüências nesse tipo de emergência, portanto, o grupo deverá ser
mantido sob o mais rigoroso controle.
A
sede pode matar em poucos dias. Existem nos botes, além de reserva de água
potável, os dessalgadores químicos e inclusive a possibilidade de se recolher a
água da chuva através do toldo.
A
fome é um perigo menor, desde que se tenha água é possível sobreviver por
muitos dias sem comida. Os conjuntos de sobrevivência localizados dentro dos
botes salva vidas incluem rações alimentares em pequenos volumes, capazes de se
conservarem por um longo tempo, mesmo concentrados contém energéticos adequados
ás necessidades alimentares.
Menos ameaçadora aos
náufragos é a fadiga, ela poderá sobrevir somente ao cabo de muitos dias: a
energia que desprendemos tentando salvar nossas vidas e de outros parece
ilimitada, prolongando ao máximo a resistência humana.
Alguns
exemplos já ocorridos confirmam esta afirmação, como o caso do chinês Poon Lin,
marinheiro do navio cargueiro inglês Bem Lemond , que foi torpedeado em 1942
por um submarino alemão durante a segunda guerra mundial. Em seu barco salva
vidas Poon Lin vagou por 131 dias, sendo finalmente resgatado por pescadores
brasileiros na costa do Pará. Outro caso é o do colombiano Luiz Alejandro
velasco, que permaneceu a deriva por dez dias sem comer nem beber, sendo
encontrado semi-morto numa praia deserta do norte da Colômbia, também demonstra
quanto esta energia é ilimitada.
São estes
acontecimentos, associados ás experiências que levam a adoção das medidas hoje
preconizadas, tanto no que se refere aos equipamentos, bem como, a conduta para
o sobrevivente de acidente no mar .
Caso o acidente tenha ocorrido com helicóptero o protocolo
é bastante diferente dos demais, pois o primeiro acontecimento será que, o
tripulante ou passageiro, não poderá abandona-lo antes da parada dos rotores e
se o fizer será cortado em partes e o segundo acontecimento é que o helicóptero
sempre ficará em uma posição invertida devido ao fato do motor e da transmissão
estarem situados na parte mais alta do helicóptero o que fará o mesmo ficar de
dorso, logo o náufrago irá sair de cabeça para baixo, para nós militares existe
um treinamento feito na Marinha do Brasil em São Pedro da Aldeia – RJ,
conhecido como utepas onde se é treinado o abandono de aeronave submersa como
visto na foto. Todo vôo realizado sobre o mar com helicóptero é obrigatório que
todos estejam usando seus coletes, para não acontecer como no acidente do
empresário Abílio Diniz na praia de Maresias onde todos se salvaram e alguns
morreram afogados por não estarem com coletes.
Muitas vítimas foram feitas na aviação civil e militar por
negligenciarem este protocolo, em Manaus ocorreu um pouso forçado com
helicóptero e no desespero de se salvar o médico abandonou a aeronave antes da
parada dos rotores, o terreno era inclinado e ele saiu pelo lado mais baixo da
inclinação resultando na sua decapitação, ele foi a única vítima deste
acidente, pois os outros permaneceram dentro do helicóptero sem sofrer qualquer
dano.
UNIDADE DE TREINAMENTO DE AERONAVE SUBMERSA DA
MARINHA DO BRASIL
FOTO DO ARQUIVO
PESSOAL DO TENENTE AVIADOR AMARAL 2°/8° Gav
SINALIZAÇÃO
Podemos perceber que a sinalização é o nosso passaporte
para a civilização, pois se ninguém sabe onde nos encontramos não poderá haver
o resgate, sinalizar por todos os meios possíveis aumentará as chances de
resgate. Para tal é necessário que os sobreviventes conheçam os sinalizadores e
rádios de emergência e saibam como utilizá-los evitando acidentes, as (os )
comissárias (os ) deverão ensinar aos sobreviventes o correto manuseio, visto
que todos , com exceção dos doentes, devem fazer parte da vigia noturna .
Todos os sinalizadores deverão estar acondicionados em
plásticos, de forma a permitir uma impermeabilização dos mesmos, uma onda ou a
virada do bote pode inutilizar os sinalizadores. Os itens de sinalização são os
mesmos vistos em selva, ou seja, o rádio transmissor, pirotécnicos, espelho, pó
marcador, lanternas e apito. Todo este material já vem acondicionado em sacos
plásticos e amarrados ao bote, mas requer um maior cuidado para a verificação
se estão em sacos e amarrados ao bote.
Em um acidente no mar fatalmente sobreviveremos pouco, se
não dispusermos de um bote, pois, a hipotermia agravará a situação do
sobrevivente , bem como animais marinhos perigosos como tubarões, cardumes de
águas-vivas, etc .
SINALIZADORES
TIPO
|
PERÍODO
|
OBJETIVO
|
RÁDIO TRANSMISSOR
|
DIURNO
NOTURNO
|
Enviar sinal de socorro na freqüência
121,5 Mhz aos satélites de busca, acionando o resgate.
|
ESPELHO
|
DIURNO
|
Permitir através da
reflexão uma sinalização eficiente aos barcos e aeronaves nas proximidades
|
CORANTE
|
DIURNO
|
Produzir mancha verde
através de reação química com a água, possibilitando um avistamento a uma
área maior.
|
PIROTÉCNICO
|
DIURNO
NOTURNO
|
Artefatos
explosivos que usam sua queima para sinalizar, sendo reconhecidamente
tido como sinal de socorro.
|
LANTERNA
|
NOTURNO
|
Artefato que
deve ser usado apenas como sinalizador
|
APITO
|
DIURNO
NOTURNO
|
Útil em
nevoeiros e a noite
|
FITA SINALIZADORA
|
DIURNO
|
Sinalização
constante que fica amarrada ao bote
|
MARCADOR DE MAR
|
DIURNO
|
Utilizado
pelas equipes de busca devido ao seu tamanho.
|
ASPECTOS PSICOLÓGICOS DE UM
SOBREVIVENTE
O sobrevivente de um acidente, principalmente sobre o mar,
encontra um ambiente que não é o ideal para o ser humano, por isso necessita de
equipamentos para amenizar os efeitos do frio, calor, enjôo, fadiga, desânimo,
vontade de morrer, fome e o mais importante de todos a sede.
Todos estes fatores e mais o trauma do acidente afetam o
psicológico do sobrevivente, por isso a vontade de viver em muitos casos foram
mais importantes que os equipamentos, como foi o caso do chinês Poon Lin. Todos
os sobreviventes que pudemos entrevistar nos últimos 10 anos tinham algo em
comum, uma vontade inabalável de voltar para casa e isto lhes deu energia para
continuar a jornada.
O bote de todos os equipamentos é o mais importante, pois
sem ele o tempo de vida de cada sobrevivente estará condicionado a temperatura
da água que poderá ocasionar a morte em 15 minutos (águas geladas) até vários
dias em águas quentes sem contar com os animais marinhos perigosos. O toldo do
bote deverá estar sempre armado, pois protegerá contra a exposição solar, até
mesmo os raios refletidos na água queimam a pele, por isto devemos usar roupas
para proteger a cabeça, a nuca e todo o corpo. O uso de protetores solares e labiais
ajudam a evitar rachaduras nos lábios e em outras partes onde a pele seja mais
fina, as bolhas como em queimaduras ,
não devem ser rompidas pois seria uma porta de entrada para infecções .
O reflexo do sol nos olhos poderá causar dor intensa, conjuntivite
e cegueira parcial que para prevenirmos devemos usar óculos escuros, panos
molhados sobre os olhos, lavar com água doce caso não haja restrição, pomada
oftalmológica seria o ideal caso disponha no kit de 1°S socorros , ou manter o
toldo do bote fechado, pois além dos raios solares os salpicos causam irritação
na pele e desencadeiam processos alérgicos .
O reduzido espaço que existe no bote diminui a
possibilidade de se praticar exercícios físicos, o que não seria recomendado, o
corpo passa a se comportar como o de um paciente hospitalizado com os músculos
enfraquecidos, as articulações endurecidas e a perda de coordenação por parte
dos impulsos nervosos que se comunicam com os membros e
suas articulações. Como medida preventiva o náufrago deve massagear as partes
que por ventura estejam afetadas, não devendo massagear se houver congelamento
das extremidades. Pequenos movimentos como levantar os braços e pernas por
alguns minutos durante o dia são suficientes para exercitar os músculos, bem
como movimentar os pés e mudar a posição da cabeça a pequenos intervalos.
O período de adaptação ao mar poderá durar até 3 dias, logo
se você é propenso ao enjôo tome remédio de imediato, pois se vomitar perderá
líquidos e aumentará a desidratação. Caso o enjôo já tenha se instalado procure
fixar um ponto no bote e não coma nem beba até que esta situação esteja
resolvida.
O nosso corpo é uma máquina perfeita que procura suprir as
deficiências mesmo estando em emergência, por isso é normal a dificuldade de
urinar e defecar, para que seja eliminado o mínimo possível de água. Outras
dificuldades poderão aparecer sem que o sobrevivente possa resolver, visto que
não dispõe de meios para tal, como por exemplo: diarréia, úlceras pelo excesso
de ácido gástrico ou fatores emocionais devido ao acidente, e para as mulheres
é pior, pois a maioria terá blenorragia ( menstruação ), o que se agrava a este
fato e aumenta o desconforto é que não está previsto nos Kit’s de emergência a
presença de absorvente, por tanto toda comissária deve considerar levar
absorventes extras até que haja uma inclusão mandatória deste item,
particularmente venho brigando junto aos órgãos competentes para a inclusão
deste item, mas a única que colocou apenas para a tripulação foi a Varig, ao
menos foi a única que vi, isto nos dias atuais passa a ser uma preocupação pois
segundo a revista Flap 55% dos passageiros atuais são mulheres e até mesmo em
algumas companhias a tripulação do piloto ao comissário é do sexo feminino, o
custo e peso desse item para uma companhia aérea seria desprezível visto que é
leve e sua validade são três anos.
O aspecto psicológico é o que pode salvar ou matar o
sobrevivente e o seu controle pode variar de uma pessoa para outra, um exemplo
disto é o fato que aconteceu no cruzador Bahia quando um marujo disse: Meu
capitão está me chamando, mergulhou no mar e nunca mais foi encontrado. Nestas
horas um motivo para voltar é muito importante, pois aviva a vontade de viver.
Com todos os sobreviventes que tive a oportunidade de conversar os que tinham
melhores condições psicológicas eram aqueles que sabiam claramente por que
voltar para casa. Você terá todos os motivos para entrar em pânico, porém isto
não resolve o problema, não desanime se algum passageiro quiser culpar a
tripulação pelo acidente, mantenha o pulso firme e seja bastante otimista,
mantenha o bom humor. Se um dos passageiros tiver reações violentas e colocar
em risco a vida das pessoas, o mesmo deve ser contido. O vento frio poderá
causar hipotermia, para evitar proteja as partes descobertas do corpo mantendo
estas partes secas e agasalhadas. Colocar partes afetadas em baixo das axilas
também darão bom resultado. Jamais tome água do mar, pois mesmo depois de
ser resgatado será muito difícil reverter o processo, vindo o paciente a
desenvolver uma IRA ( insuficiência renal aguda ).
OBTENÇÃO DE ÁGUA
Segundo algumas literaturas médicas o corpo humano possui
em torno de 60 a 70 % de líquidos em sua composição, sendo assim podemos
concluir que a água é de fundamental importância para nós seres humanos. O
nosso organismo necessita de 24 horas para entender que está com um suprimento
de água comprometido, por isto não se deve beber e comer nas primeiras 24
horas, a partir daí começará um racionamento controlado pelas comissárias para
que não aconteça de crianças morrerem de sede e alguns adultos esconderem
a água .
Os sobreviventes encontrarão água com mais facilidade no
Kit de emergência, acondicionadas em embalagens plásticas resistentes e deverão
ser poupadas se por acaso chover, neste caso deve-se tomar o máximo de água que
couber, mas sem passar mal, aqueles que porventura estejam com inflamações nos
olhos deverão lavar os mesmos com água da chuva. Existem ainda os dessalgadores
que retiram o sal da água em grandes proporções, bem como os destiladores que
usam o calor do sol para evaporar a água por uma serpentina. Devido a lentidão
do processo ambos estão sendo retirados dos Kit’s, embora exista um no mercado
que funciona com baterias e fornece água em larga escala e um outro conhecido
como desmineralizador que retira o sal e fornece água em quantidade e rapidez
para todos os sobreviventes .
Para evitar a perda de líquidos o náufrago deve manter o
toldo do bote sempre armado de forma a se proteger do sol e do seu reflexo na
água, pois este também queima. Mantenha uma ventilação adequada para evitar a
sudorese e conseqüente perda de líquidos, também deve ser evitado esforço
demasiado, se puder durma. Um inventário
das rações e líquidos deve ser feito, para se determinar quanto cada um vai
beber e quando vai beber, uma prioridade deve ser dada as crianças e gestantes,
pois são mais vulneráveis a desidratação. Não dispondo de água não coma para
que o organismo não use a água do próprio corpo para fazer a digestão.
Diariamente precisamos de dois litros e meio de água ou líquidos em geral
em situação de emergência no mínimo meio litro por dia (recomendação da
guarda costeira americana).
Ao beber água depois de um longo período de sede, beba
lentamente para evitar os vômitos. Lembro que após o nosso curso de cinco dias
de sobrevivência tínhamos uma mesa bastante farta na base do PARASAR localizada
na Marambaia, muitos alunos comiam sem parar mesmo contra as ordens do
instrutor e o vômito foi geral.
Mesmo você não tendo conhecimento de meteorologia procure
observar as nuvens a fim de identificar as que poderão trazer água e as
tempestades que poderão causar problemas de perda de material, virar o bote e
desaparecimento de sobreviventes. Como último recurso para se obter água
encontramos o orvalho, antes da noite cair passe um pano molhado no toldo a fim
de se retirar o excesso de sal e coletar o orvalho, não é muito mas em alguns
caso durante doze dias era a única opção disponível, passe um pano e torça-o
numa vasilha.
ALIMENTAÇÃO
Em uma sobrevivência no mar o que teremos a nossa
disposição basicamente fica restrito aos Kit’s de emergência, por isso todo
cuidado é pouco, pois poderão ser a diferença entre o sucesso e o fracasso. As
rações e os alimentos levados da aeronave, provavelmente serão os únicos
disponíveis, além disso, pode-se pescar peixes e confeccionar armadilhas para
as aves que por acaso pousem no bote, para pegá-la espere que feche as asas
primeiro, para isso permaneça imóvel até a sua captura.
Assim como a água, a ração só deve ser consumida após 24 horas, havendo água para digerir este
alimento, não será um banquete, mas será o suficiente para manter as funções
vitais do organismo e um mínimo de atividade física .
Na busca por alimentos marinhos jamais coma ou tente pegar
os celenterados (caravelas, medusas, águas vivas) pois causarão enormes danos e
agravarão sua situação como sobrevivente.
Nunca coma vísceras ou ovos de peixes desconhecidos, estes
peixes possuem algumas características comuns como: espinhos e carapaça dura
semelhante a um osso, como é o caso dos baiacus que vivem em águas pouco
profundas, próximo de arrecifes, possuindo o corpo arredondado.
Quase todas
as espécies de peixes existentes em alto mar são comestíveis, mas quando for
pescar procure pegar peixes pequenos que não tenham espinhos no corpo e nem tiverem dentes muito salientes como as
barracudas. Antes de coloca-los dentro do bote verifique se estão mortos para
que os espinhos das nadadeiras não furem o bote.
Os botes são
equipados com um kit de pesca que em sua falta poderão ser improvisados anzóis
com alfinetes e broches, mas devem ser pequenos para que depois sirvam de isca
para peixes maiores. As vísceras de peixes e aves também servirão de isca. A
melhor maneira de consumir será fazendo postas e consumindo vagarosamente sem
engolir a carne, pois levará o sobrevivente a ter distúrbios intestinais. A luz atrai os peixes durante a noite e
peixes voadores poderão cair dentro do bote, se isto acontecer não se assuste
trate de pegá-lo é um excelente alimento. Ao pescar não amarre a linha a alguma
parte do corpo ou do bote, pois poderá danificar o bote e lacerar o membro.
Proteja com um pano o local onde a linha atrita no bote.
Objetos
que brilham ou fazem barulho atrai peixes grandes, somente traga ao bote os
peixes que não ofereçam riscos.
PEIXES MARINHOS
PERIGOS
Caso o sobrevivente se encontre em região junto ao mar, ou
próximo a ilhas, deverá ser conhecedor dos aspectos aqui abordados, bem como
aquele que se encontre num bote em pleno oceano.
Ao se deslocar por trechos de recifes cobertos por água
mais profunda, o sobrevivente deverá examinar bem a parte da rocha sobre a
água, próxima a superfície, a fim de descobrir, em tempo, a presença eventual
de qualquer tubarão. As moréias são raivosas, perigosas e agressivas quando
perturbadas em seu “habitat”. Costumam abrigar-se em buracos escuros, por entre
os rochedos. Nos estuários de água salgada e nas baías e lagunas, temos os
perigosos tubarões.
Quanto aos animais marinhos perigosos, devemos nos preocupar
com as moréias, arraias, barracudas, caravelas, águas vivas e em algumas
regiões com as serpentes marinhas como é o caso da Austrália.
Nem todos os tubarões
fazem aparecer a barbatana dorsal acima da água, e caso seja presenciado de
fato, talvez ainda não venha a ser um tubarão. A arraia jamanta pode ser
confundida com dois tubarões.
O Boto quando
em seu salto acima da água, embora salte em forma de arco e o tubarão de
traçado reto, também pode causar tal
confusão.
TUBARÕES
Segundo o manual de sobrevivência
da FAB, o tubarão, ao contrário dos peixes com estrutura óssea, não tem bexiga
natatória, que permite o equilíbrio dentro da água. Como o peso de seu corpo é
maior que o da água, quando ele para de nadar, afunda. A maioria dos tubarões,
especialmente aqueles que freqüentam águas profundas, precisam mover-se do
nascimento a morte, pois, se pararem, irão para o fundo e morrerão asfixiados
pela pressão.
O tubarão ataca quando tem fome, mas
seu apetite parece ilimitado. Isto pode ser explicado pela anatomia interna,
simplesmente adaptada para encerrar a presa e digeri-la. Ao contrário da
maioria dos vertebrados, ele tem um aparelho digestivo bastante curto. A área
de absorção dos alimentos é ampliada por uma válvula em espiral, que permite
uma digestão rapidíssima, tornando o tubarão um eterno faminto.
Calcula-se que existam de 250 a 300 espécies
conhecidas de tubarões, das quais apenas 12 são perigosas para o homem.
Dependendo das espécies, o tamanho varia de 30 cm, até 18 metros, como é o caso
do gigantesco tubarão baleia.
Vivendo tanto em águas rasas como
nos mares mais profundos, e até em lagoas e rios, os tubarões são mais
numerosos em áreas tropicais, subtropicais e temperadas, apesar de várias
espécies habitarem nas águas frias do Ártico e do Antártico. O tubarão tem um olfato agudíssimo, capaz de
detectar um estímulo olfativo atraente, como o de sangue, mesmo se ele estiver
diluído numa concentração de 0,6 parte por milhão. Baseado apenas no
olfato, um tubarão pode seguir uma pista por muitos quilômetros.
Outro sentido bastante aguçado no tubarão é a audição. O olfato e a
audição compensam a principal deficiência, que é a visual. O tubarão é míope, o
cristalino dos seus olhos é indeformável, de modo que ele só pode ver
nitidamente objetos que estejam a distâncias de 2 a 5 metros.
Ficou provado através de várias
experiências, que o tubarão não ataca deliberadamente o homem, mas pode ser
levado a isto, por certos tipos de vibrações. Também não ataca de modo
precipitado, por puro instinto de agressão, sendo ao contrário muito cauteloso
ao se aproximar.
A maioria dos tubarões afastam-se
quando encontram algo grande, como um homem submerso, comportamento típico
quando cruzam com mergulhadores na praia de Boa Viagem, onde foi registrado 44
ataques com banhistas e surfistas, mas nenhum mergulhador, pois nesta situação
o tubarão, que é míope, vê o mergulhador por completo e sai em retirada por
identificar algo desconhecido e fora de seu cardápio alimentar .
Já
na superfície o tubarão vê apenas algumas partes do nadador (pernas, braços),
que estão vibrando na água e parte para o ataque.
O nome
científico dado ao grupo que inclui os tubarões, raias e mantas é elasmobrânquio,
existindo aproximadamente 350 espécies de tubarões conhecidos, vivendo em média
25 anos e estando os tubarões mako, martelo, branco e tigre catalogados entre
os mais vorazes e perigosos.
Eles são dotados de órgãos sensitivos capazes de perceberem
a presença de uma partícula de sangue por um milhão de partículas de água a uma
distância de um quilômetro, a mordida é profunda, podendo seccionar uma artéria
e impedir que uma pessoa ferida chegue até a praia, morrendo de hemorragia
antes. Possui uma dentição privilegiada com sete fileiras de dentes afiados,
sendo renovado caso perca algum dente. O tubarão pode ser considerado como o
urubu dos mares, visto que come de tudo que está ao seu alcance e isso pôde ser
verificado quando um espécime foi capturado no cais da Austrália, em seu
estômago foi encontrado entre outras coisas, a cabeça e as pernas dianteiras de
um cachorro com um pedaço de corda amarrado ao pescoço, postas de carne de
cavalo, os quartos traseiros de um porco e uma raspadeira de casco de navio.
Outro caso interessante aconteceu também na Austrália quando um tubarão foi
capturado e colocado em um aquário e devido a capacidade de permanecer com o
alimento por semanas, expeliu um braço humano com uma tatuagem ainda bem
conservado, e isto ajudou a polícia a desvendar o mistério de um corpo desaparecido.
Devido a estes relatos e muitos filmes onde aparece o tubarão como o mais
implacável dos predadores, como o Tubarão de Spilberg, Morte Branca, Tintureira
e outros, este animal leva fama de assassino, levando algumas espécies a
extinção e outras bem perto como o branco, isto causaria um grande
desequilíbrio, aumentaria a quantidade de focas e leões marinhos diminuindo a
quantidade de peixes e aumentando a quantidade fitoplâncton e em conseqüência diminuiria a produção de
oxigênio para o planeta.
Em uma pesquisa feita pelo departamento de
pesca da universidade federal de Pernambuco, pelos pesquisadores, Hazin F. H.
V., Wanderley Jr. M., Zagaglia J. R., Geber F., Mattos S. M. G., chegou-se a
conclusão que os tubarões que habitam o litoral nordestino, especificamente o
de Pernambuco, local onde ocorreu o ataque de
38 pessoas em sua maioria surfistas entre os anos de 1994 a 1996, são o
tubarão flamengo com 38,9 %, sucuri com 27,9 %, cabeça-chata com 4,3 %, lixa
com 10,7 %, galha-preta com 2,2 % e azul com 6,4 %, estando a água com uma
temperatura entre 24,5 º C e 29,0 º C, atualmente estamos na marca de 44
ataques todos concentrados no praias de Boa Viagem, as praias foram
interditadas e foram colocadas placas de advertência.
Percebeu-se
também que houve relação entre o número de navios aumentados, tendo a maioria
dos ataques ocorrido nas fases da lua nova e cheia quando a amplitude da
maré é máxima , facilitando a aproximação dos tubarões as praias e mais
comumente ao fim da tarde e ao amanhecer, pois neste período os tubarões
estão mais ativos. Em suma o resultado final da pesquisa sugere que os ataques
foram causados principalmente pela construção do Porto de Suape, agravados
pelos ventos Sul-Sudeste que intensificaram a corrente.
NOVA ESTATÍSTICA DO CORPO DE BOMBEIROS – PE
ANO
|
Nº DE ATAQUES
|
1992
|
05
|
1993
|
03
|
1994
|
11
|
1995
|
03
|
1996
|
05
|
1997
|
06
|
1998
|
05
|
1999
|
01
|
2000
|
00
|
2001
|
01
|
2002
|
03
|
2003
|
01
|
TOTAL 44 ATAQUES
|
*até a dia 26 maiode 2004 o registro é de 49 ataques
Como evitar os ataques
Se precisar nadar, nade
sutilmente de forma a fazer menos barulho estilo peito ou semelhante, não tente
atacá-lo com as mãos e pernas, pois os que fizeram isto perderam seus membros e
sim ataque com um remo atingindo o seu focinho, pois é a única parte sensível
do tubarão, ou mergulhe desta forma ele poderá ver você por completo.
O
sobrevivente não deve ficar fora do bote, nem deixar partes do corpo na água,
bem como peixes, vísceras e qualquer tipo de alimento que possa atraí-lo. Se
estiver pescando e algum tubarão se aproximar é preferível deixar o peixe do
que sofrer as investidas do tubarão. Pessoas que tiverem algum tipo de
ferimento aberto, ou que sangre, jamais deverão entrar na água e se possível
devem estancar este sangue e se acalmar, não entre em pânico porque existe um
tubarão no mesmo oceano que você.
Inúmeros estudos foram feitos com
repelentes de tubarão a base de corais e outros produtos químicos, mas nenhum
deles foi totalmente eficaz, em todo caso se houver algum repelente no kit use
se for entrar na água.
No que diz respeito as arraias,
muitas podem ser perigosas com seus ferrões enormes em forma de serra ,
venenosos e até , algumas espécies , podem produzir descargas elétricas de 220
volts, o suficiente para matar um homem. São animais de hábito noturno
permanecendo no fundo durante o dia, totalmente imóvel. As moréias ou
enguias de aspecto temeroso, habitam os recifes de coral e são perigosas por
sua mordida na aproximação da sua toca, por esta razão não se aproxime de
buracos e muito menos coloque a sua mão, é fato comum esses animais não
largarem a sua vítima, sendo mais provável que se afogue antes que possa se
salvar, embora este comportamento seja puramente defensivo.
O
corpo de bombeiros de Pernambuco está adquirindo um novo equipamento que
funciona com baterias recarregáveis, gerando um campo elétrico de dez metros
quadrados ao redor da pessoa que está usando, seu nome é “Shark Shield” e este
equipamento já vem sido comercializado na Austrália, EUA e Japão, sendo
distribuídos para mergulhadores na África do Sul, Nova Zelândia e outros. O
preço deste equipamento hoje é de R$ 3.400,00 e tem comprovado sua eficiência
pelos mergulhadores dos diversos países.
NATAÇÃO E SINAIS DE TERRA
Em emergência, após a amerrisagem
devemos abandonar a aeronave com os coletes desinflados e após a saída da
aeronave, sobre as asas ou nas soleiras (barreiras colocadas para impedir a
entrada da água no avião), acionaremos os coletes, caso o sobrevivente infle
antes, correrá o risco de ficar preso na aeronave se esta submergir .
Apenas
uma das câmaras do colete inflado, será suficiente para flutuar um adulto, pois
caso precise nadar terá os movimentos comprometidos se as duas câmaras tiverem
acionadas.
Caso
o sobrevivente perceba que vai desmaiar ou está em pânico, será aconselhável
que infle as duas câmaras, visto que o colete foi projetado para manter o
pescoço fora da água, mesmo em situação de inconsciência.
Percebendo
o sobrevivente que não poderá usar o colete por algum motivo, deverá lançar mão
da sua flutuação, neste caso de costas, haja vista que por melhor preparo
físico que tenha o sobrevivente não
poderá nadar todo o tempo sem ter cãibras e fadiga muscular, um exemplo recente
foi o caso da modelo Fernanda no
acidente de helicóptero ocorrido em maresias (São Paulo) quando não conseguindo
mais nadar depois de algumas horas afogou-se e o mesmo aconteceu com o piloto,
a lição que tiramos deste triste episódio é que jamais devemos entrar em uma
aeronave que faz vôos transoceânicos por mínimo que seja sem estar
familiarizado com os equipamentos de emergência, vimos relatos de sobreviventes
que conseguiram dormir flutuando.
Outra técnica bastante eficaz é a
de encher os pulmões de ar e ficar flutuando, solte o ar e encha novamente os
pulmões, repetindo o ciclo. Este recurso poderá ser aplicado para nadar, com os
pulmões cheios e a cabeça dentro da água, o sobrevivente dará varias braçadas
até sentir novamente vontade de respirar e assim sucessivamente.
Uma outra técnica bastante
utilizada é a bóia improvisada com calça jeans ou macacão: Amarre as duas
pernas da calça, dando um nó em cada boca para evitar a saída do ar , desabotoe
a calça segurando pela cintura e passando por trás da cabeça como um arco em
direção a frente , então mergulhe a cintura da calça e apóie o tórax sobre as
duas pernas da calça. O tempo de flutuação irá depender do tipo de tecido, mas
todos flutuam, ao secar o ar repita o processo.
SINAIS DE TERRA
O
vigia deverá ficar em quartos de duas horas e estar atento ao sinal de aviões e
de embarcações, bem como deverá buscar no horizonte a presença de terra a
vista, normalmente os pássaros deslocam-se em rotas que finalizam em terra,
portanto fique de olho em sua rota de navegação, apenas os feridos e gestantes
não participarão dos turnos de vigia. O vigia deve estar sempre amarrado, pois
caso o bote vire este reunirá o pessoal.
A
presença de nuvens paradas quando o céu está limpo, poderá indicar que ali há
algum tipo de formação de solo. No Brasil, quando o céu fica esverdeado poderá
estar refletindo raios que incidem em lagunas rasas ou taboleiros de rocha de
coral e ainda enseadas.
A medida que a profundidade vai
diminuindo, a água do mar vai clareando até ficar com uma tonalidade clara no
raso, indicando assim a proximidade com a terra . Bandos de aves não são comuns
em alto mar, logo indicará uma grande probabilidade de se encontrar terra como
relata Amyr Klink em sua expedição, quando contornou o círculo polar Antártico.
O barulho da arrebentação também indicará sinais de terra, porém devemos tomar
o cuidado de não aproximar até encontrar um vazio no qual possamos aportar
seguro, caso contrário o bote será esmagado nas pedras, como podemos ver no
filme Papilon, em sua fuga para sair da ilha.
Avistando terra o sobrevivente deverá sinalizar pedindo
socorro, e não pular na água e tentar chegar a terra, não se esqueça que se
encontrará debilitado e não terá resistência física para nadar, mas deverá
manter a biruta na água.
O bote foi
projetado apenas para flutuar, não tente navegar com este equipamento, pois o
seu formato normalmente circular impede o deslocamento com remos ou até mesmo
velas improvisadas, sem contar do alto coeficiente de atrito que o mesmo possui
por ser de borracha..
ITENS DO KIT DE
SOBREVIVÊNCIA NO MAR
KIT
DE SOBREVIVÊNCIA E PRIMEIROS SOCORROS
|
ÁGUA
EM EMBALAGEM RESISTENTE
APITO
AGASALHO
DE LÃ (CALÇA, CAMISA E MEIAS)
ALIMENTO
CONCENTRADO, RAÇÃO PARA 48h ( a base de glicose)
BÚSSOLA
CORDA
DE NYLON (5 m m)
DESSALGANTE
(PARA 2,5 LITROS D`AGUA)
ESPELHO
DE SINALIZAÇÃO
ESTOJO
PARA PESCA (MAR)
FACA
(COM DISPOSITIVO DE ABRIR LATAS) SEM PONTA
GERADORES
DE FUMAÇA (DAY SMOKE)
LONA
IMPERMEÁVEL PARA COLETAR ÁGUA 2m x 2m
LUVAS
LANTERNA
A PROVA D´ÀGUA, LENTES COLORIDAS
MANUAL
DE SOBREVIVÊNCIA
MARCADOR
DE MAR
ÓCULOS
PARA SOL
PISTOLA
DE SINALIZAÇÃO
PIROTÉCNICOS
(CARTUCHOS)
RÁDIO
TRANSCEPTOR NA FREQ. DE 121.5 Mc/s
REPELENTE
PARA TUBARÃO
SACO
PLÀSTICO PARA ÀGUA
SACO
PLÀSTICO PARA PEIXE
KIT
DE 1º SOCORROS
|
NOTA:
COMO AGASALHO PODERÃO SER USADOS OS COBERTORES DE BORDO
TAMBÉM.
|
ACESSÓRIOS
EQUIPAMENTOS
|
ALICATE
ÂNCORA
BALDE
CILINDRO DE CO2
ESPONJAS
GRAMPOS PARA REPARO
REMENDOS PARA O BOTE
REMOS
RETINIDA
TOLDO COM ESTAIS |
Kit de sobrevivência no mar da aeronave Foker – 50, Brasília
e bandeirantes
(Foto do arquivo da AFAER-Recife)
SOBREVIVÊNCIA
NO DESERTO
DESERTO DE JUDÁ TERRA SANTA
FOTO DO ARQUIVO PESSOAL DO Sr. MARCONI
INTRODUÇÃO
“
João usava uma vestimenta de pêlos de camelo e um cinto de couro em volta dos
rins. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre”.
Mateus 3, 4-6.
Este é o primeiro e mais
antigo relato que encontramos de um
sobrevivente de deserto, observe na dificuldade de se encontrar comida em uma
região desértica desprovida de água e alimentos.
Na maioria dos continentes, excluindo-se apenas a Europa, há extensas
regiões que têm como característica a aridez do solo, estando muitas terras ao
redor do planeta em processo de desertificação como é o caso de vários estados
do nordeste, onde impera uma quase completa ausência de chuvas e temperaturas
muito quentes durante o dia e bastante fria a noite, fazendo desta região uma
das mais difíceis em termos de sobrevivência devido a quase completa ausência
de vida animal. As nossas áreas desérticas, em sua maioria no nordeste, são
conhecidas como caatinga, ambiente seco com características de deserto.
Muitas batalhas foram travadas fazendo tropas serem exterminadas como
nos é relatado em “OS SERTÕES” de Euclides da Cunha, relatando os conflitos
entre as tropas militares e os seguidores de Antônio Conselheiro. Outras
perseguições também marcaram a caatinga, como a incessante procura pelo temível
Virgulino Ferreira “ O Lampião”. O fato comum aos dois casos foi que as tropas
subestimaram a capacidade do sertanejo, que com sua roupa de vaqueiro adentrava
caatinga sem ser molestado pela vegetação, quase intransponível para um leigo
que ao passar pela macambira ficava aos trapos, com insolação, intermação,
exaustão, superaquecimento e por fim a morte, por desconhecer como obter água
dos vegetais da caatinga.
A maior de todas as faixas de terras áridas do mundo estende-se desde o
Norte da África, onde encontramos o famoso e mortal Saara, passando pela região
do Golfo Pérsico rico em petróleo, até a Ásia Central. Nela se incluem os
desertos do Saara, da Arábia e de Gobi e também existem outros desertos de
menor extensão, como os de Kalahari na África, Sind na Índia, Tarin
na China, o Grande deserto de Areia na Austrália, Atacama na América do Sul, e
as vastas zonas áridas situadas ao Sul da serra Nevada, América do Norte, como
podemos encontrar nas literaturas das terras desérticas.
No Brasil muitas extensões de terra estão em processo de desertificação,
mais especificamente no nordeste onde já existe quase vinte mil quilômetros
quadrados de deserto e muito mais em processo. Uma vez que a terra vira deserto
não mais é possível a sua reversão. Em uma interessante reportagem da revista
veja na década de 90 foi mostrada as áreas já desertas e as que estavam em
processo, segundo alguns pesquisadores se não fosse feito nada metade do estado
da Paraíba viraria deserto.
As dificuldades de sobrevivência em áreas desérticas baseiam-se
principalmente, na obtenção de água, o que na maioria das vezes resume-se a
cactos e orvalho, e na resistência as temperaturas elevadíssimas destas
regiões, o que torna o fator tempo um marco decisivo entre a vida e a morte dos
sobreviventes, fazendo das equipes de resgate que atuam nestas áreas fator
decisivo na vida.
Sobreviver nestas áreas está além dos limites do nosso conhecimento,
sendo a espera de socorro a mais acertada decisão, requer força de vontade e
determinação, bem como uma vontade de viver inabalável.
No deserto o protocolo de primeiros socorros, Orientação, ação jmediata no local do acidente,
fogo , sinalização são idênticos aos de uma sobrevivência na Selva, Entretanto,
há algumas diferenças quanto a Abrigo devido a temperatura, água e alimento
devido a ausência.
ABRIGO
Estando o sobrevivente no deserto a construção de um abrigo é de vital
importância, pois protegerá os sobreviventes do calor e de seus efeitos
fisiológicos, dos raios do sol durante o dia e do frio á noite chegando a
ocasionar hipotermia. A aeronave serve como abrigo à noite, pois apesar do
frio, não chega a congelar, aliviando um pouco o efeito dos ventos, no entanto
não é o abrigo ideal durante o dia, devido à elevada temperatura encontrada na
maioria dos desertos, é a mesma sensação térmica de entrar em um carro que
deixamos ao sol, visto que lá dentro a temperatura estará muito mais quente.
Pode-se improvisar um abrigo utilizando partes da aeronave, fuselagem,
escorregadeiras ou ainda, cavando sob as pedras a fim de se ter sombra durante
a maior parte do dia. Devido a ausência de palmeiras encontraremos apenas arbustos
muito ralos, mas, que servem para nos fornecer alguma sombra, sendo a falta
desta a responsável por rápida desidratação, insolação, intermação e exaustão.
O sobrevivente deste tipo de região deve andar e não correr, se for de extrema
necessidade faça deslocamentos a noite ou depois das quinze horas, pois o sol é
mais ameno. No meu curso de sobrevivência no deserto simplesmente não tínhamos
ânimo para andar e ficamos a maioria confinados a sombra durante o dia em um
verdadeiro estado de prostação.
ÁGUA
A necessidade da ingestão de água no deserto é de duas a três vezes
maior do que na selva. Sendo esta a maior preocupação do sobrevivente. Quanto à
água, algumas observações: evidentemente encontrar água no deserto é muito
difícil, sendo provavelmente encontrada onde houver vegetação. Poderemos tentar
também sob pedras, em buracos nos leitos secos dos rios, nas depressões
profundas entre as dunas, nas praias pouco acima da maré alta, captando
orvalho, e pela observação de pássaros, cujo local onde sobrevoam pode indicar
a existência de um poço. Tendo o sobrevivente água em pouca quantidade deve dar
preferência ao seu consumo durante a noite, para que pela transpiração,
respiração, urina e fezes não perca esta mesma e preciosa água.
Captando orvalho, passando um pano ou a própria camiseta na fuselagem da
aeronave e espremendo o conteúdo em uma vasilha, e pela observação de pássaros,
cujo local onde sobrevoam pode indicar a existência de um poço, comunidade
aborígine ou nativos.
Numa temperatura de 25° á 40° C, permanecendo parado e a
sombra, dispondo de apenas 4 litros de água, uma pessoa poderá sobreviver no
máximo 3 dias, ao passo que se estivesse esta mesma pessoa em um ambiente de
selva sem água e comida poderia sobreviver de dez a doze dias dependendo de sua
constituição física e saúde.
Existe um método de se extrair água do deserto muito usada em regiões de
caatinga no Brasil pelos especialistas em sobrevivência que é o seguinte:
Cave um buraco em forma mais ou menos cilíndrica, com aproximadamente um
metro de largura e 50 cm de profundidade, no fundo do buraco coloque um
recipiente, jarra ou outro qualquer, cubra a cavidade com uma folha de plástico
de mais ou menos 2 metros quadrados. Usar terra solta e algumas pedras nas
bordas para fixar o plástico na posição, evitando que ela caia para
dentro do buraco, com todo cuidado colocar uma pedra no centro do plástico,
tornando-a cônica em direção ao fundo da cavidade, de maneira que a ponta fique
exatamente sobre o recipiente, o plástico não deve tocar as paredes laterais da
cavidade.
Este destilador funciona da seguinte maneira: o calor do sol provoca uma
mistura na terra que vai se condensar na parte inferior do plástico. As gotas
de água correm para a ponta do cone e caem dentro do recipiente ali colocado. A
água assim obtida é morna, com sabor seco, mas o manterá vivo em uma situação
de emergência.
() método é simples, foi pesquisado por físicos para obter água do mais
seco dos solos desérticos, pode ser montado em poucos minutos, e permite
extrair até um litro e meio de água pura em 24 horas.
Havendo cactos nas imediações poderá ser cortado em pedaços e colocados
no interior da cavidade para aumentar a produção de água ou mastigar o miolo.
Utiliza-se o solo, o sol, o plástico, um recipiente qualquer, pedras, um
instrumento para fazer o buraco e só, vale a pena tentar. É absolutamente contra indicada qualquer
caminhada no deserto, sendo que o raio de ação de um sobrevivente, contando com
4 litros de água diário, será de apenas 30 Km por dia.
Quanto a areias movediças, o sobrevivente deve deitar-se e
deslocar-se por meio de movimentos natatórios, feitos com os braços e com as
pernas, se houver mais de um devem tentar de mãos dadas retirar o companheiro,
este procedimento deverá ser rápido.
DERTO DE JUDÁ TERRA SANTA
FOTO
DO ARQUIVO PESSOAL DO Sr. MARCONI
Nota-se
nesta foto que ao fundo deste vale existe uma pequena cidade, que foi
construída devido a presença de água. Em virtude deste fato encontrando os
sobreviventes um vale em região desértica, devem descer a procura de água e
abrigo, lembrando que a água no deserto nem sempre aflora, sendo necessário ao
sobrevivente procurar uma terra mais úmida com presença de vegetação viçosa e
cavar, em seguida deve esperar a água brotar, este é um dos milagres do
deserto.
A ausência do homem em regiões desérticas diminui as chances de se
encontrar vegetais conhecidos. A vegetação dos desertos, quando existe, é do
tipo herbáceo e de vida curta.
Durante o período seco, que às vezes dura vários anos, os vegetais
permanecem em estado de latência, como se estivessem mortos, e sobrevivem
graças ás extensas raízes capazes de captar a umidade das camadas profundas do
solo.Portanto ao encontrar um vegetal, que Pareça Estar seco, deve-se cavar e
buscar suas raízes que provavelmente, servirão como fonte de alimento e água.
As partes das plantas que, por ventura, sejam encontradas acima
do solo, tais como flores, frutas, brotos novos e sementes de cascas serão
melhores fontes de alimento.
Em pleno deserto pode-se encontrar sementes de gramíneas, favos ou grãos
de arbustos. Os favos e os grãos freqüentemente são espinhosos e amargos, e
podem se tornar comestíveis se ficarem imersos em água por tempo prolongado,
devendo esta ser ou não utilizada de acordo com a quantidade de que se dispõe.
O cacto bojudo, nativo das Américas do Sul e do Norte, é encontrado em
quantidade nos desertos do Norte da África, Oriente e Austrália e seus frutos
são comestíveis,
É importante lembrar que alimentos desconhecidos de origem vegetal que
sejam do tipo CAL (cabeludo, amargo, leitoso), não devem ser ingeridos, a
menos que o sobrevivente tenha conhecimento e certeza de que aquele vegetal é
comestível.
Um outro perigo nas regiões desérticas são as larvas que na selva podem
ser comidas, mas as do deserto podem ser venenosas e algumas delas são usadas
pelos bosquímanos da áfrica para envenenar suas flechas, portanto não coma
nenhum tipo de larva encontrada nos desertos, principalmente se esta estiver
envolta em uma casca de barro.
Alimentos de Origem Vegetal
Cacto comestível típico da região
de caatinga
(foto do arquivo da AFAER)
Palma com frutos
(foto do arquivo da AFAER)
Mandacaru adulto
(foto do arquivo da AFAER)
Fruto do mandacaru
Foto do acervo pessoal da
comissária Érica uzumaki
Alimentos de Origem Animal
Na maioria dos desertos, a vida animal é escassa. Sua presença depende
tanto de água quanto de alimento. A procura de alimentos de origem animal deve
se basear na busca de lugares onde exista certa umidade ou nos vales como visto
na foto do deserto, ou seja, possíveis vertentes ou cursos secos de água, sob
pedras ou arbustos.Os animais mais comumente encontrados no deserto são:
pequenos roedores, coiotes, lagartos e cobras. 0s roedores são mais facilmente
capturados durante o dia em suas tocas, pois são animais notívagos, não coloque
a mão em buracos por causa do risco de serpentes. De uma maneira geral, estes
animais são vistos transitando ao amanhecer ou ao entardecer. Pode-se deixar
preparadas algumas armadilhas, em locais estratégicos.
CAÇA
Difícil de se encontrar em regiões desérticas, o alimento de origem
animal, representado por pequenos roedores, lagartos e cobras, apresentam a
vantagem de fornecer um teor bastante elevado de proteínas, quando encontrados
são os que maior valor nutritivo por quilo de peso possuem. Devemos assim que
possível tentar obter alimento dessa origem confeccionando armadilhas
improvisadas com recursos dos kits de sobrevivência e materiais obtidos da
própria selva, savana ou deserto.
Os melhores horários para caçar são pela manhã bem cedo, ou no final da
tarde, a noitinha. As armadilhas devem ser colocadas nas trilhas dos animais,
que podem ser identificadas pela vegetação rasteira pisoteada e excrementos,
aliás, nas trilhas estreitas esteja prevenido para eventualmente topar com a
caça, que habitualmente percorre estas trilhas, não devendo o caçador ficar a
favor do vento, pois a caça sentirá o seu cheiro e fatalmente fugirá, bem como
já falado anteriormente o sobrevivente que manuseia a armadilha não pode tocar
em repelente, perfume ou qualquer outro produto químico devido ao faro do
animal.
A caça existe em maior quantidade próximo a água, nas clareiras e nas
cercanias dos bosques, sendo conseqüentemente mais aconselhável caçar nestes
locais.
A caça noturna costuma dar bons resultados, muitos animais movimentam-se
a noite. Pela manhã examine as armadilhas para conferir o resultado, tomando o
cuidado de matar o animal antes de abrir.
Animais grandes quando feridos ou protegendo os filhotes podem ser muito
perigosos, portanto antes de se aproximar para apanhá-los, certifique-se de que
a caça está realmente morta.
As armadilhas devem ser de
construções fáceis e armadas antes de cair a noite, sendo que o sobrevivente
deverá providenciar obstáculos que obriguem a caça a passar pela armadilha,
deixando no entanto o local com aspecto mais natural possível A armadilha que prende e eleva a presa bem
alto, e que consiste em um nó corrediço ligando a uma árvore bastante
flexível, apresenta as vantagens de logo matar a presa, mantendo-a fora do
alcance dos outros animais e de não precisar de isca, deixando o sobrevivente
com tempo para outras atividades. Os animais de tamanho médio e grande podem
ser capturados por meio de armadilhas ligadas a troncos que caem quando o
animal agarra a isca e agita o laço, porém esse tipo de armadilha, devido ao
trabalho que dá em prepará-la é valida somente nas áreas em que existe caça
grande em muita quantidade, além do que devemos considerar, diante das
dificuldades de conservação se é ou não interessante capturar caça de grande
porte.
Outra armadilha em que não se
emprega isca é aquela que utiliza um barbante esticado e atravessado na trilha
da caça. Quando o animal tropeça no barbante o movimento faz desprender um
tronco, ou outro objeto com a mesma finalidade.
Confeccionar atiradeiras com borracha das câmaras de ar e forquilhas
retiradas de galhos de árvores, também poderá se tornar uma boa opção com a
prática você poderá acertar muito bem em qualquer animal pequeno. Outra
alternativa é fazer arapucas, cuja confecção é fácil e rápida.
A chamada “Técnica do Gatilho” é o básico para que consigamos
confeccionar a maioria das armadilhas aqui descritas. Quanto aos animais que
poderemos comer, o assunto já foi anteriormente abordado, porém relembramos que
poderíamos nos alimentar de aves, lagartos, roedores, cobras (retirando e
jogando fora, aproximadamente um palmo na região da cabeça e na região da
cloaca, para cobras). Tartarugas e macacos podem ser consumidos, mas, o macaco
deve ser bem cozido visto que ele é um hospedeiro de muitas doenças sem
desenvolver a mesma.
CUIDADOS NO DESERTO
No deserto deve-se dar uma tenção especial ao vestuário para evitar
queimaduras na pele. As roupas, quando vestidas frouxas, tornarão mais
suportável o calor. Deve-se, também
usar um pano sobre a cabeça e a nuca se
possível, um echarpe de tecido leve, formando uma aba sobre os olhos,
como proteção contra queimaduras do sol e poeira.
Decisão de permanecer ou
abandonar o local do Acidente:
No deserto, assim como na selva, não se deve abandonar o local do
acidente, a menos que se tenha certeza de conhecer sua localização e que o
socorro se encontra a pouca distância. A não ser os povos nômades dos desertos
africanos que atravessam, de geração em geração, estas áridas regiões, não se
deve arriscar um deslocamento sem destino. A alta temperatura durante o dia não permite longas
jornadas. Portanto, para se deslocar no deserto, deve-se ter, além de um bom
preparo físico e o conhecimento da região, uma média de quatro a cinco litros
de água por dia. Um último fator que temos de considerar em sobrevivência é que
tipos de predadores temos nesta ou naquela região, conhecer os seus hábitos é
ainda a melhor forma de defesa. Nas regiões desérticas brasileiras temos o
guará conhecido por cachorro do mato, famoso por sua agressividade e temido
pelos sertanejos, em outras épocas havia a presença da onça de bode, mas, não sei
se ainda existe algum representante dessa espécie vivo e se existir
possivelmente esteja confinado a restingas ou vales. Como não há outros
predadores o maior perigo ficaria por conta das cascavéis, que as encontrando
será um alimento saudável, para consumir.
O SERTANEJO
Mestiço de branco com índio (mameluco ou caboclo), este é o
elemento humano que encontraremos a habitar a caatinga, região do nosso
território com características de deserto e contando com 35 milhões de
habitantes, considerada a segunda mais populosa do Brasil embora a sua
distribuição se dê de forma extremamente irregular, devido a diversos fatores
como latifúndio, secas perenes, êxodo rural e outros.
Com semblante curtido pelo sol o sertanejo desenvolveu uma
personalidade marcante e característica de sua região, como descreve a seção de
pesquisa do 72 BIMz, quartel do exército situado em Petrolina e responsável por
atuar na caatinga e sobreviver em regiões desérticas, que muito nos tem ensinado com sua doutrina, aponta como método de diálogo e
convivência as seguintes sugestões:
·
Atitudes firmes sem ser arbitrário;
·
Não demonstrar fraqueza;
·
imparcialidade
diante dos problemas Políticos-partidários
locais;
·
Respeito a fé religiosa;
·
Respeito a sua família e em particular às mulheres;
·
Agir sempre em nome da lei e da ordem;
·
Mostrar autoridade;
·
Perguntar sem insinuar resposta;
·
Mostrar generosidade;
·
Demonstrar confiança e
- Não denegrir o seu lado machista.
O
sobrevivente desse tipo de região deve ter em mente a necessidade de se
acostumar com a superação da falta de água constante, e fatalmente sofrerá os
males que acometem a muitos não aclimatados (pessoas com menos de quinze dias
na região) como intermação, insolação, exaustão, câimbras e superaquecimento,
sendo recomendado nestes casos colocar a vítima na sombra e dar água para sua
hidratação.
Os
muitos anos de contato com os sertanejos que tive, pude perceber como são muito
mais solidários do que nós, inúmeras vezes recebi comida e água, quando para
estes água potável é recolhida a quilômetros de distância e a comida é contada
para a família, para a maioria dos sertanejos negar comida e água é um crime
capital, o que favorece ao sobrevivente um encontro fortuito com o sertanejo
que com certeza o ajudará.
O animal típico da nossa caatinga são as cabras, de carne bastante
saudável pelo seu baixo teor de colesterol, pode ser encontrada em todo sertão
nordestino, mas não se esqueça que no sertão toda cabra tem um dono, se matar
uma e aparecer o dono trate de lhe indenizar senão a situação poderá se
complicar.
José de Zuza – vaqueiro da
caatinga usando o gibão de couro FOTO DO AUTOR
Curso de sobrevivência na caatinga do 72
BIMz – Petrolina FOTO DO AUTOR
SOBREVIVÊNCIA NO
GELO
INTRODUÇÃO
Como
podemos ver no filme “Sol da meia noite”, o sol durante meses desaparece atrás
da linha do horizonte aumentando a intensidade de luz sobre a retina e causando
inflamações, sendo menos graves do que o inverno, quando ele nunca aparece, e
os fatores como : hipotermia, congelamento e outros serão muito agravados, como
foi constatado por inúmeras expedições algumas delas ocorreram em uma época que
não havia a tecnologia a favor do homem, transformando-a em um fato heróico.
Nas
calotas polares da Antártida e do Ártico, ou em qualquer outra região gelada
como Sibéria ou os Andes no Chile, o homem sente-se frágil e pequeno e se este
for oriundo de um acidente aéreo, ainda sentirá que é o mais azarado. Em
momentos, tudo pode se transformar num inferno branco de ventos furiosos,
avalanches que chegam a soterrar até cem metros e em alta velocidade, não dando
tempo para reagir; horas depois, pode-se sentir em pleno paraíso, cercado de
animais.
O
gelo e o frio foram os principais fatores que fizeram do Ártico e da Antártida,
as últimas regiões exploradas pelo homem. A descoberta e a colonização das
áreas geladas são ainda hoje, desafios a sobrevivência humana, apesar das bases
de diversos países com interesse científico nos pólos, como é o caso da estação
Comandante Ferraz (mantida pelo Brasil na Antártida) que cientificamente muito
tem contribuído para o desenvolvimento de uma nova tecnologia onde sobreviver é
possível.
Temperaturas muito baixas, escassez
de alimento e, principalmente, a ação dos ventos, fazem com que o homem, caso não conheça algumas noções
básicas de sobrevivência, tenha uma sobrevida muito pequena; para se ter uma
idéia do perigo dos ventos uma pessoa bem agasalhada a –29°C, corre poucos
riscos, mas acrescente um vento de 40 km/h e teremos uma temperatura relativa
de –66°C fazendo congelar partes expostas em menos de trinta segundos. Os
heróis mundiais do gelo são relatados nos livros de Amyr Klink, e concordo
plenamente com ele, são Amundsen que ganhou até um nome de mar (mar de Amundsen
) e o capitão Shackeleton, que possui em seu acervo a mais fantástica história
de resgate em ambientes gelados, e o britânico Roberto Falcon Scott que apesar
de não obter tanto êxito entra como um dos desbravadores do gelo pela sua
coragem.
ORIENTAÇÕES
BÁSICAS
A
maior quantidade possível de roupas deve ser mantida, para evitar a hipotermia.
A manutenção da temperatura do corpo é um dos maiores segredos para o êxito
numa sobrevivência no gelo. As extremidades dos pés, mãos, orelhas, cabeça,
nariz, mucosas e face devem ser muito bem protegidas ou poderão necrosar.
Um
pouso em regiões geladas pode acontecer sobre uma camada espessa de gelo
continental, suficientemente forte para suportar o peso da aeronave (ICE-SHELF)
ou sobre uma camada de gelo mais fina, que se forma sobre o mar e cuja
resistência é limitada (PACK-ICE), esta camada se quebra pela ação de ventos e
marés, ou ainda, pelos navios quebra-gelo, dificultando ainda mais a situação.
AÇÕES IMEDIATAS:
As
ações imediatas, são idênticas em qualquer sobrevivência de solo, primeiro
afastar da aeronave e esperar dez minutos levando consigo o máximo de pessoas,
pois segundo as normas vigentes o tempo ideal de evacuação são de noventa
segundos, depois deve-se efetuar a prestação de socorro as vítimas, e o
acionamento do radiofarol de emergência. Importante lembrar que os glânulos de
silica-gel devem ser utilizados na sua finalidade anti-congelante para o acionamento
do radiofarol de emergência (Beacon) modelo RESCUE 99 ou outro similar, visto
que a maioria dos rádios são ativados com líquidos, no gelo ele logo pararia de
funcionar pois o líquido congelaria, não fosse a ação anti-congelante da sílica
gel, lembrem-se que o rádio de emergência é o passaporte para voltar a
civilização, toda prioridade deve ser dada para este equipamento devido a sua
importância para encontrar e resgatar os
sobreviventes.
AÇÕES SUBSEQUENTES:
Deve-se
providenciar abrigo imediatamente após o acionamento dos radiofaróis de
emergência, pois, inclusive a eficiência na prestação de primeiros socorros
poderá depender deste fator. Seria muito difícil sobreviver no gelo sem abrigo
e calor; o ser humano resistiria poucas horas, somente. Por isso, tão logo
quanto possível, um tripulante deverá coordenar a construção de um abrigo e no
seu interior acender um foco de fogo com uma pequena abertura para permitir a
troca dos gases venenosos da queima.
ABRIGOS
Deve-se avaliar a área ao redor da aeronave para determinar
o local mais adequado a construção do abrigo, considerando a disponibilidade de
água e alimento. O interior da aeronave não deverá ser utilizado como
abrigo, as superfícies metálicas são excelentes condutoras e um simples toque
com as mãos sem proteção faria com que ficasse grudada e ao tentar tira-la pedaços de pele ficariam presas no metal.
Entretanto no interior as forrações
poderão ser utilizados para a confecção de um abrigo.
Deve-se
ter cuidado especial ao manusear partes metálicas da aeronave que não estejam pintadas, porque em
contato direto com a pele, poderão causar lesões irreversíveis, serão como
lâminas cortantes.
Escorregadeiras e barcos salva-vidas
também poderão servir como abrigos, desde que devidamente fixados sobre o gelo.
É importante ter certeza que o abrigo será construído
sobre blocos de gelos sólidos, distante de fendas ou mar aberto.
Dentre os diversos tipos de abrigo
que podem ser construídos, a unidade de sobrevivência no gelo da Suécia,
esquadrão especializado em sobrevivência
nos ambientes gelados indicam dentre eles:
TRINCHEIRA
Pode
ser construída rapidamente e proporciona uma proteção eficiente devendo-se
cuidar para que a entrada não se localize na mesma direção do vento. Para a
cobertura da trincheira pode-se utilizar toldos, escorregadeiras pedaços de
fuselagem ou blocos de neve formando um V invertido, a maior finalidade da trincheira é evitar o contato dos
sobreviventes com os ventos gelados que roubam calor com facilidade.
IGLU DE NEVE
É cômoda, porém de difícil construção. Apresenta
maior possibilidade de intoxicação por monóxido de carbono, proveniente da
fonte de calor, do que a trincheira, mas pode ser viável para o sobrevivente
que não dispuser de nenhum equipamento. Consiste em amontoar a neve em um raio
de dois metros de forma que se construa um pequeno monte e a partir daí cava-se
no interior até formar uma caverna, a neve não
cairá ou pode ser aproveitada uma pequena elevação de neve para este tipo de
abrigo.
IGLU
Na
eventualidade de uma sobrevivência prolongada no gelo, deve-se buscar um abrigo
de construção mais sólida, como por
exemplo o iglu.
Para sua confecção são
necessários blocos de gelo com medidas aproximadamente de 50 cm x 30 cm x 30
cm.
A forração do local onde for
deitar é importante para que a neve não derreta sob o corpo. Em qualquer abrigo
deve-se acender uma vela, ou outra fonte de calor, de forma a manter a
temperatura no abrigo próxima a 0 (zero) grau e o teto deve ser bem liso para
evitar que a neve derretida fique gotejando.
FOGO
Os
únicos combustíveis inflamáveis numa sobrevivência no gelo são os provenientes
da própria aeronave, querosene e óleos, e as gorduras de origem animal.
Para
promover fogo em gordura de origem animal, deve-se depositá-la em um recipiente
como, Jarra, baldes de gelo, etc..., utilizando um pavio para acendê-la. A
chama proveniente da queima deste combustível é muito brilhante e pode ser
avistada a grandes distâncias.
ÁGUA
Há
duas maneiras de se obter água numa sobrevivência em regiões geladas:
01- derretendo-se o gelo, tendo o cuidado de não utilizar
aquele proveniente de áreas onde haja colônias de pingüins ou concentração de
outros animais devido as bactérias.
02- colhendo-se água de fonte natural oriunda do degelo, cujo
curso sob camadas livres de gelo, muitas vezes pode-se ouvir.
Especial
atenção deve ser dada a ingestão indiscriminada de gelo pelo sobrevivente,
pois, isto o levará a um quadro de hipotermia. A água em regiões geladas são
melhor aproveitadas quando tomadas em forma de chás ou café, derretendo
caramelos ou simplesmente aquecendo a água.
ALIMENTO
Excetuando-se
todo alimento que estiver disponível no interior da aeronave, e que deverá ser
retirado, nas regiões polares a alimentação se limitará aos alimentos de origem
animal: focas, leões marinhos, aves, peixes e demais animais marinhos, sendo
que, provavelmente as focas serão a principal fonte.
Somente em último caso se deve
ingerir a carne de pingüins, pois muito comumente está contaminada por vermes.
No
caso de regiões continentais geladas (cordilheiras), cuja localização é
afastada do mar a alimentação pode se basear além dos mantimentos encontrados
na aeronave, nos animais de caça e possíveis roedores como esquilos, devem ser
observados os buracos em árvores.
CUIDADOS
NO GELO
ENVENENAMENTO POR MONÓXIDO DE CARBONO
A
queima de velas, lamparinas etc..., no interior dos abrigos promove a liberação
de monóxido de carbono (gás altamente tóxico e explosivo). A fim de evitar o excesso de sua concentração e consequentemente
o envenenamento dos sobreviventes no abrigo, deve-se manter uma ventilação
adequada no seu interior.
CONGELAMENTO
Os
congelamentos a nível epitelial podem ser basicamente, classificados em três
grupos, a saber:
1° Grau: arrepios não são perigosos servem como primeiro sinal.
2° Grau: Flictenas (ou bolhas) indicam o processo de
queimaduras no tecido
3° Grau.: Necrose - Gangrenas ou manchas escuras na pele indicam uma diminuição muito
grande do fluxo sangüíneo para a região e sua provável amputação.
Qualquer sensação de amortecimento ou anestesiamento
(dormência) deve ser encarado como prenúncio de congelamento. O frio intenso
também pode ocasionar o estado de choque e perda da razão, devido ao
estreitamento dos vasos sanguíneos pela hipotermia, ficando o individuo em
estado letárgico. Deve o sobrevivente, neste caso, ser tratado a base de banhos
de imersão iniciando-se o tratamento com água fria e, aos poucos aquecendo-a
(tratamento muito dificil de ser executado sob as condições encontradas na
sobrevivência).
IMPORTANTE:
o congelamento nunca deverá ser tratado através de fricção. Desta maneira ao
invés de apresentar melhoras no quadro clínico a vítima teria sua situação
agravada.
O congelamento inicial da face pode ser tratado
colocando-se as mãos quentes sobre a mesma. O congelamento dos dedos pode ser
resolvido colocando-se as mãos sob as axilas ou dentro das calças.
Caso haja um principio de
congelamento dos pés o melhor a fazer é coloca-los dentro das vestimentas de
outro sobrevivente, caso não disponha de meios mais apropriados como os descritos anteriormente.
Quando
se estiver desenvolvendo esforço físico, deve-se evitar ao máximo a
transpiração, pois quando cessar
a atividade o suor se concentra rapidamente, causando a hipotermia. Por esta
razão deve-se retirar paulatinamente as peças de roupa de modo a não manter a
temperatura do corpo excessivamente alta. Ao se retirar uma peça de roupa deve-se
cuidar para que seja bem protegida a fim de não ficar úmida ou molhada.
Encerrando-se a atividade física as peças devem ser revestidas gradualmente, de
modo a ser mantida a temperatura
normal do corpo.
CEGUEIRA
Não há uma adaptação natural da visão aos reflexos
solares na neve, no gelo e na água. Os raios infravermelhos provocam fadiga
ótica e dor intensa, portanto trate de proteger os olhos com óculos escuros ou
confeccione viseiras de cascas de pinheiro ou simplesmente de pedaços de
plástico ou outro matérial, contanto que diminua a quantidade de luz que
penetra no globo ocular, este procedimento é recomendado pelo batalhão de
sobrevivência no gelo da Suécia, ou abrigando-se em lugares pouco iluminados ao
primeiro sinal de dor ocular.
EDEMA CEREBRAL
É o acumulo de fluidos no cérebro
provocado pela altitude elevada.
EDEMA PULMONAR
É o acúmulo de fluidos no interior
dos pulmões, provocado pelas grandes altitudes, só sendo curada se a vítima
reduzir a altitude ou com a aplicação de algumas drogas específicas.
AÇÃO DOS VENTOS E
A HIPOTERMIA
0 nosso corpo transforma a energia dos alimentos
para manter sua temperatura. Em regiões geladas este gasto energético é
aumentado; 0 vento aumenta ainda mais a perda de calor e consequente sensação
de frio, ao dispersar as camadas de ar aquecido existentes entre a roupa e a
pele.
Esta dispersão é proporcional a velocidade do vento.
Para se reduzir este problema, os sobreviventes devem se proteger do vento,
valendo-se de anteparos (cavernas, os abrigos provisórios, etc...) ou qualquer
meio de minimizar a ação eólica dos ventos.
EFEITOS DO FRIO NO CORPO
Temperatura corporal em °C
|
Sinais e sintomas
|
36-38
|
Normal
|
30
|
Perda de consciência
|
29
|
Estado irreversível
|
20
|
Parada cárdio respiratória
|
HIPOXIA
Deficiência de oxigênio devido ao
ar rarefeito das grandes altitudes, neste caso seria recomendado a
oxigenoterapia se possível for, este equipamento está disponível nos bins ou
porta bagagem em dois ou mais cilindros.
MAL AGUDO DE
MONTANHA
Sintomas decorrentes da não adaptação ao ar rarefeito da altitudes,
podendo aparecer dores de cabeça, náuseas, vômitos, falta de apetite, lassidão,
insônia e outros. Como em todos
os ambientes de sobrevivência o ser humano necessita ambientar-se, mas se esta
adaptação for as grandes altitudes poderá desenvolver edema cerebral e pulmonar
e morrer. Estando uma pessoa nesta situação deverá realizar uma respiração
forçada, provocando assim a saída do dióxido de carbono.
GRETAS (ou
fendas)
São fendas encobertas de neve e se
constitui um perigo potencial para quem caminha sobre o gelo. Sua formação se
deve a acomodação de camadas de neve e gelo em trechos de relevo irregular.
Os deslocamentos somente deverão
acontecer quando todos os elementos estiverem amarrados entre si e, o primeiro
homem (homem-guia) for capaz de vistoriar o solo com um bastão (ou similar) a
fim de detectar as gretas existentes.
URSOS POLARES
Não muito
freqüentes em diversas regiões, devemos considerar a possibilidade do encontro
com este predador e ter alguns cuidados, visto que é um animal carnívoro e
possuidor de um grande faro, podendo perceber um intruso a uma distância que
impossibilite a fuga do mesmo.
Estando
o acampamento montado, não deixe lixo descoberto, enterre todo resto de
detritos e panos ensangüentados, pois isto atrai o nosso amigo urso de garras
apontadas em posição de ataque dando urros para intimidar sua presa, como
podemos constatar em diversos artigos da guarda florestal canadense. A presença
de fogo pode atrair sua atenção, mas o afastará do acampamento. Mesmo para
fazer suas necessidades como na selva o sobrevivente não deve ir sozinho, além
de ficar atento.
EQUIPE
SAR
“ Não vai dar para chegar na pista. Pane nos dois motores”
. A frase do piloto Gilvam Amâncio Ferreira, dita em tom de desespero aos
controladores de vôo com quem mantinha contato, indicava que o PP-SEA, bimotor,
caía sem que soubéssemos se havia sobreviventes ( DIÁRIO DE PERNAMBUCO ).
Cheguei ao esquadrão ás sete horas, com o material
preparado de véspera, para mais um sobreaviso SAR, e ao que indicava seria mais
um tranqüilo dia em que não haveria acidentes, tempo bom com ótima visibilidade,
tudo estava perfeito, o piloto e o mecânico estavam no helicóptero para mais um
vôo local, porém antes da partida escutaram a comunicação do piloto com a
torre, ao que tudo indicava estar iminente o acidente, naquele momento, o
Capitão Xavier determinou que o helicóptero fosse configurado para alerta SAR,
ao que de pronto executou o sargento Celso, pois nesta época o helicóptero não
ficava configurado para a missão de alerta sar como fica hoje, configurado
vinte e quatro horas.
A sirene do alerta foi acionada, o corre-corre era geral,
corri até a sala de resgate apanhei o material e me dirigi à aeronave, ao olhar
para trás vi aquela multidão correndo, o cabo Lins trazia a fonte externa para
dar a partida, os sargentos Fonseca e Izael auxiliavam a equipar e fazer a
amarração para rapel (técnica usada para descida do homem de resgate do
helicóptero através de corda quando não é possível o pouso ), enfim todo o
esquadrão auxiliava. Decolamos ante aos olhares de expectativa, o coração batia
forte e inúmeras dúvidas vinham a mente como em todo resgate: alguém sobreviveu
? conseguiram pousar em algum descampado ?
Após alguns minutos da decolagem, a torre de controle
reportou ter perdido contato com o avião, neste instante um morador local
telefonava do celular e dizia ter visto um avião passar por baixo da rede
elétrica e entrar voando na mata atlântica do Município de paulista, atrás de
uma fábrica de biscoitos, voamos até o local e começamos a fazer uma busca onde
imaginávamos estar o avião, pousamos em uma empresa, corri até o segurança que
quando me viu e ao helicóptero, sacou o revólver e apontou para mim achando com
o seu pouco discernimento que iríamos assaltar a empresa, conversei com ele e
perguntei – lhe se sabia onde ficava tal fábrica, mas o mesmo em nada
acrescentou, decolamos e seguimos sobrevoando a BR, quando vimos o carro do
corpo de bombeiros chegando, de imediato o piloto fez uma aproximação e pousamos ao lado da
fábrica, onde habitantes locais traziam do mato dois homens, coloquei-os em uma
pampa, após verificar rapidamente que ambos não tinham traumatismos
significativos, e os conduzimos ao helicóptero, eu e o sargento Fonseca
verificávamos os sinais vitais durante todo o tempo, até o pouso no HARF
(Hospital de Aeronáutica do Recife) , quando passamos às vítimas ao médico de
plantão, devido ao intenso trabalho não tive mais contato com os sobreviventes,
porém vi no noticiário da noite, que ambos passavam bem com leves escoriações.
Naquele dia dormi tranqüilo, por termos realizado mais uma missão com sucesso e
sem acidentes.
Desde 1989 que trabalho no serviço de Busca e Salvamento
(SAR) e inúmeras vezes fui acionado, deixando para trás filho com febre, esposa
grávida e diversos motivos, para atender voluntariamente a um pedido de socorro
de alguém que se encontrava em uma situação de emergência e poder trazer de
volta ao lar, um pai, esposo (a), filho(a) ou mãe que resgatamos, poder olhar
em seus olhos e dizer vamos para casa amigo(a) é uma sensação indescritível,
coloco minha vida em risco a cada acidente e tenho certeza, que por muitas
vezes o meu querido anjo da guarda teve que fazer algumas horas extras para
também me trazer de volta ao seio do meu lar, aquele recanto sagrado onde peço
a Deus sempre retornar, para quem sabe amanhã estar saindo e decolando em busca
de mais um sobrevivente, amo o que faço, e fico muito triste quando vejo alguns
repórteres sensacionalistas denegrirem a imagem dos militares, fazendo-se valer
de um passado histórico que somente conheci em meu período escolar, esquecem-se
que enquanto escrevem os seus artigos, centenas de militares em todo o país
arriscam as suas vidas voluntariamente, para
que outros possa viver .
O
INÍCIO DO SAR
Acredita-se
que desde o início dos tempos o ser humano já se arriscava na expectativa de
salvar outras vidas, sendo esta atitude fruto de impulsos muitas vezes
inconscientes. Consta que na idade média a providência normal para encontrar
navios mercantes desaparecidos era mandar expedições de socorro ao longo da
rota percorrida. No homem atual a solidariedade é um dos mais marcantes fatores
que desencadeia o serviço das nobres equipes de resgate, salvaeros, salvamares, esquadrões de busca,
DEPV e muitos outros que trabalham pela segurança na aviação.
Hoje
a aviação de busca e as equipes de resgate contam com o apoio da tecnologia,
satélites que integram o COSPAS-SARSAT, ajudam na localização de sobreviventes
em frações de segundos, torna como meta principal do serviço de busca e
salvamento o retorno com segurança de passageiros e tripulantes sobreviventes
de algum tipo de desastre ou calamidade.
Com
o advento da navegação aérea muitos pioneiros desapareceram ao longo de suas
rotas, quer fossem transoceânicas, intercontinentais ou domésticas, surgindo a
necessidade de um grupo capaz de efetuar o salvamento de desaparecidos e
acidentados, que só veio acontecer na segunda guerra mundial em virtude das
incontáveis perdas sofridas pela Royal Air Force (RAF) na defesa da Inglaterra
e em outras partes onde atuaram em campanha, estes tripulantes além de levarem
muito tempo em suas formações eram detentores de informações valiosas que
necessitaria de resgate caso fossem abatidos.
Com
a chegada dos americanos no teatro de operações, algumas aeronaves passaram a
integrar o serviço de busca e salvamento, ASR (AIR SEA RESCUE), foram as
seguintes aeronaves:
TIPO |
NOME |
PBY5
|
Catalina
|
C47
|
Douglas
|
B24
|
Liberator
|
B25
|
Mitchel
|
B17
|
Fortaleza Voadora
|
B – 17 Foto do Sgt Diniz
especialista em fotografia aérea
Com o final da
segunda guerra houve um grande avanço na aviação, nos meados de 1944 ficou
acordado algumas normas que regulavam o tráfego aéreo internacional, resultando
na convenção de aviação civil internacional realizada em Chicago onde foi
discutida a aviação de busca e salvamento, era o início de uma aviação de
desprendimento e amor ao próximo, o começo de uma jornada que tinha e tem por
finalidade trazer de volta ao lar e em segurança tripulantes e passageiros de
acidentes aeronáuticos, marítimos, catástrofes e outros.
O
Brasil foi um dos países participantes daquela convenção e membro da OACI
(organização da
aviação civil internacional), mas sem equipamento e pessoal especializado muito
ainda faltava ao Brasil para ter uma aviação adequada as reais condições de uma
aviação em um país continental, mudando com o primeiro acidente em 1947.
ANO
|
ÓRGÃO
|
ANV / PESSOAL
|
1947
|
Comissão de busca
e salvamento
|
Anv
PBY5-A
|
1950
|
Serviço de busca
e salvamento
|
|
1951
|
Centro de
quadrimotores- busca e salvamento
|
Anv B-17
|
1957
|
2º/10º esquadrão
de busca e salvamento
|
Anv AS-16 e H-19
|
1967
|
Esquadrão PARASAR
|
Pessoal
especializado
|
Hoje
temos equipes de resgate prontas para operar em qualquer região do país,
situadas em Manaus, Belém, Recife, Campo Grande, Rio de Janeiro, Santos,
Pirassununga, Santa Maria, fazendo uma cobertura completa e chegando
rapidamente ao local do acidente, essa descentralização é o que torna eficiente
o serviço aliado aos satélites. Para sermos completos falta apenas que todos os
ETAS (Esquadrões de transporte aéreo) tivessem condições técnicas de fazerem
buscas, pois as aeronaves os mesmos já possuem e alguns esquadrões de resgate
tivessem helicópteros capazes de trazer muitas vítimas já que temos aviões
comerciais com duzentos passageiros ou mais.
Muitos
milhões já foram investidos na área da proteção ao vôo e muitos ainda precisam
ser feitos se quisermos ter uma aviação compatível com o crescimento da aviação
civil, tenho a certeza que estamos defasados e o nosso crescimento deveria ao
menos ser compatível , porém aviões em um país como o nosso que pessoas morrem
de fome, não tem prioridade exclusiva, mas temos que trabalhar com um mínimo de
segurança e isto custa caro coisa que a maioria das pessoas só sentem a
necessidade quando estão dependendo dela para sobreviverem, se investir em
segurança e equipamentos custam caro, muito mais caro é a vida de um ser humano
e esta não podemos repor com dinheiro, simplesmente não há mais concerto, não
temos a tecnologia de ressuscitar pessoas.
BUSCA
E SALVAMENTO POR SATÉLITE
Cospas – sarsat
Cospas – sarsat é um programa
internacional que foi desenvolvido pelo Canadá, EUA, França e Rússia, tendo
vinte e cinco paises atuando como signatários deste sistema, inclusive o
Brasil. É composto por dez satélites com a mais avançada tecnologia fazendo o
rastreamento de todo o globo terrestre a procura de sinais de emergência
emitidos de aeronaves (ELT), embarcações (EPIRB) ou até mesmo pessoas em perigo
que disponham de um rádio de emergência (PLB), hoje disponíveis em relógios,
lembrando que toda pessoa possuidora de tal equipamento deverá registrar o
mesmo sem qualquer custo. Estes transmissores deverão ser acionados em caso de
emergência e operarão nas freqüências 121,5 MHZ, 243 MHZ e 406 MHZ, caso queira
testar seu equipamento avise o órgão de controle mais próximo.
Apenas no
ano de 1997 foram salvas 1312 pessoas por intermédio deste sistema e hoje já
estamos chegando a marca de 8.000 pessoas salvas, apesar de ser um sistema com
um custo bastante elevado, vale cada centavo investido em prol da humanidade
que cada vez mais utiliza-se de transportes rápidos.
O serviço
de busca e salvamento conta com diversas aeronaves, esquadrões e pessoal
treinado para fazer busca e salvamento, estando de prontidão 24H por dia, em
diversos pontos do planeta.
TEXTO EXTRAÍDO
DO JORNAL O LIBERAL, DE 23 DE FEVEREIRO DE 1996
Santarém – Resgatada depois de 48 horas do acidente, com o monomotor
Cessna, prefixo PT-KCC, Maria Ivonete Silva dos Santos, 30 anos, solteira,
conhecida no garimpo com "Neguinha", a única sobrevivente entre os
cinco ocupantes da aeronave, surpreendeu a toda equipe da operação, por sua
coragem, bom humor e presença de espírito, diante de toda a situação que viveu.
Como
foi a pane no avião?
Nós vínhamos voando há mais
de uma hora normalmente, desde o Molocopote. De repente, o piloto Edísio falou
para o Germano, que o motor estava em pane. Logo em seguida o motor parou e
começamos a cair. Ele ainda avisou pelo rádio que iria tentar pousar. No
momento do impacto do avião na mata, perdi o sentido por pouco tempo. Quando me
dei conta, estava por baixo dos corpos do Germano e do Casagrande, mas não
podia mexer com a perna esquerda. Estava doendo muito e notei que havia
quebrado o osso.
E
quando os dois militares desceram no local?
Fiquei muito feliz, naquele momento agradeci a Deus e chorei de
felicidade por ver eles junto comigo. Eles foram muito bacanas durante todo o
tempo.
Equipamento e coragem permitiram resgate
Dois
fatores contribuíram decisivamente para o sucesso da operação de busca e
resgate da sobrevivente e dos corpos das vítimas, no acidente com o monomotor
PT-KCC, que sofreu pane de motor quando retornava do garimpo do Molocopote, no
último dia 19. O primeiro foi o fato da aeronave estar equipada com o ELT,
um pequeno aparelho que permite a localização do equipamento, o segundo, o
desempenho das equipes de busca e resgate, mesmo diante das difíceis condições
de acesso do local do acidente.
Os equipamentos de emergência são em
si muito úteis, porém sem o fator humano ele seria inservível, não fosse o
desprendimento abnegado dos profissionais dos SALVAEROS, elo de ligação com as equipes
de resgate e a aviação de uma forma geral, que não desistem de procurar os
sobreviventes mesmo quando a busca parece ineficaz, a estes muitos devem sua
vida.
RESGATE POR HELICÓPTERO
Foto do autor
Sabe-se
hoje que as missões de busca e salvamento são as mais difíceis e as maiores
contribuidoras em estatísticas de acidentes aéreos, o fato de saber da
existência de pessoas necessitadas de algum tipo de auxílio, quando o tempo
corre contra a vida do sobrevivente, torna a tripulação mais decidida a dar o
máximo de si para salvar feridos, exigindo
do piloto, mecânico e tripulantes SAR o máximo de seu empenho e concentração,
cada descuido poderá custar a sua vida, dessa forma estão as missões de busca e
salvamento trabalhando em seus limites, máquina e homem, em prol do bem mais
precioso que todas as pessoas tem, a vida.
Em
muitos anos de atividade, pude ver diversas vezes descuidos pequenos resultarem
em pernas quebradas e até mesmo a morte de resgateiros, visto que estes por
estarem sempre dependurados para efetuar o rapel, macguire, kapof (método de
salvamento onde o resgateiro está preso por corda ou cabo de aço pelo lado de
fora do helicóptero). Lembro que
descuidei duas vezes, uma calculei mal a altura do solo bati de costas tendo em
seguida uma parada respiratória, a outra deixou–me afastado da atividade aérea
dois meses com lesão muscular, posso dizer que fui um sortudo por ter tido
lesões simples.
O
que para muitas pessoas é um laser, um esporte radical, para nós homens de
resgate é uma maneira única de se chegar até uma vítima de um acidente aéreo em
uma encosta de morro ou montanha, mergulhando ou saltando de pára-quedas, o
risco é um companheiro constante, mas, posso falar por experiência própria que
Deus é o RESGATEIRO 01 sinto esta proteção nos acompanhar em todas as missões,
algumas vezes ganhamos e festejamos a celebração da vida, noutras perdemos e
lamentamos, desanimamos e regressamos, a missão mais difícil é não ser bem
sucedido em resgates de amigos, é ter que falar para a viúva, sinto muito,
fizemos o possível, mas, o destino foi diferente do que nós queríamos.
Que
Deus abençoe esta classe de profissionais que amam o que fazem, e o fazem por
que gostam de salvar vidas, como disse a revista manchete por ocasião do
resgate das vítimas do VMK do comandante Garcez (VARIG), eles são heróis
anônimos que muitos brasileiros só sabem de sua existência quando o helicóptero
está no pairado, a corda de rapel é lançada e desce o homem de resgate, para a
maioria, este é o primeiro contato com os anjos do céu, estes são homens que se
aposentam com tristeza e lágrimas nos olhos como vi no rosto do suboficial
Rubens e muitos outros, confesso que hoje não saberia deixar a atividade de
resgate, é o que eu amo fazer, é o que sei fazer de melhor, é trabalhar feliz,
viver feliz por ter a oportunidade e o privilégio de ser a pessoa que alguém
espera para viver, jamais quero ser ausente aos meus sobreviventes, sou
eternamente grato a Deus e a Força Aérea por me permitir ser um elo do nobre
SERVIÇO DE BUSCA E SALVAMENTO.
Este acidente ocorreu com
uma tripulação de um esquadrão de busca e salvamento
quando efetuava uma missão de resgate.
Foto do arquivo pessoal de Ari Siqueira
Unidades de busca e
salvamento
Esquadrões
de helicóptero
FALCÃO POTY PUMA PANTERA
HARPIA GAVIÃO PELICANO
Esquadrão
aeroterrestre de salvamento
ESTES ESQUADRÕES ATUAM 24
HORAS NO TRABALHO DE BUSCA E SALVAMENTO
PARA QUE OUTROS POSSAM VIVER – NOSSA VIDA VOSSA LIDA
OUTROS ESQUADRÕES QUE AUXILIAM NO TRABALHO DE
BUSCA
ESTES DOIS
ESQUADRÔES TEM CAPACIDADE E AUTONOMIA
DE FAZER BUSCA ATÉ A AFRICA
Como você pode ver um universo de quarenta mil homens
tornam a aviação brasileira segura, desde a proteção ao vôo com inúmeros
controladores e especialistas em eletrônica e em comunicações até os elementos
de resgate, a última esperança de um sobrevivente e em alguns casos também
tivemos nossas baixas e nossos acidentes.
Voar é um
risco calculado, porém, viver também é um risco e nem por isso deixamos de
valorar a vida, dom supremo que nos foi dado e que deve ser preservado a todo
custo, sabemos estar na parte mais arriscada da aviação, mas a cada acidente
reforça em nós, membros deste serviço.
“QUEM
NÃO NASCEU PARA SERVIR, NÃO SERVE PARA VIVER”
Trabalhamos hoje com os meios disponíveis que a nossa nação
pode dispor, não são os mais ideais e nem sempre é possível cumprir todas as
missões, em virtude de limitações de peso, autonomia e uma série de fatores que
contribuem para atrapalhar as missões de busca e salvamento. A estas
tripulações muitos devem a vida, pois elas fazem o possível e o impossível por
seus sobreviventes e aí podemos incluir também os SALVAEROS que são os
elementos chaves de uma cadeia, interligados em todo país com a mais moderna
tecnologia de rastreamento e sensoriamento da aviação mundial, a eles cabe a
iniciativa e o discernimento de acionar os recursos SAR.
Atuando juntos formam a peça chave
de um sistema, todos se dedicam de corpo e alma é um trabalho realizado com
amor, são muitos momentos felizes que pairam na vida dessa gente simples.
Muitas vezes nem sabemos que eles existem, no entanto eles sempre estarão lá e
por onde quer que você vá, eles farão parte de seu caminho, são como anjos que
nunca os vemos embora existam, graças a Deus existem e você dificilmente os
encontrará a menos que se machuque, seja em um acidente de trânsito ou aéreo, não
lembro mais quantas pessoas atendemos em shoping, na rua, na estrada, em
calamidades, enchentes e tantos outros, e fico feliz e tranqüilo ao dizer que
se tivesse de entrar hoje para Força Aérea trilharia o mesmo caminho QUE
COMEÇEI EM 1987, seria novamente um homem de resgate.
CUIDADOS NA APROXIMAÇÃO DE UM HELICÓPTERO
O
helicóptero requer daqueles que o operam certo cuidado na aproximação e o
primeiro deles é com o rotor de cauda, que ao girar fica invisível e muitos já
faleceram ao entrar em contato com suas pás. Uma certa ocasião, estávamos em
Maceió realizando missões de misericórdia nas enchentes quando pousamos no
aeroporto e aproximou-se um deputado que estava caminhando na direção do rotor
de cauda e fui obrigado a segura-lo para que não morresse, uma vez que estando
o helicóptero girando o barulho dos rotores impede que se escute a voz de
alguém.
Outro
cuidado que o passageiro de helicóptero deve ter é de se aproximar sempre pela
frente fazendo sinal para o piloto, para que o mesmo possa manter o cíclico
nivelado e atento para eventuais rajadas de vento, pois a maioria das pás dos
helicópteros são muito flexíveis podendo chegar a altura da cintura, bem como
jamais entrar em uma área onde tenha aviões (principalmente com os motores
ligados) usando chapéu, boné ou qualquer adereço que por ventura venha a se
soltar, se por acaso cair algo de sua mão ou bolsa como caneta, chaveiro ou
outro apanhe se não conseguir avise pois eles são letais para a aviação e conhecidos
como FOD.
Para os comissários e pessoas que
por ocasião do salvamento ajudem as equipes de resgate, deve-se tomar cuidado
com a alça de salvamento, não a toque de imediato deixe-a tocar o solo ou a
água antes, devido a energia estática acumulada no helicóptero no decorrer do
vôo vindo a descarregar no primeiro que a tocar, não é um choque que possa
matar, mas dará um grande susto e incômodo.
MÉTODOS USADOS PARA EFETUAR O RESGATE EM LOCAIS DIVERSOS
RAPEL
– Técnica utilizada para descer ao local
do acidente por meio de cordas quando o pouso não é possível, tornou-se um
esporte de aventura muito difundido no Brasil.
MACGUIRE
– Saída do local do acidente através de cordas (pendurado) quando o pouso não é
possível ou quando há riscos iminentes para a vítima ou resgateiro.
POUSO
DE ASSALTO – Poderá ser utilizada em locais que o resgate seja realizado em uma
área hostil, como por exemplo um resgate feito na Colômbia em uma área dominada
por grupos guerrilheiros.
GUINCHO
– Dependendo da sua capacidade poderá
resgatar uma ou várias pessoas através de um motor que libera um cabo de aço
para recolher feridos.
GANCHO
– Utilizado através de uma cesta chamada puçá, onde o tripulante pesca a vítima
levando-a a um local seguro.
HELOCASTING
– Salto do helicóptero em alguma superfície de água muito utilizada na
Amazônia, pois não necessita a abertura de clareira para viabilizar o pouso do
helicóptero.
PARAQUEDISMO
– apesar de pouco usado em resgates, poderá ser o socorro imediato de um
acidente onde haverá uma demora até a chegada do helicóptero, pela pesquisa
feita foi usado uma vez pela equipe do PARASAR.
MERGULHO
– Utilizado quando por algum motivo a aeronave, pessoas e cargas de valor
ficaram submersas.
BUSCA
AÉREA – Feita sempre que é configurado um acidente aéreo, sendo extremamente
necessária, pois os helicópteros tem autonomia restrita devendo ser usado quando a posição do acidente já está
plotada ou conhecida.
2º/10º GAV ESQUADRÃO PELICANO
UM DOS AVIÕES
RESPONSÁVEIS POR FAZER A BUSCA AÉREA
E a todos aqueles homens e mulheres que pereceram na luta
de seus trabalhos de resgate...
‘para que outros pudessem viver’
DIÁRIO
DO SOBREVIVENTE
DIÁRIO
DO SOBREVIVENTE
DIÁRIO
DO SOBREVIVENTE
REFERÊNCIA
APOSTILA de marinharia, Marinha
do Brasil.
APOSTILA APH BO - PE ( curso de atendimento pré –
hospitalar )
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no corpo humano, revista científica.
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CD – ROOM, Curso De Operações Na Selva
CD – ROOM Curso De Caatinga
CD – ROOM Curso De Sobrevivência Em Combate
CD – ROOM Ofídios – Butantã
CD – ROOM Simpósio Da Aviação De Helicópteros
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JID – Manual de busqueda y salvamento
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MANUAL do
curso – Emergências aeroportuárias – CVE (Infraero)
MANUAL CCSPHM
( Curso de capacitação em socorro pré-hospitalar militar ) Maj. Camerini – 1º/10º Gav- Santos
MERK – Manual de Diagnóstico e
Tratamento
MANUAL do curso teórico de busca e salvamento,
2º/10º Gav. BACG.
MANUAL de
Busca e salvamento ( MMA – 64 –2 - )
MANUAL de sobrevivência na selva EB
MANUAL do curso de operações na
selva – CIGS
MANUAL de
ofidismo ( tratamento e diagnóstiço do min. da saúde revisado em 2000 )
MANUAL do
curso de caatinga – 72 bimz
MANUAL de
comissários da VARIG, IT sobrevivências.
MANUAL do
curso de comissários. EAPAC.
MANUAL do
curso de comissários. AFAER.
MANUAL do
curso de comissários. EACON.
MANUAL da
aeronave F-50 (Nordeste)
MANUAL da
aeronave EMB-120
PIRES,
Janote. O descobrimento do Brasil no contexto da expansão marítima ibérica
ocorrida nos séculos XV e XVI. Recife – UFRPE, imprensa universitária, 2000.
PONTES,
Cícero Feliciano de. Manual de sobrevivência na selva, 3ª edição. Ed. IBGE. Rio
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REVISTA
Aerovisão n° 206/ ABR-JUN 2003,
Reportagem de Everton sobre o resgate de uma tripulação de helicóptero feito
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sul do Pará Revista Aventura e ação, edição de agosto de 2003.
REVISTA Geográfica
universal, nº 212 agosto de 1992.
REVISTA Manchete n°2261, ano 44,
rio de janeiro 05/08/1995.
REVISTA Mundo estranho, super
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REVISTA Pelicano 30 / 35.
REVISTA Super interessante, setembro
de 1995.
SOUZA,
Paulo A. Reminiscência e nostalgias, Alagoinha a São Paulo Churumela e
churumbaca. Ed. Alves de Souza. São Paulo, 2003.
RESENDE, Celso Antônio J. –
Sobrevivência no Mar; 1988.
SICK,
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SOERENSEN,
Bruno. Animais Peçonhentos. Livraria Atheneu Editora, 1990.
SANTOS,
Eurico Zoologia Brasílica , Volumes 1, 2 e 7, Editora Itatiaia Ltda. 1982.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas.
Vida do deserto.
WALDO, F. Temporal & Graef, Cláudia
V., A mulher em vôo, Revista Médica da AERONÁUTICA no Brasil- Vol. 50-1/2-
Jan/Dez 00
PESQUISA DE CAMPO
- Centro de pesquisa do IBAMA- AM ( poraquê )
- CEPENE
- CIMNIC- Campo de Instrução Marechal Newton
Cavalcante - EB
- CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva)
- UFPE / UPE (Universidade Federal e Estadual de
Pernambuco)
- AFAER (Academia de Formação de Aeronautas)
- BARF (Base Aérea do Recife)
- UVA(Universidade estadual Vale do Acaraú)
SITES PESQUISADOS:
www. aph.com.br/
www.cigs.com.br
www.geuis.com.br
FILMES DE
REFERÊNCIA
- VIVOS
(SOBREVIVENTES DOS ANDES NO CHILE)
- NAUFRÁGIO
NO PACÍFICO
- NÁUFRAGO
- AMAZÔNIA
INDOMÁVEL
- NO LIMITE
- TURBULÊNCIA
I, II, III.
SITES DE REFERÊNCIA PARA O AERONAUTA
ASSUNTO
|
SITE
|
1° SOCORROS
|
www aph.com.br/
|
SOBREVIVÊNCIA NA SELVA
|
www amazônia.com.Br/
|
SOBREVIVÊNCIA NA SELVA
|
www.cigs.com.br
|
LEGISLAÇÃO DAC
|
www.dac.gov.br/
|
INFORMAÇÕES
|
www.aerobusiness.com/
|
TUBARÕES
|
Geocities.yahoo.com.Br/otubarãobranco/tub2.html/
|
SOBREVIVÊNCIA
|
CIA AÉREA INTERNACIONAL
CIA AÉREA
|
SITE
|
TIPO
|
TAP
|
www.tap.pt/eportal/
|
internacional
|
AEROFLAT
|
www.aeroflot.com/
|
Internacional
|
|
www.aerolineas.com.ar/
|
Internacional
|
AEROMEXICO
|
www.aeromexico.com.br/
|
Internacional
|
AIR
|
www.aircanada.ca/
|
Internacional
|
ALITALIA
|
www.alitalia.com/
|
Internacional
|
AM. AIRLINES
|
www.amaricanairlines.com/
|
Internacional
|
|
www.britishairways.com/
|
Internacional
|
CONTINENTAL
|
www.continental.com/
|
Internacional
|
DELTA AIR LIN
|
www.deltaairlines.com/
|
Internacional
|
FEDEX
|
www.fedex.com/
|
Internacional
|
|
www.iberia.com/
|
Internacional
|
KLM
|
www.klm.com/
|
Internacional
|
LANCHILE
|
www.lanchile.com/
|
Internacional
|
LUFTHANSA
|
www.lufthansa.com/
|
Internacional
|
SWISSAIR
|
www.swissair.com/
|
internacional
|
SCADINAVIAN
|
www.scadinavian.net/
|
Internacional
|
SPANAIR
|
www.spanair.com/
|
Internacional
|
THAIAIR
|
www.thaiair.com/
|
Internacional
|
TWA
|
Internacional
|
|
UNITED
|
www.united.com.br/
|
Internacional
|
USAIR
|
www.usair.com/
|
internacional
|
|
www.japanair.com/
|
internacional
|
CIA AÉREA
NACIONAL
CIA
AÉREA
|
SITE
|
TIPO
|
GOL
|
www.voegol.com.br/
|
NACIONAL
|
VARIG
|
NACIONAL
|
|
TAM
|
www.tam-airlines.com.br/
|
NACIONAL
|
VASP
|
www.vasp.com.br/
|
NACIONAL
|
VIA BRASIL
|
NACIONAL
|
|
RIO SUL
|
www.voeriosul.com.br/
|
NACIONAL
|
PASSAREDO
|
www.passaredo.com.br/
|
NACIONAL
|
ABAETE
|
www.abaete.com.br/
|
NACIONAL
|
ABSA
|
www.absacargo.com.br/
|
NACIONAL
|
NACIONAL
|
NACIONAL
|
|
NORDESTE
|
www.voenordeste.com.br/
|
NACIONAL
|
PANTANAL
|
NACIONAL
|
|
PENTA
|
www.voepenta.com.br/
|
NACIONAL
|
TAVAJ
|
www.tavaj.com.br/
|
NACIONAL
|
TOTAL
|
www.total.com.br/
|
NACIONAL
|
DIVERSOS
CIA AÉREA
|
SITE
|
TIPO
|
AEROSTAR
|
www.aerostar.com.br/
|
Táxi aéreo
|
MASTER
|
Táxi aéreo
|
|
HELICOPTERO
|
www.helicoptero.com.br/
|
Táxi aéreo
|
AMERICA
|
www.americaair.com.br/
|
Táxi aéreo
|
SÃO
|
Táxi aéreo
|
|
CRUZEIRO
|
www.cruzeirotaxiaereo.com.br/
|
Táxi aéreo
|
GSA
|
www.gsa-globo.com.br/
|
Táxi aéreo
|
HELISUL
|
www.helisul.com/
|
Táxi aéreo
|
LANG
|
www.lang.com.br/
|
Táxi aéreo
|
LNA
|
www.lna.com.br/
|
Táxi aéreo
|
MVTA
|
www.mvta.com.br/
|
Táxi aéreo
|
MSEXPRESS
|
www.msexpress.com.br/
|
Táxi aéreo
|
NATNEP
|
www.natnep.com.br/
|
Táxi aéreo
|
SKYLIFT
|
www.skylift.com.br/
|
Táxi aéreo
|
VOETAMPA
|
www.voetampa.com.br/
|
Táxi aéreo
|
TIRRENO
|
Táxi aéreo
|
|
TTATURIM
|
www.ttaturim.com.br/
|
Táxi aéreo
|
VIPJET
|
Táxi aéreo
|
|
WESTON
|
www.weston.com.br/
|
Táxi aéreo
|
TÁXI AÉREO
HOMOLOGADO PELO DAC
ASSUNTO
|
SITE
|
FOTOS
AVIÕES MILITARES
|
|
AVIAÇÃO
ARGENTINA
|
|
AVIAÇÃO
|
|
AVIAÇÃO
|
|
AVIAÇÃO
|
|
AVIAÇÃO
|
|
AVIAÇÃO
|
|
AVIAÇÃO
|
|
AVIAÇÃO
|
|
AVIAÇÃO
|
|
AVIAÇÃO
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CONTATOS PARA PALESTRAS gabrielmelopaulo@hotmail.com
TODO O
DINHEIRO DESTA OBRA SERÁ DOADO PARA O CENTRO DE RECUPERAÇÃO DE DROGADOS -
COMUNIDADE OBRA DE MARIA (RECIFE-PE)
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